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Ragnarok : A Guerra Milenar

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G.Amorim
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Resumo

Mil anos de pura dor. Um derramamento de sangue sem fim foi iniciado com a ganância por poder de River, um rei determinado a não só dominar o mundo, mas a destruir aqueles que podem derrota-lo e que se opõem contra ele. Uma rebelião foi formada pelos seus soldados mais leais, que ao perceberem quão cruel seu superior era, decidiram se rebelar, dando esperança e motivando aqueles que temiam e se escondiam de River a fazerem o mesmo, gerando a milenar guerra fria. Após perder sua amada e a batalha que decidiria o rumo de bilhões de vidas, Ishtar ganha a responsabilidade de ser a guardiã de uma jovem que faz parte da Ordem Ragnorok, uma das sete crianças destinadas a derrotar o cruel Rei River e libertar o mundo de um eterno derramamento de sangue, trazendo a libertação a todos aqueles que se vêem no meio da lança e a espada, tendo que lutar por suas vidas constantemente. Sete crianças com mentalidades diferentes, vidas parecidas, poderes diversos, mas com o mesmo destino, lutar por todos que persistiram e esperaram por seus nascimentos. A nova Ordem chegou, fazendo River temer por sua vida, e ele não irá parar até localizar e destruir os sete pilares da esperança que ainda sustentam a rebelião e ameaçam seu reinado. A guerra já tem mil anos, mas somente agora alcançou seu auge. Só podemos vencer amanhã, se não desistirmos hoje.

romance

Capítulo 1 - Prólogo.

" Lembre-se de não evitar aquilo ao que está predestinado, erga-se e lute pelo que é certo, não deixe as trevas prevalecerem, muito menos em sua frente. Você não está mais sozinho, erga sua tocha, e o encontraremos nesta escuridão.”

Ragnarok: A Guerra Milenar.

Prólogo.

Capítulo 1

Mil anos atrás.

Point of View - Ishtar.

A brisa soprava de forma calma, até que doce contra meu rosto, por um instante pude-me sentir livre, um tanto quanto leve, mas então o cheiro do ambiente preencheu meu nariz novamente, um cheiro forte de ferragem que foi trazido por mim e meus aliados. Meus olhos se abrem na direção do céu, a primeira coisa que avisto é os pássaros da morte, voando a espera de uma oportunidade para devorar a carne dos soldados no chão, as nuvens se encontram avermelhadas, refletindo o que se encontra no solo.

Meu olhar desceu, capturando um mar de corpos ao meu redor, a solidão me invade, juntamente com o sentimento de culpa, culpa por ter matado tantas pessoas, me pergunto se era realmente necessária tanta carnificina em troca de uma terra que nem se quer é nossa, por que River faz tanta questão de derrubar aqueles que se opõe a ele? Um rei não pode mandar no mundo inteiro, pela primeira vez me encontro questionando meu superior, mas como não questionar se ele prefere matar a todos e tudo que está contra ele apenas para ter o que deseja? Ele não é um líder, é um monstro.

- Está na hora de partimos. - Ouvi a voz de Luna soar séria como sempre costuma soar, olhei uma última vez para o céu e me virei, saindo daquele cenário cruel e macabro na qual eu fiz parte, quando retornei ao meu lar, tentei conversar com meu pai sobre o ocorrido no vale da terra sul, no entanto, ele me disse o que sempre dizia que eu fui feito apenas para a organização Fênix, uma ordem que serve diretamente a River, sem questionar ou opinar em suas decisões, os anciões nós treinaram para sermos imbatíveis.

Nós criaram para colocar o mundo aos pés dele, porém, era o certo a se fazer? Tantas crianças sofrendo por conta da fome, sem os pais ou alguém para dar auxílio a elas, tantos jovens tendo suas vidas jogadas fora para tentar manter seu povoado seguro, tudo em vão, pois nada nem ninguém pode parar a Ordem da Fênix, e por muito tempo eu me orgulhei disso, mas já não sinto mais o mesmo, a cada dia River fica mais cruel e persiste na ideia de dominar o mundo todo.

- Talvez após mudar o mundo todo ele mude querido... - A voz doce de Ella soou, me trazendo uma calmaria, a calmaria que eu precisava, Ella é a única coisa que me mantém neste lugar, ela também é da ordem, e sei que ela pensa da mesma forma que eu, mas não temos o que fazer, ou pelo menos, fingimos que não tem, por medo, não de River, mas do que podemos encontrar lá fora. - Um dia isso mudará...- Suas mãos um pouco gélidas acariciaram meu rosto, me fazendo sorrir de forma leve encarando seus olhos roxos turquesa.

- O mundo vai ser destruído até lá. - Retruquei de forma calma, mas soei o mais sério que consegui, pois o assunto requer isso. - Quer mesmo destruir o mundo só por que ele deseja? - A questionei enquanto ela acaricia as maçãs do meu rosto com delicadeza, sei que ela não quer falar sobre o assunto, consigo ver o receio em seus olhos, entendo sua dor interna, também não quero duvidar de River, pois eu nasci para servi-lo, é o mesmo que duvidar do motivo pelo qual estou vivo.

- Devemos aguardar... - Ela falou de forma suave e abriu um sorriso mínimo, por um instante ficamos em silêncio, aproveitando-o e nos deliciando com a presença um do outro, a sensação de tê-la ao meu lado é revigorante, odeio quando estamos em batalha, saber que a mulher que eu amo pode ser ferida me dói na alma, mas sei que ela também luta para conquistarmos...aquilo que ele quer. - Mas se necessário, iremos nos rebelar. - Ela falou de repente, cortando o silêncio com uma promessa arriscada, mas sensata.

Meus olhos se arregalaram, encontrando a feição serena enquanto ela encara a lâmpada acima de nós, seus olhos se tornaram mais claros, como violeta com a luz refletida neles, eles carregam um ar sério e determinado, diferente de sua expressão, me fazendo entender que ela realmente se rebelará contra River se necessário, Ella sempre foi uma mulher que luta por justiça, sempre a vejo chorar após a batalha ao encontrar o corpo de alguém muito jovem, ela é boa demais para fazer o que eu faço, não duvido que se martirizem todas as noites por matar pessoas, diferente de mim.

- Não o deixarei destruir nações inteiras por puro capricho. - Foi a última coisa que ela falou naquele dia, causando um frio em minha barriga e fazendo meus olhos se encherem de lágrimas satisfeitas, pois ali eu percebi que diferente do que meu pai havia me dito, ainda há esperanças de lutar pelo que é certo, ainda podemos mudar caso for necessário, temos a chance de mudar o destino que River está forçando ao mundo, e me sinto grato por Ella me fazer ver isso, eu a amo como nunca amei alguém.

A era de prata acabou com sangue e lágrimas sendo derramados, e com a chegada da era de ouro eu tive a ilusão de que tudo melhoraria dali em diante, mas eu estava enganado, quando a era de ouro chegou, River decidiu que já havia dominado recursos o suficiente e que já estava na hora de dominar terra para expandir seu reinado, eu torci para que ele ordenasse uma exploração em terras desconhecidas ou inabitadas, mas não foi isso que aconteceu, ele ordenou um ataque direto à tribo pacífica da floresta, pessoas inocentes que mal sabiam segurar uma espada.

O resultado? Um massacre, as árvores estavam tão radiantes quando chegamos, as plantas cheias de vida e os animais vagando de forma tão graciosa. E nós estragamos isso, a primeira pessoa que avistamos foi uma criança, apenas uma menina e seu sangue foi o primeiro a manchar aquela floresta, não demorou meia hora para todos naquele lugar estarem com seus corpos ensanguentados no chão, estragando a plantação, sujando as árvores e espantando os animais, o brilho da floresta sumiu, assim como as vidas que ali habitavam, tudo ficou cinza, então eu percebi que River não estava construindo uma nação, ele estava destruindo todas.

- Todos estão de acordo? - Luna tomou a iniciativa de perguntar ao notar a feição temerosa de nossos companheiros, não posso julgá-los, se voltar contra River não foi uma decisão fácil de tomar, e muito menos decidida da noite para o dia, mas estamos sem tempo. - As provas estão claras, bem à frente de vocês. - Luna apontou para os pergaminhos nas mãos de todos e um arrepio cortou minha espinha ao lembrar do conteúdo ali, me virei de costas, querendo evitar a sensação de culpa por ter lutado por um homem como River por tanto tempo.

Quando ainda jovem, River fazia parte de uma Ordem, uma Ordem poderosa que era descendente do primeiro de muitos mestres dos elementos, não duvido que seja tão antigo quanto os elfos das florestas, era poderoso, mas também bondoso, sempre foi admirado, respeitado e ao morrer, criou uma Ordem para manter a paz, e lhe deu o nome de Ragnarok. River era um dos Ragnarok, mas seus poderes mágicos não se comparavam com os dos seus parceiros, e seus ideias eram tão sombrios quanto à noite, então, ele repleto de inveja e rancor no coração por não ser tão forte ou se quer ouvido por seus companheiros.

Tomou à decisão de fazer algo horrível com os mesmos, River usou sua magia de absorção de encantamentos para absorver as magias de seus aliados, retirando deles a magia em si, tirando a essência daqueles que deveriam ser sua família, por puro prazer, após isso ele tomou o poder do reino no qual vivemos hoje e decretou a sentença de morte aos seus antigos companheiros, infelizmente o povo não teve muita escolha, ali a primeira Ordem do Ragnarok acabou, mas assim como a Ordem da Fênix, quando a ordem anterior acaba, outra nasce, e agora compreendo que é isso que ele deseja.

- River não quer dominar o mundo para criar um lugar melhor... - Ella começou a dizer com uma voz firme que atraiu meu olhar, seus cabelos negros agora estão soltos, seu rosto fino está demonstrando frustração, até decepção, o que é completamente compreensível perante a situação. - Ele quer dominar o mundo para achar a nova Ordem Ragnarok, ou para tê-la em suas mãos quando nascerem. - Ela terminou e eu me virei para o resto de meus companheiros com esperança, esperança de que aceitem ficar ao nosso lado e lutar pelo que é realmente certo.

- Vocês são minha família. - Fiona foi a primeira a se pronunciar, e após suas belas palavras, ninguém precisou falar mais alguma coisa, pois todos ficaram de acordo no mesmo instante. - Somos uma família, nunca lutamos por ele, e sim por nós! - Foram suas palavras, palavras que motivaram os outros a se juntar a causa e motivar a mim, Ella e Luna a seguirmos em frente e os liderarmos para uma luta na qual sabíamos que poderemos não voltar com vida, eu temia a vida de Ella, mas nunca a impediria de lutar, pois ela jamais pararia de lutar pelo que é certo e eu a amava por isso.

No segundo verão da era de ouro, a Ordem da Fênix se viu a frente de seu maior desafio, não havíamos voltado para o castelo naquela semana, e é claro que River descobriria rápido do por que, não demorou a ele perceber que os pergaminhos sobre sua história haviam sido roubados, quando atravessamos o campo, um exército enorme estava a nossa espera, ele não nos subestimou, toda sua frota disponível estava lá para nós enfrentar, eu sabia que teríamos trabalho e que um de nós poderia morrer, havia muito Firewalkers e Earthons no meio do exército de River, criaturas que ele comandava mentalmente.

- Sem Medo! - Foi a última vez que ouvi a voz de Ella em minha vida, lutamos ferozmente contra o exército de River, tendo em mente que se derrotássemos seu exército, o seu reinado iria a ruínas, mas ele parecia desesperado, tanto que ordenou aos invocadores que trouxessem dragões a batalha, e ao ver as enormes criaturas voadoras rosnarem dos céus, batendo suas asas com tanta força que tremiam a terra, eu entendi que River não quer os poderes da nova Ordem Ragnarok, ele a teme, a teme, pois eles sim poderão derrotá-lo.

- Meu amor... - Ella sussurrou passando as mãos fracas em meu rosto, me sujando com seu sangue, meu coração se apertou ao encará-la caída no chão, com uma batalha acontecendo ao nosso redor, forcei a água a formar uma barreira para nós proteger, mas não durará para sempre, meus olhos lacrimejaram no mesmo instante. - Precisa seguir em frente, você sabe o que fazer, e sei que fará bem, os ache e. - Ella não pode terminar sua fala, pois a morte a ceifou, seus olhos se fecharam e seu corpo amoleceu, a mão em meu rosto caiu juntamente com o meu chão, o que eu faria sem Ella ao meu lado?

Meu coração parou por um segundo e de repente se congelaram, meus olhos transbordaram perante a sensação horrível e esmagadora presente em meu peito, não me importei no momento, mas pude ver meus cabelos loiros se tornarem brancos, como gelo, pude sentir meu interior esfriar como se tudo aqui dentro tivesse se tornado um eterno inverno, toquei o rosto de minha amada pela última vez, deixando uma gota de minhas lágrimas caírem em seu rosto e logo se tornarem uma pequena e delicada pedra de gelo, seu último suspiro sentenciou Ri ver, pois eu jamais pararei até vê-lo morto.

Naquele campo, minha vida se tornou um eterno inverno, frio e sofrido, não ganhamos aquela batalha, perdemos Ella e Jaxon acabou ficando para trás quando decidimos bater em recuada, não conseguimos voltar para salva-lo, aquele dia me destruiu por completo, me mudou por inteiro, cada parte do meu ser se tornou frio, tão frio que chega a queimar meu coração ao me lembrar daquele dia, mas se River achou que havia ganhado, se enganou, nós reagrupamos, recrutamos e nos aprimoramos com o tempo, não havia como vencer River em sua força total, então montamos estratégias que destruíram suas tropas que estavam espalhadas pelo mundo.

A Ordem da Fênix equilibrou a guerra e deu a chance para aqueles que se escondiam dele, que o temiam de revidar, gerando a grande guerra fria que ainda acontece até os dias de hoje, conseguimos conquistar uma boa quantidade de terra para os aliados que tínhamos na época, fizemos River recuar mesmo estando em vantagem, hoje ele se quer sai de seu castelo e envia apenas seus mais legais servos para cumprir suas tarefas sujas, e por muito tempo eu as enfrentei de frente, mas tudo mudou o nascimento das sete crianças, uma feiticeira previu o nascimento da nova Ordem, e eu e meus companheiros já sabíamos o que deveríamos fazer.

- Eu fico com a do Sul. - Falei de forma determinada, fazendo meus companheiros me encararem de forma curiosa, não decidi aleatoriamente, está criança nascerá no mesmo lugar em que eu e Ella nascemos, espero que seja um sinal de que eu estou seguindo meu destino, fazendo o correto e lutando ao lado certo, era isso que Ella queria, ela sabia que eles nasceriam e que River estaria a os observando, apenas a espera para matá-los, não posso proteger a todos, mas darei meu melhor para ensinar e criar está criança, como Ella faria. - Boa sorte a todos. - Desejei assim que sai da sala de reuniões, decidida a encontrar e cuidar desta criança.

- Aonde iremos chefia? - Elijah surgiu assim que sai do da caverna onde é nosso esconderijo atual, Elijah é um órfão que virou meu aprendiz após eu salva-lo de um dos esquadrões de River, infelizmente seu vilarejo foi devastado, mas consegui salva-lo a tempo, o treinei para se defender desse tipo de ataque e hoje age como meu braço direito. - Verdade que acharam eles?

Não respondi Elijah naquela tarde, continuei meu caminho de forma misteriosa, pois não podia avisá-lo para onde estava indo, sabia o quanto River estava desesperado para achar aquelas crianças, então precisávamos encontrar as grávidas antes do parto, contar a muitas pessoas geraria muitas fontes de informação, correndo risco de uma das feiticeiras de River nós rastrearmos a tempo de nós pegarmos, eu não correria aquele risco, nem mesmo com Elijah. Consegui chegar ao sul em uma noite de lua azul, três dias após a reunião, caminhei pelo vilarejo, sentindo a neve tocar minha pele de forma leve, há nuvens no céu escuro, juntamente com estrela brilhantes, uma noite linda de presenciar.

Ao caminhar pelo chão de pedra parcialmente coberto por uma camada fina de neve, consegui ouvir resmungos de dor vindo de uma cabana do vilarejo, virei meu corpo e soltei um suspiro podendo vê-lo no ar, abri a porta sem ser convidada, não esperarei nenhum convite, encontrei um homem presente, a grávida na cama de palha improvisada e duas mulheres que ajudam no parto, todos me encaram de forma confusa, menos a mãe da criança, ela sabe do por que me encontrava ali, sabia que sua filha precisava sair o quanto antes daquele lugar, pois o esquadrão da morte de River estava a caminho.

- Ande logo com isso! - Gritou a mulher enfurecida para as outras presentes que voltaram a seus afazeres, o homem teve a intenção de se erguer, mas a mesma mulher o puxou e cochichou em seu ouvido, um sussurro inaudível e misterioso que pareceu acalmar o homem, não questionei ou me envolvi no que faziam apenas me movimentei pelo local, sentindo o frio presente ali, me lembrando da época em que Ella reclamava disso, sorri levemente e encarei uma lamparina antiga e suspirei novamente, podendo ouvir os resmungos e esforços da mulher para dar à luz aquela criança. - Vamos filha! - A mulher gritou em um ato de coragem e se esforçou novamente.

Meus olhos se arregalaram quando o lugar ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo um choro agudo do bebê cortou o ambiente, girei meu corpo na direção da criança sendo segurada agora pela mãe que sorria de forma alegre para o pequeno ser empacotado em seus braços, me aproximei novamente, sem ser convidada, os pais da criança me olharam de forma triste, sabendo que terão que se despedir de sua filha, mas não me importei, peguei o embrulho em meus braços de forma cuidadosa e a encarei pela primeira vez, olhos azuis brilhantes como a lua que está no céu nesta noite e ao encará-los, meu coração se aqueceu pela primeira vez em muito tempo.

- Esperança... - Eu sussurrei em um suspiro a encarando, era isso o que esse pequeno ser trouxe consigo, a esperança que eu precisava para continuar, o milagre que eu pedi para me mostrar que valeu a pena tudo o que eu sofri no passado, e ali estava ela, em meus braços me encarando de forma pura e inocente, consegui sentir seu mana correndo em seu corpo, uma quantidade enorme para um bebê, me fazendo lembrar que assim como River, ela é descendente do homem mais importante da história, traz consigo um poder incrível que salvará os mundos das mãos dele. - Qual o nome dela? - Perguntei querendo pelo menos que a mãe tenha a oportunidade de nomear sua filha antes da morte certa.

A mulher arregalou os olhos azulados encostada ao marido e se virou para mim com os olhos lacrimejados, ela sorriu de forma tão alegre que encarei aquilo como um agradecimento pelo meu ato, ela ergueu a mão pálida e fina até sua boca, parecendo indecisa sobre sua decisão, pensei em apressá-la ao sentir presenças indesejadas se aproximando do vilarejo, mas ao sentir o leve toque da criança em meus braços em meu cabelo, soube que ela merecia pelo menos ser nomeada por sua mãe, merecia saber que sua mãe lhe batizou, já deixarei seus pais morrerem, não posso a privar disso também.

- Silena. - A mulher falou com confiança e encarou o embrulho em meus braços, abriu um sorriso feliz e seus olhos transbordaram com lágrimas de tristeza, ela ergueu o olhar para meus olhos azuis e gélidos, eu gostei do nome, Silena tem vários significados, e um deles é Lua, o que combina perfeitamente. - Obrigada. - Ela agradeceu, não havia me comovido, poucas coisas me comoviam, então eu acenei com a cabeça levemente e caminhei para fora do lugar, trazendo a pequena Silena em meus braços, ouvindo sua mãe chorar de forma inconsolável.

Ao sair da pequena cabana, acelerei meus passos até me encontrar correndo para longe do vilarejo na direção contrária ao que senti as presenças se aproximando, puxei minha capa e cobri Silena por conta do frio gélido trazido pelas gotículas de gelo que cai sobre nós, após deixá-la segura abaixo de meu manto, comecei a correr de forma rápida e saltei montanha acima para voltar de onde eu havia vindo, em cima da montanha, vir-me-ei, a Lua está enorme e reluzente com sua luz azul florescente, ao longe consigo ver fogo e sombras grandes se movendo no vilarejo, indicando que River enviou monstros como o covarde que é.

- Vamos Silena, temos um caminho longo pela frente... - Falei me virando novamente e caminhando na direção oposta do calor que o fogo está emanando, segurei Silena com meus dois braços abaixo do manto e persisti minha caminhada contra o vento, sentindo meus cabelos voarem contra ele, juntamente com minha capa.

O vento e o frio estão furiosos, mas agora que a tenho em meus braços, não pararei por nada.