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2

Acordei bem cedo e observei a janela enquanto o sol nascia, era meu momento de pensar em meu caso e dá fim a ele, mas sinto que Elena está certa, algo passou direto por mim nesse caso, mas não posso deixar que viagem. Começar uma nova vida em outro estado?  

— Precisa bater mais forte Beto, ou pretende fazer carinho nos marginais? O café está pronto. — Me disse se retirando e deixando a porta aperta. 

Secando meu rosto eu paro o saco de pancadas e caminho em direção ao banheiro para me banhar rapidamente. 

X

— Tem certeza que não quer que eu as leve?  — Pergunto olhando Isabel colocando sua mochila sobre o ombro após guardar seu almoço. 

— Vamos ver os patos. — Contou com um grande sorriso no rosto. A dando um beijo sobre a testa e indo em direção a Elena onde a pego pelos ombros e a puxo até mim a beijando, sinto quando Isabel se afasta e rapidamente me viro para observá-la. Ela estava com um grande sorriso sapeca sobre o rosto enquanto emitia um som  como “hnnn”. Caminhando até ela e bagunçando seus cabelos, eu pego a chave sobre o move ao lado da porta e me retiro até o carro. 

Huãbàn é um bairro bem grande, tanto quanto pensei, as pessoas aqui são simpáticas, exceto a vizinha do prédio da frente.

Parando com o carro na vaga, eu caminho até a porta da sede arrumando meu paletó. Minhas mãos soavam sobre os arquivos. Alguma coisa estava faltando. 

— Zǎoshang hǎo, Beto. — Expressou assim que ultrapassei a porta. 

— Zǎoshang hǎo, Ma Lin. — A vendo sorrir entre as mãos eu paro ao seu lado e continuo — Um dia você terá que encontrar outra palavra para rir da minha cara. Tenha um bom dia também, Ma Lin. — Finalizo passando por ela. Chinês nunca foi fácil para mim, felizmente meu inglês supera. 

cumprimentando alguns dos meus companheiros de trabalho, eu adentro a sala de interrogatório, e para a minha surpresa meu suspeito já estava presente. 

Fechando a porta atrás de mim, eu bato sobre o vidro onde estava Hu wang, meu amigo de casos. Colocando os papeis sobre a mesa eu me sento de frente para o rapaz e o ouço falar primeiro.

— Vai me prender? Estou aqui. Sei que não fiz nada, mas se essa é a única maneira de fazer a justiça ao pequeno Gao Lin, então faça. 

Colocando a mão sobre a algema, eu me levanto observando o pulso a minha frente, mas recuo jogando o aço sobre a mesa e indo até a parede onde apoio minha testa. 

— A justiça não será feira se eu prender a pessoa errada. — Me sentando novamente sobre a cadeira, eu tiro as fotos, e arquivos da pasta, e o olho dentro dos olhos. 

— Vamos mesmo fazer isso de novo? 

— Se você quer a justiça, então sim, vamos fazer isso de novo. — Ele concorda. — Onde está sua namorada?  

— Prestes a pegar um avião. 

— Sem você? — Questiono. 

— Sim. 

— Quantas passagens eram?  

— Duas.Iríamos deixar Gao Lin com uma das irmãs dela. — Suspiro, colocando uma das mãos sobre o queixo. 

— Beto? — Coloco a mão sobre o ouvido e olho na direção do vidro após ouvir a voz de Liu Yang Chen, a madrinha de minha filha. — Beto, a Elena pediu que ligasse para ela, ela precisa falar com você, é sobre o caso. 

Pegando meu aparelho sobre o bolso e o ligando, eu vejo duas chamadas perdidas de Elena. Discando seu número eu espero em movimento até que ela atenda. 

— Beto. — Disse pausadamente. — Zhang Sol está aí?  

— Não. 

— Imagino que ela vá sair da cidade. 

— Sim, mas como sabe?  — Franzo as sobrancelhas. 

— Foi ela. Ela quem matou Gao Lin, a terceira foto em seu celular, eu, eu transferi para o meu, há uma mão ao lado, enquanto Li Yang segura o menino, alguém está preparando sucos, acredito  que seja isso. — Ela faz uma pausa. — A mão tinha um anel com um diamante talvez um anel de noivado, e ao lado tem um frasco, um frasco muito parecido com o que vejo agora. 

— Elena, onde você está? — Pergunto confuso. 

— Na cena do crime. Encontrei veneno de rato, e luvas, uma delas tinha uma unha postiça. Estava tudo embalado em uma sacola que foi posta junto com o lixo. Provavelmente ela guardou com ela e descartou sabendo que perderiam a prova caso elas tivessem sido levadas. — Nesse momento eu olho as horas. 

— Você correu atrás do caminhão? 

— Agradeça aos meus saltos. Beto, peça a ele que ligue para Zhang Sol… Precisam para-la. 

Após desligar a ligação, fiz exatamente o que minha esposa havia pedido, e enquanto o ouvia falar com a culpada, puxei as imagens em meu celular e cheguei a imagem que Elena havia comentado, assim como também tirei a prova de que o anel sobre a mão ao fundo era o anel de Zhang Sol. 

Assim que dei partida no carro, a sirene foi ligada. Não tínhamos tempo, a qualquer momento Zhang podia partir. Cortamos ruas, pedimos passagem, e por fim estávamos sobre o aeroporto. 

Corremos tudo, e vimos o avião dar partida. Já era tarde, a única maneira era espalhar a notícia sobre o país e aguardar que ela seja encontrada pelas câmeras e por outros policiais. 

— Zhang?! — Afirmou Li Yang nos fazendo olhar para trás. Zhang Sol estava parada logo a frente com um olhar confuso talvez. 

— A senhora está presa! — Falei vendo um recuo da mesma, dando um passo à frente segurei em seu braço e aguardei os policiais se aproximarem. — Matou seu filho, deixou que seu noivo fosse preso em seu lugar, e ainda quer tentar fugir? Que tipo de mulher é você?

— Eu estava indo atrás do melhor advogado de Xangai, não deixaria que ficasse preso. Eu te amo. — Expôs se aproximando para que pudesse tocar o rosto de seu noivo, porém sua mão foi parada ainda sobre o ar pelo mesmo. 

— Matou seu próprio filho, o que mais posso esperar de você? — Ele a olhava com dificuldade, sobre seus olhos eu podia ver rancor e amor ao mesmo tempo. 

— Disse que as coisas mudariam, que seria diferente com Gao Lin. — Respondeu com lágrimas nos olhos.

— Jogando a mão da mesma para longe, ele continua — sim eu disse, Gao Lin era o filho que eu nunca tive… E pelo jeito o amava mais do que você. A partir de hoje eu não a conheço mais. — Falou com a voz baixa enquanto arrancava o anel de seu dedo. O jogando sobre os pés da senhora Zhang Sol, ele olhou para mim e assentiu se retirando em seguida para não ver o nosso trabalho ser feito. 

XX

— E então, o que acha de uma partida rápida na sua casa para comemorarmos esse caso?  — Perguntou através do canal do rádio.

— Não entendo por que ainda tenta, toda vez que olho você está jogando com os olhos fechados. depois reclama que perdeu. — Ele começa a rir do outro lado.  

— Pelo menos meus olhos descansam, os seus passam vinte quatro horas abertos, isso porque nem quero tocar no fato de sua barba ser um caso perdido. 

— Minha esposa gosta. — Respondo levando a mãos sobre o queixo. 

— Falando nela, quando ela vai se juntar a nós? Se não fosse por sua loucura nós nunca teríamos prendido Zhang Sol. 

— Ah eu não sei, ela parece ainda pensar nisso. Mas então a gente se encontra lá em casa depois do expediente? — Ele concorda. — E dessa vez vê se tenta deixar os olhos abertos. 

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