Capítulo 7
— O dono do lugar chamou a polícia e me prenderam por brigar e beber demais e várias coisas, das quais sinceramente não me lembro.
Eu tinha tanta raiva em meu sistema que daria um soco em qualquer um que passasse, eu os teria matado com minhas próprias mãos se eles não tivessem me pegado. Para sair da prisão naquele dia eles chamaram Nett de “meu advogado”.
Vendo seu lindo rosto meus olhos ficaram deslumbrados, corri em direção a ele como um tigre. Se não fosse o guarda eu o teria matado, juro! Só Deus sabe o que ele teria feito.
Ele ficava me perguntando o que havia de errado, mas eu não contei nada a ele.
Olhei-o diretamente nos olhos, vi seu olhar perdido e confuso. Ele estava tentando me entender, mas ainda não conseguia, e isso me irritou. No final ele não conseguiu, não sei porquê, não consegui nem olhar nos olhos dele, apenas disse “nada, não tenho nada”.
Me virei e voltei para minha cela. Fiquei lá três dias, depois me soltaram sob fiança; Acho que ele pagou, porque não contei nada para minha mãe. Ele já tinha muitos problemas e eu não queria acrescentá-los. Continuei bebendo e causando problemas, não fui mais trabalhar, fiquei sozinho nas baladas me embriagando e brigando com todo mundo, estava possuído pelo mal.
E a cada dia que passava a dor aumentava cada vez mais. Fiquei sozinho: havia perdido Hanna, o amor da minha vida, e não podia contar a ninguém sobre minha dor, porque até meu melhor amigo havia morrido por mim.
Depois de um tempo resolvi mudar de cenário, peguei o primeiro avião para Nova York e jurei que nunca mais voltaria. -
PONTO DE VISTA DE DESYRÈ.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, quero morrer depois do que ele me contou. Sinto a dor que ele sente, posso sentir pela forma como ele está tremendo, mas não consigo ver seu rosto, pois desde que ele começou a falar ele não fez nada além de olhar pela minha janela de costas para mim. Eu o abraço com força para que ele sinta todo carinho que sinto por ele, sinto ele relaxar graças a esse abraço. Ele respira fundo e finalmente decide se virar para mim.
Eu olho para ele com lágrimas nos olhos, os dele também estão molhados. Ele olha para mim como se quisesse se desculpar por me fazer chorar. Ele me acaricia, secando meu rosto e me dando um sorriso.
— Devo ter te entediado com a minha história, né? —ele me pergunta com a voz rouca.
Eu olho para ele e vejo tanta tristeza, não sei porque mas a única coisa que posso fazer é abraçá-lo com tanto carinho
força que não consegue respirar.
— Eu prometo a você que estarei lá, estarei sempre lá em qualquer momento, eu prometo. -
Conheço-o há pouco tempo mas as minhas palavras são sinceras.
Vamos passar uma bela manhã juntos para afastar essas lembranças ruins. Dançamos e cantamos como dois completos idiotas. Almoçamos juntos e à noite decidimos ir a uma boate, já que eu nunca tinha saído para dançar devido aos meus problemas na Itália.
— Espere, estou pronto. Mas onde você esteve? Vamos, não quero brincar de esconde-esconde de novo, cadê você? Droga, você está louco? Assustaste-me! -
— Me desculpe Desy, não foi minha intenção, eu estava no banheiro.
Nossa, você está linda, mas é assim que você se veste para ir dançar? —, vejo que ele fica sem fala, tanto que sua língua quase toca o chão de espanto.
- Sim porque? O que há de errado com meu vestido? - pergunto com fingida ingenuidade; Gosto de receber elogios.
PONTO DE VISTA DE STIVE.
—Nada, eu só estava dizendo. —, eu rio, mas depois tento me recompor.
— Você é linda, só não imaginei que pudesse ser tão sexy. Você vai me fazer lutar com alguém esta noite com aquele vestidinho, e não acho que seja esse o caso, já que só voltei há alguns dias. -
Continuo olhando para ela sem tirar os olhos dela. Percebo imediatamente o rubor em suas bochechas.
PONTO DE VISTA DE DESYRÈ.
— Vamos Stive, pare e não se preocupe. Se você realmente quer saber, nunca dancei na minha vida. - bem, eu finalmente disse isso.
—Bem, você tem vinte e seis anos. Vamos, não fale bobagem. —, mas a forma como olho para ele, como se quisesse avisá-lo, faz com que ele entenda que é melhor não continuar.
—Diga-me uma coisa, onde você esteve todos esses anos? -
— Stive agora não estou com vontade de contar sobre meu passado, esta noite só quero me divertir e não pensar em nada. -
Não espero pela resposta dele, apenas agarro seu braço e o levo para fora do meu apartamento.
Por enquanto eu escapei.
Ponto de vista de Nett.
Não a vejo há dois dias e admito que estou enlouquecendo. Não sei o que aconteceu comigo, mas aquela garota me enfeitiçou. Eu gostaria de ligar para ela e perguntar se ela gostaria de sair para tomar um café, mas pensando bem, não parece apropriado.
De qualquer forma, assistirei novamente amanhã, dessa vez tentando não errar. Gosto disso e não quero que minha atitude idiota estrague tudo.
Sempre se soube que sou um grande filho da puta e que vou foder quem eu quiser, mas desta vez é diferente. Sinto que.
Resisto à tentação de ligar para ela, embora não seja nada fácil.
Ligo para o Efram para saber como ele está e no final decidimos ir para uma balada aqui na cidade. Ele tem bom gosto para clubes e obviamente para mulheres, dadas as garotas com quem dorme.
Esta noite, porém, não quero companhia, insiste Efram como sempre, e infelizmente sempre consegue seu objetivo.
Eu o conheço muito bem e depois de contar a ele sobre Desyrè sabia que ele não me ouviria e que me traria uma garota sexy. Com seu sorriso de bastardo que ele é, ele pisca para mim dizendo que era a coisa menos importante depois da minha história. Naquela tarde, ao telefone, contei-lhe tudo sobre Desyrè, ele continuou rindo, me dizendo que o álcool tinha fodido meu cérebro, e talvez ele tivesse razão.
O lugar está lotado, há meninos e meninas por toda parte e o ar é quase irrespirável. Depois de alguns copos de vodca, decido tomar um pouco de ar fresco.
Devo dizer que o local não é mau, tem um amplo terraço com vista para o mar.
Apoio-me na grade e acendo um cigarro, mas tenho a sensação de que estão me observando. Quando me viro para verificar, meus olhos não conseguem acreditar no que estão vendo.
"O que ele está fazendo aqui! Depois de todos esses anos, eu juraria que nunca mais o veria, mas quem não morre, se vê de novo!"
Continuo fumando e noto seus olhos de fogo, ele me encara como da última vez, quando se jogou em mim, naquela maldita cela.
Nunca entendi o verdadeiro motivo pelo qual ele estava tão bravo comigo, porém depois de anos pensei que iria superar isso, mas me enganei.
— Olá Stive, velho amigo, como você está? —, saúdo-o, na esperança de rever o velho amigo de quem tenho muitas saudades. Mas quando percebo seu olhar ficando cada vez mais escuro, não espero nenhuma explicação.
Estou tentando me acalmar e obter respostas.
—Steve, cara, você pode me explicar o que diabos há de errado com você? Depois de todos esses anos, você me deve uma.
Você desapareceu, tentei todos os meios para te localizar mas nada. Seu número de celular também não existia. -
—O que diabos você quer Nett! —, ele responde com raiva.
—Nada, só queria cumprimentar um velho amigo e ver como você estava. —, meu tom ficou mais calmo.
“Você saiu sem me dar uma explicação, e depois de todos esses anos eu realmente não sei o que ele fez com você. -
Estou com um nó na garganta que dói cada vez mais. Eu me enganei por alguns segundos pensando que tinha visto meu velho amigo novamente, mas estava errado.
Seu corpo é uma rocha: punhos cerrados, narinas tensas. Ver isso dá arrepios. Ele se aproxima e por uma fração de segundo, naquele exato momento eu tive medo, medo que ele me matasse.
Eu o ouço rir e ouço palavras saindo de sua boca que realmente me machucam.
— Não, Stive, espere, cara, — eu pego ele pelo braço, — Você pode me explicar o que está acontecendo? Deixe-me entender! Será que terei direito a uma explicação!? O que aconteceu? Eu fiz algo com você? Por favor me diga, eu preciso saber. -
PONTO DE VISTA DE STIVE.
Eu me viro quando eles agarram meu braço. Tenho tanta raiva por dentro que sinto pena dele. Eu rio com raiva.
—Você até tem coragem de perguntar! Merda, Nett, depois de todos esses anos, você ainda não descobriu? Mas como você pode ser tão idiota? Cresça, droga. Você não é mais uma criança! -
Eu olho para ele e vejo tristeza, mas principalmente decepção em seus olhos.
— Stive eu realmente não consigo entender, pelo menos me ajude, me ajude a entender, caramba o que eu fiz para você me olhar com tanto desprezo por si mesmo? -
Neste ponto não consigo mais conter minha raiva, sinto que vou explodir. Aproximo-me dele pela gola da camisa e, quando encontro aquele rosto bonito dele, rosno como um pit bull.
— Não sou seu amigo, nunca fui. -
Sinto meu braço sendo puxado e quando vejo Desyrè meus olhos se acalmam um pouco. Ele tenta me acalmar acariciando meu rosto.
- Está bem? -