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Capítulo 8

Talvez, se ele tivesse insistido, as coisas poderiam ter sido diferentes. Ou talvez não, porque ele não era o único que não havia lhe contado toda a verdade. Ela também estava escondendo algo dele.

O primeiro era Carter, pois ele ainda não havia falado conosco. Apesar de ter levado Ronaldo a acreditar no contrário. E o segundo, ele estava olhando para ela agora mesmo na tela do computador.

- Seria uma honra receber você aqui para fazer seu doutorado. -

Dessa vez, o remetente era Princeton.

Primeiro foi Stanford, depois Yale, depois Brown e, a que deu início à série de e-mails que começaram com essa frase, foi Wharton.

Cada uma dessas universidades de prestígio ofereceu a ela uma bolsa de estudos e outros benefícios para incentivá-la a escolher o local para fazer seu doutorado. Sua habilidade na escola nunca passou despercebida e o próprio presidente de Harvard recomendou seu nome para contato. O sucesso de Ember traria mais prestígio para sua universidade e essa era uma oportunidade que eles não podiam deixar passar. Por isso, sempre fizeram de tudo para que ela fosse o mais conhecida possível no ambiente escolar.

E a garota estava feliz com todas essas propostas, pois via seu empenho recompensado e reconhecido por alguém. Seus pais nunca haviam feito isso, nunca haviam lhe dito que estavam orgulhosos e felizes com ela. Mas todas aquelas universidades estavam fazendo isso agora. Não era a mesma coisa, ela sabia, mas servia como um band-aid que ainda conseguia cobrir sua profunda ferida emocional.

Ela fechou o laptop quando viu Ronaldo entrar na sala, vestindo uma camisa de mangas compridas. - Bom dia", disse ele, embora tivessem acordado na mesma cama e já tivessem se cumprimentado calorosamente entre os lençóis. - O que há de novo? perguntou ele, fazendo-a franzir a testa.

- Sobre você? - perguntou ele novamente.

- Não sei, você estava olhando para o computador e este é o período em que as inscrições para os cursos de pós-graduação da universidade são feitas ou chegam. Pensei que tivesse acontecido alguma coisa com você", explicou ele, indo para a cozinha e servindo-se de uma xícara de chá.

- Ah... não - ela negou imediatamente e nem sabia por que, afinal de contas, que mal teria feito contar a ele a verdade sobre a situação. Uma pequena parte de seu cérebro, no entanto, a levou a pensar que admitir que eles estavam quase no fim do ano letivo significava que aquele poderia ser o fim do caminho para ela também. - Nada ainda", ela se sentiu obrigada a acrescentar.

Damien assentiu com a cabeça. - Estranho, você verá que logo receberá muitas inscrições. Um aluno com seus resultados atrairá todo mundo: ele estava certo e todos os e-mails que ele já havia recebido confirmavam suas palavras.

Uma pergunta zumbia na cabeça de Ember, mas ela não resistiu em reprimir. - Você ainda vai dar aulas aqui no ano que vem? -

- Eles ainda não me disseram nada, acho que estão avaliando os resultados do meu trabalho nos últimos meses", revelou ela, depois tomou um gole de sua bebida quente.

Damien estava confiante de que a avaliação seria boa e que sua permanência em Harvard poderia ser prolongada. Em parte porque ele não tinha pressa em voltar para a Inglaterra e em parte porque lecionar lá por mais alguns anos traria mais prestígio ao seu nome. E, quando retornasse a Oxford, ele também poderia ter assumido o lugar de Pattern como reitor. Era o que ele almejava desde que começou a lecionar.

- Você já tem uma preferência quanto ao local onde gostaria de fazer seu doutorado? - Você já tem preferência por onde gostaria de fazer seu doutorado?

Ember refletiu sobre essa pergunta, dizendo a si mesma que se Ronaldo tivesse continuado a lecionar em Harvard e ela tivesse escolhido ficar lá para continuar seus estudos, eles poderiam ter continuado a se ver mesmo depois que ele se formasse.

A questão, no entanto, era que ela não havia pensado em ficar na mesma universidade para fazer seu doutorado, ela queria mudar, experimentar outro ambiente. Assim como ele, ela queria dar ainda mais prestígio ao seu nome, abrir ainda mais caminhos.

E então, o próprio presidente de Harvard estava pressionando-a a aceitar o pedido de outra universidade, para que ela também pudesse se beneficiar de sua fama.

- Eu estava pensando em Brown, mas também em ficar aqui - ele sabia que não era verdade, mas disse isso mesmo assim. Talvez para ver a reação dele, ou talvez para se enganar e pensar que os dois não tinham um prazo que estava cada vez mais próximo.

- Se eu fosse reeleito e você ficasse aqui...” ele deixou a frase no ar, aproximando-se do sofá onde ela estava sentada.

- Nós poderíamos ficar juntos. -

Ele pensou, sentando-se ao lado dela e lançando-lhe um olhar enigmático. - Sim", ela confirmou simplesmente.

- Mas eu não vou ficar aqui. Então, o que acontecerá com nós dois? -

Ele se perguntou mentalmente, colocando o laptop sobre a mesa de vidro à sua frente. Na verdade, ele não queria uma resposta, mas temia que ela viesse dele ou de sua mente. O desconhecido, o não saber, nesse caso, era muito mais conveniente.

- Você se lembra da primeira vez em que nos encontramos neste sofá? perguntou ela, virando-se e olhando para o perfil do rosto dele.

- Quando você me enganou e me fez pensar que eu precisava colocar em dia aquela aula de Balzac? - respondeu ele, viajando no tempo com sua mente, voltando àquele dia.

Ember sorriu divertida. - Você estava tão nervoso", provocou ela, estendendo a mão e enrolando-a no cabelo dele. Ela começou a brincar com um dos pequenos cachos que agora estavam se formando nas pontas, porque eram muito longos.

- E você é tão atrevida", ele comentou, aproximando seus rostos. A respiração começou a ficar irregular e as pupilas a se dilatar cada vez mais.

- Mas você gosta quando eu sou", não era uma pergunta, embora parecesse uma. A garota fez com que seus lábios se tocassem e então o montou. Ela não queria pensar, e essa era a única maneira que ela conhecia. Sexo, a única coisa que poderia tirar sua mente disso. Seu remédio.

- Em vez disso, você gosta de me meter em encrenca", disse ela, enquanto sentia o sangue fluir quase que totalmente para um ponto específico de seu corpo.

Ember deixou um beijo nos lábios dele, fazendo com que suas intimidades se chocassem e mal reprimindo um gemido. - Se ao menos as coisas tivessem sido diferentes... - ela fez uma pausa para beijá-lo novamente. Ronaldo estava completamente cativado por ela, não conseguia pensar em mais nada além daquela garota. Sua voz era como uma melodia hipnótica, impedindo qualquer tipo de raciocínio e deixando-o indefeso diante de cada ação dela. - O que você teria feito naquela noite? perguntou ela, esfregando-se contra ele.

Ronaldo se lembrou da maneira como ela o havia seduzido para que fizesse o que quisesse. Parecia absurdo, mas ela tinha esse poder sobre ele. Com um gesto ou uma palavra, ela sempre conseguia vencer no final.

Ele estendeu a mão, colocou o polegar sobre os lábios carnudos dela e os acariciou gentilmente. -Você não teve aula hoje de manhã? - a garota agitou os cílios, balançando a cabeça com a pergunta. - Você não deve faltar", ele a lembrou.

Ela adotou aquela expressão inocente que era capaz de deixá-lo completamente louco. - Você quer me castigar? perguntou ela, com um brilho de pura malícia nos olhos.

Ao ouvir essas palavras, o corpo do professor pareceu reagir como se estivesse completamente desconectado de seu cérebro e tivesse vida própria. O mesmo polegar deslizou para dentro da boca dela (Cristo, Ember), ele rosnou, seus outros dedos apertaram a mandíbula dela e a forçaram a se aproximar do rosto dele.

A garota soltou um gemido sufocado ao sentir o abdome inferior se contrair. Ela olhou diretamente para aqueles olhos azuis, aquelas íris com as quais estava acostumada. Os mesmos que eram capazes de acalmá-la, excitá-la, irritá-la e fazê-la rir. Em que confusão de sentimentos ela havia se metido.

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