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Capítulo 6

CRIS MILLER

Elizabeth estava de boca aberta me encarando e eu sabia que meu pequeno show tirando a camisa era o causador disso.

— Você ia dizer alguma coisa? — fiz questão de perguntar só para provocá-la.

Ela deu um passo para trás, voltando a se afastar, tentando fingir descaradamente que não havia se aproximado e que não estava esquadrinhando meu corpo com o olhar há um segundo atrás.

— Ia perguntar quando você vai começar com isso, ou pretende me deixar esperando aqui a manhã toda? — ela falou empinando o lindo nariz e me fazendo sorrir.

Sacudi a cabeça sabendo que não eram essas palavras que deixaram sua boca esperta, então me coloquei na posição mostrando que estava na hora, eu ia atacá-la e ela teria que se defender. Não esperava que ela conseguisse de primeira, claro, estava mais para umas oito ou dez vezes até que ela pegasse uma das formas de se defender.

— Vamos lá! Você lembra os movimentos que eu fiz para me livrar de Isaac, agora eu quero que você faça o mesmo, eu vou te atacar e você tenta se livrar. — Ela respirou fundo e separou as pernas e ergueu as mãos, parecendo pronta. — Lembre-se não precisa acertar de primeira, a intenção aqui é aprender.

Ela acenou com a cabeça, mantendo os olhos focados em minhas mãos e eu avancei em sua direção. Agarrei os ombros dela a puxando para o lado. Elizabeth segurou meus braços, tentando me tirar na marra e depois apoiou os seus braços sobre os meus, os empurrando para baixo, tentando se livrar deles usando a força, mas bastou uma sacudida para que ela perdesse o equilíbrio.

— Droga! — resmungou batendo o pé no chão quando eu a firmei no lugar antes que caísse de bunda no gramado.

— Você não está pensando, use a sua mente para te lembrar de um dos movimentos ao menos — insisti mais uma vez.

Poderia ter sido apenas por alguns minutos, mas nós demonstramos várias formas diferentes de se livrar de um ataque, esperava que ela ao menos se lembrasse de uma delas.

— Está bem, eu já entendi!

Me afastei novamente e voltei a agarrá-la da mesma forma, as mãos sobre seus ombros, queria que ela aprendesse a se livrar ao menos de um agarre hoje, fazendo isso já seria um progresso.

Dessa vez eu a empurrei para trás até que suas costas batessem de leve na árvore mais próxima. Ela arfou, erguendo o olhar para o meu, tentando me fazer soltá-la dando cotoveladas em meu antebraço.

Teria sido uma boa ideia para conseguir um espaço de tempo e fugir. Mas esse não era um golpe que eu tivesse mostrado, até porque ela não teria força para usar contra seu adversário assim.

— Pense, Elizabeth! Tenha em mente o que eu fiz com Isaac. Você quer me afastar para conseguir fugir, como fazer isso? — a incentivei vendo os olhos dela correrem para os lados procurando uma abertura, uma brecha ou um ponto fraco em mim. — Eu estou te segurando, posso matá-la a qualquer momento, Elizabeth e ninguém vai aparecer para te salvar. Você precisa fugir, o que você faz?

Ela chutou minha canela com força, como se quisesse me machucar de verdade, e eu me afastei dando espaço para que ela pudesse correr enquanto massageava a canela.

— Isso é estupidez! — ela gritou depois de dar alguns passos para longe de mim.

— Não, foi ótimo. Pode não ter sido um golpe que demonstramos para você, mas conseguiu o efeito que queremos, atingir o agressor e encontrar uma abertura para fugir.

— Você está me ensinando a ser uma covarde, é isso o que está dizendo? — ela questionou erguendo uma sobrancelha e não comemorando nenhum pouco.

— Não, estou te ensinando a se defender, a conseguir uma brecha para fugir e chamar ajuda ou até mesmo se esconder — tentei explicar, me erguendo do chão. — Não espero que você enfrente o agressor, que fique lá para lutar com ele, porque isso sim seria estupidez. A coisa mais sensata a se fazer é fugir, correr o mais depressa possível para um lugar seguro.

— Você faria isso? Fugiria para longe?

— Se não tiver nenhuma chance de eu vencer a luta, sim! — afirmei chegando perto dela, querendo arrancar aquele olhar desafiador de quem dizia que eu a estava subestimando. — Eu ando com duas armas no coldre em meu peito, uma faca no calcanhar e treino desde que tinha sete anos. Mas sim, ainda posso perder uma luta e se tiver a menor chance de fugir em uma batalha perdida, é o que eu faria ao invés de ficar e perder a vida!

Ela engoliu em seco e desviou o olhar do meu, mas não rápido o suficiente para que eu percebesse a suavidade voltar a eles.

— Tudo bem, vamos de novo. — A voz soou baixa, mas eu não dei nenhum segundo a mais para ela pensar, agarrei seu pescoço e a virei para a mesma árvore.

Ao invés de fazer o que estava fazendo antes, lutando e tentando revidar na base da força, Elizabeth acertou o calcanhar no meu pé, seguido de uma cotovelada no meu queixo que me fez cambalear para trás, sendo pego de surpresa e com a rapidez dos movimentos dela.

Levei a mão ao queixo massageando onde ela havia acertado, mas rindo por ver que a diaba havia gravado os nossos movimentos com perfeição, só não queria fazer porque queria aprender a lutar de verdade.

Agarrei a cintura dela por trás, a puxando contra meu corpo e erguendo seus pés do chão enquanto ela comemorava de costas para mim.

— O que você... — Ela estava prestes a falar, mas foi rápida em compreender o que eu queria. — Entendi, ataque surpresa.

Claro que ela não precisava saber que estava me aproveitando também, era difícil pegar aquela mulher despreparada, especialmente para coisas pequenas como sentir seu perfume ou tocar sua pele macia. Elizabeth me encarava como se quisesse me matar sempre que nossas peles se tocavam por acidente, então eu passei a evitar isso, aquela aula estava sendo um verdadeiro deleite para o meu lado pecaminoso.

Mas antes que eu pudesse prever, Elizabeth acertou uma cabeçada em meu nariz, me fazendo perder o equilíbrio, então senti a cotovelada em minhas costelas, que me arrancou o ar e me fez soltá-la.

— Porra... — resmunguei, me jogando no chão, tentando recuperar o fôlego.

— Eu consegui, derrotei você! — ela gritou me chocando com todo o entusiasmo. — Eu consegui! — se empolgou dançando ao meu lado, festejando a minha queda totalmente envolvida pelo momento.

Havia um sorriso largo estampado em seus lábios, o primeiro sorriso que eu a via dar depois de todas essas semanas trabalhando com ela. Então, ela se jogou, sentando em meu abdômen me deixando mais uma vez sem reação enquanto ainda comemorava.

Não parecia a mesma mulher a que eu estava acostumado, aquela ali sentada em cima de mim, com as bochechas coradas e com a respiração entrecortada, feliz por algo tão simples me parecia ser a verdadeira Elizabeth.

Ela era incrivelmente linda e de alguma forma parecia não se dar conta, se fechando em sua armadura e afastando a todos. Se soubesse o quão lindo era o seu sorriso não o esconderia do mundo, não privaria a todos de ver aqueles lindos olhos brilhando enquanto seu rosto se iluminava e contagiava tudo à sua volta.

Sem perceber o que estava fazendo ergui a mão em direção ao seu rosto, capturando entre os dedos uma mecha que se soltou do rabo de cavalo e a prendi atrás da orelha. Mas não fui capaz de afastar minha mão logo em seguida, segurei seu rosto afagando a bochecha dela com o polegar.

Nossos olhares se prenderam naquele mesmo segundo e eu não sei explicar o que aconteceu, mas a porra do mundo a nossa volta parou de girar, como se só existisse ela.

— Que merda é essa? — Acho que deixei escapar em voz alta e o olhar dela foi atraído diretamente para os meus lábios, me fazendo desejar beijá-la.

Aquilo não podia estar acontecendo, estava errado! Ela era minha chefe e uma megera, casada com um maluco abusivo e com uma filha pequena. Mas por que nada daquilo me fez jogar seu corpo para fora do meu colo? Por que minhas mãos se moveram como se tivesse vida própria indo direto para as coxas dela?

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