Capítulo 7
ELIZABETH BIANCHI
Eu não tinha pensado, me deixei levar pelo momento e simplesmente me joguei em cima de Cris sentando em seu abdômen, montando-o com uma perna de cada lado.
O pior foi só me dar conta disso quando ele ergueu a mão tocando meu rosto. Cris acariciou minha pele quase me fazendo tombar a cabeça para o lado querendo ter mais do seu toque.
Mas então eu me dei conta do corpo embaixo de mim, o abdômen definido e bronzeado, terrivelmente quente e sem nada o cobrindo, apenas minhas coxas o envolvendo. Se eu estivesse usando shorts no lugar daquela legging seriam nossas peles se tocando ali.
— Que merda é essa? — ele sussurrou me deixando confusa, e eu não consegui evitar que meus olhos fossem direto para os lábios carnudos entreabertos.
Não sei o que ele quis dizer com aquela pergunta, mas qualquer pensamento lógico se desfez quando as mãos grandes e quentes subiram por minhas coxas em um aperto firme.
Eu me peguei suspirando e relaxando ainda mais sobre ele, soltando todo meu peso, mas nem mesmo isso tirou a atenção dele do que estava fazendo.
Deveria pará-lo, gritar, me afastar ou apenas lembrá-lo de que eu era sua chefe, mas quando os polegares dele alcançaram a parte de dentro das minhas coxas ao mesmo tempo, um gemido baixo me escapou e eu me remexi contra o seu abdômen, percebendo que ele estava acordando algo dentro de mim que parecia esquecido, sentindo o pulsar em minha intimidade.
O aperto de Cris se intensificou, como se quisesse me ver fazendo aquilo novamente, meus quadris se moveram involuntariamente, buscando o atrito entre nossos corpos. Ele abriu a boca, parecendo saber exatamente o que eu estava fazendo e eu me perguntei se ele podia sentir minha umidade aumentando.
Eu estava prestes a dar ainda mais a ele, mesmo que fosse loucura e estupidez, eu não conseguia desviar o olhar daquelas íris castanhas tomadas por desejo, agora brilhando de uma forma escura e não com diversão, era um brilho sensual e perigoso ao mesmo tempo.
— Senhora, Angel acabou de acordar! — o grito da babá me fez voltar a realidade no mesmo instante.
Pulei para fora do colo dele, já arrumando minha roupa e me afastando, mas sem conseguir evitar que meus olhos se voltassem para o homem estirado no chão, exibindo uma ereção enorme contra a calça enquanto mantinha os olhos fechados repetindo algo que eu não conseguia ouvir.
— Estou indo, Zoe! — afirmei já andando a passos largos de volta para casa.
Quando subi as escadas que iam do jardim para a varanda dei de cara com a babá segurando Angel, mas os olhos dela estavam focados no jardim, eu não precisava me virar para saber o que ela estava olhando, mas assim que peguei Angel no colo meus olhos se voltaram para onde Zoe se mantinha concentrada.
Cris já havia se levantado e agora falava ao celular ainda debaixo da árvore, expondo o belo peitoral. Ele se virou sacudindo as mãos e argumentando ao telefone, e a visão de suas costas tatuada teve um efeito imediato na mulher que suspirou ao meu lado.
— É melhor fechar a boca querida, homens misteriosos como aquele são um tremendo de um problema — murmurei indo direto para a mesa, decidida a esquecer o que havia acontecido ainda há pouco. Aquilo foi apenas a adrenalina e a explosão química em meu corpo por conseguir derrubá-lo, coisa que eu já vinha querendo fazer há um tempo.
— Mas é um problema delicioso, não tem como negar! — Zoe afirmou me seguindo para a mesa, onde o meu café da manhã estava posto.
— Problemas não são deliciosos, são apenas problemas. Olha só como estou agora.
— Vai me desculpar, senhora, o seu homem era uma coisa complicada e linda eu tenho que admitir, mas acho que Cris é ainda melhor. — Tive que rir enquanto colocava Angel na cadeirinha ao meu lado. — E não tem como prever como o homem vai agir, não é?
— Você está completamente certa, no começo ele parecia ser um sonho de homem, perfeito e romântico, dedicado, cavalheiro, mas depois de dois anos juntos as coisas mudaram e quando eu engravidei, ele finalmente mostrou quem era, afinal já tinha conseguido o que tanto queria, um vínculo eterno comigo.
— Ai credo, a senhora falando esse negócio de vínculo eterno me deu até um arrepio. Coisa mais boba dizer que está ligada a ele pela eternidade só porque vocês tiveram um bebê juntos. — Ela sacudiu a mão no ar, como se fosse uma besteira minha. — Mas voltando ao assunto, eu duvido que seu guarda-costas delícia seria mau com uma mulher, ele não parece ser esse tipo de homem mesmo que esteja na cara dele que esconde segredos. Mas quem não esconde, não é mesmo?
A verdade é que nenhum deles mostrava ser um monstro e Zoe estar ali falando sobre isso me lembrava que eu deveria me manter distante de qualquer homem! Eles não vinham com um aviso ou uma plaquinha de "perigo, vou destruir a sua vida".
Ela se sentou do outro lado de Angel e me estendeu as frutinhas dela, sabendo que aos sábados e domingo esse era meu trabalho, gostava de fazer essas coisas com minha filha aos finais de semana já que no restante dos dias era tudo tão corrido.
Mas as palavras dela ficaram dando voltas na minha cabeça. Ele escondia segredos, Cris Miller escondia segredos, e estava na cara que eu não era a única a pensar isso. Mas que tipo de segredos?
Aquilo não era da minha conta, eu deveria me importar apenas que ele fizesse seu trabalho e nos protegesse até a polícia prender o desgraçado do meu ex, então eu poderia pensar em aceitar que ele se retirasse e deixasse um de seus homens me protegendo. Mas até lá não sei se minha mente curiosa iria me deixar esquecer tudo o que aconteceu naquela manhã e as palavras de Zoe.
Eu estava terminando de comer quando Cris veio de dentro da casa, com uma roupa nova e pelo perfume exalando e os cabelos molhados, ele também tinha tomado banho.
— Você quer tomar café? — a mulher ao meu lado foi rápida em perguntar e se levantar, me surpreendendo com a rapidez em dar seu lugar a ele e se oferecer a ir buscar comida, mesmo que aquele não fosse o trabalho dela.
— Não, obrigado, Zoe, eu já comi mais cedo.
Ela voltou a se sentar e eu semicerrei meus olhos. Desde quando os dois tinham tanta intimidade? Ele a chamando pelo primeiro nome e ela não usando o "senhor" para falar com ele. O que eu havia perdido?
Cris atravessou a varanda, passando por mim a passos lentos enquanto fingia observar o céu, e não demorou a voltar fazendo o mesmo caminho, quando parou olhou a tela do celular mais uma vez antes de voltar e fazer tudo de novo.
— Você sabe que não precisa ficar me vigiando enquanto tomo café, não sabe? — perguntei porque ele estava inquieto, coisa que eu não tinha visto em nenhum dia desde que nos conhecemos.
— Sim, eu sei — ele murmurou baixando os olhos mais uma vez para o celular.
— Se precisa ir a algum lugar pode ir, seus homens estão de guarda, o sistema de defesa da casa está ligado e eu não pretendo sair hoje. — Ele ergueu os olhos para mim e eu vi refletido ali que havia algo de errado. — O que aconteceu? Não precisa fazer rodeios comigo, Miller, só diga de uma vez e não ouse mentir para mim!
Ele soltou um longo suspiro e se aproximou da mesa em duas passadas largas. Eu detestei não estar de pé para poder olhar mais de perto para ele, mas tive que me contentar em esticar a cabeça para olhá-lo nos olhos.
— Nós encontramos seu marido!
— O que... — Minha voz morreu enquanto confusão preenchia todos os cantos da minha mente.
— Minha equipe acabou de encontrar seu marido e agora preciso que você decida o que quer fazer com ele! — ele confirmou mais uma vez, não deixando rastro para dúvidas mesmo que meu cérebro se recusasse a processar as informações. — O que deseja que façamos com ele?