~05~
Archie
Suspiro pesadamente ao chegarmos a Dazzo. Inclino-me sobre a sela do cavalo, para o cocheiro da carruagem.
— São convidadas. E convidadas entram pela porta da frente!
— Meu rei, isso é mesmo sensato? A rainha mãe...
— Eu falarei com ela pessoalmente. Apenas faça!
— Sim, meu rei!
Faço meu cavalo galopar mais rápido e sou seguido pela minha guarda real. As trombetas anunciam minha chegada e os portões se abrem antes mesmo que eu chegue até ele.
Paro frente ao castelo, e desmonto meu cavalo e subo os degraus olhando fixamente para minha mãe com feições cansadas, com as mãos juntas próximas ao tórax.
— Onde está sua camisa?
— Está sendo bem usada no momento! _ tomo seu rosto em minhas mãos e beijo o topo de sua cabeça. _ Foi bem sucedido!
— Era esperando vindo de você. _ ela comenta me seguindo com os olhos enquanto entro em meu próprio castelo.
— Aliás, não matei todos.
— Como assim? _ minha mãe se revolta virando para mim enquanto me sento no trono e suspiro pesadamente.
— Um eu trouxe para esfola-lo vivo, até que eu me canse de tortura-lo. E a outra... Eu a fiz pagar um preço de uma dívida que não era dela. É uma boa moça, me lembra de Dandara!
— Trouxe uma moça porque ela lembra sua irmã bastarda?
— Eu trouxe porque eu tirei sua virgindade diante do pai dela, e mesmo assim ela se mostrou mais corajosa e respeitável do que qualquer um de sua família! Rupert implorou para não mata-la... E acabei tendo coração mole!
Minha mãe arfa cheia de indignação.
— Você estuprou uma garota?
— Não qualquer garota... A princesa!
— Oh meus Deus... Quando você se tornou tão hediondo?
— Aprendi com o pai dela! Ele estuprou minha irmã junto de mais três homens. Eu ainda fui piedoso ao não deixar mais ninguém colocar as mãos nela, eu avisei que seria uma vingança, mal cheguei a penetra-la e nada mais. É uma boa garota! Acredito que você gostara dela.
Rupert entra carregando Evelyn em seus braços, ele é magrelo e alto e tem dificuldade em levar a moça.
— Ela é pesada ..._ murmura e noto que o corpo dela está mole em seus braços.
— Ela é leve como uma pluma! É você que precisa ganhar alguns músculos, Rupert!_ zombo com a mão no queixo e ele reverencia com a cabeça.
— Onde eu a coloco?
— Você vai cair com ela na escada e vai machuca-la e se machucar. A coloque aqui! _ aceno com o queixo para o carpete carmesim bem próximo ao trono.
Minha mãe me olha de relance e se aproxima levantando a barra do vestido e se abaixa para ver de perto a moça.
— Está pálida...
— Onde está minha menina? Me solte! _ Reviro os olhos ao escutar a velha sendo trazida e ao vê-la aos meus pés congela e engole em seco.
— Venha ver sua princesa!_ Ordeno e mal termino e a criada vem correndo se jogando de joelhos e trazendo o corpo de Evelyn para perto do seu. Sua proteção é louvável e posso ver no brilho de seus olhos a admiração e a vontade de servi-la.
— Eve querida... Por favor acorde... Por favor...
Minha mãe se levanta se colocando de pé ao meu lado, olhando esperançosa para ver a jovem no chão acordar. Observo os olhos castanhos claros abrirem confusos olhando ao redor e balbuciar sem voz por algum tempo.
— Nós chegamos a Dazzo, alteza. Por favor, precisa ficar de pé e cumprimentar a rainha mãe e o rei de Dazzo.
Evelyn concorda parecendo ainda atordoada com os acontecimentos. Meredith a ajuda se por de pé e a princesa cambaleia tentando ficar em pé sozinha. Ela abaixa a cabeça em reverencia e levanta seus olhos para mim. O primeiro contato visual onde posso ver uma chama de determinação. Ela realmente parece disposta a cumprir sua promessa em troca da vida da velha rabugenta.
— Majestades...
Minha mãe balança a cabeça em negativa com desgosto pelo estado deprimente de Eve. Ela desce os degraus e se aproxima tocando o rosto da mesma e avaliando cuidadosamente.
— VOCÊ BATEU NELA?_ minha mãe ruge me olhando por cima do ombro com raiva ao ver o corte no lábio da princesa.
— Não majestade. Ele não me bateu!_ Eve diz com determinação, mas ainda com o tom de voz manso e baixo. _ Eu caí...
— O seu pai bateu em você! _ rosno e nos encaramos por alguns instantes antes dela desviar os olhos para o chão me irritando com sua submissão. _ Não minta para mim, nunca! Se você o fizer será castigada por isso! Entendeu?
— Sim, majestade..._ ela rosna ainda de olhos baixos.
— Quem bateu no seu rosto?
— O meu pai, majestade!
— Parece que você é esperta.
— Pare de alfineta-la! Você a humilha, a tira a dignidade, e ainda a cutuca como se ela fosse um animal enjaulado?_ minha mãe a defende em um sussurro quando se aproxima de mim.
— Eu disse que você ia gostar dela. Já até a defende...
— Eu mandarei providenciar um quarto adequado para ela e a criada.
— Leve a princesa para o quarto próximo ao de minha mãe. Mande as criadas prepararem um banho quente também...
Aceno para um soldado vir e carregar a princesa, mas Eve levanta o queixo voltando a me olhar.
— Eu não sou mais princesa! Vossa majestade derrubou nossos portões, matou minha família, e trouxe meu pai como seu prisioneiro. Hartz agora é sua majestade. Não sou princesa de lá... Então me dê o quarto dos criados!
— Acho que não entendeu uma coisinha, Evelyn. Você é minha propriedade agora, e eu a colocarei onde eu bem entender! Se eu quiser a colocar no canil, eu a colocarei! Se eu quiser que você coma o feno dos cavalos, você comerá! Estou lhe oferecendo conforto, entao deixe de orgulho!
Seu peito e sobe pesadamente e ela abaixa os olhos quando Meredith segura sua mão.
— Minha princesa, aceite a gentileza...
— Eu ficarei onde você ficar, Mery..._ ela sussurra devota.
— Não minha princesa... Eu já sou acostumada com os quartos dos criados. E eu estarei com você sempre que o rei permitir. Mas apenas aceite. Eu ficarei feliz se você aceitar o que o rei preparou para você.
Eve levanta seu rosto novamente para mim, com olhos vazios e sem brilho, acena com sutileza. E aceno para o guarda a levar.
— Eu posso andar sozinha!_ ela rosnou ao sentir o aperto em seu braço.
— O rei ordenou!
— Tudo bem. Se ela pode andar, ela que o faça. _digo tranquilo olhando para o nada.
Vejo Meredith voltar e abaixar a cabeça diante do trono.
— Majestade, o que tem preparado para mim?
— Você pode vê-la todos os dias, como sempre fez. Garanta que ela coma e se mantenha saudável. E ajude na cozinha.
— Obrigada, majestade. Eu posso me retirar?
— Pode velha!_ sorrio ladino esperando ela me dar a mesma resposta de ontem à noite e a vejo torcer a boca e acenar com a cabeça e sair apressada em passos pesados.
Recebo um tapa na parte de trás da cabeça e riu baixo olhando para minha mãe.
— Não te dei esse tipo de educação, moleque! Não se chama uma mulher de velha!
— Eu só estava me divertindo um pouco com ela.
— Você não muda, não é? É um monstro para nossos inimigos, mas é só um moleque atentado para os nossos... Você tem 29 anos, Archie. Comece a agir como um homem, não como menino!
Bufo escorando meu rosto na mão.
— Eu sou um homem! Mas não significa que não posso me divertir com coisas idiotas, velha...
Minha mãe levanta a mão para mim e me encolho ao senti o tapa seco nas minhas costas desnudas.
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Boa leitura!