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~6~

Eve

   Umas das criadas do rei ensaboa o meu braço, ela vai em direção a minhas costas e sei quê, o que ela vê a assusta. A olho por cima do ombro.

— Dói alteza?_ a garota de pouco mais de 14 anos pergunta receosa em tocar minhas cicatrizes.

— Não doi... Não mais. Esta tudo bem. Por favor, me chame apenas de Eve. Não sou mais princesa.

— Desculpe. Mas o rei ordenou que todos ainda se dirijam a vós como alteza.

Suspiro pesadamente e concordo abatida.

— Tudo bem. Mas saiba que pode me chamar apenas de Eve quando estivermos sozinhas.

— A alteza é realmente muito bonita. Educada também! Mas essas marcas em suas costas... São cicatrizes que um criado teria, não uma princesa.

— Eu realmente tenho algumas marcas em meu corpo. _ sussurro olhando fixamente enquanto a garota volta a esfregar minhas costas com gentileza.

Ela chega a minhas pernas e vê as manchas de sangue e novamente para receosa.

— Me dê a bucha ..._ peço em um sussurro fraco e fica receosa de ser repreendida, me inclino esfregando com muita força minhas cochas.

— Alteza, vai se machucar se usar toda essa força...

— Não importa. O que não me matou, vai me deixar mais forte. _ Devolvo a bucha e ela olha para o objeto e depois para mim. _ Obrigada por me ajudar a me lavar.

— Eu só fiz a minha tarefa, alteza. _ ela se inclina em uma reverencia respeitosa. _ Preciso que escolha um vestido. Eu separei estes dois. Um verde e este lilás. Eles são tão bonitos e acho que ficaram ainda mais com sua beleza os enfeitando, alteza.

  Olho por cima do ombro encarando os vestidos esticados sobre a cama. É melhor do que vestir trapos e um manto.

— O lilás...

Archie

— Meu rei, a princesa está pronta. _ Fena anuncia sorridente.

— Ela te tratou bem, Fena?

— A princesa é uma mulher muito gentil, meu rei. Mas ...

— Não precisa se conter. _ comento olhando pela janela de meu quarto para o bonito jardim do castelo.

— Ela tem cicatrizes. De chibatas, meu rei. Duas, eu acho...

Olho intrigado para Fena que parece ainda mais desconcertada que eu.

— Chicotadas? Onde?

— Nas costas. São finas e longas. Não parecem ter sido dadas com muita força, mas foram suficientes para marcar a pele dela.

Rosno e Fena se encolhe receosa.

— A traga para o jardim!

— Sim, meu rei!

   Fena corre apressada e saio de meu quarto e vou para o jardim.

   Não demora Fena volta andando alguns passos a frente de Evelyn. A princesa usava um belo vestido Lilás suave, com seus ombros a mostra, mangas longas e fofas que ficavam justas no punho. O longo do vestido de seda assentando sobre suas curvas, sem volume, apenas balançando a medida de seus passos um pouco apressados para alcançar a imparável Fena.

— Aqui está ela, meu rei! Ela não está bonita?

— Ela está Fena. Agora volte ao seu trabalho,hum._ digo gentil e ela acena e corre de volta.

Evelyn se aproxima e ja faz uma reverencia rápida.

— Me chamou, majestade?

— Sim. Venha. Vamos andar um pouco pelo jardim...

   Ela levanta junta as mãos frente ao corpo enquanto caminha ao meu lado. Seus cabelos estão molhados, caindo sobre as costas em cascatas de ondas brilhosas.

Seus olhos vasculham todo o jardim com admiração. Não é em vão, já que as grandes palmeiras fazem boa sombra, a flores de todos os tipos, e um labirinto de cerca viva baixo o suficiente, na altura dos joelhos. O gramado bem aparado e o pequeno lago de águas cristalinas com peixes coloridos.

— Gosta do que vê?

— Sim, majestade. É um jardim muito bonito.

— Se não me engano, você nunca veio a Dazzo...

— Não. Eu nunca tive a oportunidade, até hoje. O clima aqui é diferente... Mais quente que em Hartz.

— É um clima agradável. Em algumas noites terá problema com o calor, mas isso será no verão. Ainda é primavera, por isso parece tão fresco.

   Paramos frente ao lago onde ela avalia a cor das carpas.

— São lindos peixes...

— Está sendo educada de mais, princesa...

— Você é o rei. Não posso insulta-lo. Eu disse que faria qualquer coisa para que vós não machucasse Meredith, e vou cumprir isso. Desde a servir sua cama ao mais baixo serviço, eu o farei...

— Não vou exigir nada disso! Que fique claro, que não a quero em minha cama... Vou providenciar damas de companhia para proteger sua virtude.

— Não há necessidade. Não existe mais virtude para proteger. Você mesmo garantiu de tira-la. Algumas mulheres se sentiriam lisonjeadas por sua virtude ser tirada por um rei. Não há necessidade de damas, quando todos sabem a verdade. Eu não sou mais virgem, e colocar damas seria como mentir para todos. E o próprio rei disse: Nunca minta para mim! _ Ela comenta séria, mas sem ser arrogante. Com seus olhos nos peixes ela se cala.

— Você se sente lisonjeada por isso?_ pergunto sarcástico e ela me olha de relance.

— Não, majestade. Talvez se tivesse sido diferente... Talvez eu tivesse sentido. Mas agora, sinto nojo. _ ela volta a olhar os peixes.

— Tem razão. Eu lhe darei uma tarefa, para ocupar a mente. Venha comigo!_ estendo meu braço e ela olha de relance, vejo o receio em seus olhos até que ela finalmente enlaça sua mão entorno de meu bíceps.

   Noto os olhares dos criados e soldados sobre nós. E não foi em vao que a trouxe para cá. Quero que todos vejam que ela não é uma prisioneira do rei de Dazzo, mas uma convidada que é tratada com respeito.

   A guio de volta para o castelo. Percebo o quanto ela é atenciosa aos detalhes, sempre olhando curiosa para as estruturas e estátuas, quadros e paisagens.

— É um castelo enorme ..._ ela comenta em um sussurro enquanto andamos pelos corredores indo para uma das partes mais afastadas do castelo.

  Paro diante de uma enorme porta e ela avalia os detalhes na madeira vermelha. Abro e aceno para que ela entre primeiro.

   Rupert tira seus olhos dos papéis, e se levanta rapidamente ao nos ver.

— Majestade, alteza...

— Rupert, a princesa Evelyn vai trabalhar aqui com você!

— Tra-trabalhar? A princesa?

— Sim!

     Eve olha para todas as enormes e gigantes prateleiras que vão até o teto, repleto de livros. Ela olha para mim espantanda e depois de volta para o colorido de capas.

— Você deve coloca-los em ordem alfabética. _ comento e ela concorda ainda pasma sem me olhar. _ cuide dela Rupert!

— Sim, meu rei! _ Rupert me reverencia desajeitado enquanto volto para a sala do trono.

Eve

— Quantos? _ me viro procurando pelo rei, mas ele ja se foi, olho então para Rupert que sorri sorrateiro.

— Talvez um pouco mais de dois mil...

    Abro a boca cheia de espanto e admiração. E começo a vagar entre as enormes prateleiras. O teto da biblioteca é decoração com uma linda pintura de querubins e nuvens.

— Minha nossa ... Esta faz a biblioteca de Hartz parecer minúscula! _ sussurro olhando perdida ao redor. _ Ela é magnífica!

— Parece que Archie acertou no trabalho para a senhorita. Gosta de ler alteza?

— Eu amo... Era meu passatempo favorito em Hartz.

— Acho que o rei não vai se importar de a senhorita ler um ou outro durante o trabalho... _ Rupert sorri e da de ombros. _ Menos aqueles lá!_ ele aponta para uma pequena prateleira com portas de vidro. Ela ficava próximo a uma outra porta dentro da biblioteca do tamanho de um salão de baile. _ Não toque naqueles! São os favoritos dele...

— Tudo bem.._ concordo seguindo Rupert de volta a entrada da biblioteca.

— Alteza, infelizmente terei que a deixar sozinha. Preciso levar esses pergaminhos. Se precisar de mim, estarei na sala do trono.

— Não se preocupe comigo, Rupert... Vá vá..._ aceno sem o olhar enquanto subia uma escada de forma apressada para ver os livros mais altos nas prateleiras.

— Alteza...

— Sim!

— Não faça muito esforço! Deixe os livros pesados para depois.

   Olho para Rupert e concordo animada para explorar toda aquela biblioteca fabulosa.

— Ele realmente não vai se importar se eu ler um ou outro, não é?

— Realmente acho que não. O rei ja leu todos!

Abro aboca novamente em surpresa e ele ri de minha expressão.

— Divirta-se alteza!

    Ouço a porta ser fechada e olho ao redor notando que estou completamente sozinha. As janelas estão abertas correndo uma boa brisa. Passo meus dedos pelas capas de diferentes tamanhos e cores e puxo o primeiro para fora e desço apressada e sento ali mesmo ao pé da enorme estante de livros.

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Boa leitura!

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