Capítulo 03 Caleb:
Quando Henrique chega em casa, encontra seu pai trancado no quarto, claramente evitando qualquer conversa. Ele bate suavemente na porta, ansioso para falar.
"Pai, por favor, abre a porta! Precisamos conversar", implora, sua voz cheia de preocupação.
Caleb não emite nenhuma resposta, mantendo-se em silêncio.
"Eu preciso saber se você está bem, onde esteve!", continua Henrique, batendo na porta com mais insistência.
Caleb decide tomar uma atitude e liga para a cozinheira, pedindo que ela transmita a Henrique que ele está bem e não deseja falar no momento.
"Senhor, seu pai pediu para não insistir. Ele não deseja falar com o senhor", a cozinheira transmite, seu tom carregado de apreensão diante da possível reação de Henrique.
"Isso é inaceitável! Pai, sou seu filho! Exijo que abra essa porta agora!", Henrique grita do lado de fora, mas Caleb permanece em silêncio, recusando-se a responder.
Com frustração crescente, Henrique desce as escadas e entra em seu escritório, fechando a porta com força. Movido por seu tumulto emocional, ele toma uma decisão impulsiva e liga para uma agência de detetives.
"Aqui é Henrique Gencler. Preciso que investiguem algo para mim", comunica em um tom sério.
Com determinação, Henrique contrata detetives para descobrir o paradeiro de seu pai e para acompanhá-lo discretamente em seus movimentos.
Caleb, ao perceber que seu filho tinha saído, pegou o telefone e discou o número de Elizabete. Eles tiveram uma breve conversa, e então ele deixou o quarto para jantar. Logo em seguida, Henrique chegou e tentou iniciar uma conversa direta.
“Pai, o que você estava fazendo ao sair escondido hoje?”, Henrique questionou de forma direta.
Caleb respondeu sem olhar para o filho, enquanto continuava a comer: “Agora é hora do jantar, não estou interessado em discutir isso. Continuo capaz o suficiente para que não seja necessário me vigiar ou tentar controlar minhas ações.”
Henrique tentou explicar sua preocupação: “Não interprete mal minhas palavras. Sou seu filho e é natural que eu me preocupe.”
Caleb finalizou sua refeição e deixou claro: “Não tenho vontade de discutir hoje. Nossas conversas sempre acabam em brigas. Se me der licença, vou me retirar.”
Henrique rebateu: “Talvez seja hora de parar de me empurrar para um casamento que não desejo. Assim, evitamos essas discussões.”
Caleb já estava se afastando quando Henrique continuou. Caleb parou, respirou fundo e finalmente disse: “Não vou mais tocar nesse assunto. Descobri uma maneira diferente de realizar meu desejo.”
Intrigado, Henrique se aproximou do pai e perguntou: “O que você está querendo dizer?”
Caleb olhou desapontado para o filho, mas optou por não responder. Ele saiu em direção ao jardim e chamou seu motorista.
Enquanto observava Caleb se afastar, Henrique se questionava: “O que ele está tramando agora?” A perda de apetite o atingiu. Embora tenha pensado em procurar o pai, ele decidiu não fazê-lo. Em vez disso, seguiu para seu escritório e se trancou para trabalhar.
Enquanto isso, Caleb continuava sua conversa no jardim: “Vou precisar de você amanhã, apenas se assegure, de que meu filho não saiba para onde estamos indo.”
O motorista expressou sua preocupação: “Senhor, se ele perguntar e eu não responder, ele pode me demitir.”
Caleb se manteve firme: “Ele não fará isso. Ainda tenho autoridade nesta casa. Ele ainda não herdou tudo, nem mesmo as empresas. Ele está apenas assumindo meu lugar porque permiti.” Com isso, ele entrou na casa e subiu para descansar, seu hábito de ler antes de dormir continuou intacto.
Caleb está absorto em sua leitura quando o som de uma mensagem interrompe sua concentração. Ele verifica o celular e vê uma mensagem de Elizabete: “Que o senhor esteja bem, não esqueça de cuidar da sua pressão.” Junto com a mensagem, há uma foto de Miguel, que exibe um sorriso banguela adorável. Um sorriso se forma no rosto de Caleb enquanto ele observa a foto. A ternura da mensagem e a imagem de Miguel, o tocam profundamente. Isso o leva a considerar se aproximar mais de Elizabete e Miguel. Ele fica impressionado com a bondade dela, já que a maioria das pessoas raramente demonstra preocupação genuína pelos outros. Ela o tratou com atenção e cuidado, apesar de não o conhecer pessoalmente.
Enquanto ele está imerso em seus pensamentos, uma batida na porta o faz sobressaltar. “Quem é?”, ele pergunta, momentaneamente perturbado.
“Sou eu, senhor Caleb. Vim trazer seu remédio”, responde à empregada, entrando no quarto.
Caleb deixa o celular com a foto de Miguel sobre a mesa enquanto aceita a medicação. Enquanto ela se inclina para pegar os remédios, seus olhos captam a imagem da criança na tela.
“Que criança mais fofa!”, ela exclama involuntariamente, admirando a foto. Rapidamente, Caleb pega o celular, preocupado.
“Não comente com ninguém, entendeu?” ele adverte, sua expressão carregada de preocupação.
A empregada parece magoada com a desconfiança, mas se apressa em responder: “Senhor, jamais falaria sobre a foto! Sabe que sou discreta e respeitosa.”
Caleb percebe sua reação e tenta consertar seu erro: “Desculpe, sei que trabalha comigo há muito tempo e confio em sua discrição. Só não quero que Henrique fique sabendo disso.”
Ela responde com compreensão: “Pode ficar tranquilo, não direi nada a ninguém. Mas não posso deixar de comentar que o bebê é adorável!”
Caleb concorda, com um brilho nos olhos: “Sim, ele é realmente lindo. Tive a chance de conhecê-lo hoje, junto com sua mãe. Os dois são realmente encantadores.”
Ele sorri novamente ao olhar a foto de Miguel, sentindo-se grato pela mensagem e pelo gesto afetuoso de Elizabete.
“Senhor, tenha cuidado lá fora. Ficamos muito preocupados quando saiu”, a empregada expressa sua preocupação, enquanto Caleb guarda o telefone.
Caleb compreende a apreensão da empregada e responde: “Eu estava com a cabeça cheia, só precisava de um tempo sozinho.” Ele coloca o telefone de lado.
A empregada está bem ciente das tensões entre Caleb e seu filho, e todos na casa já notaram os conflitos frequentes.
“Não se preocupe demais. Em breve, o senhor Henrique pode encontrar alguém e, quem sabe, terá um neto para alegrar a casa”, ela tenta tranquilizá-lo.
Caleb suspira e diz com pesar: “Eu lamento ter apenas um filho. Se fosse uma filha, talvez já tivesse formado uma família e eu teria netos correndo pela casa.”
A empregada é gentil em sua resposta: “Não diga isso, seu filho o ama, embora possa não demonstrar sempre. Ele se importa, mas tem suas próprias preocupações.”
“Henrique? Ele parece estar sempre focado apenas nos negócios”, Caleb comenta com um tom de desapontamento em sua voz.
“Se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar”, a empregada se despede e sai do quarto, deixando Caleb sozinho com seus pensamentos.
Enquanto isso, Henrique estava prestes a entrar no quarto do pai para conversar, mas ao ouvi-lo falar, decide não interromper. Ele escuta a conversa com curiosidade. Quando percebe que a empregada está saindo, ele se esconde para evitar ser pego ouvindo a conversa. Ele começa a se perguntar sobre quem seu pai conheceu e sobre qual criança estavam falando. Determinado, ele retorna ao seu quarto e liga novamente para o detetive.
“Quero um relatório completo de todas as atividades do meu pai, juntamente com fotos”, ele ordena ao detetive.
“Pode deixar, senhor. Farei conforme suas instruções”, o detetive responde com profissionalismo.
Henrique não dá muita importância às preocupações de seu pai, mas também não gosta das discussões frequentes. Ele não está interessado em casamento, tendo observado muitos colegas infelizes em relacionamentos errados. Ele prefere a solidão a se envolver com alguém por interesse. Depois de um banho, Henrique se deita, deixando de lado os problemas com o pai. Ele sabe que terá uma reunião importante na manhã seguinte e precisa estar bem descansado. Sua empresa de tecnologia está crescendo e, diante das constantes inovações no mercado, ele entende a necessidade de se manter atualizado para acompanhar as mudanças.
Dois dias depois, Caleb entra em contato com Elizabete, convidando-a para almoçar juntos.
"Claro, Caleb, será um prazer! Podemos escolher um restaurante próximo à minha casa e, depois, dar um passeio com Miguel. Agora ele tem um carrinho confortável para isso", ela responde entusiasmada.
"Perfeito. Vou me encontrar com você em sua casa, mal posso esperar para sairmos um pouco", ele responde animado.
"Espero por você", Elizabete diz antes de desligar, após combinarem o horário. Enquanto isso, Caleb reserva uma mesa no restaurante. A simples ideia de encontrar Elizabete e Miguel lhe traz uma sensação renovadora e agradável.
Após sair do carro, ele instrui o motorista a se retirar, dispensando sua presença por enquanto.
"Você pode me deixar aqui, e eu vou ligar para que me busque mais tarde", ele diz decididamente.
O motorista acata sua vontade e parte. Agora sozinho, Caleb liga para Elizabete para avisar que já chegou.
"Estamos indo, não vai demorar", Elizabete responde antes de sair de casa. Em breve, os dois se encontram e ela pergunta se ele já verificou sua pressão.
"Estou me sentindo bem, não se preocupe. Vamos almoçar e teremos bastante tempo para conversar", Caleb tranquiliza-a.
"Espero que não esteja planejando algo surpreendente para mim", ela brinca de forma desconfiada.
Ele sorri e responde com sinceridade: "Nada disso. Apenas quero agradecer por sua ajuda e aproveitar para conhecer você melhor."
"Ótimo, então vamos lá. Nestes dois dias quase não parei, mas consegui comprar tudo o que precisava", ela diz enquanto atravessa a rua, empurrando o carrinho com Miguel ao lado de Caleb.