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Capítulo 02 Um novo amigo:

Ao despertar, Elizabete encontrou Miguel já acordado, olhando para ela com seus olhos verdes, tão semelhantes aos seus. Um sorriso carinhoso dançou em seus lábios enquanto admirava o rosto angelical do filho. Com sua cabecinha ainda coberta por uma penugem suave, Miguel emanava uma aura de pureza e encanto que preenchia o coração de Elizabete com um sentimento de realização.

Quando completou 21 anos, ela tomou a firme decisão de se tornar mãe. Inicialmente, sua irmã Emma havia se oposto veementemente, mas após inúmeras conversas, cedeu aos desejos de Elizabete. Miguel representava uma jornada independente para Elizabete, pois havia selecionado minuciosamente as fichas de doadores de esperma. Embora Emma tivesse concordado, sua mágoa ainda persistia, visto que a ideia de Elizabete ter um filho por meio desse processo a deixava desconfortável. Emma acreditava que Elizabete deveria esperar e encontrar um parceiro antes de embarcar na maternidade.

Porém, a determinação de Elizabete permanecia inabalável. "Eu não tenho a intenção de me casar! Só desejo ter um filho", afirmou com convicção. Contudo, Emma expressou suas preocupações: "Você acha que criar um filho sozinha é fácil?" Ela tentou racionalizar com a irmã, mas Elizabete estava decidida e argumentou: "Eu sei que não será fácil, mas é o que eu desejo. Estou pronta para a maternidade e vou me preparar minuciosamente. Vou pesquisar muito antes de tomar minha decisão".

A discussão prosseguiu, com Emma questionando a carreira de Elizabete. "E quanto à sua carreira? Quais são seus planos?" Ela colocou as mãos na cintura, preocupada. Com um toque de otimismo, Elizabete respondeu: "Emma, vou continuar trabalhando. Ter um filho não vai interferir. Sou uma programadora competente, e nossa empresa está prosperando. Não estou agindo impulsivamente, peço apenas que você não seja contra, por favor!" Sua voz estava impregnada de determinação, enquanto ela buscava convencer sua irmã.

No entanto, Emma ainda expressava suas reservas. "Eu não quero ser contra. Só acho que você é jovem demais e deveria ter um filho de maneira natural. Conhecer alguém, se apaixonar, essas coisas", ela argumentou. Elizabete, por sua vez, respondeu com sinceridade: "Desculpe, mas prefiro ter um filho sozinha. Testemunhei o sofrimento em seu casamento. Não quero isso para mim". Logo após suas palavras, Elizabete sentiu arrependimento, pois percebeu que tocou em uma ferida profunda de sua irmã, que carregava as marcas de um casamento fracassado.

"Peço desculpas, eu não deveria ter falado assim", disse Elizabete, sentindo o peso de suas palavras. O ambiente se encheu de compreensão e cuidado, enquanto as irmãs buscavam encontrar um terreno comum entre suas perspectivas tão diferentes.

Elizabete se ergue, interrompendo seus pensamentos. Após cuidar de Miguel, decide dar um passeio pela areia da praia. Enquanto caminha, ela liga para sua irmã e compartilha a vista deslumbrante à sua frente.

"Quando quiser aproveitar para relaxar, venha me visitar", sugere com um sorriso acolhedor.

"Simplesmente lindo! E como está o Miguel?" pergunta a irmã, cheia de preocupação.

Elizabete ativa a chamada de vídeo e mostra o filho para ela. "Diga oi para a titia!" ela diz, exibindo o rosto do bebê.

"Isa, se estiver enfrentando dificuldades, me avise que estou aqui para ajudar", oferece sua irmã.

"Tudo bem, mas relaxa, está tudo sob controle. Amanhã vou comprar tudo que precisamos. Não se preocupe tanto, estamos bem", tranquiliza Elizabete. Após despedirem-se, ela guarda o telefone e volta seu olhar para a paisagem à frente.

Seus olhos avistam um senhor sentado no chão, segurando o peito com expressão preocupada. Aproxima-se com urgência. "Senhor! Está se sentindo mal?" pergunta, ansiosa.

"Creio que exagerei um pouco na caminhada. Minha pressão deve ter subido", responde ele com dificuldade.

"Moro próximo daqui. Podemos ir para a minha casa, o senhor descansa um pouco e verifica sua pressão. Tem remédio para pressão alta?" oferece Elizabete.

"Não tenho remédio comigo, mas acredito que um breve descanso possa ajudar", responde o senhor, surpreso ao notar o bebê nos braços de Elizabete.

"Venha comigo. Miguel está confortável, minhas mãos estão disponíveis. Vamos, assim pode descansar e se não sentir melhor, posso levá-lo a um hospital". Insiste ela, ajudando-o a se levantar antes de conduzi-lo até sua casa.

Após fornecer água ao senhor e assegurar que ele está melhor, Elizabete expressa sua preocupação.

"Realmente está melhor?" Ela pergunta o encarando.

"Peço desculpas, pelo incômodo. Não sei por que meu telefone não está comigo!" Ele diz, procurando novamente nos bolsos.

"Procure relaxar. Se preferir, posso levá-lo ao hospital. Pressão alta não é brincadeira", adverte, acomodando Miguel em um pequeno sofá e protegendo-o.

"Não se preocupe. Acredito que tenha sido o sol. Já me sinto melhor", garante o senhor, observando a criança com um sorriso.

"Fico aliviada em ouvir isso. Repouse e deixe-me buscar mais água para o senhor. Pode me chamar de Elizabete", diz ela, com sua voz dócil e reconfortante.

"Desculpe a confusão. Sou Caleb. Não pretendia incomodar. E quanto ao seu marido? Ele não deve gostar de encontrar um estranho em casa", Caleb expressa com preocupação.

Uma risada escapa dos lábios de Elizabete antes de responder. "Não tenho marido. Miguel é uma produção independente, é apenas eu e ele", declara com um sorriso sereno.

"Uma produção independente?", indaga ele, demonstrando surpresa.

Após dispor a água na mesa, Elizabete se acomoda ao lado de seu filho, oferecendo um sorriso caloroso enquanto observa Caleb. "Deve parecer estranho ouvir isso. Minha irmã também levou um tempo para entender. Resumindo, eu desejava muito ter um filho, então procurei um banco de esperma. Miguel é meu tesouro para a eternidade", compartilha com um amor inegável.

"E por que não se casou? É jovem e bonita. Certamente seria fácil encontrar alguém", ele pergunta, em busca de compreensão.

"Não é tão simples. Além de trabalhar muito, eu praticava artes marciais em meu tempo livre. Não sou muito sociável, e o casamento não é uma garantia de felicidade. Eu testemunhei o casamento de minha irmã. Acredite, essa não é a vida que desejo para mim", explica pacientemente.

"Não será fácil criar uma criança sozinha", ele expressa, exibindo preocupação genuína.

"Eu sei, mas quando decidi ter meu filho, me preparei para enfrentar todos os obstáculos que surgissem. Não sou a única mulher a criar um filho sozinha. Conheço algumas que perderam seus maridos e são excelentes mães. Eu cuidarei bem do Miguel", afirma enquanto carinhosamente acaricia o pequeno Miguel, que está acordado e com a mão na boca.

"Ele se parece muito com você. Vejo que é determinada e corajosa", diz ele com um tom de respeito. "Eu também tenho um filho, mas ele já está crescido. Perdi minha esposa quando ele já havia se formado", confessa, carregando um toque de tristeza em sua voz.

"Lamento pela perda de sua esposa, mas você está com seu filho agora, não é?", Elizabete pergunta com gentileza.

"Sim, embora nós tenhamos brigado muito. Mas vamos deixar isso de lado. Não precisamos falar sobre coisas ruins. Já me sinto melhor. Você se importaria se eu olhasse mais de perto para ele?" indaga, voltando sua atenção para Miguel.

"Claro que não! Ele é um bebê tranquilo, mal chora. Gostaria de segurá-lo um pouco?" Elizabete oferece, percebendo o brilho nos olhos de Caleb.

Um sorriso ilumina o rosto de Caleb enquanto ele concorda com um aceno de cabeça. Elizabete acomoda Miguel com cuidado em seu colo. Caleb se emociona ao segurá-lo. "Como é reconfortante sentir o cheirinho dele. Já faz anos desde que segurei uma criança", diz, transparecendo emoção.

"Você está sempre bem-vindo para nos visitar. Aliás, devo ligar para alguém? Certamente devem estar preocupados com o senhor!", Elizabete lembra, considerando que Caleb tem família.

"Não precisa se preocupar. Se puder chamar um táxi, eu irei para casa", diz Caleb, um tanto envergonhado.

"Eu vou chamar o Pedro. Ele vai me ajudar durante a semana, e eu vou me sentir mais tranquila. Afinal, não temos certeza de que sua pressão melhorou de fato", responde Elizabete.

"Não quero dar trabalho", Caleb insiste.

"Não é um incômodo. Vou me sentir mais aliviada sabendo que o Pedro vai levá-lo. Vou ligar e chamá-lo", ela afirma, fazendo a ligação para Pedro.

Enquanto aguardam, Caleb brinca com Miguel, e Elizabete cuida de alimentá-lo, depois brincam com Miguel, até que ele adormece. Caleb sente uma conexão tanto com a criança quanto com a mãe. Quando Pedro finalmente chega, Elizabete se desculpa por tê-lo chamado.

"Pedro, sinto muito por ter que incomodar você, mas não me sentiria bem se deixasse o Caleb pegar um táxi", ela explica.

"Não se preocupe, vou levá-lo para casa. Amanhã estarei aqui conforme o combinado", assegura Pedro.

Elizabete acompanha Caleb até o carro. "Aqui está o meu número de telefone. Sinta-se à vontade para aparecer quando quiser. Vou sair nos próximos dias para comprar o que preciso, já que cheguei hoje e o Miguel precisa de algumas coisas", ela informa a Caleb.

"Obrigado novamente. Você é uma pessoa incrível, cuidando de um estranho sem fazer perguntas", agradece ele.

"Não sou curiosa. O que importa agora é a sua saúde. Espero ter feito um novo amigo", diz ela, sorrindo.

"Com certeza. Vou voltar e conversaremos mais. Vou compartilhar mais sobre mim", Caleb responde com um sorriso sincero.

"Pedro, por favor, leve-o em segurança. E, quando o deixar em casa, me avise. E você, Caleb, cuide melhor de si. Não se deve brincar com a saúde". Elizabete alerta.

"Pode deixar, pretendo cuidar melhor de mim", Caleb concorda antes de entrar no carro, enquanto Pedro parte.

Ao chegar em casa, o clima está tenso. Pedro informa Elizabete que Caleb chegou em segurança.

A empregada, ao saber do nervosismo de Henrique, avisa-lhe que Caleb chegou em casa.

"Estou indo para casa! Certifiquem-se de que ele está bem", Henrique ordena, a voz carregada de tensão.

"Está tudo certo, patrão. Um veículo particular o trouxe", a empregada responde, percebendo a preocupação de Henrique.

"Que veículo? Com quem ele estava?" Henrique pergunta, gritando, enquanto se encaminha para seu próprio carro.

"Eu não sei, senhor". Responde à empregada, visivelmente nervosa.

Desligando o telefone com raiva, Henrique critica sua equipe de segurança, reforçando a incompetência deles. Em meio às brigas e desentendimentos, fica claro que, apesar de tudo, seu pai é uma figura crucial em sua vida.

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