O que aconteceu com ele?
A surpresa não estava apenas estampada no meu rosto, mas também no rosto dele, que me olhou de cima a baixo como se estivesse desaprovando a forma como estava vestida. "As... as bebidas." Gaguejo, desviando o olhar dele e indo em direção à mesa.
Enquanto coloco as garrafas sobre a mesa, ouço o homem do lado esquerdo falar comigo. "É a primeira vez que trabalha aqui?" Perguntou ele, com seus olhos sobre minhas pernas.
"Sim!" Respondo, tirando a atenção do que estava fazendo e quase derrubando a garrafa da minha mão.
“Cuidado!” Disse o homem, segurando na minha mão.
“Desculpa!” Puxei minha mão da dele e comecei a servir os copos que estavam vazios. Ao terminar de servir, me virei em direção à saída, mas fui parada pelo mesmo homem que antes segurou a minha mão, mas dessa vez sua mão estava sobre o meu braço.
“Para onde você vai? Vamos nos divertir um pouco." Ele me jogou no sofá e se sentou do meu lado.
“Eu preciso voltar ao meu trabalho." Insisti, tentando me levantar.
“Não se preocupe, pode trabalhar aqui... eu pago bem!”
O homem colocou sua mão sobre minha perna, e em um movimento involuntário, peguei a garrafa e o acertei.
"Você está louca, vagabunda!" Ele gritou, levantando sua mão para me acertar, mas foi impedido por Lohan, que até o momento havia permanecido sem fazer nada.
"Se acalme! Você procurou por isso!" Ele disse de forma séria, seu olhar parecia perdido e profundo, totalmente diferente de quando ele estava dando aula.
"Como vou me acalmar quando ela me acertou com uma garrafa?" Indagou o homem.
"Ela é apenas uma garçonete, não uma prostituta como essas que você trouxe!" Ele soltou a mão do homem e virou os olhos para mim.
“Agora vá embora!” Ao ouvi-lo, apenas me retirei daquela sala, e ao chegar em frente àquela enorme escada, senti como se tudo estivesse girando e me apoiei na parede.
“É por isso que chega atrasada na sala de aula?” Lohan disse, se aproximando. Olhei para ele e o vi com sua mão direita no bolso da sua calça, enquanto com a esquerda afrouxava a sua gravata.
“Não enche!” Mesmo tonta, tentei descer as escadas, mas meu pé pisou em falso, e quando achei que iria me quebrar toda naquela queda, senti quando Lohan me puxou pelo braço, fazendo-me bater contra seu peito.
Naquele momento, vi tudo escurecer, mas antes de desmaiar, senti quando a mão dele me segurou pela cintura.
“Minha cabeça vai explodir!” Reclamo, levando minhas mãos às minhas têmporas.
Ao abrir os meus olhos, percebi que estava dentro de um carro. Nesse momento, sinto meu coração acelerar e olho para as minhas roupas com medo de que alguém tenha feito algo comigo.
“Não se preocupe, não costumo tocar em nenhuma mulher sem a permissão dela, e muito menos em alunas.” Disse Lohan, olhando fixamente para mim.
“O que eu estou fazendo aqui?”
“Queria que eu tivesse deixado-a naquela boate depois do que fez e ainda desacordada?” Seus olhos se desviaram de mim e se puseram sobre a janela do carro, enquanto seu motorista nos levava para algum lugar que não me era conhecido.
“Para onde está me levando?” Pergunto, receosa, mas de certa forma aliviada, pois sei que pelo menos ao lado dele estou segura.
“A minha casa! Mas não se preocupe, assim que ele me deixar em casa, vai deixá-la na sua.” Ele respondeu sem olhar para mim.
Percorremos todo o caminho em silêncio, e só percebi que havíamos chegado quando o carro parou em frente a um luxuoso hotel.
“Pensei que tivesse dito que iria para casa.” Comentei novamente, achando que tinha sussurrado, mas ele ouviu.
“Para mim, é uma casa!” Seus olhos se encontraram com os meus, deixando-me sem jeito.
“Não era para você ter ouvido…” Tentei me explicar.
“Eu sei!” Disse ele sorrindo. Pela primeira vez naquela noite, o semblante sombrio desapareceu do seu rosto, dando lugar ao mesmo sorriso que ele me deu na sala de aula.
Ele abriu a porta do carro para sair, mas antes de sair, perguntou:
“O que fazia naquele tipo de boate?”
“Precisava do dinheiro, digo, preciso do dinheiro, mas em minha defesa, achava que era como os outros trabalhos de garçonete que que costumo prestar para os restaurantes.”
“Entendi!” Sem sequer olhar para mim, ele abriu a porta do carro e se aproximou do motorista. Depois de alguns segundos, ele retornou, tirou sua carteira do bolso e me deu algumas notas de dinheiro.
“Aqui! É bem mais do que você receberia naquele lugar.”
“Eu não quero o seu dinheiro!” Recusei, me senti ofendida e lhe entreguei o dinheiro, mas ele insistiu.
“Disse que estava precisando do dinheiro…” Ele jogou o dinheiro próximo a mim.
“Veja isso como forma de pagamento pelo entretenimento que causou hoje… fazia tempo que não me divertia.”
Ao dizer isso, ele se dirigiu até a entrada do hotel, e o motorista me deixou na porta da minha casa.
De banho tomado, deito sobre a minha cama e olho em direção à minha escrivaninha, onde está o dinheiro que Lohan havia me entregado. “Que tipo de professor é ele?” Questiono antes de pegar no sono.
No dia seguinte, corro apressadamente para a faculdade, pedindo aos céus que não permitissem que eu me atrasasse novamente. “Obrigada!” Olho para cima para agradecer por ter chegado antes do professor, mas não vejo o céu e sim o teto da faculdade.
Caminho em direção a Rose, que aguardava ansiosamente a chegada do professor.
“Bom dia!” Disse ela com um sorriso radiante nos lábios.
“É sério, para de ler essas fanfics!” Digo, olhando para as olheiras que haviam em seus olhos, denunciando que ela não havia dormido direito na noite anterior.
“Silêncio, o professor chegou!” Ela se ajeitou na cadeira, e eu me virei em direção a ele, sentindo meu coração disparar e minhas mãos suarem.
Ele estava radiante naquela manhã, suas vestes ainda eram escuras, mas seus cabelos estavam propositalmente bagunçados, e sua camisa levemente levantada até o cotovelo dando um charme a mais na sua aparência.
“O que está fazendo?” Me repreendo ao perceber que estava igual a Rose, olhando para Lohan de forma abobalhada.
Naquele dia, Lohan decidiu passar um teste surpresa que nos ajudaria com a nota da prova final. Ele caminhava de cadeira em cadeira, olhando para todos os testes e explicando o que estava errado. Ao sentir que ele estava se aproximando de mim, minhas mãos tremeram, fazendo-me marcar a questão errada.
“Essa é uma questão simples, senhorita Cooper!” disse ele olhando para o meu teste.
“É que eu não entendi muito bem!”
Sim, era uma questão simples e eu sabia a resposta, mas não podia dizer que havia errado devido a ter ficado nervosa diante dele, já bastava o estranho momento que vivemos na noite anterior.
“Não se preocupe, eu irei te explicar.” Disse Lohan, curvando ainda mais o seu corpo em minha direção e apoiando sua mão esquerda na minha cadeira, onde estavam apoiadas as minhas costas.
Lohan começou a explicar, mas confesso que meus olhos estavam sobre o seu braço, mais especificamente sobre suas veias salientes.
“Sua mão é grande.” Sussurrei, enquanto me lembrava que aquela mesma mão estava sobre a minha cintura na noite anterior, segurando-me firmemente.
“Não deveria pensar tão alto.” Ele sussurrou para mim, com um certo sorriso nos lábios. Senti no mesmo instante minhas bochechas ruborizarem e uma vontade louca de cavar um buraco e enterrar a minha cabeça nele.
“Entendeu?” Ele olhou novamente para mim e apenas assenti com a cabeça e ele se afastou de mim.
“Depois do almoço eu entrego a vocês.” Disse ele, saindo da sala.
Naquele dia, a fome fugiu de mim, trazendo estranheza para Rose.
“Nunca te vi recusar comida… fala logo o que aconteceu!”
Rose me conhecia perfeitamente e sabia quando estava ou não bem. Expliquei toda a situação para ela sem envolver o nome de Lohan, e ela logo começou a me shippar com o senhor desconhecido.
“Sério, só para Rose! Qualquer situação você lembra que já leu em algum lugar.”
Assim que o almoço terminou, retornamos à sala de aula e encontramos Lohan com uma expressão totalmente diferente de minutos antes. Ele entregou os testes, e pelas expressões dos meus colegas de classe, todos foram bons, mas por que Lohan estava tão sério?