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"Professor Substituto"

Mais um dia típico começava. O sol brilhava alto, mas eu mal tinha tempo para apreciar o clima. Lá estava eu, correndo como sempre para não chegar atrasada à minha aula. Eram as últimas semanas antes da formatura em administração. Finalmente, eu me formaria, mesmo sendo a mais velha da turma. Fiquei dois anos parada devido à depressão causada pela morte do meu pai.

Desviando dos pedestres, me lancei em direção ao imponente edifício da faculdade, sem nem mesmo parar para olhar ao redor, uma decisão que quase me custou um atropelamento.

"Você está cego, idiota?" gritei para o motorista do carro que quase me atropelou.

Minha mente se encheu de preocupação com o possível encontro com Roger na sala de aula.

Ah, Roger, o professor que, embora pudesse ser bastante irritante, era indiscutivelmente eficiente em seu trabalho. Às vezes, penso que, se não fosse por suas aulas desafiadoras, eu talvez não tivesse chegado tão longe.

Respiro fundo enquanto entro no edifício, subindo as escadas correndo, sentindo meu coração martelando no peito como se quisesse escapar.

"Por que minha sala tinha que ser no quarto andar?" murmuro para mim mesma, tentando manter o ritmo frenético. Cada degrau parece uma batalha, mas sei que o verdadeiro culpado é aquele aluno idiota que resolveu quebrar o maldito elevador.

Ao chegar em frente à minha sala, percebo algumas alunas observando pela porta. Fico curiosa para saber o motivo da agitação. Afinal, Roger era quase um senhor de meia idade e de forma alguma atraente.

Com certa dificuldade, me aproximo até alcançar a porta.

"Agora entendi!" sussurro para mim mesma ao ver o motivo da presença das alunas ali.

"Não vai entrar?" disse o homem alto, de cabelos escuros curtos, com uma aparência forte e bastante bonita. Sua voz grave me deixou paralisada por alguns segundos.

"Não vai entrar?" ele perguntou novamente, tirando-me do transe que ele mesmo havia me colocado.

"Ah, sim, claro!" respondi, um pouco atrapalhada, enquanto entrava na sala. Senti meu rosto corar e me apressei para encontrar meu lugar habitual.

"Quem é ele?" sussurrei para Rose, minha colega de sala, que parecia estar petrificada diante da beleza daquele homem.

"Senhorita, além de chegar atrasada, ainda quer conversar durante a aula?" O homem chamou minha atenção, me repreendendo diante de todos.Senti meu rosto queimar de vergonha.

"Desculpe," murmurei, olhando para baixo.

"E vocês..." Ele se virou para a porta, onde as alunas ainda estavam amontoadas.

"Não têm aula?" murmurou, fechando a porta na cara delas.

"O que tem de bonito, tem de estressado." Comentei, achando que ele não iria ouvir, mas me enganei.

"Você, senhorita atrasada, assim que a aula terminar, quero que permaneça na sala." Ele disse sério, olhando para mim.

Rose, que costumava falar mais do que papagaio, naquele dia, resolveu permanecer em silêncio observando aquele homem dar aula.

“E por hoje é só isso.” Disse ao terminar a aula.

Todos se levantaram e caminharam em direção à saída, e como de costume, eu também.

"Eu disse que queria falar com você, senhorita..." Disse ele, me assustando com sua voz grave e profunda.

"Nicole Cooper."

"Senhorita Cooper, fique, tenho algo a falar com você." Ele disse de forma autoritária, virando-se para sua mesa enquanto organizava sua maleta.

"Sortuda!" Sussurrou Rose em minha direção antes de sair da sala.

"Se for por causa do que disse mais cedo, peço desculpas." Me desculpo, pois sinto que essa é uma versão mais jovem e bonita do rabugento do Roger.

“Não é sobre isso, Roger havia me falado de uma aluna que sempre chega atrasada, mas eu não esperava que fosse tanto.” Começou a falar mantendo seus olhos sobre sua maleta.

“A partir de amanhã, espero que chegue um pouco mais cedo, entendido senhorita Cooper?” Ele falou olhando nos meus olhos me fazendo sentir um arrepio percorrer por todo o meu corpo.

Ele se dirigiu até a porta enquanto eu sentia que havia parado de respirar e, antes de sair, ele disse:

"A propósito, me chamo Lohan Martins e serei o professor substituto até que as aulas terminem." Ele sorriu, e de repente, parecia um homem completamente diferente do rabugento de antes.

Já no refeitório, encontro Rose comendo como se nada tivesse acontecido, como se sua amiga não tivesse ficado no abatedouro.

"O que aquele gato disse?" Perguntou ela ao me ver.

"Gato é minha bunda!" Sento perto dela, sentindo que ia explodir de raiva.

"Aquele idiota me fez sentir como se fosse ser sacrificada ali mesmo." Reclamo novamente.

“Aí, amiga… juro que assim que eu o vi só me lembrei daquela fanfic onde a aluna tem um romance com o professor.”

“Já te disse para parar de ler essas coisas, não está fazendo bem a você.” A interrompi levando minha mão em direção ao lanche dela.

“Ele é tão lindo que me fez desejar ser a aluna daquela fanfic!” Suspirava Rose.

“Tá, ele é bonito! Mas ele parece uma versão bonita do rabugento do Roger e olha que cheguei a pensar que Roger nem era tão chato assim!”

“Sabe o que descobri? Ele tem trinta anos e é um solteirão... talvez Deus tenha ouvido as minhas preces de viver um romance igual às estórias que eu leio." Continuou ela, animada. Ao vê-la daquela forma, me fez pensar que o melhor a se fazer é voltar para casa e cancelar o nosso passeio. Não estava afim de ficar ouvindo ela falar desse professor o tempo todo.

A noite havia chegado, e eu me encontrava em frente ao computador, pesquisando algumas oportunidades de emprego. Estava precisando arrumar algo que me desse dinheiro urgentemente.

Desde que meu pai faleceu, minha mãe assumiu todas as despesas da casa, e ela tem feito de tudo para economizar o que eles juntaram nesse tempo todo. Mas de uns tempos para cá, tenho visto-a cada vez mais preocupada, e eu não queria vê-la assim. Por isso, todas as noites, trabalho como garçonete em alguns lugares.

Isso tem ajudado, mas ainda não é o suficiente para que eu ajude nas despesas.

Deito na cama pronta para dormir, mas ouço meu celular tocar. Era Guto, um amigo que tem me arranjado alguns trabalhos. Dessa vez, o trabalho era em uma boate. Não era o que estava acostumada, mas precisava do dinheiro, por isso decidi aceitar.

"O que está fazendo vestida assim?" Perguntou Guto assim que me viu.

"O que tem minhas roupas?" Olho para minhas roupas, tentando entender o porquê dele dizer aquilo.

"Você viu quanto eles estão pagando pelo trabalho?" Perguntou ele.

"Sim, vi! É bem mais do que os trabalhos nos restaurantes."

"Aqui é uma boate onde somente os caras mais ricos frequentam, e certamente não é para verem mulheres vestidas assim!" Ele apontou para o meu vestido.

"E o que devo fazer?" Pergunto, pois não queria perder aquela oportunidade.

"Vamos ali." Guto segurou na minha mão e me levou a uma loja que havia lá perto e comprou um vestido curto, que se fosse um pouco mais curto certamente viria minha calcinha.

"Isso não faz o meu estilo." Comentei, me sentindo desconfortável.

"Sabe o que não faz o seu estilo? Ver sua mãe se matar de trabalhar e não conseguir dar conta das coisas, isso não faz o seu estilo! E outra, não é para você dormir com eles, e sim apenas para servir bebidas com um sorriso no rosto."

"Tá bom!” Apenas concordei, pois as palavras de Guto estavam corretas.

Assim que comecei a servir as bebidas, já senti alguns olhares sobre mim, e isso era desconfortante.

"É só por uma noite... e o dinheiro é bom!" Repetia a mim mesma enquanto forçava um sorriso para os clientes.

"Senhorita Cooper, vá servir na área reservada." Ordenou o dono da boate.

"Área reservada?" Pensei sem dizer uma palavra.

Me dirijo até a escada que me levaria até a área reservada, totalmente arrependida por ter aceitado aquele emprego. Afinal, se naquele lugar onde todos estavam presentes aqueles homens me olhavam como se fossem me devorar, o que iria acontecer em um lugar mais reservado? Mas mesmo assim, decido ir e paro em frente a uma sala fechada. Bato na porta e ouço uma voz me permitindo entrar.

"Professor!"

Fico surpresa ao ver que um dos homens que ali estavam era o professor substituto, e ao lado dele havia duas mulheres que, ao julgar pela aparência, não se tratavam apenas de garçonetes.

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