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CAPÍTULO 4

HANA

Eu e a Ingrid tivemos uma longa conversa, ela me contou com detalhes sobre como ela conseguiu bancar toda a reforma da casa dela, assim também como conseguiu pagar todas as dívidas que ela tinha, e apesar de eu não concordar com tudo o que ela permitia que aqueles caras fizessem com ela, eu não poderia julgá-la.

Eu fiquei pensativa, pois apesar de saber que ela ganhava muito bem, eu não tinha como ajudá-la financeiramente, já que eu estaria morando com ela era obrigação minha contribuir com as contas da casa.

Ingrid: Que cara é essa?

– Eu preciso arranjar um emprego, eu não posso ficar aqui dependendo totalmente de você.

Ingrid: Eu ganho o suficiente pra nós duas Hana, isso não será um problema.

– Eu quero trabalhar Ingrid, será que existe alguma possibilidade de você conseguir um emprego pra mim na agência que você trabalha?

Ingrid: Você não ouviu tudo o que eu acabei de falar?

– Sim, mas eu iria trabalhar apenas desfilando, eu tenho quase o mesmo padrão que o seu.

Ingrid: Você ainda não entendeu? A agência é só uma fachada Hana, pra você conseguir ser uma modelo da agência, você precisa aceitar fazer book vermelho.

– Pelo visto se prostituir é quase uma obrigação.

Ingrid: Eu não sou obrigada, mas se eu recusar, perco os desfiles, e o meu nome, a minha carreira, depende totalmente disso, digamos que pra eu ser reconhecida pelo o meu trabalho, eu tive que pagar um preço muito alto, e continuo pagando, mas posso parar de pagar a hora que eu quiser.

– Isso é um absurdo, e ilegal, você sabe disso não é?

Ingrid: Grande parte das agencias funcionam dessa forma Hana, não seja tão inocente, pessoas do mundo todo pagam uma verdadeira fortuna por esses desfiles, e querem receber uma recompensa a altura.

– A recompensa é foder garotas com sonhos?

Ingrid: Já chega dessa conversa, eu já falei o bastante, agora eu preciso dormir, eu estou exausta, eu preciso estar bem pro desfile que acontecerá nesse final de semana.

– Eu posso ir ver seu desfile?

Ingrid: Se for só pra ver, pode sim, eu vou conseguir sua entrada.

Ela me deu um beijo no rosto, e se retirou, enquanto eu fui fazer um lanche pra mim.

Toda aquela história, tudo o que ela havia me revelado, mexeu muito com a minha cabeça, eu tinha 18 anos, precisava de um emprego, tinha o perfil das agências, mas eu não saberia transar com um homem que fizesse comigo o mesmo que estavam fazendo com a Ingrid, fora o fato de eu ainda ser virgem, e nunca ter experimentado o pênis de um homem dentro de mim.

A pergunta que não queria calar era: Eu seria capaz de perder a minha virgindade com um completo desconhecido? Seria forte o suficiente pra aguentar ele fazendo tudo com o meu corpo?

Na mesma hora eu senti um arrepio na espinha, tudo aquilo era loucura demais, e eu não era tão louca quanto a Ingrid.

Depois de me alimentar, eu fui pro quarto de hóspedes, organizei as poucas coisas que eu havia levado, e depois eu fui dormir.

Quando eu acordei, a noite já havia chegado, e eu senti um cheiro maravilhoso de comida, ao chegar na cozinha, eu vi a Ingrid preparando camarão ao molho branco.

– Eu não sabia desses dotes culinários.

Ingrid: Pois se prepare, pois você irá provar a melhor comida da sua vida.

Nós duas rimos, jogamos conversa fora, assistimos a um filme, e eu nem conseguia lembrar da dor que eu estava sentindo por tudo o que aconteceu entre eu e minha mãe.

O dois primeiros dias foram maravilhosos, eu e a Ingrid saímos e nos divertimos, mas no terceiro dia eu assisti de perto o quanto ela estava abalada psicologicamente.

Quando eu acordei pela manhã, ela não estava em casa, tudo o que eu encontrei foi um bilhete dela me avisando que havia ido pra agência, eu não sabia que horas ela iria voltar, então eu aproveitei que estava sozinha e fui dar uma limpeza naquela casa enorme.

Ela chegou duas horas depois furiosa, eu nunca havia visto ela daquela forma, toda aquela doçura na voz havia desaparecido e dado lugar a alguém totalmente desequilibrada.

Eu havia acabado de limpar a sala, e ela quebrou jarros e quadros, e a minha primeira reação foi segurá-la e abraçá-la.

– Calma Ingrid, respira por favor, eu estou aqui.

Ela então desabou e começou a chorar, aquele choro não era um simples choro, era um verdadeiro desabafo.

Ingrid: Eu odeio aquele cara, eu queria que ele morresse, filho da puta insensível, coração de gelo, tudo o que importa pra ele é a porra do dinheiro, é só nisso que ele pensa.

Eu fiquei ouvindo tudo, sem dizer nenhuma palavra, sem saber exatamente de quem ela estava falando, eu esperei ela ficar calma e a vontade pra me falar o que havia acontecido, e isso levou longos 30 minutos.

Ingrid: Me desculpe por isso Hana, não era pra você ter presenciado o meu descontrole.

– Você quer me dizer o que aconteceu?

Ingrid: O dono da agência, o intocável "Jonh Carter", me tirou do desfile só porque eu não quero fazer book vermelho, eu ainda estou com essas marcas, eu só quero dar um descanso pro meu corpo, e ele simplesmente me tirou do desfile de uma das marcas mais famosas do país.

– Você está falando sério? Ele teve coragem de fazer isso mesmo vendo essas marcas no seu pescoço?

Ingrid: Ele não se importa com isso Hana, aquele cara é o pior tipo de homem existente na terra.

Só em ouvir a Ingrid falar daquele jeito, eu já odiava ele, eu não precisava nem conhecê-lo pra saber que ele era desprezível, eu só não sabia que aquele homem iria virar a minha vida de cabeça pra baixo.

Sabe o destino? Ele é traiçoeiro.

O destino não quer saber o tipo de homem que você quer na sua vida, ele não faz esse filtro pra você, na maioria das vezes você precisa ser forte o suficiente pra bater de frente com o próprio destino, e recusar as opções devastadoras que ele te apresenta.

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