Capítulo três
Estremeci com as batidas na porta.
Corri para a sala e quando chego vejo o meu marido está com a porta aberta. A cabeça do Edu relutante em tentar ver por trás do armário que é o corpo do Marco.
- Cara, eu e ela precisamos conversar. - Choraminga pra ele.
- Você não precisa de nada, Eduardo. - Rosnou irritado. O moreno recua.
Volto para a cozinha e aviso a minha amiga que Edu está na porta. Seus olhos se arregalam e logo se enchem de lágrimas novamente, acho que essa é a parte difícil.
- Eu estou divorciado, Gabriela! - Ele grita e em seguida a porta é fechada brutalmente pelo meu marido.
- Por que o tio Edu tá 'bavo'? - Pedrinho pergunta ao entrar na cozinha sem ser notado.
A minha amiga limpa as lágrimas rapidamente enquanto pego o meu menino no colo. Ele entrelaça suas pernas na minha cintura e brinca no meu cabelo com os seus dedinhos curtos.
- Ele está brincando de esconde-esconde com a tia Gabi. - Minto. Ele não precisa lidar com os problemas amorosos aos quatro anos.
- A tia Gabi 'pedeu'? Por isso 'ta''tisti'?
Viro o pescoço pra ela e vejo o pequeno sorriso brotar nos lábios avermelhados e trêmulos. Não sei ao certo se era um sorriso triste.
- E aí, qual é a desse babaca? - Exclamou. Ele abre os braços indignado.
Nós o repreendemos pelo olhar. Ele transfere o olhar para o Pedrinho e espalma a testa movendo os lábios em um pedido de desculpa.
- Amiga, você viu o que ele disse? Realmente acha que não precisam conversar? Caso de ex que não aceita divórcio tem muito.
- E de homem canalha também. - Cuspiu as palavras brava, e logo colocou a mão na boca. Pedrinho
- É de adulto né? - Ele questiona. - Posso jogar vídeo game?
- Claro filho. - Beijo sua testa antes de colocá-lo no chão e ele corre para a sala.
- E se for mais um canalha? - Pisca em cima das lágrimas - Entende que não posso arriscar? Estávamos falando de noivado! Ele jogou um balde d água gelada!
- Acho que a Amélia tem razão, Gabi. Deveria saber ao certo o que ocorreu, mesmo que machuque cutucar a ferida. Se eu tivesse ido embora no dia que vi o Henry mexendo no cabelo da Amélia, não estaríamos aqui. E eu estava crente de que eles estavam juntos.
Lembrar do Henry me causa certos calafrios de dias de agonia e pânico. Tiro a sua imagem da minha mente rapidamente.
- Ela não perderia o tempo dela em bater na minha porta, gente!
- Se não estiver aceitando o divórcio, sim. - Acrescento dando os ombros.
- Nós o conhecemos há anos, não é possível que todo esse tempo ele usou uma máscara. Eu falaria com ele. - Marco aconselha - Porém se não quiser, eu te ajudo a soca-lo também.
- É amiga, são muitos anos. Acho que você merece a verdade e com certeza uma explicação.
- Por que vocês são tão perfeitos? Isso é irritante.