Capítulo quatro
Chego na praça toda enfeitada com balões de gás Helio, lâmpadas presas em cordões ligando uma ponta a outra, de noite aquilo ficaria maravilhoso.
Barracas de crepe, algodão doce, pipoca e hot-dog com fila de crianças famintas e elétricas.
Fico feliz e satisfeita com a festa que consegui proporcionar ao meu filho, estou orgulhosa da pessoa que estou me tornando.
Sinto mãos segurarem na minha cintura e virar o meu corpo sem força.
- Oi gata. - Marco me dá um selinho e seus lábios repuxam em um sorriso amoroso.
- Oi gatinho. Cadê os meus pais?
- Estão terminando de se trocar. O Pedrinho vai ficar doido com essa festa. - Desvia dos meus olhos e observa a festa infantil.
- Sim. Deu certo dos amiguinhos dele conseguirem vir, os pais alugaram uma van. Legal né?
- Muito. - Concorda e recebo outro selinho.
Depois de alguns minutos o Pedro chega eufórico e correndo o máximo que as suas perninhas podem aguentar. Seu queixo cai e forma um "o" perfeito no seu rosto. Os olhos azuis marejados fazem com que eu me emocione.
- Gostou, amor? - Pergunto, abaixando na sua altura.
- Mamãe, é minha festa?
- Sua, meu amor!
- Você é muito princesa, mãe. - Beija o meu rosto demoradamente - Te amo!
Ele sai em disparada quando reconhece um dos seus amigos. Levanto e cumprimento meus pais, eles estão maravilhados também de como ficou bonita a festa dele.
Marco tem grande participação nisso, passou dias e noites me ajudando na decoração, contratantes e tudo o que foi necessário para que essa festa fosse realizada.
O procuro em meio aos convidados e o vejo rindo e conversando com a vizinha da minha mãe, uma idosa de setenta e cinco anos que adora falar. Ele da um gole ralo no seu corpo com cerveja e nossos olhos se encontram. Ganho uma piscadinha e me sinto a mulher mais feliz do mundo.
Tenho um filho incrível, um homem maravilhoso, amigos especiais e a melhor família do mundo. Estou realizada.
Do outro lado da rua, sem fazer questão de se esconder Henry está parado com as mãos fechadas e os olhos transparecendo ódio. Sua barba está imensa e o cabelo da também, roupas surradas e se eu não o conhecesse bem diria que era um morador de rua.
Meus olhos estreitam para ter certeza do que estou vendo. Realmente é ele.
Os meus batimentos cardíacos aceleram e fica difícil respirar. O que ele esta fazendo aqui?
Olho para o Marco novamente e seus olhos estão carregados de dúvida. Volto a olhar para o Henry e sei que Marco faz o mesmo, já que em questão de segundos o vejo atravessando a rua.
- Marco. - Sussurro, corro até o meu marido.
- Onde você vai, doida? - Gabi chega e segura o meu braço curiosa.
- O Henry! - Falo e indico com a cabeça. Meu coração aperta, estou aflita.
Algo dentro de mim diz que isso não vai acabar bem.
- Pega o Pedro e tira ele daqui, por favor! - Peço e ela corre para o meu filho no mesmo instante.
- E aí, otario? - Henry grita e volto a olhá-los.
Meus passos param.
Puta merda. Ele está armado.