4 - Constrangimento Total
Arrasada, é assim que me sinto.
Não pela noite que tive com Mattie, não, o sexo foi muito bom.
Mas estou arrasada com tudo que me aconteceu após o sexo bom. Ainda não posso acreditar que fiquei diante de dois desconhecidos, completamente nua e fui alvo de olhares muito curioso e ainda não sei como reagir a cada um deles. Virei na cama olhando para o teto, eu já devia ter levantado e me arrumado para a faculdade, mas com que cara eu vou sair de casa? E se eu ver um deles? O que farei?
Puta merda! Eles moram ao lado da minha casa.
Eleonor bateu na minha porta e abriu um pouco para me encarar, sentei na cama a vendo entrar e sentar no final dando um sorriso lindo.
- Está melhor? Porque ontem pareceu que tinha sido atropelada por um caminhão - Eu sorri e joguei meu cabelo para trás. - Eu não entendi muito bem, mas sabe o vizinho aqui do lado os que se mudaram - Meu sangue gelou neste momento respirei fundo perdendo minha fala - Acho que o nome dele era Marck, ele deixou isso aqui quando eu voltava da minha corrida - Ela me estendeu uma sacolinha e eu peguei.
- Continua correndo sozinha por essas ruas? Eleonor você sabe como está o mundo? Se o papai souber eu não vou defender você.
- Não estava sozinha Elsie, eu estava com o Jofrey.
- Quem é Jofrey? - Vagamente me lembrei que na noite passada ela estava conversando com um carinha na escada de casa. - É aquele cara que estava aqui ontem?
- Sim. Ele é meu amigo da escola, é uma pessoa muito legal. Mora na outra rua e tem carro, vai passar aqui em quinze minutos para irmos para a escola.
- Você está interessada nele ou na carona? - Eleonor levantou da cama dando de ombro. - Não tenho palavras para definir você.
- Diz à garota que deixou a calcinha na casa dos vizinhos - Ela saiu do quarto fechando a porta e eu olhei para a merda daquele saquinho, olhei o conteúdo de dentro e meu coração apertou.
- Mas que merda que eu fiz? - Olhei atentamente para minha calcinha cor de rosa, será que todos viram isso? É uma merda de vida, mesmo.
Respirei fundo olhando para a janela do meu quarto, andei até a mesma abrindo apenas um pouco da cortina, a janela do quarto ao lado estava aberta e pelo que notei, um dos irmãos conseguiu arrumar o quarto. Não sei qual, afinal, qual o nome do outro que me viu nua da janela? Esse deve ser o maior tarado de todos.
Safado!
Me arrumei para a faculdade porque embora meu coração esteja acelerado e em desespero eu não posso parar minhas atividades. Desci as escadas depois encontrando o vazio. Graças a Deus eu não preciso explicar o motivo da minha chegada tarde e inesperada de ontem à noite em casa para meu pai. Ele ainda deve estar em seu plantão, aquele hospital tem mais atenção dele do que eu e minha irmã.
Abri a porta de casa primeiramente para olhar se tinha movimento na casa ao lado, e como não vi ninguém aproveitei para sair e desci as escadas quase correndo até o ponto de ônibus mais próximo. Tá certo que eu não vou fugir sempre que os vir, mas é melhor que eu fuja até meus pensamentos e a minha vergonha acabar, o que acho que nunca vai acontecer. Dentro do ônibus tenho sorte de encontrar um lugar vazio, tento me distrair pensando nos meus trabalhos e até na festa que deixei de lado.
Ah merda, ainda tenho que pensar em Mattie.
Nossa relação foi bonita e apesar dele ter feito merda, ele sempre foi um amor comigo. Mattie tirou a minha virgindade e contou para seus melhores amigos, eu não sabia no que isso iria dar ou o que ele queria fazer, mas eu fiz um completo escândalo até ele sumir da minha vida. Nunca fui uma garota totalmente santa, mas eu não tinha coragem de ficar com outra pessoa sabendo que metade dessa cidade sabe que eu perdi a virgindade e sabe em detalhes. Ficar com ele de novo foi um erro, um erro bom, um erro que foi visto, assistido e ainda estou digerindo.
Vinte minutos depois eu desci na parada em frente à faculdade, ajeitei minha bolsa no ombro e tentei sorrir achando que nada podia me deixar mais nervosa neste lugar. Logo na entrada encontro Annie que conversava com suas amigas, já tinha me mandando mil mensagens e assim que me viu, correu até.
- Elsie eu preciso falar com você - Ela me puxou para dentro e caminhamos pelo corredor - Ontem quando eu te procurei você já tinha ido embora e eu fiquei de boas, você sempre sai cedo das festas. Mas... - ela parou de andar me parando em seguida ao tocar nos meus ombros - Eu soube que você saiu da festa aos beijos e pegações intensas com Mattie Greyson, eu nem sabia que ele tinha voltado.
- É, foi isso que aconteceu. - Ela suspirou - A gente foi para a casa dele, transamos de novo.
- Depois de anos ele volta e você o perdoa? Isso é amor? Porque eu não quero que seja.
- Annie a gente se reencontrou e rolou uma química, e eu queria ficar com alguém, estava há um tempo sem fazer nada.
- Desde que pegou ele - Annie riu - Se você não tivesse sumido da festa eu iria de fazer uma proposta - Estreitei os olhos sem entender - Jack gostou do seu rosto.
- Ele disse isso.
- Ele disse também que gostaria de esfregar o pau dele na sua cara até gozar - Por um momento eu achei que o mundo inteiro tinha parado. Até meu cérebro parou.
- Quê que você disse? - Perguntei novamente, eu devo está com problemas de audição.
- Eu tenho certeza que você ouviu, mas eu vou repetir: ele queria esfregar o pau dele que é grande, enorme por sinal, nessa sua carinha de anjo, até vocês dois gozarem juntos, e ele te lamberia até você gozar de novo - ela apertou a minha bochecha e eu ainda estou sem reação - ele disse que as mocinhas do bem precisam apenas de um convite para se tornarem mau.
Revirei os olhos desviando de Annie, talvez eu deva rir e até tentei fazer isso, mas ao virar meus olhos para outra direção, acabei percebendo que não era a única a escutar aquela conversa. Voltei a olhar para Annie com os olhos arregalados, eu não acredito que só tomei no cu essa semana.
- Olha, não é tarde, a gente ainda pode se divertir, ele disse que posso te levar para a cama dele na hora que eu quiser, basta você querer - Ela continuava falando e tudo que eu queria era enfiar meu rosto no chão, meu rosto estava corado e minha garganta tinha travado - e eu não me importo nem um pouco, Jack é maravilhoso na cama, conseguiria dar conta de nós duas e demais outras se pudesse de uma só vez. Só de pensar que neste momento sou a única a foder com ele, me sinto quente, queria dar tchau a essa porcaria de aula e voltar para a cama dele.
- Você pode parar de falar disso aqui? - Annie me encarou como se não tivesse falando de sexo no meio do corredor da faculdade como se falasse de um tutorial de maquiagem.
- Ah Elsie, pode parar com essa timidez, todo mundo nessa merda já fez sexo selvagem gritando e gemendo horrores para o mundo ouvir - Ela sorri e me dar um beijo no rosto - me liga quando decidir o que quer, eu marco na hora.
E foi embora, simples, me deixando sozinha, ou pelo menos eu achei que estaria sozinha.
- Sua vida parece agitada... Elsie Davis. - Sua voz rouca realmente causa calafrios em toda parte do meu corpo, ainda mais quando é bem ao pé do meu ouvido.