Capítulo 2 Pegar alguém para casar

Uma enfermeira soltou um suspiro nervoso e puxou a colega que havia proferido a maldição contra Rafaela. Em seguida, as coisas foram rapidamente providenciadas.

Na frente do espelho, Rafaela começou a remover a base espessa e o batom pouco a pouco, limpando coom cuidado o rosto com o algodão umedecido.

Desde que a irmã de Davi, Gisela Rodrigues, disse a Rafaela que tinha uma preferência por mulheres charmosas e sensuais, Rafaela se empenhava em usar maquiagem pesada e roupas inadequadas para sua idade e personalidade. Isso não só a tornava alvo de zombarias, mas também lhe rendeu o título de “garota mais desajeitada” no círculo da alta sociedade.

Ao se deparar com sua verdadeira aparência refletida no espelho, Rafaela ficou paralisada por um momento. Seu rosto pálido não exibia expressão vívida alguma, e seus olhos eram tão escuros quanto a noite. No entanto, havia uma beleza surpreendente em sua simplicidade.

O que mais surpreendeu Rafaela não foi a beleza óbvia, mas sim a familiaridade daquele rosto. Não só o nome era o mesmo, mas também a aparência. Com um sorriso sutil nos lábios, Rafaela baixou os cílios, sentindo uma determinação silenciosa se formar dentro dela. Agora ela nem precisava explicar depois de retornar.

Ela olhou para o reflexo no espelho, as sobrancelhas ligeiramente franzidas, enquanto um brilho de frieza se refletia em seus olhos.

- Rafaela, vou vingar você. - Murmurou ela para si mesma, a determinação ressoando em sua voz.

...

- Seu moleque! Quer me irritar até a morte? Você sabe que a mãe de Rafaela deixou 20% das ações do Grupo Oliveira antes da morte para ela? Com esse dinheiro, a família Rodrigues poderá subir a mais um patamar! - Repreendeu Rita, com raiva.

Rita Souza, a mãe de Davi, sentiu o coração sangrando quando tomou conhecimento dessa informação. Faltou pouco para esse dinheiro entrar no bolso da família Rodrigues!

Davi, alto e imponente em seu luxuoso terno de alta costura, emanava uma aura de elite. Ao ouvir isso, sua expressão se tornou ligeiramente sombria.

- Mãe, de onde ouviu isso? - Perguntou ele, com um tom sério

- Foi a própria Rafaela quem disse! Não pode ser mentira! - Retrucou Rita, seu sorriso contendo um toque de malícia. - Eu sempre soube que Rafaela é a herdeira verdadeira da família Oliveira. Considerando a origem de sua mãe, era inevitável que ela herdasse algo. Mas você foi tão precipitado ao cancelar o casamento. Fiquei realmente decepcionada!

Rita cerrou os dentes, sentindo a raiva percorrer seu peito, fazendo-o tremer. Ela apontou em direção à enfermaria onde Rafaela estava.

- Vá agora! Seja se enganá-la ou confortá-la, pegue a certidão de casamento com Rafaela o mais rápido possível!

Davi franziu as sobrancelhas imperceptivelmente e disse em tom frio:

- Eu já disse que não vou me casar com ela!

- Como você ousa?! - Rita explodiu de raiva ao ver seu filho, mas seu tom se amenizou quando pensou na imagem repugnante de Rafaela.

- Davi, eu sei que você gosta de Lara, mas o que você enfrenta é 20% das ações da família Oliveira. Com mais um pouco de esforço, você poderá se tornar o maior acionista do Grupo Oliveira.

Davi permaneceu indiferente, sua expressão não revelando emoção alguma. Sentiu-se nauseado só de pensar em se casar com uma mulher tão desagradável. Além disso, ele havia feito um juramento. Voltar atrás e casar com Rafaela seria um verdadeiro golpe em seu próprio orgulho, não é mesmo?

Rita acrescentou mais uma frase, sua voz carregada de uma mistura de urgência e desespero:

- Você pensou bem? Com 20% das ações de Rafaela, o Grupo Rodrigues poderá se fundir com o Grupo Oliveira. Assim é possível ultrapassar o Grupo Emperor, se tornar o maior proprietário no setor de negócios da Maravia e até poderá ampliar sua esfera para a Capital. Com tantos benefícios, mesmo que prejudique Lara temporariamente, o que há de errado?

Davi semicerrou os olhos, tentando processar toda aquela informação repentina. Seu rosto, normalmente tão imponente e confiante, agora refletia um misto de incredulidade e cautela.

- Mãe, quer dizer que...

Rita ajustou o xale sobre os ombros com gestos rápidos e bufou:

- Para a sociedade moderna, o casamento e divórcio são comuns. Já que foi ela quem errou primeiro, ela não se atreve a dizer nada mesmo que você não tenha relação substancial com ela depois de casar. Pelo bem da família Rodrigues, claro, o casamento não pode ser divulgado. Assim não violará suas palavras de ontem.Ela é tão fiel com você. Contanto que você diga algumas palavras amorosas para a confortar, por que ela não oferece ativamente os 20% das ações? Assim que tenha a fatia de 20%, Rafaela não terá mais valor e você poderá tratá-la como quiser.

Enquanto isso, em um banco do jardim ao lado de uma árvore, Rafaela estava preguiçosamente tomando sol, com uma expressão aborrecida. Olhando para o céu azul e as nuvens brancas, ela soltou um suspiro de alívio, sentindo-se sobrecarregada pelo peso das circunstâncias.

Uma enfermeira aproximou-se rapidamente e entregou a encomenda em suas mãos trêmulas.

- Senhorita, sua encomenda.

A voz repentina da enfermeira fez Davi e Rita voltarem sua atenção para o banco, onde Rafaela estava sentada, perdida em seus próprios pensamentos.

De cabelos soltos e dançando ao vento suave, a figura estava envolta em um vestido de seda branco, que deslizava graciosamente sobre suas formas delicadas, revelando sutilmente as panturrilhas lisas e macias. Um chapéu de sol adornava sua cabeça, protegendo-a dos raios intensos do sol, enquanto uma parte de seu rosto permanecia oculta sob sua sombra.

Davi e Rita, conscientes da delicadeza da situação, evitaram fitá-la detalhadamente, optando por se retirar em segredo. No entanto, antes de partir, Davi se virou de repente, seu olhar capturado pela presença enigmática da mulher no banco.

A mulher ergueu uma mão pálida, recebendo algo da enfermeira com um gesto gracioso. Era sua carteirinha, um pequeno objeto que agora carregava um peso significativo em suas mãos.

Enquanto Davi observava a cena, uma sensação desconfortável se apoderou dele, embora não conseguisse identificar a origem desse desconforto. Franziu as sobrancelhas em profunda ponderação, seus pensamentos girando em torno do significado por trás daquele simples gesto.

Por fim, com um último olhar, Davi decidiu se retirar, deixando para trás a mulher misteriosa e seus próprios questionamentos não resolvidos.

- Srta. Rafaela, o que quer fazer com sua carteirinha? - A enfermeira perguntou com curiosidade.

Rafaela sorriu, seus olhos escuros brilhando com uma determinação tranquila, mas também carregados de uma mistura de emoções mais profundas.

- Claro que é para casar. - Respodneu ela, sua voz suave e serena.

...

Às cinco horas da tarde.

Rafaela ficou sentada no banco longo à entrada do Cartório de Registro Civil. ,observando a multidão a movimentação da multidão que circulava ao seu redor.

A mãe de Rafaela de facto deixou 20% das ações para ela, porém, a utilização desse dinheiro estava condicionada ao casamento.

Na circunstância desfavorável agora, casar-se com alguém era a solução mais rápida e eficaz.

Ela voltaria para casa eventualmente. Na Maravia, não precisava exigir muito quanto à identidade do cônjuge que estaria registrado em sua certidão de casamento.

Afinal, esta Rafaela não era a mesma de antes. Uma vez concretizado o casamento, ela compensaria o outro devidamente pela perda espiritual. Contanto que o outro colaborasse bem, ela poderia oferecer tudo na Maravia para ele de graça.

No entanto, parecia que não era um bom dia para ir ao Cartório de Registro Civil. A maioria das pessoas presente estava lá para o divórcio, enquanto apenas uma pequena parcela buscava o matrimônio.

Rafaela, cansada da espera e sentindo o peso do sono se aproximar, mas ainda não encontrou um homem adequado. Às 17h50, tanto os casais que vieram para se casar quanto os que se divorciaram já haviam indo embora.

Quando Rafaela se preparava para deixar o local, viu uma figura alta e esbelta caminhando para a direção dela. Seus passos vacilaram por um instante, uma expressão de surpresa apareceu em seus olhos.