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Cap. 5

— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?

— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.

— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.

— É que, como se não bastasse à bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.

— Ah, meu filho - Cassia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.

Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.

— Dona Cassia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?

— Sim, claro.

A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na beira da cama, alisou o rosto do Flint, e quando sorriu, levou um susto ao ter seu punho segurado pelas mãos de Daniel. Ele abriu os olhos e virou a cabeça, encarou Stella e lentamente foi soltando o braço fino. Respirou duas vezes pesadamente e então soltou um gemido de dor.

— Calma, eu vou limpar isso pra você.

— Você é uma médica bem intrometida - Falou embolado, mas Stella entendeu e desviou o olhar. — Seu sorriso é irritante. - Completou, Stella o fitou outra vez, agora séria.

— Aqui está - Cassia chegou com o que Stella pediu. Porém a médica pensou duas vezes se o ajudaria, pois se o fizesse, talvez ele a chamasse de intrometida outra vez, e ela não era uma.

Apenas gostava de ajudar quem precisava. Sempre foi assim, humilde com todos ao seu redor, buscava ser o mais útil possível, não só para as pessoas ao seu lado, mas para todos no mundo. E ali, diante de Daniel e suas palavras, ela quis chorar, como se tivesse vivido uma vida em mentira e só agora ela percebesse o que os outros pensavam da sua ajuda.

Ela pegou a bacia e o pano que a Flint trouxe, limpou o rosto de Daniel e tirou-lhe a camisa. Ajudou Cassia a dar um banho em Daniel e depois terminou o curativo, sempre com um meio sorriso o rosto, apesar de tudo, ela não perderia aquele que ela conquistou com esforço: o sorriso.

Ao ser colocado na cama outra vez, ele apenas virou para o lado e dormiu como se nada tivesse acontecido, Stella ajeitou os cabelos e foi a primeira a sair do quarto. Cassia a seguiu preocupada, tinha ouvido as palavras dele e temeu Stella se sentir ofendida. Na verdade, qualquer mulher se sentiria, mas a Flint queria que Stella entendesse que Daniel estava bêbado, e falou tudo aquilo da boca para fora. Assim que chegou à sala, viu Stella ajeitar sua bolsa sobre o ombro.

— Stella, filha...

— Eu já estou indo - Ela disse meio embaraçado, e Cassia entendeu por que.

— Stella... - A menina encarou a mulher e andou até ela sorrindo — Não ligue para o que ele disse. Daniel estar bêbado.

— Não dê culpa a bebida, senhora Flint, ela apenas faz as pessoas se abrirem. - Stella disse e virou as costas.

— Stella... - Sussurrou seu nome, mas a menina ouviu parou e virou para vê-la — Posso lhe chamar caso algo dê errado?

— Eu não sei se seu filho vai querer uma intrometida por perto, mas sim, dona Cassia, se precisar, basta me chamar, eu moro em frente — E depois sorri como sempre, fechou a porta.

Não foi como se tivesse sido magoada pelas mesmas pessoas da sua infância, mas se sentiu tão pequena quanto em todas as vezes que uma criança lhe gritou: testuda; cabelo de algodão-doce; magrela, branquela, nerd, inútil, atraso de vida, etc...

Stella fechou a porta do seu apartamento e olhou em volta, ela mesma procurou aquela vida e quando achou, dedicou tanto a ela que se esqueceu do passado. Soltou sua bolsa no chão, e caminhou pela sala do lugar, parou em frente a prateleiras de fotos. Pegou o quadro em que estava seu pai e sua mãe abraçados, com um bebê no colo, aquele bebê era Stella, e o mesmo sorria. Deixou o quadro no lugar e pegou outro, na fotografia agora, estava ela e uma loira de olhos azuis, ambas sorriam, comemorava o aniversário de cinco anos de amizade.

Deixou aquele quadro no lugar novamente e olhou em volta, Stella tinha um passado, um passado a qual ela queria muito esquecer. E para fazer isso, depois do incidente, ela procurou estudar, se dedicar a cada pessoa no mundo, a cuidar das crianças, a ser presente e ajudar mulheres a conhecer o seu lugar no mundo. Batalhava para ser reconhecida e trabalhava até mesmo quando não devia, tudo para ser útil na vida de alguém.

As palavras de Daniel, a fizeram perceber que nem sempre ela fora assim, a fez perceber que todas as vezes que entrava na vida de uma pessoa para ajudá-la, sempre se intrometia onde realmente não era chamada, contudo, quando saia da vida daquela mulher, criança, qualquer pessoa, ela estava feliz, com um sorriso no rosto, e imploravam para que ficasse. Talvez ela fosse uma intrometida legal. Não é?

Mas e o irritante? De onde saiu?

Stella andou até seu quarto e parou em frente ao espelho atrás da porta, se encarou, e sorriu. Seu sorriso sempre foi lindo, conseguia a confiança, carisma, carinho e conquistava muitas pessoas com ele, além das crianças e as mães dela. Ela não era irritante, tinha certeza. Quando Stella sorria, todos a sua volta fazia o mesmo, e por alguns segundos, ela imaginou que tivessem rindo da sua cara, será?

Stella parou o sorriso, e desviou o olhar, virou-se encarando sua cama e logo deitou sobre ela. Olhou-se no espelho no teto, fitou seu corpo da cabeça aos pés.

Na verdade, ela sempre foi uma intrometida, mas no bom sentindo, e agora, ela seria mais, pois faria tudo por Adrian, ele não merecia o pai que tinha, e sem mãe, nada conseguiria. Procuraria uma forma de ajudar sem perturbar Daniel Flint, e faria com muito amor, o mesmo amor que ela tinha pelas crianças.

*

Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?

Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.

Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cassia começasse a falar. Mas por azar do Flint, a mulher só retornou o olhar para ele, quando passou com a criança para o quarto dela. Daniel ficou aguardando, e quando finalmente a morena voltou, sentou-se ao seu lado, com um olhar duro, e Daniel conhecia muito bem.

— Estar tudo bem com você? - Ela perguntou como toda mãe preocupada.

— Sim, estar tudo bem.

— E você sabe por que estar tudo bem? - Ela perguntou encarando-o, Daniel abriu e fechou a boca — Porque sua vizinha, foi lhe buscar na mesa de um bar, Daniel. - O Flint, desviou o olhar — E como agradecimento, você a chamou de intrometida.

— Eu não disse isso - Ele murmurou — Não em voz alta.

— Ah, foi baixo o bastante para eu ouvir da sala, não se preocupe - O Flint ficou sério — Além de intrometida, você gritou chamando-a de irritante, que o sorriso dela era irritante.

Daniel olhou para sua mãe, espantado. Como ele podia ter dito aquelas coisas? Na verdade, ele gostava da ajuda de Stella, ela se metia onde era preciso, onde realmente ele necessitava. A ajuda com seu filho, fora maravilhosa e sabia que viria mais futuramente.

Irritante, jamais ele poderia ter a chamando de irritante, o sorriso dela era perfeito, contagiava todos ao seu redor, inclusive ele quando não queria sorrir, e isso que era irritante; ela sempre estar sorrindo, e o fazendo sorri, quando na verdade queria chorar.

O Flint levantou do sofá passando as mãos pelos cabelos, como ele pôde ser tão burro daquela maneira? Daniel aprendeu a dar valor as pessoas ao seu redor no momento em que contou que ia ser pai aos seus amigos, e a maioria riram, uma semana depois todos estavam longe, apenas Matthew permaneceu ao seu lado. No caso da Arden, ela o ajudou e voltou no outro dia, e depois também, prometeu ajudar sempre que pudesse, mas talvez pelas palavras, ele afastasse alguém que realmente não queria que se afastasse.

— Você não vai fazer nada? - Cassia perguntou indo até seu filho que olhava a paisagem da cidade pequena pela janela do seu apartamento — Devia ir se desculpar, não é?

— E o que eu vou falar? - Daniel torceu os lábios — Ela não é intrometida, quer dizer, é sim, mas de um jeito bom. - Cassia riu — E o sorriso dela não é irritante, irritante é eu rir também quando não vejo nada engraçado além daqueles olhos. Que saco!

Cassia riu outra vez.

— Por que não diz isso a ela?

— Porque da última vez em que eu disse que o sorriso de uma garota era bonito, ela engravidou e me deixou depois de dez meses. - Avisou indo em direção à porta do seu lar.

— Pra onde vai? Posso saber?

— Falar com ela. Na verdade, eu preciso da ajuda dela mais do que eu possa precisar - Sussurrou ao lembrar-se do beijo, foi tão bom que talvez... Só talvez... — Não Daniel. Você não pode mais se entregar assim - Sussurrou para si próprio ao sair no corredor.

Bateu duas vezes na porta dela, ouviu um ruído, mas depois de dois minutos ninguém abriu. Bateu novamente e dessa vez alguns passos preencheram seus ouvidos. A porta se abriu lentamente e de repente, ele pôde ver um par de olhos verdes lhe fitando, ela parecia ter acordado naquele momento, estava com um roupão cor-de-rosa e seus cabelos amarrados no alto da cabeça. Usava pantufas de ursinho, ele riu.

— Para de rir - Ela mandou, ele obedeceu — O que você quer?

— Me desculpar - Ele avisou.

Stella respirou profundamente, pensou em dizer que estava tudo bem e fechar a porta, mas ela não era assim. Sabia que se fizesse isso, ficaria com ressentimentos dentro do seu coração, e isso lhe deixaria mal todas as vezes que o visse.

— Posso entrar?

— É, pode.

Ela deu passagem para ele, e Daniel entrou, olhou em volta, diferente do seu apartamento, tudo era branco e arrumado, tinha o cheiro doce dela, e Daniel se sentiu bem dentro daquele lugar logo de imediato.

— Então. — Ela cruzou os braços a sua frente, ele riu sem jeito.

— Me desculpa por ter te chamado de intrometida, - Stella levantou uma sobrancelha — Na verdade, você é, mas de um jeito bom, de um jeito que eu gosto que seja - Se atrapalhou e Stella riu. — Olha, você "se meteu", mas eu gostei disso entendeu, você me ajudou. E pronto. - Stella riu — E o seu sorriso é sim irritante, simplesmente porque eu não consigo ver ele e ficar sério, eu sou um homem sério, e você não me deixa mostrar isso quando ri, e isso me irrita. - Resmungou, e Stella riu mais.

— Você é um idiota - Ela concluiu, ele apenas olhou para outro lugar.

Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de ri e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.

Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.

— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.

— Como assim? - O Flint cruzou os braços a olhando mais atentamente.

— Você sabe onde eu fui te buscar? - Ela falou quase no sussurro. Daniel desviou o olhar. — Eu cheguei em casa bem feliz, eu confesso, ia te contar a melhor noticia da semana, mas você não estava. E já era tarde demais. Sua mãe estava preocupada, e me pediu para procurar você naquele lugar, pois era onde trabalhava. - Daniel voltou sua atenção para ela, que falava tudo gesticulando as coisas com as mãos, chegava até ser engraçado para ele, se o assunto não fosse sério. — No caminho tive que me esquivar daqueles bêbados nojentos pelo meio da estrada, e você acredita que um deles pegou na minha bunda? - Daniel estreitou os olhos — Eu me sujeitei a ir naquele lugar para buscar o pai de uma criança que precisa de ajuda.

— Eu não pedi a sua ajuda - Ele se exaltou.

— Mas eu sou uma intrometida bem insistente - Ela gritou de volta. — Sabe o nojo que senti daquelas pessoas? Não, você não faz ideia! E onde eu encontrei você, me deixou mais enjoada ainda. E o pior de tudo, é que eu tive que receber um beijo seu, com gosto de bebida - Ela tentou segurar as lágrimas, mas sua voz denunciou o quanto queria chorar — Eu odeio bebidas. E ainda tive que dar todo o meu dinheiro para aquele grotesco homem. Eu odeio bares. E nunca, nunca fiz isso em toda a minha vida. Senti-me humilhada e tudo pra quê? Para um idiota dizer que sou irritante, e me chamar de intrometida.

— Já te expliquei o motivo... - Ele se justificou, ela não podia negar. Mas isso não era o que ela queria dizer... — Acontece que eu só precisava esquecer tudo o que está acontecendo na minha vida, entendeu? - Ele aproximou-se dela, meio irritado e inconformado, porque ela não podia simplesmente aceitar?

— Você é realmente um patético, sabia? - Ela começou de novo, a mexer as mãos para um lado e para o outro enquanto falava mais do que queria, Daniel prestava atenção em tudo, e cada vez mais, seu corpo tremia por não aceitar as palavras delas. Entretanto, algo lhe chamou atenção. Enquanto Stella falava, e se mexia de um lado para o outro, o roupão cor de rosa ia se abrindo, e o Flint teve que engolir a seco ao notar a silhueta sensual por debaixo daquele pano. Ele olhou para ela querendo não mover seus olhos, mas estava ficando difícil — [...] e você acha que bebida resolve problemas, se fosse isso, eu beberia todos os dias.

— Eu queria esquecer, será que é difícil de entender isso? - Ele perguntou mais sério, a médica riu.

— Parece uma loucura, e eu posso estar parecendo uma bebê chorona - Daniel mordeu os lábios, tudo, menos um bebê. Não com aquele corpo — Mas eu também já tive que passar por momentos dolorosos na minha vida. Eu pedir a minha mãe e o meu pai, sabe por quê? Porque ele me trocou por um litro de bebida. Eu odeio qualquer coisa que tenha álcool, eu odeio quem fabrica quem vende e quem consume - Daniel deu outro passo para frente, quase colando seu corpo ao dela — E eu iria odiar mais se o Adrian crescesse com um pai igual a você.

Daniel manteve o foco nos olhos dela, a conversa tinha ficado pesada demais.

— Você tem ideia do que é se tornar responsável por uma pessoa indefesa tão cedo da vida? Ainda mais sozinho? Sem a puta da mãe dele para me ajudar? Eu perdi os meus amigos assim que contei que seria pai, não saí desde que aquela mulher entrou na minha vida completamente, eu comecei a trabalhar, a dar tudo de mim para tê-la bem junto com o meu filho, e quer saber, eu nem amar amava aquela louca. Foi um sexo casual e ela fez o favor de engravidar. Passei nove meses completo suando e sendo um pai, um noivo perfeito, para no final ser jogado para trás, sozinho. Senti-me um inútil como se tivesse feito tudo errado desde inicio.

— Mas você fez, bebeu! A bebida sempre estraga tudo - Ela completou. Daniel riu.

— Naquele dia eu bebi porque confiava nas pessoas ao meu redor, e estava feliz demais, tinha passado nas provas finais e sim, merecia beber até cair. Mas infelizmente, cair na cama com uma vadia bem esperta. Não tive culpa. E o pior de tudo é que agora, minhas notas estão uma merda, posso perder a faculdade, já perdi meu emprego, e claro, vou perder o meu apartamento, e olha só. Vou perder o meu filho também, porque se eu não tiver onde morar, minha mãe vai levar Adrian. - Stella botou as mãos na cintura, e Daniel já não sabia se ela fazia àquilo para provocá-lo, ou se realmente ela não sabia que não usava nenhum sutiã, apenas uma calcinha azul. E a porra do roupão estava aberto. — Eu só queria esquecer tudo.

— Acha que beber é a solução para esquecer os seus problemas? - Ela levantou os braços, incrédula — Olha no que ela te meteu, em mais confusões, em mais problemas. O primeiro foi que ela te deu um filho, e uma vagabunda como mãe dele. E o segundo é que talvez, você tenha perdido a única pessoa que queria mesmo ser sua amiga, que queria te ajudar, e ajudar o Adrian. Definitivamente, bebida alcoólica, não combina com você.

— Não combina comigo assim como azul não combina com você - Ele disse frio, e a Doutora se olhou, ela soltou um grito de surpresa e abaixou na mesma hora.

Seu rosto ficou vermelho. A vontade de chorar se multiplicou em seu peito. Como assim ela não havia percebido? Que droga! Que vergonha! Daniel se abaixou também e sorriu para ela.

— A gente comete muitos erros, azulzinha... - Stella o fitou — Mas acontece que com sua ajuda ou não, eu vou cuidar da minha vida, e do meu filho. E outra, apesar de você ser uma garota bem legal, eu não me importo com a sua vida, e você também não devia se importar com a minha.

— Eu só queria ajudar.

— E ajudou bastante, muito obrigado por tudo, outra vez, você é bem intrometida, e embora seja demais, é do jeito que eu gosto - ele riu de canto e tocou no rosto dela — E você me irrita bastante quando seus olhos brilham.

— Você é um idiota - Ela disse quase no sussurro, estava morrendo de vergonha, por tudo.

— Se eu fosse um completo idiota, sairia daqui com raiva, simplesmente por você achar que seus problemas, são maiores que os meus. Por achar que é a dona da razão, a mulher mais perfeita do mundo. Mas como sempre, você me ajudou.

— De nada pelo conselho. - Ela disse firme e ele riu.

— Na verdade, você não é feia, não o quanto eu pensei que fosse.

— O que? - Stella abriu a boca para xingá-lo. — Além de intrometida, e irritante, você vem aqui me chamar de feia? Mas eu só posso ter cometido o pior pecado de todos para ouvir isso de você.

— Com tantas roupas largas, eu achei que você fosse apenas uma vara fina. - Ela ficou agachada, paralisada de ódio. — Mas depois das palavras e de uma bela vista, você me ajudou a curar a ressaca, muito obrigado - Ele levantou deixando-a ali mesmo. — Espero não ter perdido sua amizade, e espero que com ela, eu consiga andar na linha a partir de agora.

— Vou pensar no seu caso, depois de achar minha dignidade - Daniel virou para ela assim que abriu a porta.

— Porque não procura uma calcinha vermelha, aposto que combina mais.

— SAI DAQUI!

Stella permaneceu agachada por alguns minutos, até ter a certeza absoluta de que Daniel não estava mais ali. Levantou a cabeça olhando em direção à porta e levantou devagar. Nunca se sentiu tão envergonhada como naqueles minutos que passaram. Seu rosto com certeza ainda estava vermelho, pois não era todos os dias que um desconhecido via a cor da sua calcinha e ainda opinava por uma cor melhor.

— Acho que te odeio Flint - Reclamou ao ir até a porta do seu apartamento e trancar. — Idiota. Babaca.

Do outro lado, Daniel riu ao ouvir os sussurros de xingamentos diretamente da boca de Stella para ele. Gargalhou e se afastou da porta. Olhou para os dois lados do corredor e tocou na maçaneta da sua porta, olhou para a dela novamente e riu. Stella era sim uma intrometida, mas ele gostava disso, pois a médica lhe ajudou bastante na noite em que ele quase perdia sua cabeça. E estava devendo mais de uma para ela.

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