CAPÍTULO 07
César Medeiros
Durante a aula, fiquei observando-a e suas feições mudaram no instante que seu olhar ficou cravado no simulado. Seus olhos analisavam minuciosamente o papel a sua frente e não demorou muito para uma expressão de surpresa assoma-lhe o rosto. Enquanto o anjo estava com várias dúvidas ao redor da sua mente, eu só conseguia imaginar sua voz gemendo meu nome, enquanto meu pau entrava profundamente. Cada vez mais forte, cada vez mais fundo, tocando o seu ventre.
Horas mais tarde me encontrava inquieto, ansioso pela expectativa do grande momento e depois que cheguei à casa de Richard, a mulher que ostentava um belo sorriso no rosto, já estava causando-me ânsia e, não via a hora de a garota surgir em minha frente. Contudo, quando ela apareceu no topo da escada, senti uma onda de eletricidade passar pelo meu corpo e uma forte luz no meu olhar, como se alguém tivesse acendido um facho.
Seus olhos estavam arregalados indicando o quanto estava surpresa pela minha presença Ângela, embora vestida bem diferente daquela imagem horrenda da escola, suas roupas ainda escondiam as belas curvas do seu corpo, porém, era como se eu pudesse ver muito além do tecido, o que só me deixou sedento de desejo. Quando ela se juntou a nós, a raiva percorreu cada fibra do meu corpo, queimando o meu peito ao ouvir as palavras da infeliz direcionadas a filha e, só então entendi o motivo pelo qual, ela ter aquela aparência e ser completamente o oposto da mulher que tinha por mãe.
No entanto, as atitudes de Gisele, só me deu a plena certeza que até o momento da minha partida, eu ouviria as palavras que tanto estava aguardando. E, após colocar o meu plano em ação, tanto Gisele, como Richard, não terão mais nenhuma influência sobre Ângela. Eu serei o seu dono e somente a mim, ela irá obedecer.
Estremeço violentamente quando ouço as palavras de Richard, ecoando no ambiente. Independente de quem fosse os pais dela, essa sempre foi uma tática infalível, já que o renomado professor César, sempre está disposto a ajudar seus alunos. Sendo assim, as aulas extras fora da instituição serviam para ter as minhas escolhidas exatamente no lugar que não poderiam escapar, se tornando uma presa fácil em minhas mãos.
Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei a voz irritante de Gisele.
— César! — com os três pares de olhos fixos em mim, meus lábios se libertam e assim que abri a boca, às palavras que eu estava ansioso para proferir, ressoaram no ambiente.
— Jamais negaria um pedido a um velho amigo, no entanto, eu já tenho alguns horários ocupados e desta forma, as aulas são administradas na minha própria casa. Além de o espaço ser equipado, conseguiria assim encaixar os horários — a isca foi lançada e agora só precisava ser mordida pelo peixe.
— Isso não será um obstáculo, ela tem um motorista a sua disposição. Pode levá-la e buscá-la após a aula — falou Richard.
— Só espero que desta vez não venha outro fracasso, de certo não puxou em nada para mim.
A cada palavra que saia da boca dela, eu sentia um calor insuportável me envolver. Mas, uma coisa ela falou certo, pois, se a filha tivesse puxado a mãe, certamente não teria despertado minha atenção. Entretanto, foi à cena que aconteceu em seguida que ganhou minha total atenção.
Os olhos da garota pareciam que iam saltar da face. Seu rosto estava pálido e no momento que o som da sua voz reverberou no ar, a raiva inflamou em minhas veias.
— Eu não preciso de aulas particulares.
“Doce Ângela, você não vai escapar de mim, nem que eu precise usar dos métodos mais sujos e obscuros pra isso.”
— Se você estivesse alcançado uma nota boa, até levaria sua opinião em questão. Mas, enquanto for menor de idade, fará o que eu mando.
Depois de falar tanta asneira, algo de bom foi dito pela infeliz a minha frente. E, era chegada a hora de dar um basta nessa situação, pois, amanhã mesmo teria essa coisinha deliciosa em minha casa.
— Ângela!
Novamente me tornei o centro da atenção de todos, feito isso, voltei a me manifestar.
— Saiba que o péssimo desempenho no simulado pode comprometer a sua nota no semestre. Você está tendo a chance de ampliar ainda mais o seu conhecimento e não estou fazendo isso pela amizade que tenho com o seu pai, mas porque acredito no seu potencial.
Ângela Souza
Depois das palavras ditas pelo professor César Medeiros, um desafio silencioso predominou na sala. Eu posso não ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas tinha plena certeza de que algo de errado aconteceu naquele simulado, porém, não iria adiantar em nada travar uma batalha com a mulher, que parecia sentir prazer em me menosprezar na frente dos outros, a minha única alternativa era, por hora, aceitar essa situação. Irei provar para Gisele que não sou a inútil que ela pensa e só poderei escapar dessas aulas, se demostrar ao professor, o quanto sou uma boa aluna. Talvez assim ele se convença que não preciso de aulas particulares.
Enquanto eles ficaram conversando, subi para o meu quarto e cada vez que vinha em minha cabeça essa ideia em ficar tão próxima a César Medeiros, o medo se instalava na boca do meu estômago, fazendo-me senti um nó gigante na barriga. Podia até ser uma invenção da minha mente, mas, eu tinha a sensação que devia ficar bem distante dele.
No dia seguinte...
— Menina Ângela, estávamos preocupadas — disse Marta, assim que entrei na sala.
— O engarrafamento hoje era intenso nos dois lados da via e não dava para pegar nenhum atalho. Cadê a Nina?
— Está na cozinha e os seus pais já viajaram.
Nem esperaram a minha volta da escola. Toda vez era a mesma coisa, nunca se despediam, coloquei a mochila em cima da poltrona e andei em direção da cozinha.
— Cheguei — disse assim que adentrei o cômodo.
— Estava preocupada.
— O que temos de almoço hoje?
— Menina, eu preocupada e você só pensando na comida — dei mais alguns passos e parei na sua frente, envolvo-a em um abraço apertado. Desfaço e beijo-lhe a bochecha.
— Obrigada, mas, eu estou faminta e já não via a hora de voltar a comer uma boa comida.
— Você não tem jeito. Desde pequena sempre devora tudo que colocava em seu prato.
Instantes depois, estávamos todos sentados ao redor da mesa, mas, engoli em seco quando ouvi as palavras ditas por Nina.
— Hoje a tarde começa suas aulas particulares. Sua mãe deixou instruções sobre seu horário.
Depois do que ela falou, eu ate perdi a fome. Levantei-me e fui para o meu quarto, após escovar os meus dentes e tomar banho, acabei me deitando. Fiquei lendo um pouco até que minhas pálpebras pesaram sobre meus olhos e o cansaço me derrotou e me venceu, logo adormeci.
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— Filha, acorda!
Abri meus olhos, sentindo-me ainda um pouco desorientada, tentava entender o que acontecia ao meu redor.
— Nina! O que aconteceu?
— Você tem uma hora para chegar à casa do professor. Sua mãe já ligou duas vezes.
Minha vontade era permanecer debaixo das cobertas, contudo, sabia muito bem quem eram as pessoas que sofreriam as consequências pelo meu ato, em desafiar minha mãe. Num pulo, me levantei e segui em direção ao banheiro, uns vinte minutos depois, já estava arrumada, indo em direção ao carro, onde Alberto estava me aguardando. Enquanto mantinha minha atenção no celular, o carro corria pela estrada, levando-me para um destino desconhecido.
Acabamos chegando no horário certo e assim que o veículo parou em frente ao enorme portão, o mesmo foi aberto. Saí do carro e um homem vestido todo de preto, apareceu no meu campo de visão.
— Boa tarde, senhorita. Sou Santiago.
— Boa tarde. Sou Ângela — virei-me na direção de Alberto e disse.
— Você pode ir e, por favor, se possível, chegue uns vinte minutos antes do combinado.
— Sim, senhora — voltei-me para o outro homem que me aguardava.
— Por favor, me acompanhe.
Com passos soturnos, caminho ao lado do homem. Meus olhos brilham encantados com a imagem a minha frente, não por ser uma mansão esplendorosa que ostentava uma majestosa fachada e sim pela beleza do jardim. Continuo andando e me deparo com uma grande piscina, tudo a minha volta é muito bonito. Depois que chegamos perto da porta dupla, de cor branca, o som da minha voz se faz presente.
— O professor está dando aula?
— A outra aula já foi há alguns minutos. Ele aguarda por você.
Entrei no ambiente e meu olhar ficou cravado no espelho enorme e fui conduzida para um corredor. A cada passo que eu dava, não conseguia desviar os olhos das imagens fixadas nas paredes, havia muitos quadros de pinturas do período da Roma antiga, mas, todas elas traziam certo erotismo. Estremeço com cada gravura que vejo, pois, em quase todos os quadros, as mulheres deixavam a mostra, partes do corpo.
Quando o homem parou em frente a uma porta dourada, antes que ela fosse aberta, meu olhar caiu sobre a frase que estava cravada na placa, fazendo meu coração se agitar no peito.
“Seu conhecimento te levará ao inferno! Pois digo que é melhor que o meu conhecimento me leve para tal, do que a ignorância me levar para o céu.”
Quando terminei de ler a porta foi aberta revelando a figura do homem, que ao contrário das vezes que o tinha visto, estava vestido casualmente e sem óculos. Seus olhos pareciam num tom mais claro, como duas bolas de gudes reluzentes. De repente, antes mesmo que meus pensamentos pudessem ser colocados em ordem, sinto um vento gelado passar pelo o meu rosto, no mesmo instante, o som da sua voz ecoou a minha volta.
— Bem-vinda Ângela. Espero que a partir de hoje, os seus conhecimentos possam ser expandidos.