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Capítulo 6

Roberta estava fazendo de tudo para ignorar as provocações de Ana, mas ter citado aquela intimidade a descontrolou e ela não podia deixar isso barato.

— Acho que você já falou demais. Se puder nos dar o privilégio do seu silêncio...

— Está me mandando calar? Estou na casa de Leandro, nem se casou e já está se achando dona de alguma coisa?

— Sim, cale a boca. Quanto a ser ou não dona, isso eu prefiro te mostrar!

Ana engoliu toda a sua raiva, não queria repelir ainda mais Leandro com suas inseguranças. Já que Roberta havia demonstrado ciúmes pela frase que ela havia acabado de dizer, estava na hora de avançar para um nível maior.

Leandro estava adorando ver como as duas se desafiavam por ele. O modo seguro como Roberta havia dito que seria sua esposa em breve o deixou ansioso para saber como seria a relação dos dois depois do matrimônio.

Roberta

Fiquei olhando os dois beberem aquelas taças de champanhe. O tempo inteiro ela brindava com ele e ficava se esfregando feito uma gata no cio. Passava suas pernas nas pernas dele. Até mesmo o Leandro estava com vergonha daquela situação e parecia ficar olhando a minha reação o tempo inteiro e se divertindo com ela.

Tomei apenas um gole daquele champanhe e devolvi a taça para ele. Não estava mais com vontade de ficar ali assistindo aos dois se esfregarem.

— Para onde você vai, Roberta? Achei que iríamos comemorar um pouco mais o nosso noivado...

Só podia ser mais uma das gracinhas dele para me deixar com raiva, e eu me afastei um instante. Isso não mudou o fato de que ainda estou sentindo aquela dor de cabeça.

— Não quero atrapalhá-los, muito menos compartilhar a minha presença, que neste momento e por causa dessa dor, não está muito agradável.

Leandro imediatamente interferiu para tentar convencê-la a ficar um pouco mais.

Roberta

Ele estava adorando nos ver naquele bate-boca. Não estou agindo com inteligência ao demonstrar sentimentos.

— Posso pedir que uma das empregadas traga um remédio.

Pela primeira vez, ele mostrava um pouco de empatia por algo relacionado a mim. Talvez para fazer ciúmes àquela mulher. E ele perdia tempo, pois ela já está caída por ele, e isso qualquer burro percebe. Não sei o que estou fazendo aqui nesta sala servindo de atração para esses dois. Acho que eles se merecem!

— Deixe-a ir, Leandro. Está evidente que algo a incomoda aqui!

Não fiz questão de responder mais nada. Simplesmente pedi licença e fui até a cozinha pegar meu analgésico. Tenho certeza de que o responsável por essas dores de cabeça recorrentes que venho sentindo é o grande estresse e a falta de sono pela preocupação com a minha irmã viva. Acho que só vou conseguir voltar a viver assim que a encontrar.

Roberta passou pelo corredor por um instante e ficou pensando em tudo que havia acontecido, na forma como Leandro lidou com aquela situação embaraçosa. Não sabia dizer qual das duas havia ganhado aquele embate, achava que ambas haviam perdido ao discutir por um homem que era totalmente promíscuo e nunca seria de ninguém.

Encontrou uma das empregadas que ainda não tinha sido liberada, provavelmente ela dormia no trabalho para cuidar das coisas da casa em tempo integral. Entre as pessoas que trabalhavam naquela mansão, aquela senhora era a única que tratava Roberta com educação e respeito.

— Que surpresa te ver fora do quarto a essa hora!

— É que estou com um pouco de dor de cabeça e me levantei para tomar um remédio.

— Sinto muito, vou providenciar agora mesmo um analgésico.

Roberta se sentou em uma das cadeiras e ficou esperando que ela trouxesse, até que voltou e entregou a ela uma aspirina junto com um copo de água gelada.

— Muito obrigada de verdade por ser sempre tão atenciosa comigo.

— Disponha, menina. Nem sempre as garotas que vêm até aqui trazidas por Leandro são amáveis e doces como você. Inclusive, aquela bruxa da Ana, entre todas, é a pior!

— Ela é namorada dele? — Roberta sabia que a resposta era não, mas de alguma forma ter a certeza daquilo faria diferença para ela.

— Não, Leandro não se amarra em absolutamente ninguém! Mas talvez alguém assim como você possa fazê-lo mudar de ideia.

Roberta sorriu e negou com a cabeça, achava que era uma hipótese totalmente furada. Talvez aquela mulher estivesse influenciada pelo fato de saber que eles iriam se casar, mas era um casamento totalmente motivado por interesse de ambas as partes.

— Nem ele nem eu estamos em busca de relacionamento e muito menos amor. Muito obrigada pelo remédio, vou me deitar agora e tentar dormir... Tenha uma boa noite!

Roberta estava ansiosa para passar novamente pela sala, mas deu uma sondada e viu que eles pareciam não estar mais lá, assim ela pode subir mais tranquilamente para o seu quarto.

Depois do que havia acontecido, Leandro não estava mais com clima para transar com Ana, e assim que Roberta havia saído, ele resolveu que simplesmente não queria mais e estava completamente sem vontade.

— Vem comigo, vou te levar!

Ela sorriu, achando que a mudança de planos dele realmente poderia ser por causa de Roberta e que ele planejava levá-la para um motel onde poderiam ficar mais à vontade. Toda empolgada, ela entrou no carro dele e afivelou o cinto de segurança. Leandro entrou e sentou-se no banco do motorista, dando a partida. Ana começou a passar a mão sobre suas coxas e tentar massagear seu órgão sexual...

— Pare com isso, Ana, agora mesmo!

Ela ficou furiosa com a recusa, mas também não perguntou nada e não queria quebrar o clima que pensava ainda existir. Assim que reconheceu que ele estava entrando justamente na rua em que ele possuía um apartamento e onde ela estava passando uma boa temporada...

— Por que está me levando para casa? Achei que iríamos para um lugar especial e transar a noite inteira!

— Não estou com vontade!

Ele simplesmente parou o carro em frente ao apartamento, e ela ficou furiosa.

— Está me dispensando por causa daquela insignificante, não é?

— Saia do meu carro agora. Não quero que me procure mais. Sei que a única coisa que você gosta mais do que dominar um homem é de dinheiro vivo. Fique com este apartamento!

Ela estava do lado de fora, ainda segurando a porta aberta. Ele então puxou a porta, fechando-a, e ligou o carro para ir embora.

Ao ver Leandro ir embora sem sequer olhar para trás, Ana ficou furiosa e arrasada. Agora, havia compreendido que Roberta poderia não ser tão insignificante para Leandro quanto ela pensava. Isso fez um desejo imenso de vingança nascer, e ela os faria pagar caro por isso.

Leandro voltou para casa e ficou pensando em Roberta antes de adormecer.

No dia seguinte, subordinados de Leandro telefonaram e deram notícias sobre Thaís.

— Tem certeza de que ela está neste orfanato?

— Sim, chefe. Temos a certeza absoluta de que é a menina!

Ele ficou muito feliz e sabia que essa notícia traria muito alento ao coração de Roberta. Subiu as escadas e foi até o quarto dela.

Bateu na porta, e Roberta abriu imediatamente, demonstrando surpresa ao vê-lo.

— Meus homens encontraram sua irmã!

Roberta: Meu coração se encheu de alegria. Minha reação foi tão imediata, ao dar um forte abraço nele, que sequer me dei conta de que ele não queria qualquer tipo de intimidade comigo. Me afastei de repente e sorri.

— Então, leve-me, por favor, até lá!

Entramos no carro, e ele estava dirigindo, de olho na localização do GPS. Percebi que um carro negro, de vidros fumê, estava nos seguindo desde muito longe. Achei melhor não dizer isso para ele. Ele pensaria que sou muito medrosa e não sirvo para esta vida.

Leandro parou no acostamento, e eu não entendi absolutamente nada.

— Por que estamos parando? — perguntei assustada.

— A natureza me chama, preciso urinar!

Neguei com a cabeça e senti vontade de sorrir, mas a vontade e ansiedade por encontrar a minha irmã estava tomando conta de mim. Ele foi atrás de uma árvore. O carro que eu pensei estar nos perseguindo já havia passado por nós.

Me estiquei inteira, sentada dentro daquele carro e olhando para ele ao longe, não que eu quisesse ver alguma coisa... apenas para controlar seus passos.

Segundos depois...

— Roberta, você sabe dirigir? — Ele perguntou, batendo no vidro e com a arma já na mão. Me deu um grande susto.

— Sim, mas não tão bem quanto eu gostaria!

— Passe para o lado do motorista, agora mesmo.

Percebi que ele estava muito amedrontado, então fiz o que ele me pediu. Comecei a dirigir, e assim que olhei pelo retrovisor, vi que era aquele carro novamente. Estávamos acabando de entrar no meio de uma rodovia, e eu precisava dirigir freneticamente para desviar de todos aqueles carros e tentar escapar, pois eles vinham em alta velocidade.

Leandro tentou mirar e acertar os pneus do automóvel que estava tentando emparelhar ao nosso, mas ele errou. Tive que pensar rápido, então deixei que eles ficassem bem ao nosso lado... girei o volante, pressionando e jogando-os para fora da estrada.

— Você é incrível, gata! — Ele me olhou sorrindo e limpando o suor da testa.

Comecei a gargalhar loucamente. Estávamos nos sentindo em meio a uma cena louca de filme de ação, e felizmente nós éramos os mocinhos.

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