Uma ajuda inesperada.
Um estrondo forte despertou Janete abruptamente do seu sono, e logo um homem uniformizado entrou, anunciando que logo chegariam a Dublim.
“Senhor, por favor, há algum banheiro onde eu possa me trocar?”, Janete perguntou, preocupada, onde ela poderia trocar de roupa para ir à entrevista de emprego.
“Senhorita, banheiro privativo está disponível apenas nas cabines especiais”, ele respondeu com certa impaciência, pois o Ferry estava muito cheio e vários passageiros saindo de suas cabines.
“ Só preciso trocar de roupa”, insistiu Janete, olhando-o com preocupada. “Tenho uma entrevista de emprego.O senhor entende?”, ela acrescentou, esperando que ele compreendesse a urgência de sua situação.
“Por aqui”, ele indicou, conduzindo-a a um banheiro.
“Seja rápida”, ele ordenou ao sair, deixando Janete sozinha. Ela tomou um banho rápido e vestiu um vestido preto até os joelhos que pertencia à sua mãe. Janete arrumou os cabelos e suspirou, fez uma oração pedindo auxiliar a Deus, precisava muito desse emprego. Logo que saiu, o homem que a ajudou apareceu ao seu lado.
“Senhorita, espero ter sido útil?”, ele perguntou, admirando sua beleza, embora Janete não tenha percebido.
“Sim, obrigada. Você sabe de algum quarto para alugar na cidade?”, ela perguntou, esperançosa. Ele retirou um cartão do bolso e entregou a ela.
“Diga que foi Jack quem indicou”, ele disse, admirando-a. “Agora, vamos”, ele a conduziu para o local de desembarque. Assim que o ferry parou no porto, Jack chamou um táxi e informou ao motorista para onde Janete precisava ir.
“Ele a deixará na hospedaria e assim poderá ir para sua entrevista. Boa sorte, moça bonita”, ele desejou retornando ao ferry, fazendo ela ficar com seu rosto fica vermelho.
O táxi estacionou em frente a uma casa grande e bonita. Antes de descer, Janete tentou pagar o motorista, mas ele recusou.
“Amiga de Jack é minha amiga”, ele explicou, sorrindo.
“Não é certo, por favor, aceite o dinheiro”, ela insistiu, não queria abusar da ajudar do homem.
“Senhorita, vá. Esperarei aqui”, ele disse com firmeza, deixando claro que não aceitaria mais discussão.
Janete saiu do carro, abriu um pequeno portão e caminhou até a porta da frente. O vento frio bagunçava seus cabelos enquanto ela caminhava. Ela tocou a campainha e uma senhora apareceu com um cesto cheio de legumes ao lado da enorme casa.
“Posso ajudar?”, perguntou olhando-a com curiosidade.
“Sou Maria! Jack me indicou para alugar um quarto”, Janete explicou, e a mulher sorriu amplamente.
“Entre”, ela convidou, levando Janete pela porta dos fundos. Um delicioso cheiro de comida fez sua barriga roncar, deixando-a envergonhada.
“Sente-se. Quer algo para comer?”, disse a mulher sorrindo.
“E-eu preciso ir para uma entrevista de emprego”, Janete respondeu, tímida.
“Nesse caso, vou lhe mostrar seu quarto”, a mulher disse, levando Janete por um corredor até chegar em frente a uma porta. Ela abriu, revelando uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira, uma janela, uma escrivaninha com cadeira, um armário espaçoso e alguns quadros decorativos. A senhora explicou como tudo funcionava, Janete pagou, pegou a chave, deixou sua bolsa e saiu apenas com uma pasta.
O táxi passou por portões de ferro e estacionou ao lado de vários outros carros.
“Vou esperar por você aqui”, disse o motorista. Janete assentiu com a cabeça, desceu do carro e caminhou em direção à enorme porta, que logo se abriu. Um homem uniformizado a olhou de cima a baixo por um momento antes de dizer:
“Deve ser a candidata a babá”, ele presumiu, abrindo caminho para ela passar.
“Senhor, eu não sou babá. Minha entrevista é para secretária”, Janete corrigiu-o quando ele a interrompeu com um olhar sério.
“Estranho, pois a única vaga disponível é para babá”, ele disse, mantendo seu tom sério.
“Entendo. Devo ter entendido errado”, Janete refletiu mordendo os lábios confusa, Maria havia dito que seria secretária.
“Certamente que sim. Venha”, ele disse, levando-a para uma área infantil.
“Crianças, esta é a…”, ele começou a apresentar, mas Janete logo se adiantou para se apresentar.
“Maria, mas pode me chamar de Mary”, ela disse.O homem a olhou de um jeito frio e estranho que a fez recuar.
“Desculpe”, ela disse juntando as mãos envergonhada com sua falta de educação.
Ele explicou as responsabilidades do trabalho e o salário.
“Eu preciso dormir aqui?”, Janete perguntou interrompendo confusa.
“Sim, o Senhor Scannell é um homem muito ocupado”, ele falou.
“Está bem”, Janete concordou, resignada.
“Ótimo. Crianças, despeçam-se de Maria. Ela estará de volta amanhã”, ele anunciou, e as crianças acenaram.
Enquanto motorista conduzia o táxi de volta à pensão, Janete ouvia atentamente suas histórias animadas sobre a cidade de Dublim. Entre uma curiosidade e outra, Janete descobriu que Jack, é irmão da mulher que alugou o quarto para ela, e que também era pai, e que o taxista se chama James. Essa revelação despertou sua curiosidade sobre a vida daqueles que cruzaram seu caminho na cidade.