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Ladra

“James, você poderia me levar a um brechó?” Janete perguntou, pensando que não havia trago consigo muita roupa consigo. Com um sorriso gentil, James concordou e, em poucos minutos, eles chegaram ao destino desejado.

Após explorar o brechó e encontrar algumas peças que lhe cairia bem, estava em dúvida sobre o que comprar.

“Posso ajudar?” uma vendedora muito simpática perguntou, Janete explicou que iria trabalhar de babá, para uma família muito importante e precisa esta bem vestida.

A vendedora ajudou a escolher várias peças, que ficaram perfeitas, retornou ao táxi com uma bolsa cheia de roupas. O tecido macio e os detalhes únicos de cada peça eram um lembrete do encanto e da história que ela descobrira naquele dia sobre Dublim. Alguns minutos depois estava em frente a casa onde havia alugado o quarto.

“Está entregue, Ellen”, James disse. Janete se despediu de James e entrou na pensão, ansiosa para experimentar suas novas e começar a trabalhar, havia conseguido fugir de Jorge.

“Venha, enquanto eu lavo essas roupas, você  comer algo?”, Ellen disse sorrindo.

Deitada em sua cama, Janete fez uma oração, pedindo a Deus para sua amiga melhorar e rogando para que Jorge nunca a encontrasse. Com o coração cheio de tristeza por deixar sua amiga para trás, e ainda usurpar sua vida, ela adormeceu.

No meio da noite, Janete foi despertada por um barulho estranho em seu quarto. Com o coração batendo acelerado, ela levantou a cabeça e olhou ao redor, vendo a porta se abrir lentamente.

“Ellen?”, Janete chamou, mas não houve resposta. Uma sensação de pavor a envolveu quando uma luz fraca iluminou o ambiente, uma silhueta se formou diante dela.

“Quem esta ai?”, perguntou sentindo o medo dominá-la.

“Esqueceu de mim, Janete?”, o espectro falou, fazendo ela arregalar os olhos.

“Maria!”, Janete exclamou, saindo da cama indo em sua direção.

“Você roubou tudo de mim!”, Maria rosnou, sua voz ecoando no quarto como um trovão.

“Meu emprego, meu futuro, e até  meus novos amigos. Você é uma ladra!”

O terror tomou conta de Janete enquanto ela ouvia as acusações de Maria, sua mente atordoada pela violência das palavras. Ela tentou se explicar, mas suas palavras se perderam no ar enquanto o medo a sufocava.

No entanto, Maria avançou em direção a ela, sua expressão contorcida por uma raiva selvagem. O coração de Janete batia forte em seu peito enquanto ela recuava, procurando desesperadamente uma saída.

Antes que pudesse reagir, Jorge apareceu ao lado de Maria, sua presença imponente enchendo o quarto com uma aura de perigo iminente. O terror tomou conta de Janete enquanto ela se via encurralada entre os dois, sem ter para onde correr.

“Pensou que ia fugir de mim?”, Jorge falou agarrando Janete pelo pulso, com sorriso diabólico.

“O que você quer de mim?”, Janete gritou, com sua voz tremendo de desespero.

“Vim buscar você, seu lugar é ao meu lado”, ele falar, puxando para si a beijando. Numa tentativa desesperada para se livra das garras dele, ela começa a se debater, acertando o  joelho na sua intimidade, isso o fez soltá-la.

“Não vai fugir”, Maria a segura pelos cabelos, com ódio, fazendo ela levar a mão ao cabelo, segurando para amenizar a dor.

Jorge e Maria trocaram olhares cúmplices, suas expressões sinistras fez o terror se instalara no coração de Janete.

“Maria, ele é um monstro”, Janete diz querendo alerta a amiga.

“É mesmo e o que fez comigo? O que transformou você”, Maria a encarando, com um olhar sinistro.

Eles avançaram em direção a ela, suas mãos estendidas em um gesto ameaçador, Janete correu em direção à porta numa tentativa de fugir, mas não conseguir abrir, começou a bater com força e se debate.

Jack finalmente chegou à casa da irmã onde também funcionava uma  pensão. Ellen, o recebeu com uma expressão séria e preocupada.

“Jack, que bom chegou!”, disse Ellen com um tom caloroso, dando um abraço rápido em seu irmão.

“A moça que você indicou ficou com o quarto ao lado do seu”, Ellen disse, mas ele percebeu  algo estranho na sua irmã.

“O que está acontecendo?.” perguntou puxando uma cadeira, sentado-se a mesa, esperando ela o servir e começar a falar.

“Não é nada”, ela disse colocando em sua frente um prato de sopa quente,junto com uns pedaços de pão.

“Está certo”, falou começando a comer, sua irmã sentou a sua frente o encarando e mexendo os dedos. Jack sabia que ela queria falar alguma coisa, já conhecia quando algo a incomodava.

“Essa moça, a Maria”, ela começou.

“O que tem ela?”, ele perguntou continuando a comer.

“Por que a indicou?”, Ellen perguntou encarando o irmão, já tinha visto uma história semelhante assim acontece.

Jack soltou a colher mastigou o pedaço de pão encarando a irmã, ele sabia muito onde ela queria chegar.

“É uma inquilina como qualquer outra”, disse  limpando a boca.

“Então por que mandou James fica rodando com ela?”, sua irmã perguntou “Jack, essa moça parece esta fugindo de alguma coisa”, ele ouviu ela fala.

Jack, surpreso com a notícia, franziu o cenho. “ Espero que não seja nada sério.?”, disse encarando a irmã.

Ellen assentiu, concordando. “O nome dela é Maria. Ela parece estar passando por um momento difícil. Talvez eu possa ajudá-la de alguma forma.”

“Claro, faça isso”, respondeu Jack, sentindo-se preocupado com a situação. Ele ajudou a arrumar a cozinha, foram deitar, os dois irmãos caminharam juntos pelo corredor até o quarto ao lado do de Jack. À medida que se aproximavam, os gritos vindos do quarto de Maria se tornavam mais audíveis.

“Isso não bom”, comentou Jack, com uma expressão preocupada.

Ellen concordou, sua preocupação refletida em seu rosto. “Sim, espero que ela esteja bem.”

Jack, arrombou rapidamente a porta, não queria que os outros inquilinos, acordasse com os gritos da moça. Janete, se debatia na cama,  era como se alguma coisa a tivesse agarrando

“Moça, acorde! Jack a segurou sacudindo ela de leve, Janete, abriu os olhos arregalados ao ver Jack e Ellen no seu quarto. Seu coração batia forte em seu peito enquanto ela tentava se recompor diante da surpresa. Olhos dos irmãos  pousaram sobre as marcas no corpo da moça que rapidamente se cobriu.

“Estava tendo um pesadelo”, Ellen falou sentando ao lado dela na cama enquanto seu irmão se afastou aguardando ao lado de fora.

“Desculpe, tenho esse pesadelo desde o acidente dos meus pais”, Janete mentiu com medo de ser descoberta, precisava manter essa farsa.

Minutos depois Ellen saiu puxando a porta que fora arrombada, olho para o irmão e suspirou preocupada.

“Viu as marcas no corpo dela?”, ela perguntou o encarando. Ele apenas assentiu com a cabeça indo para o seu quarto pensativo.

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