Capítulo 1
Gabriela
Me encantei com a cidade de Nova Iorque assim que chegamos. Priscilla já tinha vindo aqui antes com a família então me mostraria os sítios, como um guia turístico.
É lindo e agradeci tanto a Emílio por me ter levado até aqui, embora eu tenha vindo sozinha. Avisei que já tinha chegado e que estava tudo bem. Pediu que lhe ligasse a qualquer momento, se precisasse de alguma coisa. Agradeci mais uma vez.
Pedi que avisasse a minha mãe, pois eu não queria ligar para ela.
Temos uma relação complicada, não nos damos nada bem. Ela esperava que eu virasse uma prostituta cara, que me envolvesse com homens ricos e assim tivesse muito dinheiro. Nunca aceitei, repudiei a ideia mal a ouvi e isso a chateou. Em contrapartida minha irmã Bianca acatava firmemente os conselhos malucos da nossa mãe. Com uns 14 anos descobriu o tanto que podia conseguir com o corpo, o que foi motivo de orgulho para a mãe. Sempre sai produzida e frequenta festas de milionários, onde só rolam transas livres e dinheiro.
- Então, vamos? - Priscilla perguntou, parando na porta do carro com motorista providenciado pelo seu pai.
- Sim claro, vamos. - retruquei com entusiasmo, mal podia esperar para conhecer Nova Iorque.
Saímos do aeroporto JFK em direção a Manhattan, o trânsito está pesado e são exactos 27km do aeroporto ao hotel onde ficaríamos hospedadas, The Knickerbocker, que fica bem na Times Square.
- Estou tão entusiasmada! - exclamou a minha amiga. - Faz algum tempo desde a última vez que aqui vim e bem, estava com os meus pais, é sempre diferente. - ela sorriu.
- Pois, eu estou bastante entusiasmada também, mal posso esperar para conhecer a cidade.
- Oh você vai amar Gabi, eu sei que vai. - ela me abraçou e rimos.
- Estou tão cansada, que horas são Cilla?
- 17h, e com esse trânsito todo, aposto que umas duas ou três horas ficaremos no carro. - respondeu com tédio.
- Estou tão cansada, só me apetece tomar um banho e dormir. Mas quero tanto ver a cidade, principalmente agora a noite.
- É, as luzes, os casais andando por aqui, você vai amar, acredita. Quando chegarmos ao hotel vamos tomar banho e depois saímos para comer e andar um pouco pela cidade. - assenti com a cabeça, me encostando no banco do carro e mexendo no celular.
A viagem de carro foi cansativa, a distância não era tanta, mas a quantidade de carros que ali circulavam sim, o que impediu que andássemos por mais de uma hora.
Até que finalmente começamos a andar e depois de mais uma hora e meia chegámos ao hotel. Eu olhava para tudo completamente deslumbrada, a cidade é linda e tem tanta vida.
Os quiosques com comida nas calçadas impregnando o ar com o cheiro delicioso, os pássaros, as árvores, oh Deus, é lindo.
O hotel é grande e mesmo perto do Times Square. Situado em uma esquina de rua, possui algumas lojas em baixo e o edifício possui detalhes vermelhos e estrutura que lembra os tempos antigos.
O hall é lindo e cheio de luzes. Rapidamente fomos atendidas e levadas ao nosso quarto. Por fora, o hotel não exala tanto luxo como por dentro, sem ser excessivamente luxuoso.
É bastante moderno e cheio de luzes, o que me agrada bastante.
Ao entrar no quarto me deparei com uma decoração delicada e bastante linda.
Possui uma mesa em baixo da televisão posta na parede e algumas planas por ali, as duas camas bastante arrumadas e um sofá na parede perto da janela. O banheiro é lindo e espaçoso.
O quarto não é imensamente grande, mas muito bom para mim e a minha amiga, sendo que maior parte do tempo passaremos andando.
Rapidamente arrumámos as nossas malas e separamos alguma roupa para usar esta noite quando fôssemos andar um bocado.
Fui a primeira a tomar banho e depois de 20 minutos me vestia enquanto Priscilla tomava seu banho.
Me vesti de calções jeans meio surrados, um crop top branco e meus ténis all star brancos.
Penteei meus cabelos castanhos e os prendi em um rabo de cavalo.
Passei lápis e rímel nos olhos. Um batom rosa fraco nos lábios e estava pronta.
Esperei mais uns 20 minutos para Priscilla ficar pronta. Usou calções brancos e um crop top preto e ténis vans pretos.
Como eu, penteou seus cabelos loiros em um rabo de cavalo e saímos.
Decidimos andar pelo Times Square e comer alguma coisa.
Eram quase 21 horas e eu estava faminta.
Andámos pelas ruas enquanto eu admirava tudo a volta, fascinada com a beleza de tudo.
Comemos no restaurante Olive Garden e depois decidimos andar mais um bocado pela cidade.
Como era tarde, não queríamos andar tanto por uma cidade desconhecida, então fizemos o nosso caminho de volta para o hotel.
Em uma calçada, umas duas quadras do hotel, cheirava tão bem, então parámos para comprar o que era uma espécie de donut em cone, cheio de chocolate e nutella.
Peguei em um cone no espeto e trinquei, saboreando logo a primeira.
- Oh meu Deus! Como isto é bom. - disse extasiada, fascinada com o sabor maravilhoso daquilo.
- Um orgasmo culinário. - Priscilla retrucou e eu ri bastante.
Em um momento hilário com a minha melhor amiga, observei um carro passar.
Era um Jeep Grand Cherokee de última geração, completamente preto, extremamente lindo. Mas não mais lindo que o homem dentro do carro.
Era lindo, o rosto másculo, cara de mau e com olhar penetrante. Visivelmente musculoso, mesmo escondido pelo fato caro, provavelmente feito a medida. Me fitava atentamente, penetrante, e diante do seu olhar me senti pequena de mais, como um bichinho assustado.
Estremeci da ponta do dedo do pé até o último fio de cabelo.
Me perguntei o que seria aquilo, me senti quente e diferente. Não conseguia parar de olhar, mesmo se distanciando a medida que o carro andava.
Que raio de homem era aquele? Um Deus Grego, só podia.
E que raio de sensações são essas em mim?
O resto do caminho foi feito em silêncio, ou pelo menos eu estava em silêncio, pensando no homem lindo que vi na rua.
Quem era? Será que o veria de novo?
Eu quero o ver de novo? Oh claro que sim.
O que me assusta bastante, apenas olhei para ele uma vez e ansiava por uma outra vez. Não consigo parar de pensar nos seus olhos penetrantes e o olhar de mau.
Terá sentido a mesma atração por mim?
- Gabi, você está me ouvindo? - olho para a minha amiga, me desconectando dos meus pensamentos.
- Oi? Perdão, estava distraída.
- Estava dizendo que amanhã poderíamos fazer compras e o outro dia passear para conhecer a cidade e depois mais compras. Afinal, temos 15 dias para explorar tudo.
Concordei prontamente. Primeiro por querer conhecer a cidade e fazer compras, claro, e segundo por ter esperanças de que nessas andanças encontraria aquele homem novamente.
Suspirei enquanto entrávamos no hotel e apanhávamos o elevador para o nosso quarto.
Ao entrar no quarto, rapidamente tomei um banho rápido e coloquei meu pijama de calças de flanela brancas com imensas bolinhas coloridas e uma blusa de alcinha branca.
Me deitei na cama enquanto mexia no celular, a espera da minha amiga sair do banheiro e se aconchegar na outra cama.
Enquanto isso, liguei para Emílio que atendeu no terceiro toque:
- Oi querida, como está? - perguntou.
- Está tudo bem Emílio, mais uma vez obrigada pela viagem, é lindo aqui.
- Ah que nada querida, você merece. Se esforçou duro na faculdade e já está terminando, não sabe o quanto estou orgulhoso. - falou com orgulho carregado na sua voz.
Algumas lágrimas se formaram nos meus olhos, por ele ser tão carinhoso e cuidado comigo, como um verdadeiro pai. Me ouviu fungar um bocado e disse prontamente:
- Não chore querida, está tudo bem. - Me garantiu. - Olha, meti dinheiro no seu cartão, para usar na viagem, assim não precisa mexer a sua mesada. Faça compras, se mime, por favor.
- Eu agradeço tudo, mas sabe que não gosto disso, não me sinto à vontade. - murmurei, sincera.
- Eu sei que não, mas não entendo por quê, é como a filha que nunca tive e quero lhe mimar. Sempre fui um pai para você, desde que a conheci e sei que me vê assim, e esse dinheiro não muda nada para mim querida, e você sabe. Faço mais que isso por hora, então apenas aceite por favor, senão me fará ficar triste. - chantageou.
- Tudo bem pai, obrigada. - agradeci derrotada.
- Falou com a sua mãe?
- Não, e nem intenciono. Assim que regressar podemos conversar? - perguntei, decidida a seguir com o meu plano. Me mudar e viver sozinha! Começarei a trabalhar e viverei feliz longe da senhora maluca que no fundo nunca foi uma mãe para mim!
- Tudo bem então querida, a deixarei descansar. Te amo. - respondi e logo desligou.
Minha relação com a minha mãe sempre foi conturbada, desde o momento em que passei a contradizer as maluquices que dizia. Mas agora tinha atingido o pico, e eu queria desesperadamente me afastar.
- Então, o que te incomoda? - Priscilla indagou, nem a tinha visto se deitar na cama.
- Tudo Priscilla. A minha mãe maluca e Emílio querendo me mimar, não me sinto à vontade, ele sempre garante que o dinheiro não é problema e nunca lhe faz falta e que gosta de me dar o melhor. E hoje, vi um homem Priscilla. - me virei para ela enquanto falava. - Um homem lindo, passando de carro quando comprámos os donuts em cone. Lindo, másculo e com um olhar penetrante. Despertou coisas em mim e só penso em me encontrar com ele mais e mais! Me peguei imaginando cenas pornográficas com aquele homem que parece um Deus Grego! O que eu faço? - pergunto desesperada.
- Primeiro, esquece o assunto da sua mãe Gabi, eu sei como ela é e o que sempre aconteceu, você quer se distanciar e acho que é o melhor também, de certeza que Emílio vai te apoiar, não se preocupe. Segundo, Emílio desde sempre te viu como filha, sempre te tratou como tal, sei que também o vê como pai e o admira, é normal que ele queira te dar coisas, te mimar, te dar do melhor, ele é tipo super hiper mega milionário, apenas deixe que ele o faça, ele sabe que você não é como sua mãe que só quer sugar o dinheiro dele, mas não se prive de certos privilégios, ainda mais de alguém que é como seu pai e te vê como filha. Agora, em terceiro lugar, que homem é esse e porquê não me mostrou? E que história é essa de imaginar cenas pornográficas? Nossa, é virgem só de corpo mesmo.
Escutei tudo atentamente e ri bastante da última observação. Preferi deixar passar o assunto da minha mãe e de Emílio, me focando no que realmente me interessava.. aquele homem de outro mundo.
- Ah Priscilla, foi muito rápido e eu me prendi no olhar dele. Me olhava atentamente e por um momento me senti bastante pequena comparada a ele, como um animal assustado e ele um predador. Mas quero encontra lo novamente, desejo lhe ver e lhe tocar. Estou ficando maluca? - indaguei preocupada.
- Não querida, não está, mas vá com calma, você nem o conhece e tão pouco sabemos se voltará a vê lo. - assenti com a cabeça e me meti nas cobertas.
- Até amanhã boneca, estou cansada e cheia de sono. - disse para ela.
- Até amanhã Gabi. - ela respondeu se aconchegando dentro das cobertas e fechar os olhos.
Eu continuei olhando o teto, incapaz de tirar aquele homem da cabeça.