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Capítulo 5

A maioria dos homens do meu pai e a companhia que os rodeava já tinham passado do sítio onde estavam sentados. Esta era a vida que levavam, bebendo até cair no esquecimento. Eu estava atualmente sentado no bar, desejando estar em casa, enrolado no sofá com um bom livro.

Estes últimos dias tinham-me tirado o sono. Precisava de pelo menos um dia de sono antes de pensar sequer em ir para casa.

A minha mãe não tinha saído do colo do meu pai, exceto quando foi buscar-lhe uma cerveja. Acho que era tão fácil voltar a cair nos maus hábitos.

"Ava, porque não vais descansar um pouco? Pareces exausta, querida". A minha mãe sorriu ao aproximar-se do bar.

Revirando os olhos, passei uma mão pela cara. Como é que chegámos a este ponto? Porque é que eu queria tanto conhecer o meu pai. Quem me dera não ter vindo aqui, porque o meu instinto dizia-me que não teria oportunidade de me ir embora.

"Ava?". A minha mãe estalou os dedos em frente da minha cara: "Vai descansar um pouco, vou arranjar-te um quarto".

"Não preciso de descansar. Menti: "Preciso de entrar no meu carro e ir para casa". murmurei, vendo a cara da minha mãe descair.

"Até logo". Ela respondeu antes de pegar numa cerveja e voltar para junto do meu pai. Ela nem sequer tinha estado aqui um dia e eu já conseguia ver as mudanças nela. Como é que foi tão fácil para ela voltar a cair no colo dele depois de tudo o que ela disse sobre ele. Depois de tudo o que ele lhe tinha feito.

Respirando fundo, desci do banco do bar e dirigi-me a eles. Precisava mesmo de dormir. "Onde é que posso ficar por umas horas?". Perguntei, vendo o olhar do meu pai cair sobre mim. Era uma loucura como eu era tão parecido com ele, mas éramos tão diferentes.

"Vai até ao fundo do corredor, podes ficar no último quarto à esquerda. É de um dos meus rapazes, mas ele só volta mais tarde". Ele falou, bebendo um longo gole da sua cerveja.

Acenando com a cabeça, virei-me sobre os calcanhares e fui nessa direção. Abrindo a porta, olhei à volta do quarto. Pousando os olhos na cama de casal, mal podia esperar para me deitar e esquecer o dia de hoje. Fechando a porta atrás de mim, comecei a despir-me para poder tomar um duche rápido. Sentia-me nojento e provavelmente também não cheirava lá muito bem.

Liguei o chuveiro e deixei-o aquecer durante alguns minutos antes de entrar. Assim que a água começou a bater nas minhas costas, um gemido escapou-se da minha boca enquanto os meus músculos se relaxavam. Peguei no gel de duche, espremi um pouco na minha mão e comecei a lavar o meu corpo. Espero que a pessoa a quem pertence este quarto não se importe que eu use as coisas dele.

Depois de ficar debaixo do chuveiro e deixar a água bater no meu corpo, decidi que estava na hora de dormir. Desliguei o chuveiro, peguei na toalha e enrolei-a à volta do meu corpo.

Quando saí do duche, voltei para o quarto e procurei em algumas gavetas. Os rapazes pareciam bastante simpáticos, por isso espero que o dono do quarto não se importe que eu leve a sua roupa emprestada por algumas horas.

Vesti uma t-shirt e uns boxers, puxei os cobertores para trás e deitei-me no meio da cama. Puxando os cobertores até ao pescoço, enterro a cabeça nas almofadas. Há dias que não me sentia tão relaxado. Soltando um suspiro tranquilo, sinto os meus olhos a fecharem-se. Quando estava prestes a adormecer, ouvi a porta abrir-se e fechar-se.

"Gostas dessa coisinha linda que andas a comer. Sugiro que não me deixes ficar mal". Ele disse, batendo com o telemóvel em cima das gavetas.

Engolindo com força, eu conhecia aquela voz de longe. Claro que ele me ia pôr no quarto do Blazes. Eu ia oficialmente matar o meu pai. E lá se vai o facto de ele só voltar mais tarde. Que raio ia eu dizer?

Olhei para ele, que estava de costas para mim. Será que ele se apercebeu de que estava alguém na sua cama? Puxando o cobertor para cima, enterrei a cabeça para que ele não pudesse ver a minha cara e eu já não o pudesse ver a ele.

Boa, Ava. Não que ele fosse reparar num caroço deitado na sua cama. Idiota!...

"Só porque te fodi uma ou duas vezes, não te dá o direito de estares no meu quarto. Como raio é que entraste aqui?". Disse ele, não parecendo muito amigável.

Deixando escapar um suspiro, puxei os cobertores da minha cara para o encontrar a olhar para mim, com o cigarro a cair da boca.

"Porque é que estás aqui?". Perguntou, pegando no cigarro e dando uma passa.

Eu tinha de me armar em esperta e tinha de pedir desculpa porque tinha sido uma completa cabra para ele. "Precisava de dormir um pouco antes de sair. O meu pai disse-me que podia dormir aqui. Não sabia que era o teu quarto e desculpa por invadir a tua privacidade e usar o teu -"

"Querida respiração". Ele sorriu, cortando-me a palavra.

Cruzando os braços sob o peito, mantive o olhar nas cobertas da cama. "Se queres que me vá embora, eu vou. Vou procurar outro sítio para dormir". murmurei, tirando os cobertores de cima de mim e levantando-me.

Quando ganhei coragem, olhei para ele e vi que já estava a olhar para mim, e os seus olhos percorriam cada centímetro do meu corpo. Senti-me extremamente nervosa e estranha. Estava num quarto de um tipo que nem sequer conhecia e com as roupas dele vestidas. Não podia ser mais estúpida.

"Não, querida, podes ficar aqui. De qualquer forma, é melhor ficares no meu quarto". Ele disse, tirando a t-shirt e atirando-a para um canto. "Vou tomar um duche. As camas são todas vossas". Disse ele, apagando o cigarro antes de entrar na casa de banho.

Eu tinha de dizer alguma coisa. Ele estava a ser muito simpático e eu não conseguia afastar a culpa que estava a sentir. Ele tentou ajudar e eu agi como uma cabra. Voltei a subir para a cama dele e decidi pedir desculpa quando ele saísse e depois ia-me embora. De certeza que havia outro sítio onde eu pudesse dormir.

Eu nem sabia por onde começar. Blaze estava sendo legal, mas seu humor mudava mais vezes do que o tempo. Num minuto ele era simpático e no outro agia como um idiota.

"Eu acredito que isso pertence a você?".

Virando meu olhar para ele, eu corei. Ali estava ele, à entrada da porta, com uma toalha pendurada nas ancas e as minhas cuecas a balançar no dedo. Ao ver o sorriso e o olhar de luxúria que ele me lançava, fiquei ainda mais embaraçada.

Cobrindo a cara com as duas mãos, gemi. Como é que me esqueci de levantar as cuecas?

"Será que isto podia ficar mais embaraçoso? murmurei, fazendo-o soltar uma gargalhada.

"Parece que estás sempre a envergonhar-te ao pé de mim, querida. Começo a pensar que gostas de mim". Ele disse e eu sabia que ele ia ficar com um sorriso de merda na cara.

Tirando as mãos da cara, a minha boca abriu-se quando ele meteu as minhas cuecas na gaveta: "Vou precisar delas de volta". disse eu acenando com a cabeça para a gaveta dele.

Sorrindo para mim, ele abanou as sobrancelhas: "Acho que vou ficar com elas". Tirando outro cigarro do maço, acendeu-o. "Guarda-os por todas as vezes que foste um chato para mim".

"Pergunto-me o que é que o meu pai diria". Eu sorri, cruzando os braços sob o peito.

Ao ver o sorriso cair do seu rosto fez-me rir "Posso tê-los de volta agora?". Perguntei, levantando-me da cama

"Nunca pensei que fosses a rapariga que corria para o pai". Ele sorriu, deixando cair a toalha da cintura.

Santo Deus!!! Os meus olhos foram directos para o seu pacote. Não consegui evitar, estava mesmo ali. Mordendo o lábio, fiz a primeira coisa que me veio à cabeça. Tapei os olhos com as mãos. Claro que já tinha visto um antes. Afinal de contas, sou médico, mas nunca tinha visto um assim tão grande.

"Olha para ti a fazeres-te de inocente". Ele riu-se: "Não me digas que nunca viste uma pila antes".

Não respondi, claro que sim, mas nunca tinha tido contacto com uma, pelo menos não sexualmente. Já me tinha envergonhado o suficiente no tempo que tinha estado aqui. Tirando as mãos da cara, evitei o seu olhar e comecei a apanhar a minha roupa do chão.

"Mas que raio, não tens". Disse ele, parecendo surpreendido.

Olhando de relance para ele, tentei manter os meus olhos na sua cara e não os deixar passar para os seus pedaços de homem. Tinha de me afastar dele antes que as minhas bochechas ardessem. Ser virgem aos 23 anos era assim tão mau?

Depois de ter recolhido a minha roupa, dirigi-me à porta: "Obrigada por me deixares usar o teu quarto". Sussurrei, desejando que o chão me engolisse. Ele não precisava de saber mais nada, especialmente se só se ia rir de mim.

"Ava, olha, desculpa". Disse ele, vestindo um par de boxers.

"Eu lavo-te a roupa e trago-ta antes de me ir embora". disse eu, ao mesmo tempo que abria a porta.

Lá se vai a ideia de dormir antes de me ir embora. "Não te vás embora". murmurou ele. Sentia a sua frente contra as minhas costas. Sentindo o arrepio percorrer-me o corpo, fechei os olhos. Não conhecia este homem há mais de dois dias e já gostava dele. Nunca antes tinha sentido uma atração imediata por um homem.

Ao ouvir a porta fechar-se, os meus olhos abriram-se e virei-me. "Queres rir-te de mim mais um pouco? Perguntei-lhe, levantando o olhar para poder olhá-lo nos olhos. "Eu já vi um antes, não sou um completo falhado. Não que eu precise de me explicar". Bufei, cruzando os braços sobre o peito.

"Desculpa, mas pensei que, sabes..." Ele suspirou, passando uma mão pelo cabelo, incapaz de terminar a frase.

"Pensaste que, por eu ter este aspeto, teria de ter dormido com muitas pessoas, certo? Perguntei, afastando-me um pouco para não estar tão perto dele.

"Pois". Ele respondeu

"Errado, eu concentrei-me apenas no meu trabalho escolar e isso valeu a pena. Tinha de me concentrar e ter um namorado ter-me-ia impedido de o fazer. Tinha de fazer algo por mim próprio". Eu disse, sentindo as minhas emoções a levarem a melhor.

"Uau querida, acalma-te". Ele sussurrou, levantando a mão para limpar as lágrimas do meu rosto. Não me tinha apercebido de que estava a chorar.

Porque é que eu estava a chorar?

"Sinto muito Blaze". Falei, sentando-me na cama dele. "Desculpe-me por ter chorado em cima de você e desculpe-me por agir como uma cadela mimada. Você não merecia isso".

"Foram uns dias difíceis?". Ele perguntou, sentando-se ao meu lado.

Limpando os olhos, sorri: "Pode dizer-se que sim. Acho que isto é tudo novo para mim. Quero dizer, já viste as raparigas que vêm aqui. Sinto-me tão deslocada".

Rindo, ele colocou a mão no meu joelho e apertou-o suavemente: "És linda, Ava, não deixes que ninguém te diga o contrário. Essas raparigas estão desesperadas por se tornarem senhoras idosas. Fazem tudo e mais alguma coisa para lá chegar. Não te preocupes com nada, o teu pai enfiava uma bala na cabeça de qualquer pessoa que te tocasse. Homem ou mulher".

"Ele não precisa de meter uma bala na cabeça de ninguém. Amanhã já me terei ido embora". respondi, sentindo o seu corpo tenso ao meu lado.

"E a tua mãe? Ela parece contente por estar aqui". Disse ele, com a mão a acariciar-me suavemente a perna.

Teria a mão dele estado a fazer aquilo o tempo todo?

Encolhendo os ombros, olhei para ele: "A minha mãe já fez tudo isto antes. Não acredito que ela tenha voltado a cair diretamente no mesmo. Eu é que queria encontrar o meu pai, ela foi contra desde o início. Ela nem sequer sabia que eu vinha para cá e agora é ela que não quer voltar para casa".

"Adoro o homem, adoro o clube, querida". Ele disse, tirando a mão da minha perna e levantando-se. "É a nossa vida".

"Sim, mas não é a minha. Não pertenço aqui, acho que nunca vou pertencer. Posso perguntar-te uma coisa?".

"Dispara, querida".

"Que idade tens e onde está a tua velhota?" Perguntei sem fazer ideia porque o fiz.

"Que 21 perguntas são essas?" Ele sorriu, repetindo uma resposta que eu lhe tinha dado antes.

Sorrindo para ele, encolhi os ombros: "Só estou curioso, mais nada". Respondi, observando-o enquanto ele vestia as calças de ganga.

"Tenho uma velhota, só que ela ainda não o sabe". Disse ele, enfiando a arma na parte de trás das calças. Porque é que a resposta dele me fez cair o estômago. Ela era de certeza uma senhora com sorte.

"Idade?". Eu perguntei puxando meus joelhos até meu queixo. Blaze não era tão assustador quanto eu pensava. Bem, eu acho que qualquer um poderia ser assustador quando eles estão segurando uma arma na sua cabeça, mas eu me senti segura com ele.

"Muito velho para ti, querida". Ele piscou o olho, puxando o capuz antes de colocar o seu corte.

Acho que essa foi a minha resposta. "Eu considero que 40 anos é demasiado velho para mim". Pisquei o olho sem fazer ideia de onde vinha a minha coragem. "E não há maneira de seres mais velho do que o meu pai".

"Bem, olha para ti a ficar todo confiante". Ele sorriu, fazendo-me sorrir. "Digo-te uma coisa, se ficares, digo-te a minha idade".

O sorriso caiu-me da cara. Estaria ele a tentar subornar-me, porque de certeza que não ia resultar. Porque é que ele queria que eu ficasse?

"Pensa nisso, querida, tu pertences aqui, sabes que pertences. Serás bem tratada e poupar-me-ás muitos quilómetros na minha bicicleta". murmurou ele.

Quilómetros de bicicleta, de que é que ele estava a falar?

"Quilómetros na tua bicicleta?". Perguntei-lhe confuso.

"Todos os fins-de-semana ele pedia-me para ir ver se estavas bem?

"Espera aí". Eu disse, levantando-me da cama: "Naquele primeiro dia em que me viste, sabias exatamente quem eu era e depois quando eu estava estacionado à porta do clube e me fizeste cagar nas calças. Isso foi tudo para mostrar?" Eu irritei-me.

"Acalma-te". Ele sibilou: "Não tive escolha, não podia deixar-te saber quem eu era. Tinhas de vir aqui de livre vontade e vieste".

Agora eu estava zangado. Aqui estávamos nós a dar-nos bem e eu a sentir-me culpada por ter sido horrível para ele, enquanto ele sabia exatamente quem eu era o tempo todo. "Há quanto tempo andas a observar-me?" Perguntei-lhe.

"Não interessa". Respondeu ele, acendendo um cigarro. "Acalma-te, Ava". Ele estalou, aproximando-se de mim e agarrando-me pela cintura. "Não vás lá para fora com as armas em punho ou juro que não vais gostar do resultado".

Puxando-lhe o braço, peguei na minha roupa: "Não vou fazer nada se me disseres há quanto tempo me observas".

"Já te disse que não interessa".

"Tudo bem. Não me interessa, amanhã já me terei ido embora". A caminho da casa de banho, fechei a porta e comecei a preparar-me

"Ava". Ele estalou, batendo na porta. "Ava, se não abres a porta, parto-a toda.

Abrindo a porta só com o meu soutien e os seus boxers, os seus olhos percorreram o meu corpo "O quê". Eu gritei sem estar preparada para o que ele fez a seguir.

Ele beijou-me, beijou-me como se não houvesse amanhã e maldita seja eu por o beijar de volta.

Quando a realidade se instalou, empurrei-o de mim e olhei para ele: "O que pensas que estás a fazer? Disse-lhe limpando os lábios.

"Não sabes quanto tempo esperei para fazer isso". Ele sussurrou com luxúria, persuadindo as suas palavras. "Prepara-te, querida, porque vou meter-te na minha cama e na parte de trás da minha bicicleta". Ele sorriu antes de se ir embora e deixar-me sem palavras.

Mas que raio?

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