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Capítulo 3(2)

"Já te disse que não vou voltar para a casa do clube". Olhei para ele enquanto colocava as mãos nas ancas. Isto já estava a acontecer há pelo menos meia hora. Esperava que ele se tivesse ido embora e me tivesse deixado, mas não tive essa sorte.

"Sobe para o raio da bicicleta, Ava. Não te vou dizer outra vez". Ele rosnou, passando uma mão pelo cabelo.

"Onde é que me levas e porque é que não posso levar o meu carro? Perguntei-lhe enquanto me aproximava dele.

"Levo-te a um motel ou assim, mas, por favor, sobe para a porcaria da bicicleta".

Suspirando, desisti. Estava a ficar frio e eu precisava desesperadamente de dormir. "Tudo bem, mas só porque estou cansado".

Enquanto montava a bicicleta, atirou-me o capacete para eu o usar. Quando subi atrás dele, coloquei as minhas mãos nos seus lados. Porque é que eu não o podia ter seguido no meu próprio carro?

"Vais ter de te agarrar com mais força do que isso, querida".

Enfiando a língua nas suas costas, envolvi-o com os meus braços, de modo a que se tocassem no meio.

"Feliz?". Gritei quando a mota ganhou vida e saímos a toda a velocidade do parque de estacionamento.

Nunca tinha estado na parte de trás de uma mota e agora sabia a razão. Eu estava com medo, caso eu caísse. Enquanto Blaze acelerava, meus braços se agarravam mais a ele, deixando-me sentir bem seu torso. Ok, agora não era a hora de sentir, mas você não pode me culpar. O músculo era tudo o que eu sentia, não que conseguisse apalpá-lo bem, mas o seu peito era sólido.

Quando a brisa soprou no meu cabelo, não pude evitar o sorriso que surgiu na minha cara. Isto não era tão mau como eu pensava que seria. Isso me deu uma sensação de liberdade e Blaze realmente sabia o que ele estava fazendo, então os nervos e a sensação de medo logo desapareceram.

Diminuindo a velocidade, ele puxou a moto para uma entrada e a desligou. Olhando ao redor do lugar, uma carranca apareceu no meu rosto. Isto não era um motel.

"Onde é que estamos?". Perguntei enquanto desmontava a mota. Tirando o capacete, passei a mão pelo cabelo e passei-lho de novo.

Colocando o capacete sobre o seu espelho retrovisor, ele sorriu-me: "Bem-vindo a minha casa, querido. Não podia deixar a minha filha presidente ficar num motel, pois não?

Doces?

"Está bem?". Respondi, embora tenha sido mais uma pergunta.

"Olha, vais estar muito mais segura aqui do que em qualquer motel e eu preciso de me limpar e de roupas novas". Disse ele, apontando para a cara.

Parecia bastante inchada e o corte por cima da sobrancelha tinha um aspeto horrível. Encolhendo os ombros, segui-o para dentro.

Era o que eu esperava, pura e simplesmente, não que tivesse algum problema com isso. Desabando no sofá, segui a figura de Blazes até ele desaparecer. Agora que finalmente me tinha sentado confortavelmente, sentia o meu corpo a entrar em modo de paragem. Os meus olhos estavam a ficar pesados e eu estava quase a dormir quando o ouvi praguejar.

Levantando-me do sofá, fui até onde ele tinha desaparecido e encontrei-o sentado à mesa da cozinha a tentar coser o corte.

"Deixa-me fazer isso". disse eu, dirigindo-me a ele.

"Não obrigado, princesa. Não quero que sujes as tuas mãos". Ele sorriu, pegando no cigarro que estava no cinzeiro.

Olhando para ele, mordi o interior da minha bochecha: "Não sei o que pensas de mim e, francamente, não me interessa, mas, por amor de Deus, deixa-me fazê-lo antes que faças mais estragos". sibilei, tirando-lhe a agulha da mão.

"O que é que tu sabes sobre coser pessoas?". Ele perguntou enquanto continuava a fumar.

Apetecia-me esmurrar-lhe a cara de convencido. Era óbvio que ele pensava que eu não sabia nada.

"Sou médico, idiota. Agora cala-te e deixa-me fazer isto antes que fique infetado". Suspirei, pegando em alguns toalhetes anti-sépticos.

"Não me digas". Perguntou ele, olhando para mim com os olhos arregalados. Nem pensar".

"Sim, agora cala-te antes que eu te cosa a boca". Ainda não conhecia este tipo há um dia e já estávamos a discutir como um velho casal.

..................

Depois de dar o último ponto, soltei a linha da agulha e fui lavar as mãos.

"Como é que ficaste com isso, afinal? Antes estavas bem". Falei, secando as mãos nas calças de ganga.

Olhando para mim, ele levantou-se e dirigiu-se para o frigorífico. Tirou duas cervejas e entregou-me. Eu não era grande bebedor de cerveja, mas precisava de uma depois desta noite.

"O teu velhote". murmurou, bebendo um longo gole da sua cerveja.

O meu pai fez-lhe isso?

Com a cerveja na mão, fiquei a olhar para ele. Porque é que eu estava aqui, porque é que o meu pai dizia que me queria de volta a casa com a minha mãe e depois mandava o seu VP tomar conta de mim?

"Olha, querida, o teu pai não é má pessoa. Ele é...

"Não estou interessada no que tens a dizer sobre ele". sussurrei, tomando um longo gole e voltando para a sala de estar. O que aconteceu hoje com o meu pai deu-me uma visão diferente dele. Não o queria voltar a ver, não se isso me fosse magoar assim tanto. Eu só queria uma coisa, que ele estivesse lá para mim e, no entanto, ele nem isso conseguia fazer. Ele não queria, não tinha tempo.

O que você quer dizer com "não está interessado"? Blaze perguntou se jogando na cadeira em frente a mim.

"O que isso tem a ver com você? Por que você se importa?". Eu perguntei pegando meu colar só para lembrar que eu o devolvi.

Enquanto ele se movia, a sua mão deslizou para o bolso da frente. "Estás à procura disto?". Lá estava ele, pendurado no seu dedo.

"Porque é que tens isso? Eu respondi, sentindo-me muito defensiva. Ele não devia ter o meu colar.

"O Prez deu-me ordens rígidas. Disse-me que tinha de te devolver isto".

Sentindo as lágrimas brotarem nos meus olhos, desviei o olhar dele. "Eu não o quero de volta". Sussurrei com a voz embargada.

Que raio! Tinha de regressar a casa rapidamente. Não sabia quanto mais lágrimas podia aguentar.

......................

Quando um bocejo escapou da minha boca, Blaze decidiu que era hora de mudar de assunto. Aposto que dava para perceber que eu estava a rebentar de excitação.

"Então você realmente é um doutor? Ele perguntou.

Era assim tão difícil acreditar que eu tinha realmente uma boa carreira à minha frente. Que ia fazer algo de mim.

"Sim, licenciei-me há dois meses, mas não consigo encontrar um emprego". Suspirei. "Nenhum hospital quer aceitar um médico tão jovem, o que eu acho uma grande treta. Se me dessem uma oportunidade, eu provaria o quão bom sou".

"O Franko sabe?" Ele perguntou acendendo um cigarro.

"Não, não sabe, ele não sabe nada sobre mim".

"Que idade tens, Ava?

"23". Respondi, pousando a minha garrafa de cerveja vazia no tapete.

"Tens namorado?".

"O que é isso de 21 perguntas? Perguntei, decidindo ignorar a sua pergunta sobre ter namorado.

Ao ver o sorriso que se formou na sua cara, senti as minhas bochechas aquecerem. Porque é que eu estava a corar e porque é que de repente fiquei nervosa?

"Estou a tentar fazer conversa, querida". Ele encolheu os ombros.

..

O silêncio estava a matar-me. Ele estava a observar todos os meus movimentos e eu não conseguia ficar quieta. Pegando no meu telemóvel do bolso, amaldiçoei mentalmente quando vi todas as chamadas perdidas da minha mãe.

Que merda!

Será que ele me deixava tomar um duche? Não que eu cheirasse mal, mas precisava mesmo de me lavar e isso dava-me tempo para telefonar à minha mãe e sair da presença dele. Ele punha-me demasiado nervosa. Quando eu estava prestes a perguntar, ele falou antes de mim.

"Tenho coisas para fazer. Volto daqui a uma hora. Não vás a lado nenhum e não abras a porta." ladrou, levantando-se de onde estava sentado e desaparecendo no que presumo ser o seu quarto.

Ele não me ia deixar aqui sozinha, de maneira nenhuma.

Seguindo-o, abri o quarto e fiquei de boca aberta. Ele estava sem camisa. Enquanto os meus olhos avidamente observavam as suas costas nuas, ofeguei quando ele se virou. O seu corpo estava coberto de nódoas negras.

"Devias ir ver isso". sussurrei, aproximando-me dele.

Atirando uma camisa limpa, ele olhou para mim antes de sair do quarto. O que é que eu fiz? Seguindo-o, vi-o equipar-se, colocando uma faca no bolso lateral das calças de ganga e uma pistola no seu corte.

"Não te esqueças de não abrir a porta.

"Não me podes deixar aqui sozinho". Olhei para ele, cruzando os braços sobre o peito.

"1 hora é tudo o que eu vou ser. Tu vais ficar...

"O quê, eu fico bem. Nem sequer sei onde raio estou. Porque me trouxeste aqui se tinhas coisas para fazer?". Perguntei vendo os seus olhos escurecerem. "Sabes que mais? Tu vais fazer o que tens a fazer e eu volto para o meu carro e vou para casa".

Ao virar-me, peguei na minha mala da cadeira e vi uma mão a apertar-me o ombro. Sibilando, recuei e afastei-me dele: "Não me toques". gritei.

"Querida, tu não vais a lado nenhum. Senta esse cuzinho e põe-te confortável. Eu não vou estar...

"Eu vou-me embora e tu vais". Sorri, cortando-lhe a palavra.

Suspirando, ele puxou do telemóvel, carregou no botão de marcação e encostou-o ao ouvido. "Esta noite, à meia-noite, tens de o fazer". E depois desligou.

Olhando para mim, dei-lhe um sorriso doentio e doce: "Posso tomar um duche?

"Faz a merda que quiseres". Ele resmungou, dirigindo-se para a cozinha.

Ava 1- Blaze 0

................

Saindo do chuveiro, enrolei a toalha em volta do meu corpo. Suspirando, sentei-me na borda da banheira. Sentindo meus olhos ficarem pesados, coloquei meus braços na pia e descansei minha cabeça neles.

De repente, não me sentia muito bem e penso que tudo se devia ao facto de não ter dormido nem comido. Sentia-me tonto e com tonturas. Abrindo a torneira fria, salpiquei um pouco de água na cara. Tinha de me recompor, dormir um pouco e amanhã pôr-me a andar daqui para fora.

"Já acabaste, preciso de mijar".

Revirando os olhos, fui levantar-me, mas perdi o equilíbrio e acabei por escorregar no chão molhado, caindo de rabo no chão. Soltando um pequeno grito, a porta foi subitamente aberta e Blaze estava ao meu lado.

Ai!

"Querida, estás bem?

"Estou óptima. Eu sussurrei, mas não fiz nenhuma tentativa de me levantar. Eu não podia me levantar, eu estava exausta e me levantar soava como muito trabalho.

Levantando os braços, coloquei-os sobre os olhos, sem me aperceber de que, ao fazê-lo, a toalha se tinha soltado. Sentindo a leve brisa nos meus seios, abri os olhos e sentei-me, apenas para bater com a cabeça no lavatório. Gemendo, caí de novo no chão, sem me importar que a parte da frente do meu corpo estivesse à vista de um homem que mal conhecia. Não é que ele nunca tenha visto mamas antes.

"Isto é tão embaraçoso". murmurei, agarrando na toalha para ficar coberta.

Ouvi-lo rir fez com que as minhas bochechas ficassem vermelhas como beterraba. Porque é que isto tinha de me acontecer?

"Não é preciso ter vergonha, querida". Sentir os seus braços à volta da minha frente fez-me gelar até perceber que ele me estava a ajudar a levantar. Quando me pus de pé, passei uma mão pela cara.

"Quando foi a última vez que dormiste?" Ele perguntou, guiando-me para fora da casa de banho e diretamente para o seu quarto.

"Dormi no meu carro à porta da discoteca, mas já lá vão 3 dias". Sorri, esfregando a nuca: "Estou tão cansada". Bocejei.

Desabei na cama dele, sem me importar por ainda estar só de toalha. A minha cabeça bateu na almofada e, quando dei por mim, já estava a dormir.

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