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Capítulo 5

Pierre

Dormi mal a noite passada por causa do meu irmão Luke, fiquei praticamente a madrugada toda no sofá da sala esperando ele voltar, sei que estou sendo muito protetor, mas tenho meus motivos, sinto culpa por ter falhado com ele. Um dos seus amigos irresponsáveis o trouxe para casa e ele estava deplorável.

Hoje cedo coloquei o anúncio no jornal para a vaga de emprego, depois tomei o café da manhã sozinho, ninguém nessa família faz as refeições junto, só nos reunimos para jantar em família quando o meu pai quer se exibir para alguém, ele faz questão de mostrar para todos que tem uma família feliz, não sei como ele consegue mentir desse jeito. Agora estou aqui fora sozinho olhando para as pessoas lá fora que estão me esperando para serem entrevistadas. Gostaria de estar em outro lugar nesse momento, afrouxo um pouco o nó da gravata e vejo a Joana aproximando-se.

— Sr. Pierre posso liberar a entrada para as candidatas?

— Pode sim Joana. - Ela se afasta e vai até o segurança, logo em seguida ele libera a entrada, levanto de onde estou sentado e vou em direção as candidatas, cumprimento uma por uma, vou entrevistá-las no escritório do meu pai porque lá está vazio.

— Vamos começar, sigam-me. - Digo sorrindo, estamos indo para o escritório, adentro ele e sento atrás da escrivaninha.

Começo as entrevistas e estou tenso, não consigo entender como elas tem uma facilidade tão grande de falar de si mesmas para um desconhecido, não faz diferença alguma saber ou não dos seus problemas pessoais. Minha família é sempre vítima de boatos, muitas vezes com razão e outras não. Quero que a contratada seja discreta e não fale muito porque os paparazzo estão sempre por perto e todo cuidado é pouco.

Estou conversando com uma senhora, ela está falando os motivos pelos quais precisa desse emprego, em nenhum momento jogou seus problemas pessoais em nossa conversa, talvez ela seja a certa para trabalhar aqui. Meu telefone começa a vibrar dentro do bolso, pego ele e vejo 2 chamadas perdidas de um número desconhecido, vou retornar para esse número outra hora, continuo entrevistando e novamente o telefone começa a vibrar.

— Só um minuto. - Digo para a senhora, pego o telefone e vejo 4 mensagens, não faço a menor ideia de quem seja porém, preciso lê-las.

Hoje às [08:40] Desconhecido

Preciso falar com você, fiquei sabendo que voltou para Nova York.

Hoje às [08:40] Desconhecido

Sei que me mandou sumir da sua vida, mas precisamos conversar, você não pode me negar isso.

Hoje às [08:41] Desconhecido

Não estou atrás de mais dinheiro até porque nunca reclamei do que você sempre deposita.

Hoje às [08:43] Desconhecido

Te espero na antiga igreja em 20 minutos ou vou até sua casa não duvide disso!

Sinto um calafrio só de ler, será que devo responder? Minhas mãos começam a suar enquanto digito uma resposta.

Hoje às [08:44] Pierre

Estou ocupado, falamos outra hora.

Envio a mensagem e continuo a entrevista e o telefone vibra novamente, olho para senhora a minha frente que parece impaciente, tomo coragem e abro a mensagem. 

Hoje às [08:46] Desconhecido

Você não pode fugir de mim Pierre, vou até sua casa então!

Fecho o punho ao ler, não posso deixar que venha até aqui.

— Surgiu um problema vou ter que sair para resolver. - Digo já me levantando da poltrona.

— E a entrevista acabou? - A senhora me pergunta.

— Não se preocupe a Joana vai continuar com as entrevistas. - Digo e saio do escritório por sorte vejo Joana próxima.

— Joana pode continuar as entrevistas? Vou ter que sair. - Se eu não for logo com certeza, aquela pessoa vai aparecer aqui e isso não pode acontecer.

— Sr. Pierre o seu pai disse que eu não posso interferir nas entrevistas. - Ela diz preocupada.

— Ele não vai saber, por favor faz isso por mim? - Já estou desesperado.

— Eu vou te ajudar, espero que ninguém descubra. - Respiro aliviado e vou em direção a porta de saída e começo a digitar uma nova mensagem.

Hoje às [08:50] Pierre

Estou indo, não se atreva a vir até minha casa!

Envio a mensagem e continuo andando e alguém esbarra em mim.

— NÃO OLHA POR ONDE ANDA NÃO? - Grito irritado, ela esbarrou em mim de propósito, mas não tenho tempo a perder.

— Desculpa, sou desastrada, sinto muito. - Ela diz se desculpando, mas não to nem aí, preciso ir rápido antes que... melhor nem pensar!

— Tanto faz, sai da minha frente! - Resmungo e caminho até a garagem, pego um dos carros e saio rapidamente.

Alyssa

Depois que eu saí de casa peguei o metro para ser mais rápido, os Martinez moram um pouco longe da minha casa. Chego em frente ao endereço e começo a suar frio, vou me aproximando e engulo em seco, sinto vontade de voltar para trás, mas voltar para trás não faz parte dos meus planos, vou até o segurança que está perto do portão.

— Sr. estou aqui para a entrevista de emprego. - O primeiro passo foi dado agora é seguir enfrente.

— Pode entrar, as entrevistas estão sendo no escritório dentro da casa não tem erro. - Ok vamos lá perninhas não falhem agora!

Passo pelo portão e começo a caminhar devagar, estou olhando para todos os lados, eles tem uma grande mansão com piscina, ali deve ser a garagem, ando mais um pouco e esbarro em alguma coisa ou melhor alguém, levanto o rosto e vejo um dos Martinez.

— NÃO OLHA POR ONDE ANDA NÃO? - Ele berra, mas ele também tem culpa por não olhar por onde anda, não sou obrigada a ouvir nada, mal cheguei e já estou em confusão.

— Desculpa, sou desastrada, sinto muito. - Engulo em seco, não queria conhecer ele dessa forma, mas isso não justifica seu mal humor, ele nem me conhece, juro que se eu não precisasse me infiltrar nessa família sairia daqui agora mesmo.

— Tanto faz, sai da minha frente! - Ele diz todo arrogante e se distancia, não sei quem ele acha que é, mas o que é dele tá bem guardado.

Entro na mansão e fico deslumbrada com tanto luxo que tem nesse lugar, vejo uma empregada passando.

— Moça, onde é a entrevista? - Paro ela e pergunto.

— Fica ali, tenho que ir. - Ela diz na pressa e mostra-me o caminho onde fica uma porta, vou até lá e bato duas vezes antes de entrar.

— Olá, bom dia, estou aqui para a entrevista.

— Sente-se senhorita. - A senhora diz, me sento ao lado de uma moça, ela tá me olhando torto, não vou culpá-la me arrumei para ir em outro lugar.

Fico esperando chegar a minha vez de ser entrevistada, estou nervosa, começo a balançar um pouco o pé.

— Srta. sua vez agora, aproxime-se e sente-se. - Ouço ela falar comigo, estava tão nervosa que nem percebi quando as outras foram embora.

— Obrigada. – Agradeço e sento ficando de frente para ela.

— A senhorita é tão jovem, se veste bem. - Ela me olha por completo. — Por que precisa desse emprego? - E agora, o que eu faço? Vou pensar em uma resposta rápida.

— Minha vozinha está doente, acabei perdendo o emprego de atendente de um consultório médico por faltar ao trabalho para cuidar da minha pobre vozinha. - Meus olhos começam a lagrimejar. — Ai desculpa, estou emocionada, ela só tem a mim, preciso de verdade desse emprego. - Estou sensível, as lágrimas começam a cair do meu rosto, o choro já estava entalado na minha garganta apenas utilizei na hora certa.

— Não chora querida, quer que eu vá buscar um copo d'água? - Ela está realmente comovida (e a Lea achando que eu não ia enganar ninguém)

— Não tem necessidade, vai ficar tudo bem. - Digo secando minhas lágrimas.

 — Sua vozinha vai ficar bem, não se preocupe. - Ela se aproxima de mim — Pode me chamar de Joana, não precisa de formalidades comigo. - Ela sorri e eu estou nervosa por enganar essa senhora. — Acho que a gente vai se dar muito bem. - Ela diz tocando no meu ombro.

— Obrigada senhora, digo Joana, me chamo Melinda Harper.

Depois de ser entrevista Joana pegou meus meios de contato e disse para aguardar o retorno. Saio da mansão me sentindo confiante, essa pode ser a minha chance.

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