Capítulo 6
Roxie
Estou me sentindo um pouco culpada por ontem não ter defendido meu irmão Luke, mas o que eu poderia ter feito? Nada! Recuar é o que sempre faço quando vejo a gravidade do problema. Preciso vê-lo, saio do meu quarto e me aproximo ao dele e adentro.
— Nossa quanta bagunça. - Murmuro, meu irmão parece um morto deitado na cama, será que devo acordá-lo? Penso por alguns segundos e chego a conclusão que é melhor não, conhecendo o Luke com certeza ele se vingaria de mim. Saio do quarto dele e volto para o meu, pego meu telefone e começo a ver algumas postagens na rede social.
— ISSO TEM QUE SER MENTIRA. - Grito olhando para a tela do telefone, como assim o meu Robert ficou noivo? A vagabunda ainda tá sorrindo na foto mostrando o anel, queria enfiar esse anel no teu rabo piranha!
Começo andar pelo quarto preocupada, não pensei que esse namoro fosse sério, agora estão noivos.
— V-A-G-A-B-U-N-DA. - Berro enquanto olho para foto dessa sonsa.
Nunca tive coragem de contar para Robert dos meus sentimentos, como ele é o melhor amigo do meu irmão isso seria embaraçoso. Sempre fiz e faço coisas erradas porque sei que ele vem cuidar de mim, algumas vezes exagerei na dose, tomei tantos remédios que quase morri com uma overdose, minha intenção nunca foi me matar, só queria ter atenção dele porque sei que ele sempre vem cuida de mim quando estou machucada ou doente.
Faz 3 anos que descobri esses sentimentos por ele, no começo pensei que poderia esquecê-lo, substitui-lo, mas não deu muito certo. Quando ele se formou em medicina vi a oportunidade surgir para nos aproximarmos, desde então faço essas coisas colocando em risco minha própria vida.
Meus pais como vivem de aparências escondem minhas falsas tentativas de suicídio, Robert sempre fala que preciso me tratar com um psicólogo, meus pais sempre falam que vão me levar a um, mas isso nunca acontece porque eles não querem se expor. Não existe ainda tratamento nesse mundo que faça esquecer um amor, se existisse estaria curada, mas como não existe estou sempre sofrendo, ele não faz ideia que tudo que faço é só para tê-lo ao meu lado.
Ele não me enxerga como mulher, sempre me trata como criança, mas eu cresci, embora faça essas coisas imaturas, talvez seja por isso que ele não me enxerga. Sou muito mais bonita que essa vagabunda da noiva dele, não quero ser vista como a irmãzinha mais nova do melhor amigo dele, eu cresci, sou mulher e preciso amadurecer (eu sei). Robert é mais velho, responsável, lindo, ou seja, tudo que eu quero pra mim mas não sei como alcançá-lo, por isso faço o que faço, quando estou do lado dele me torno outra pessoa, fico tímida, as palavras não fluem.
Como ele não enxerga que gosto dele? Se mudo sempre que estamos juntos, talvez ele esteja fingindo esse tempo todo não saber dos meus sentimentos, ou simplesmente sente só pena dos meus atos, algumas vezes escutei atrás da porta as conversas dele com o meu irmão Pierre, em uma delas ele disse para o meu irmão que não entendia o motivo pelo qual faço essas coisas e que sentia pena de mim, ouvir aquilo foi como uma facada no peito, mas eu não poderia e nem posso reclamar, sou lamentável mesmo, não sei lidar com os meus sentimentos e nem como agir.
Começo a chorar, estou morrendo de raiva, me sinto trocada e isso é doloroso, nunca tivemos nada, nem oportunidades reais tive realmente, não sei se vou conseguir suportar, não aguento mais vê-los juntos, minhas esperanças eram que o relacionamento acabasse a qualquer momento por ele descobrir que também me amava foram por água abaixo.
— VAGABUNDA DESGRAÇADA! - Berro enquanto choro, começo a quebrar tudo que vejo pela frente, jogo o grande espelho no chão, ele se divide em mil pedaços. — Por que não posso ser amada? Não entendo... - Caio sobre os cacos de vidros no chão.
— Srta. Roxie. - Joana fala ao entrar sem pedir no meu quarto.
— SAI DAQUI JOANA, NÃO QUERO VER NINGUÉM! - Grito com ela que parece assustada, talvez seja porque estou sangrando.
— Vou pedir ajuda. - Ela diz apavorada, não é nada demais, são apenas alguns pequenos cortes, levanto do chão sorrindo, seco minhas lágrimas, a vagabunda não merece que eu as derrame por sua causa.
— Droga... - Digo quase chorando novamente, sou uma desastrada, não queria me machucar.
— ROXIE! - Minha mãe berra ao entrar no quarto.
— Não começa mãe, não fiz de propósito eu juro! - Faço cara feia porque estou com dor.
— Ela é louca, interna ela logo que o melhor que a senhora pode fazer mãe. - James diz ao me ver, se eu não estivesse com tanta dor ele ia conhecer o que é ser louca de verdade.
— Não estou louca... - Digo rosnando.
— O que tá acontecendo? Por que esse barulho todo? - Só assim o idiota do Luke acorda, reviro os olhos.
— SAIAM DAQUI, QUERO FICAR SOZINHA! - Grito
— James liga pro Robert, sua irmã está toda machucada. - Não! Tudo menos isso, não quero ver ele nunca mais.
— NÃO PRECISO DE AJUDA NENHUMA, POSSO MUITO BEM CUIDAR DE MIM MESMA, CAIAM FORA DAQUI! - Berro irritada.
— Calma Roxie. - Luke tenta se aproximar de mim e eu o empurro.
— Robert não é psiquiatra mãe, ela está louca, o melhor é a internação! - Internação? James sempre quer se livrar de mim, nunca fiz nada contra ele.
— JÁ DISSE QUE NÃO SOU LOUCA SEU IMBECIL. - Grito indo pra cima do James, mas antes que pudesse bater nele Luke me segura.
— Você precisa se acalmar Roxie, alguém liga pro Robert, vou continuar segurando ela.
— NÃO! - Berro, não quero ver ele, tento me soltar das mãos do Luke, mas não consigo.
— Vou ligar pro seu pai Roxie, melhor você parar de gritar e se acalmar, vou chamar sim o amigo do seu irmão. - Minha mãe diz saindo do quarto, James vai logo atrás dela.
— ME SOLTA LUKE! - Grito ofegante. — Preciso dar o fora daqui! - Começo a entrar em desespero, não vou conseguir olhar para Robert.
— PARA COM ISSO PORRA! - Ele berra e eu começo a chorar, meu irmão me solta e me abraça — Tudo vai ficar bem, não chora, desculpa por ter gritado com você, não sei o que aconteceu, mas não vou te julgar e nem perguntar nada. - Ouço suas palavras e sinto que são sinceras, ele me ajuda a sentar na cama.
— Desculpa Luke, não queria fazer o que fiz. - Digo sendo franca.
— Sem julgamentos lembra? Vai ficar tudo bem, porém, você precisa cuidar desses cortes. - Ele diz olhando meus machucados.
Meu irmão senta ao meu lado na cama, estou começando a repensar no que fiz, por que tenho que ser assim? Tão problemática e de pavio curto. Olho para o Luke e ele está bocejando, mesmo de ressaca e com sono ele não quer me deixar sozinha.
— Luke não precisa ficar mais comigo. - Ele parece que não ouve — Estou bem. - Isso não é verdade porém, ninguém precisa saber, ele me olha.
— Só vou quando o... - Meu irmão para de falar e olha em direção a porta, olho também e lá está ele o causador de toda essa confusão.
— Nossa Roxie parece que passou um furacão por aqui! - Ele diz sorrindo vindo em nossa direção, sinto um frio na barriga.
— Furacão Roxie no caso. - Meu irmão diz e eu reviro os olhos.
— Deixa eu ver esses machucados. - Robert agacha-se e toca uma das minhas pernas, sinto um arrepio, disfarço olhando para o nada.
— Preciso tomar alguma coisa pra essa ressaca passar. - Luke resmunga e levanta da cama, seguro o braço dele com força.
— Depois. - Digo o encarando, espero que ele tenha entendido o recado.
— Irmãzinha você não vai ficar sozinha, Robert vai cuidar de você. - Vai cuidar? Ele que começou tudo isso, reviro os olhos.
Meu irmão saí do quarto e eu não sei bem como agir, começo apertar um pouco a coberta da cama.
— Aí!!! – Reclamo ao sentir dor.
— Desculpa, mas vai doer só mais um pouquinho. - Ele diz com a voz mansa e me lança aquela flechada violenta que só ele tem o sorriso. Acabo sorrindo sem querer, droga! Ele continua fazendo os curativos nos meus machucados, estou paralisada, sempre fico assim, esse é o efeito Robert que vem devastando meu coração.
Após ele cuidar dos meus machucados foi embora, queria odiá-lo, mas não consigo.
— Vou enlouquecer. - Murmuro me jogando sobre a cama.