Atraso no trabalho
No dia seguinte, Olho de Cobra estava dormindo em sua casa. Estava em sua cama sossegado, com a boca aberta, enquanto emitia um ronco não muito estrondoso.
A casa do Olho de Cobra era de madeira. Tinha um telhado que cobria além da construção, onde ele podia ficar na frente de sua casa chovendo, que ele não se molharia. Havia um banco como esses de praça também feito de madeira e de cor marrom.
A parte de dentro da casa tinha uma pequena sala, onde havia uma mesa e quatro cadeiras, ambas de madeira e de cor marrom. Havia uma toalha de mesa com desenhos de cavalos na mesa e um prato limpo com talheres ao lado no lugar onde ele costuma se sentar.
Havia uma rede onde ele podia passar a tarde tirando sua sesta, quando estava de folga do trabalho e ao lado, havia alguns livros jogados. Gostava de ler, mas era muito seu hobby favorito. Ele gostava mesmo era de treinar as habilidades de seu olho, que ele chama de Visão Serpentina.
Seu quarto tinha uma cama, um criado-mudo de madeira, onde havia um relógio e um telefone. Tinha uma estante vazia, onde ele sempre deixava suas armas, um guarda-roupa onde ele guardava suas melhores roupas, um cabide grande onde ele deixava seus chapéus e lenços.
A cozinha tinha uma pia presa na parede, onde ele fazia o almoço e o jantar, uma geladeira onde ele armazenava sua comida e um tanque onde ele lavava as roupas, mas na verdade, ele sempre pedia para um morador de Fort Worth para lavar suas roupas. Pagava sempre ele com um saquinho de moedas pelo trabalho.
Olho de Cobra não era muito de fazer tarefas domésticas, o máximo que fazia era limpar a casa. Às vezes, Braço de Ferro o visitava e ela fazia as tarefas domésticas para ele, não porque ele era preguiçoso, mas porque ela se sente na obrigação de retribuir o favor de ter salvo sua vida.
O nosso caubói acorda de repente, com os olhos inchados, onde o seu olho normal estava vermelho e o outro estava alaranjado. Era normal o seu olho direito ficar desse jeito.
— Que dor de cabeça. — Murmura Olho de Cobra, que cobre sua cabeça com a mão.
Ele estava sem camisa e usava uma calça velha como pijama. Pegava seus chinelos campeiros debaixo da cama e os calçava.
Assim que fez isso, ele escuta barulhos ocos da porta da frente.
— Quem será à uma hora dessas? — Indaga Olho de Cobra, que cobre a cabeça com as mãos, por conta das dores que sentia.
— Olho de Cobra. Está atrasado! — Uma voz feminina e familiar para ele se escutava do lado de fora.
Ele olha para o relógio não totalmente acordado e se espanta com o horário. Já eram sete e meia e tinha que estar atuando como xerife às sete.
— Droga! — Ele resmunga. — Braço de Ferro! É você?
— Não, sou a Jane Calamidade. Claro que sou eu! Posso entrar?
— Só deixa eu me vestir! — Olho de Cobra abre seu guarda-roupa e pega suas roupas que narramos no capítulo anterior.
Depois dele ter se vestido apressadamente, ele fala:
— Pode entrar!
Braço de Ferro abre a porta e sente um cheiro de álcool rodeando a casa. Ela faz cara de nojo e põe a mão mecânica nas narinas.
— Olho de Cobra! Como você bebe! — Disse Braço de Ferro. — Não me diga que você tem uísque aqui em casa.
— Eu compro às vezes. E sim, eu bebi depois que saímos do saloon. — Responde Olho de Cobra.
Braço de Ferro olha ao redor da casa e vê que ela estava meio empoeirada.
— Há quanto tempo faz que não limpa sua casa? — Ela indaga para o caubói, olhando para ele, após ter avaliado sua casa.
— Nem lembro. A última vez quem limpou foi você.
Braço de Ferro arregala os olhos. Ela põe as mãos na cintura e responde:
— Você não limpa sua casa há dois meses?
— Dois meses?
Braço de Ferro franze a testa. Olho de Cobra falava meio enrolado.
— Meu Deus, vá beber água agora. Você está meio bêbado ainda.
O caubói obedece sua amiga e vai até a cozinha. Pega um copo que tinha na pia e o enche de água da torneira. Ele bebe, mas ainda não estava muito sóbrio.
Braço de Ferro, ainda com as mãos na cintura, faz negativo com a cabeça.
— Olho de Cobra. Quê que eu faço com você? — Comenta a vaqueira.
— Dá comida.
×××
Braço de Ferro e Olho de Cobra tinham saído da casa do caubói depois de uma hora. Eles tinham feito uma faxina na casa dele que não era limpa há mais de um mês.
Se por um lado Braço de Ferro gostava de cuidar de Olho de Cobra, por outro achava um incômodo. Ele era um ótimo xerife e os fora da lei o temiam, mas ele era muito preguiçoso e boêmio. Não gostava de muita formalidade e tratava todo mundo como se fossem seus amigos.
Em uma bela manhã de sol, que deixava o chão de areia de Fort Worth mais quente do que o comum, Olho de Cobra e Braço de Ferro estavam andando a cavalo.
O caubói estava em cima de um cavalo preto, com crinas acinzentadas. Seu nome era Pé de Chumbo, já que ele era considerado o cavalo mais veloz de Fort Worth.
Já Braço de Ferro tinha consigo uma égua de cor branca com uma crina loura. Ela a chamava de Floco de Neve, por conta da pelagem de sua égua que era mais branca do que a neve.
As pessoas, conforme iam passando por eles, cumprimentava-os. A maioria deles admirava Olho de Cobra (apesar dele ter seus defeitos), porque ele conseguiu lidar com os piores bandidos que aparecem em Fort Worth.
— Oi, Olho de Cobra! — Um garotinho de dez anos, de pele bronzeada, olhos verdes e com roupas de caubói aparecia. — Você está bem?
— Oh, meu amiguinho! Bom dia! Sim, Archie, estou muito bem. — Responde o caubói.
Archie Richmann era um garoto de apenas dez anos que admirava Olho de Cobra. Ele tinha o sonho de se tornar um xerife que nem seu ídolo. Gostava muito dele e da Braço de Ferro, já dizia que se sentia seguro quando ficava perto deles.
— Então, querido. Vai querer andar com quem hoje? — Indaga Braço de Ferro, com um sorriso em seu rosto.
— Pode ser com o Olho de Cobra?
— Claro. Ontem foi eu, não foi?
— Sim. — Archei responde sorrindo. — Mas amanhã eu ando com você, Braço de Ferro.
— Você é quem manda, parceiro! — Disse Braço de Ferro com entusiasmo.
Olho de Cobra pega Archie com uma de suas mãos e deixa ele ficar em seu cavalo, enquanto ele caminhava.
— Soube que você enfrentou o Django. — Disse Archie.
— Sim, eu fiz isso. — Responde Olho de Cobra.
— Nessa hora eu estava fazendo dever de casa. Queria ver seu confronto.
— Bem, Archie, não sou uma pessoa boa com conselhos, mas posso lhe afirmar que é melhor aproveitar essa fase de escola, ainda mais que você é um garoto muito aplicado nos estudos.
Archie olha para ele, enquanto este falava.
— Ah, minha época de escola. Só arrumava confusão. Eu brigava com todo mundo porque zombavam de mim por causa do meu olho. Passava a maior parte do meu tempo de escola suspenso do que mesmo estar estudando. Mas eu não ligava. No meio desse pandemônio todo, virei xerife. — Ele começa a rir.
Braço de Ferro ergue os olhos para cima, com uma expressão de decepção.
— Bem, Archie, o que o Olho de Cobra quer dizer é que seria bom você continuar focando nos estudos, entende? Se é que você quer ser como ele. — Responde a ruiva. — Mas ao meu ver, você pode até ser melhor do que ele.
— Ei! Eu ouvi isso!
— Era para ouvir, seu beberrão. — Braço de Ferro começa a rir.
Archiei também ri. Gostava das breves discussões que ambos tinham. Não levavam muito a sério, mas quando começavam, não paravam mais.
E lá estavam os três andando a cavalo em Fort Worth.
×××
— Bom dia, Abgail. — Disse Olho de Cobra, ao ver uma mulher que usava um vestido rosa muito grande.
— Oi, Olho de Cobra. — Responde a moça que aparentava ter trinta e um anos. Era loira, pele muito branca e olhos azuis. Era apaixonada pelo Olho de Cobra.
— Oi, Maxwell. Tudo bem? — Braço de Ferro olha para um homem de trinta e três anos, que usava uma roupa de vaqueiro. Colete preto, camisa social rosa, calça jeans e botas. Estava contando dinheiro, enquanto caminhava e ele acena para a Braço de Ferro com um sorriso.
Maxwell Aaron era considerado o melhor jogador de Pôquer de Fort Worth.
— Oi, Mark! Tudo bem? — Indaga Archie.
— Olá, Archie. Andando com o nosso xerife então? — Responde Mark, que seguia seu caminho.
Ele trabalhava no Banco de Fort Worth. Muitos gostavam de ser atendidos por ele. Mark era moreno, cabelo curto, usava um suéter preto, com uma camisa social branca, calça social e sapato formal. Tinha uma corrente que era de seu relógio de bolso, que ficava sempre à mostra.
— Bem, chegamos. — Disse Olho de Cobra, que estava na frente da delegacia, onde ele trabalha. — Bem, Archie, obrigado pela companhia. Sua casa fica aqui por perto, não é?
— Sim. — Responde o rapazinho sorrindo.
Braço de Ferro desce de sua égua e pega o garoto que estava em cima do cavalo de Olho de Cobra.
— Cuide-se, Archie. — Braço de Ferro sorri para ele.
— Vocês também. — Archie sai de perto deles correndo e os acenava. Ambos faziam o mesmo.
Depois que perderam Mark de vista, Braço de Ferro pega sua égua e a prende junto com os outros cavalos que tinham. Cada um era de uma raça diferente, num total de quatro, mais cinco, contando com o de Braço de Ferro e mais seis, contando com o do Olho de Cobra.
— Bem, vamos lá. Vou prender a Floco de Neve e falar com os nossos parceiros, se já não estão monitorando a cidade. — Disse Braço de Ferro.
— Certo. — Responde Olho de Cobra, que prende também o Pé de Chumbo.
×××
Chegando na delegacia, tinha uma escrivaninha por lá, com fotos de procurados, colados na parede. Tinha uma prisão com alguns presos, mas eles eram vistos em um corredor que tinha. A delegacia era toda de madeira e haviam quatro caubóis que aparentavam esperar pelos dois.
— Ora, ora. Bom dia, meus amigos. — Disse Olho de Cobra, que cumprimenta cada um. — Bruce Selvagem. — Um caubói que tinha o seu chapéu e suas roupas rasgadas e remendadas apertava a mão de Olho de Cobra. Ele tinha barba preta e grande, como a de um lenhador, os olhos negros e a pele bronzeada.
— Olá hahahahaha… — Bruce Selvagem murmura a risada, fazendo ela parecer insana.
— James Protetor. — Um caubói que tinha pele branca, cabelos negros, olhos da mesma cor e usava uma camisa social branca que era coberta por um colete marrom e usava calça jeans e botas pretas, apertava a mão de Olho de Cobra.
— Oi, Olho de Cobra. Vai me dizer que bebeu de novo? — Disse James Protetor.
— Vai se foder. — Olho de Cobra murmura. — E os irmãos Thomas e Tommy.
Ambos eram gêmeos. O que diferenciada é que um usava uma camisa social azul e o outro vermelha. De resto eles tinham as mesmas vestes e a mesma aparência. Branco, cabelos loiros e olhos azuis. Eram idênticos, de fato.
— Onde…
— Você estava? — Eles tinham o costume de completar o que o outro ia dizer.
— Em casa. — Responde Olho de Cobra.
— Ah bom. E como você…
— Dormiu?
— Bem. — Responde o caubói.
— Tudo…
— Bem.
Braço de Ferro dá uma risadinha. Ela cobre a boca para não mostrar que estava rindo. Achava engraçado o compartilhamento que os gêmeos faziam.
— Olho de Cobra, eu não quero ser chato, mas foi incrível o jeito que você intimidou o Django ontem. — Disse James Protetor.
— Mesmo? Porque eu achei que não fiz nada de mais. — Responde Olho de Cobra.
— Sinceramente, eu queria poder ver sua performance.
— Eu, hein? Pensei que era apaixonado pela Abgail, mas com esse seu papo. Estou estranhando.
— AAAAAAAH HAHAHAHAHAHAHA! — Bruce Selvagem ri como um louco.
— Do que está rindo, seu maluco? — Indaga James Protetor.
— Do que o Olho de Cobra disse. — Responde Bruce Selvagem.
— Começamos bem o dia. — Disse Braço de Ferro, enquanto via ambos discutirem.
— Gente! Por favor…
— Não briguem!
— Calado! — Respondem ambos em uníssono.
— Ah, quer saber?
— Vamos brigar também!
— Se quiserem brigar, tem eu aqui. — Disse Olho de Cobra, calmamente.
O quarteto fica quieto e apresenta expressões de medo.
— Vejamos… — Olho de Cobra fica pensativo. — Bruce Selvagem tem alto domínio de armas e é especialista em combate corpo a corpo… James Protetor… Bem…Possui uma super resistência e uma força um pouco acima do normal e os gêmeos… Eles não têm um dom especial, mas sem trabalhar em equipe e dão trabalho para qualquer um… Pois é, vocês não têm chance comigo.
— Exibido. — Murmura James Protetor.
— Bem, pessoal, agora chega. — Disse Braço de Ferro. — Acho melhor começarmos a trabalhar. O que acham?
— Tanto faz. — Responde Bruce Selvagem.
— Concordo com…
— A Braço de Ferro.
A ruiva, de braços cruzados, sorri.
— Bem, o que vamos fazer, Olho de Cobra?
O caubói olha para todos eles e responde:
— O de sempre. Proteger a cidade. Podem começar.
Os quatro saem correndo dali, mas acabam se embolando na porta, onde começam a brigar de novo.
Braço de Ferro coloca a mão no rosto e Olho de Cobra boceja. Ele pega sua arma da bainha e atira para o alto, assustando a todos.
— Não é melhor sair um por um? — Indaga o caubói.
E assim, um saía para o outro sair em seguida. Cada um pega o seu cavalo e monta.
Braço de Ferro olha para Olho de Cobra, que vai se sentar em sua escrivaninha e fala:
— Esses quatro não têm jeito.
— Pois é. Eles até são bons de briga e ajudam a manter a ordem e a paz em Fort Worth, mas eles são muito atrapalhados. — Responde Olho de Cobra.
Braço de Ferro sorri para o caubói e se senta em uma ponta na escrivaninha. Ela cruza as pernas e parece pensativa.
— Bem… Mesmo eles sendo assim, gosto do jeito deles. — Diz a vaqueira.
— É, eu também gosto deles, mesmo que eu discuta às vezes com o James Protetor. — Responde Olho de Cobra.
— Ah, tem que entender que é o jeito dele.
O caubói abaixa a cabeça sorrindo e fala:
— Olha, eu estava pensando no dia em que nos conhecemos. Você se lembra? — Ele olha para ela.
Nesse momento, Braço de Ferro estava se lembrando do passado.
×××
Foi em julho de 1890, há dez anos atrás.
Braço de Ferro ainda não era uma vaqueira e não trabalhava para o Olho de Cobra. Não tinha o seu braço mecânico e ela estava nesse momento fugindo de alguns bandidos. Ela usava roupas rasgadas e os pés descalços. Ela tinha vinte e dois anos na época.
Ela se esconde em um beco, ficando atrás de um barril, mas ela olha para a sombra que tinha no chão e nota que os bandidos que estavam a perseguindo, aparecem.
— Cadê aquela garota de um braço só? Cadê? — Eles começam a falar e Braço de Ferro estava abraçando suas pernas, com medo.
— Onde ela está?
Quando um deles chega mais perto do barril, ele olha dentro deste, mas acaba topando com ela, que estava atrás do barril.
— Achei ela, pessoal! — Grita um dos bandidos.
Nisso, eles partem para cima dela. Braço de Ferro começa a gritar, quando é torturada e agredida pelos três bandidos. Estavam usando pedaços de madeira e batiam nela, além de a torturarem de vez em quando. Não teve momento de estupro, nem de tiros de armas, já que estavam desarmados.
Depois que terminaram, lá estava ela. Deitada com o corpo esticado e a barriga levantada para cima, cheia de hematomas. Seu olho estava roxo, ela tinha perdido três dentes e os machucados eram graves.
Nisso, ela escuta um bater de botas e um relinchar de um cavalo. Ela volta a ficar assustada, apesar de estar quase inconsciente.
— Nossa, coitada dessa menina. — Uma voz de alguém de vinte e cinco anos era ouvida. Era uma voz masculina.
Ela abre um pouco os olhos e vê a sombra de um caubói, com uma expressão agradável em seu rosto.
— Não se preocupe, vou cuidar de você. — Dizia o caubói.
Ela nota que ele tinha um olho diferente e acaba assustada, mas acaba perdendo a consciência.
×××
Ao acordar, ela vê que estava naquela mesma casa que narramos no início desse capítulo, mas com uma aparência mais bonita.
Ela tinha um pano em sua cabeça e havia comida ao seu lado. Estava faminta e não se lembrava de nada do que aconteceu anteriormente, mas as dores que começam a formigar em seu corpo, fazem ela se lembrar de cada detalhe. Queria agora saber quem era a pessoa que a teria salvo naquele momento.
Com dificuldade, ela pega o prato de comida que tinha arroz, feijão e bife. Ela come tudo rapidamente, até que de repente, ela se engasga.
— Vai com calma, menina. — Aparece aquele mesmo homem, que está com um olho fechado.
Braço de Ferro fica olhando para o caubói que a salvou e ele se senta perto dela.
— Não se preocupe. Está tudo bem agora. Ninguém vai lhe ferir mais. — Disse o caubói.
Braço de Ferro estava muda.
— Meu nome é Olho de Cobra. Prazer em conhecê-la. Qual o seu nome?
— Beth.
— Oh… Prazer, Beth. — Ela estende a mão, mas a retira do alcance de Braço de Ferro, depois dela não ter apertado a mão. — Diga-me. Por que aqueles bandidos estavam lhe perseguindo?
— Bem… É porque… — Ela fica sem jeito para falar.
Olho de Cobra se mostrava atento.
— É porque eu era uma fugitiva. Eles estavam escravizando pessoas para explorarem ouro.
Olho de Cobra fica surpreso com o que escuta e responde:
— Não se preocupe. Deixe o resto comigo. Eu sou o xerife dessa cidade.
— Mas você…
Ele põe a mão em seu ombro e responde:
— Está tudo bem. Já enfrentei vários bandidos sozinho e tenho segurança de que não irei falhar. Mas eu prometo também que vou cuidar de você.
Braço de Ferro cora e desvia o olhar. Olho de Cobra sorri e diz:
— Gostei de você. Assim que eu resolver esse problema, irei lhe treinar para ser minha parceira. O que acha? Uma nova vida pela frente. Você tem família?
— Eu fui abandonada em um orfanato.
— Oh sim.
— Nisso, os fora da lei pegaram algumas crianças e nos torturaram. Depois, nos escravizaram e eu fui o único que conseguiu escapar.
— Você fez o certo. Agora não se preocupe. Deixe comigo. — Ele olha para a região onde ficaria o braço esquerdo de Braço de Ferro. — O que houve com o seu braço?
— Bem… Ele foi esmagado durante a exploração de minas. Uma pedra caiu e esmagou meu braço. A dor foi horrível. — Responde Braço de Ferro.
— Vou resolver isso também. Está sob minhas responsabilidades agora.
Braço de Ferro fica mais vermelha.
— De agora em diante você será conhecida como…
×××
— Beth Iron Arm ou Braço de Ferro. — Disse Olho de Cobra.
— É mesmo. — Murmura Braço de Ferro, olhando sorrindo para ele, com o rosto vermelho.
— Dei um jeito naqueles fora da lei, um ferreiro conseguiu forjar o melhor braço mecânico da história deste Faroeste, treinei você e aqui estamos. Dez anos nos aturando.
Braço de Ferro fica mais sem jeito.
— Obrigada por tudo, Olho de Cobra. Mesmo que você seja um mal exemplo para o Archie…
— Ei!
A vaqueira ri.
— Bem, mesmo que você seja um mau exemplo para ele, sempre terá minha gratidão.
O caubói sorri para a sua parceira.
Nisso, algo inesperado acontece. Ela o beija no rosto e fica totalmente vermelha.
— Bem, vou ajudar nossos parceiros. — Diz a vaqueira.
Olho de Cobra não esperava receber um beijo no rosto, ainda mais vindo de sua parceria. Mas não se incomodou muito com essa linha de pensamento. O máximo que fez foi colocar a mão em seu rosto, onde ela beijou e nisso, a vaqueira fala:
— O que aconteceu?
— Nada. — Responde o caubói. — Eu vou com você.
— Quer vir comigo? Tudo bem. Vamos lá. — Braço de Ferro desamarra Floco de Neve e monta nela.
Olho de Cobra faz o mesmo com o Pé de Chumbo e nisso, estariam ambos novamente juntos, prontos para lidarem com os crimes de Fort Worth.