Capítulo 02
Laila, desesperada, abre o compartilhamento do aquário, ele tem o fundo falso com um espelho, ao entrarem, elas conseguem ver tudo o que acontece, mas ninguém as vê. Cléo, por ter claustrofobia, começa a se sentir sufocada.
Laila tira um comprimido e coloca em sua boca, fazendo sinal de silêncio.
Zagaia e seus comparsas abrem a porta com chute. O pai delas cai sentado no sofá.
Zagaia- Vejam só, o lobo sangrento está ferido! Diz se aproximando.
Lobo- O que está fazendo aqui? Ninguém entra em minha casa assim!
Zagaia- Eu vim buscar o mapa.
Lobo- Não sei do que está falando. Acho melhor você ir embora com seus homens. Ninguém se atreveu a invadir minha casa, como ousa, fazer isso?
Zagaia- Não brinque comigo! Eu quero o mapa, sei que está com você!
Lobo- Acha que se eu estivesse com ele, estaria trabalhando tanto? Eu já teria entregue ao chefe. Ele vai ficar sabendo de sua visita.
Zagaia- Não me interessa se é o confidente dele, você está enganando a todos, até ele. É melhor colaborar, assim, evitamos perder tempo.
Do esconderijo, as duas assistem tudo o que acontece, elas estão com medo de serem descobertas.
Lobo- Fora da minha casa, Zagaia. Seu erro, ultrapassou os limites.
Zagaia- Vamos ver o quanto aguenta. Fechem tudo. Sei que a casa abafa ruídos. Diz tirando algo do bolso.
Zagaia e seus homens torturam Lobo, de todas as formas.
Laila e Cléo, assistem tudo. Laila, tapa a boca de sua irmã, para que ela não grite. Laila vê bem o rosto de Zagaia, ela só o tinha visto rapidamente, sem prestar atenção em detalhes. Ele sente prazer no que faz. Lobo, suportou o quanto podia, mas acabou sendo morto.
Zagaia, mandou vasculhar toda a casa à procura do mapa. Depois de olharem tudo, eles falam a Zagaia.
_ Não encontramos nada, chefe.
Zagaia- Ele tem uma ou duas filhas! Alguma pista?
_ Nenhuma, elas devem estar fora, pois está tudo muito arrumado.
Zagaia- Mande alguém no bar, sei que uma trabalha lá, busque notícia. A outra, eu não sei quem é. E deixe homens prontos para pegar qualquer pessoa que se aproximar e tentar entrar na casa. E fiquem de olho. Ninguém comente sobre este assunto, deixa comigo. Diz saindo da casa com seus homens.
Um deles ainda fica um tempo lá, ele fica vasculhando tudo e depois senta olhando o corpo do Lobo.
Laila e Cléo, mesmo depois que ele saiu, ficaram no esconderijo até o anoitecer. Elas saem sem fazer barulho. Laila, vai até o corpo do pai, e pega o canivete em sua bota. Cléo parece estar em transe. Laila pega a mão dela e desce para o porão.
Laila- Cléo, preciso que faça tudo que eu falar, vamos sair e você ande de cabeça baixa.
Laila disfarça Cléo de garoto, e coloca um disfarce de grávida, ela coloca um lenço e na barriga falsa, roupas de frio. No porão tem uma passagem secreta até um lugar que só ela e outra pessoa conhecem. Nem seu pai, conhecia. As duas saem e quando chegam a caverna, Laila vasculha tudo que levou antes. Ela abre a caixa e descobre um mapa, surpresa, ela estuda e fica espantada. É o mapa do tesouro da Fênix. Ela deixa Cléo descansar um pouco, pois ela passou por mais trauma.
Laila lembra da história deste mapa, ele pertenceu ao maior chefão do tráfico da América latina.
Depois de muito pensar e organizar o que fazer, ela lembra do amigo de seu pai.
Laila- Cléo, vamos buscar ajuda para sair daqui.
Cléo- E nosso pai?
Laila- Não vou mentir, dizendo que ele vai encontrar nos duas. Agora é só eu e você. Preciso, que confie em mim. Eu sempre cuidei de você.
Cléo- Quem vai procurar?
Laila- Tem uma pessoa que nosso pai sempre ajudou. Eles são amigos. Agora chegou a hora de ele retribuir. Vai como garoto. Eu também vou me vestir assim.
Laila se arruma e ela suja um pouco as duas. Quem olha, parecem garotos de rua. Os lobinhos que ajudam os traficantes. Elas conseguem chegar a casa do amigo do pai.
Toc, toc, toc.
_ Quem é essa hora? Não me perturbem! Vão embora!
Toc, TOC, TOC, bate mais forte.
O homem abre a porta com raiva.
Laila entra e fecha a porta.
Laila- Calma, por favor! Sou filha do lobo. Diz apressada.
_ Está maluca! Eles estão te procurando!
Laila- Eu sei. Mas não tenho ninguém para pedir ajuda. Meu pai sempre foi seu amigo. Ajudou durante todo o tempo em que precisou.
_ Devo muito a ele, o que você quer?
Laila- Eu preciso sair daqui. Tenho que chegar à fronteira, consegue arrumar isso para mim?
_ Sabe que é arriscado. Eu preciso pensar.
Laila- Meu pai nunca pensou quando precisou de ajuda. Diz ela firme.
O homem olha a garota determinada diante dele. Lobo nunca foi de falar sobre a família. Ele, as mantinha, afastado do trabalho que fazia.
_ Não foi isso que eu disse. Preciso fazer um bom plano, se me pegarem vão acabar comigo.
Laila- Desculpe, o dia não foi fácil.
_ E este garoto? Quem é?
Laila- Está comigo. E vai comigo também.
_ Só preciso de um tempo. Temos que fazer certo. Não podemos arriscar a ser pegos. Se fosse uma pessoa, seria mais fácil, mas são duas!
Laila- Vai nos ajudar? Eu não tenho como pedir ajuda a outra pessoa.
_ Vou, sim, mas tenha um pouco de paciência, não é fácil planejar uma fuga, com o morro todo armado procurando por você. Vou verificar algumas coisas, e montar um plano para te levar à fronteira.
Laila- Ok, eu espero, só não demore, não posso ficar muito tempo aqui.
_ Onde você está? Assim te aviso, quando estiver tudo arrumado.
Laila- Não precisa me procurar, eu também, não vou voltar aqui. Aqui está um dinheiro, quando tudo estiver arrumado, compre cinco pipas vermelhas e de para os garotos empinarem na saída, ofereça um prêmio em dinheiro, a quem conseguir colocar sua pipa mais alta. À noite eu te encontro no beco atrás do bar que eu trabalhava, ninguém passa lá. Você me entrega um bilhete com toda informação.
_ Tudo bem.
Laila sai com sua irmã, que ficou em silêncio o tempo todo. Elas voltam à caverna.
Cléo- Lala, eu estou com medo. Quando fecho os olhos, eu lembro do que fizeram com o pai.
Laila- Cléo, você já tem dez anos, já não é tão inocente, sabe os problemas que tem. Tem que continuar seu tratamento e tomar seus remédios. Eu tento de tudo para te ajudar, a não vou te abandonar. Mas estamos em perigo. Preciso que colabore comigo.
Cléo- Tá bom, e o que vamos fazer?
Laila, desenha no chão onde elas vão ser levadas.
Laila- Se alguma coisa der errado, eu vou distrair todos, se você seguir este caminho, vai encontrar uma praia, me espere. Pois, é onde vou te encontrar, vou deixar a mochila com comida e seus remédios. Não tenha medo. Se alguém perguntar, nunca diga quem é seu pai, nem fale de mim. Promete?
Cléo- Prometo. Mas não me esqueça, eu vou estar te esperando.
Laila- Eu prometo. Te encontro onde estiver. Só se mantenha viva.
As duas repassam os planos com todas as possibilidades. Até que chega o dia em que Laila vê as pipas.
Ela desce e pega as instruções.
— Eu consegui uma carona para vocês. A pessoa é de confiança. Você só precisa estar na estrada de madrugada.
Laila- Obrigada, vou estar. Depois ela some na escuridão.
Laila, arruma sob a roupa, um corpo falso, onde ela coloca o mapa e algumas coisas que podem ser útil, na mochila, arruma tudo de Cléo. Depois de se arrumar, ela coloca uma camisa e uma calça. O corpo falso, da aparência que é um pouco roliça, não mostra que tem um corpo jovem e perfeito. Ela passa um pouco de óleo de cozinha no cabelo que tira o aspecto de beleza, ele fica pesado e escuro, pois misturou pó de carvão, para pesar o rosto. Quem vê as duas, parecem pessoas que trabalham no campo de carvão. Uma mulher feia e gordinha com uma garota suja.
Elas andam na estrada, atentas. Até que um caminhão para e oferece carona.
— Estão perdidas?
Laila- Perdi o emprego. Estou indo procurar outro lugar para trabalhar.
— Eu estou indo até à fronteira, se quiserem, posso dar carona.
Laila entra e senta segurando a mão de Cléo. A viagem é um pouco cansativa e Cléo dorme. Laila, já acostumada, fica acordada. O motorista não é muito de falar.
— Eu preciso dar uma parada para abastecer. Pode comer algo no posto. Vou aproveitar e comer também.
Laila- Obrigada.
Eles param e depois o caminhoneiro para um pouco mais adiante.
— Eu vou lanchar e ir ao banheiro. Diz saindo.
Laila desce com Cléo que precisa ir também. Depois ela compra lanche para as duas.
Perto da fronteira, o motorista pergunta se vai ficar antes ou depois.
Laila- Acho que vou tentar outro lugar. Vou atravessar com você. Algum problema?
— Nenhum, já estou perto do meu destino. Vou pegar uma carga logo que passar, no posto. Lá é bem movimentado. Fica perto do mar e na base de um morro.
Laila- Tudo bem. Eu me viro. Obrigada. Diz, começando a ficar aliviada. Ela ficou atenta a viagem toda. Com medo de serem seguidos.
Ao descerem no posto, o motorista se afasta e vai até o caminhão que está parado.
Laila olha e fica gelada. Ela vê Zagaia. Ele, está com mais alguns homens, ela foi traída, mais uma vez.