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Capítulo 6

CAPÍTULO 6

Sara Espinosa

Pisco algumas vezes tentando me ajustar focar em alguma coisa que não seja o rosto de Donatello, já que não sei o que ele fará agora, porém, minha atenção não fica muito tempo distante e nem desfocada de quem eu estou realmente fugindo nesse instante, no momento em que meu sogro se inclina sobre meu corpo deitado na cama e segura meu queixo diminuto em sua enorme palma da mão enquanto apoia a outra sobre o travesseiro macio, bem ao lado da minha cabeça, fazendo assim com que meu olhar se volte imediatamente para si. Nervosa e trêmula, com os ossos chacoalhando todos dentro de mim, rapidamente fecho os olhos e levo meus pensamentos para um lugar longe daqui, sabendo muito bem que minha hora finalmente havia chegado, esse é o meu fim, é agora que ele irá extravasar toda a sua raiva e tirar minha vida.

-Olhe para mim, Sara!

Donatello ordena com a voz firme e tão próximo de mim, que posso sentir seu hálito quente colidir com o meu rosto, que está frio como um cadáver. Eu estou morrendo de medo, entretanto, já sabia que isso iria acontecer comigo. O meu fim logo chegaria. Mas, ainda assim, é muito difícil ter que encarar meu sogro nos olhos e enxergar os sentimentos ruins que existem ali, tudo por causa de uma pessoa que ele tentou ajudar a melhorar de vida, mas que somente trouxe a ruína para adentro de seu lar. E me parte o coração ter a consciência de que sou eu a pessoa responsável por causar tudo isso nele. Dessa forma, eu não posso simplesmente olhá-lo nos olhos, nem hoje e nem nunca. Eu não tenho essa coragem e ousadia. Não mesmo...

-Eu disse para abrir os olhos, Sara. Então na me faça repetir a mesma coisa uma segunda vez porque sou um homem conhecido por ter pouca paciência.

Ouço sua voz grave sussurrar em meu ouvido com uma seriedade tão intensa e profunda, que faz com que todo o meu corpo se arrepie atemorizado e não resista em lhe obedecer cegamente na mesma hora.

-Isso mesmo, assim é melhor...

Ele concorda parecendo bastante satisfeito consigo mesmo, voltando seu rosto para o meu, com a ponta do nariz tocando o meu de leve. Prendo a respiração, apreensiva, quando seus olha de um verde intenso fita cada centímetro do meu rosto de cima a baixo com bastante atenção e então, com os dedos polegar e indicador, Donatello ergue meu rosto para cima de modo que eu não posso mais escapar de seu toque, e então volta a falar comigo.

-A partir de hoje você irá morar comigo nesta casa. Então tudo o que há aqui é seu também, está bem? É minha responsabilidade cuidar de tudo o que está relacionado a você, Sara. Cada passo que der, tudo o que fizer, cada mínimo detalhe que seja sobre você eu devo ser informado, estamos entendidos?

Donatello questiona com o olhar afiado perfurando minha pele, e eu só consigo assentir em uma resposta em concordância com um balançar de cabeça para cima e para baixo, enquanto engulo a saliva com certa dificuldade em minha garganta, sem ousar pronunciar uma única palavra ou som, mesmo que baixinho. Eu nem tenho forças para isso.

-Eu prometi que iria cuidar de você, mas primeiramente preciso que esteja ciente de algumas regras que terá que seguir. Primeiro, você jamais deve sair desta casa sem a minha companhia ou sem a minha permissão.

Ele pontua a primeira regra de modo inflexível e implacável, com seus lábios roçando os meus com certa pressão, e eu simplesmente esqueço como se faz para respirar nesse momento. Meu deus, o que é que está acontecendo comigo? É o que me pergunto internamente, sentindo-me completamente estranha quando um súbito calor começa a subir por minha pele e o suor brotar nas palmas das minhas mãos, devido a grande proximidade que há entre nossos corpos, e a qual eu nunca havia experimentado antes, nem mesmo com Kael. Então, eu não entendo muito bem o que há comigo, e nem o que me leva a agarrar com as unhas os lençóis da cama com força, tentando me conter de algo que não sei, no segundo em que os dentes de Donatello capturam meu lábio inferior e o puxa para si como se quisesse degustá-lo como uma fruta.

Oh, céus! Por que tudo parece infinitamente mais quente agora? É o que quero saber, com os olhos piscando de modo atordoado, e as batidas do meu coração pulsado freneticamente contra meu peito.

-A segunda regra e a mais importante que tem que saber é que você é minha agora, então precisa estar sempre a minha vista e fizer tudo o que eu mandar, porque somente eu sei o que é melhor para você, passione. Só eu vou cuidar e proteger você como merece.

Meu sogro diz e sentencia a segunda regra com uma forte mordida em meu pescoço que me faz saltar no lugar, surpresa com o contato inesperado e áspero sobre minha pele sensível e intocada, contudo, como ele é muito mais rápido do que eu, Donatello usa a mão que estava sobre o travesseiro, para me prender contra a cama, sem que eu possa escapar de seu toque. Seus dedos rijos sobre minha cintura, fazem uma pressão enorme, eu ofego com os olhos arregalados, ao que ele aperta ainda mais o local, me imobilizando feito uma presa encurralada em um buraco sem saída.

-Você entende o que quero dizer, passione? Jamais tente fugir de mim, pois eu sou um homem implacável que pode te encontrar até no quinto dos infernos se for preciso. Mas acho que isso já ficou bem claro, não é mesmo? Hum?

Ele exige uma resposta de mim, porém, é impossível que eu consiga formar uma frase coerente sem balbuciar ou tremer nas palavras neste momento de tensão e grande suspense. Meus pulmões parecem que estão cheios de chumbo e minha garganta está mais seca que o deserto do Saara. Eu simplesmente não posso dizer nada. Entretanto, entendendo meu silêncio de modo errado, como se fosse um tipo de dúvida ou negativa, por não o responder de imediato, Donatello endurece o semblante em fração de segundos e sobe na cama, por cima de mim, pressionando meu corpo com o peso do seu, contra o colchão macio. Meu sogro é um homem bastante musculoso e... bem pesado, é o que constato no mesmo segundo em que diversos de seus membros firmes quase me esmagam com sua rigidez e força, deixando-me a ponto de me faltar o ar.

-Quando eu fizer uma pergunta a você, é bom que me responda no mesmo minuto, Sara. Ou então... terá que enfrentar as consequências de me desafiar.

Ele comenta sério, irredutível e a voz como a de um trovão, enquanto seu olhar desce para minha boca entreaberta e o dedo polegar de sua mão que segura meu queixo, corre por meus lábios úmidos com vigor, quase a ponto de entrar no interior da minha boca, porém, se detém ali, em um vai e vem constante, forte e impiedoso, como se quisesse arrancar as palavras de mim a força.

-E-eu...

Eu gaguejo tremulamente o indício de uma resposta, não aguentando mais a tortura que seu dedo está impondo sobre meu lábio, e nem o peso dele sobre mim. Preciso dizer alguma coisa antes que não consiga mais respirar sob o seu poder, sob a sua força e sob a intensidade que ele todo é. Então tenho que arriscar.

-Você...?

Ele incentiva para que eu prossiga, então, com restinho de forças que ainda me resta eu me arrisco a pronunciar as palavras que ele deseja escutar.

-Sim... sim, senhor. Eu entendo o que disse.

-E você vai obedecer às regras?

-É claro, senhor Donatello.

-Ótimo. É isso que eu sempre quero ouvir de você, passione.

Donatello comenta satisfeito, raspando sua barba por todo o caminho do meu pescoço, arranhando-me com uma crueldade que deixa os fios do meu corpo arrepiados e meus braços moles como gelatina, até alcançar a altura do meu maxilar, onde salpica uma série de pequenos beijos que involuntariamente me obrigam a cerrar os olhos com força e tensão.

-Você é uma boa garota, Sara. Dócil e obediente. Não se esqueça nunca disso, ok?

Ele diz e eu concordo com uma naturalidade que me é desconhecida, apenas com um menear de cabeça. Eu apenas sigo o fluxo e obedeço o que meu sogro manda. Afinal de contas, eu estou em suas mãos e não tenho para onde escapar. Meu destino pertence somente a Donatello Espinosa.

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