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Capítulo 5

CAPÍTULO 5

Sara Espinosa

-Sara nós iremos voltar para casa hoje, não se preocupe. Eu irei te tirar desse lugar ruim e te levar para um lugar muito melhor para que possa ficar mais à vontade e se recuperar melhor.

Meu sogro diz enquanto me dirige um olhar mais suave dessa vez, e cruza os braços sobre o peito observando o médico se aproximar do leito hospitalar onde estou deitada, esperando realmente o doutor liberar a minha alta no dia de hoje.

-Bem, eu não tenho nenhuma contraindicação em dar alta a paciente, pois ela tem se recuperado fisicamente ao longo dos meses muito bem. Já não há nenhum osso quebrado ou qualquer tipo de fratura interna. Os órgãos estão com todas as funções vitais sendo desempenhadas perfeitamente, e agora que ela recuperou a consciência, não há motivos para continuar mantendo aqui.

O médico informa a Donatello, ao mesmo tempo em que eu observo a conversa dos dois em silencia, mas com atenção.

-A senhorita Espinosa pode ir para casa para terminar a recuperação, mas tendo o cuidado de ser cautelosa e tomar os remédios nos horários certos até a recuperação total, como também vir frequentemente ao hospital para fazer exames periodicamente para saber sobre seu estado de saúde, e se não houve nenhum tipo de sequela tardia. Mas, por enquanto como tudo parece normal eu irei liberar a paciente para retornar ao seu lar.

-Ótimo, era exatamente o que eu estava esperando. Por favor assine logo as papeladas da documentação para acelerar o processo de alta, doutor.

Meu sogro diz e imediatamente o doutor dá as orientações a sua equipe e os dispersa para que façam assim como ele havia ordenado para que o procedimento fosse realizado.

E em menos de uma hora tudo já estava feito. Minha alta estava assinada pelo médico, e as enfermeiras já haviam me ajudado a vestir uma nova roupa para sair do hospital e deixar a bata hospitalar e os equipamentos para trás. Tudo ficaria no passado. Agora eu estou indo rumo ao caminho do desconhecido, Sem Destino Certo ou sem saber o que realmente meu sogro pretende fazer comigo. Mas, não tenho nenhuma esperança de que seja algo bom, de que terei dias bons pela frente ou tão agradáveis quanto aos que tive ao lado de Kael, seu filho, nos dias em que ele estava vivo e vivíamos uma vida tranquila e sem muitas complicações.

Porém, sei que tudo será muito diferente. O meu sogro agora controla a minha vida e as minhas decisões a partir do momento em que sairmos daqui. Eu sei que ele fará com que eu tenha os piores dias da minha vida, enquanto estiver me punindo por tudo o que causei a ele e ao seu filho Kael.

-Você está bem? Está pronta para ir para casa? Se não estiver se sentindo bem nós podemos voltar agora mesmo e os médicos farão novos exames para descobrir qual é a causa do seu desconforto ou dor.

Meu sogro pergunta me olhando atentamente, enquanto me ampara com braço esquerdo sobre os meus ombros ao caminharmos pelos corredores do hospital, rumo ao estacionamento do hospital. O segurança contratado por ele vem um pouco atrás de nós, andando a passos mais lentos, porém sempre em alerta e olhando para todos os lados para ver se há algum perigo iminente que possa atingi-lo

Constrangida com o olhar e atenção de muitas pessoas que esticam a cabeça para o lado de fora de seus quartos para saber quem está passando por ali, eu apenas meneio a cabeça para cima e para baixo em uma resposta muda e afirmativa de que estou bem, de que não há nada errado comigo e que sim nós podemos ir para o lugar o qual ele está chamando de casa. Provavelmente é a casa dele, a mansão onde havia ocorrido o casamento e depois disso eu nunca mais havia colocado os pés lá, nem com Kael, e nem sozinha. Essa será a segunda vez que eu estou indo para lá, e da mesma forma como aconteceu da primeira, não sei o que esperar.

-Ok, se precisar de qualquer coisa não hesite em me dizer no mesmo instante, está me ouvindo?

Meu sogro diz ao que eu aceno positivamente a sua resposta, mas não acrescento nada do que tenho a dizer, ou sobre as dúvidas que se passam por minha cabeça nesse minuto, e que são muitas, que me deixa bastante inquieta e preocupada, pois me sinto um tanto estranha, sem saber como devo agir em sua presença ou o que devo dizer, ou se na verdade devo dizer alguma coisa, se ainda tenho esse direito de fazer isso...

Leva alguns poucos minutos até chegarmos ao seu carro e ele abrir a porta do passageiro para que eu que entre e me sente. Ele bate a porta e se dirige para o lado do motorista, onde assume o volante e arranca com o carro dali. Há um silêncio absoluto e muito estranho dentro do carro. Paira um clima estranho onde nós dois não dizemos ou fazemos nada, somente meu sogro dirige todo o percurso com o semblante compenetrado e fixo no trânsito, como se estivesse com a mente muito longe daqui e não houvesse uma pessoa sentada bem ao seu lado, no mesmo veículo em que ele está

Eu mantenho o olhar virado para janela do meu lado direito, observando a paisagem mudar do lado de fora gradativamente, até chegarmos à casa de Donatello. Quando enfim chegamos, grandes portões de bronze se abrem para que o veículo entre e logo se fecham assim que já estamos do lado de dentro. O carro percorre alguns poucos metros até parar na entrada da casa, que é cercada por um grande jardim frontal, muito bonito e repleto de flores das mais raras e caras.

Meu sogro então desce do carro e se dirige mais uma vez até o lado do passageiro e antes que eu possa abrir a porta, ele o faz. Estou prestes a colocar o primeiro pé do lado de fora do veículo para sair, mas antes que eu consiga fazer isso, Donatello passa seus braços por minhas costas e por debaixo das minhas coxas, e me ergue no ar, ele me iça em seu colo e começa a caminhar comigo presa em seus braços. Acho a cena completamente estranha, meu sogro me carregando em seus braços é a coisa mais inesperada e me provoca um certo espanto, porém, não digo nada, apenas permito que ele faça como simplesmente deseja.

Então ele caminha pela sala, logo após entrarmos, e segue para as escadas que leva ao segundo andar da casa. Ele não para de seguir em frente até passar por entre portas duplas e me deitar em uma enorme cama de casal. O quarto é estranho e eu nunca tinha visto antes. Este deve ser o quarto dele pois parece chique e caro demais para ser um simples quarto de visita ou de hóspedes. E eu me pergunto por que ele me deixou aqui? Não faz muito sentido, então por que ele está fazendo isso? Qual é o seu objetivo e o que ele pretende com isso?

E apesar de estar com essa e outras milhares de perguntas se passando em minha cabeça, não me atrevo a abrir a boca e perguntá-lo a respeito do assunto. Apenas permito que ele retire os sapatos dos pés e os jogue no chão de qualquer maneira, e em seguida me faça repousar a cabeça sobre o travesseiro que possui um forte perfume masculino impregnado, e que imediatamente atinge meu nariz como um soco. Imediatamente eu sou impactada e envolvida por um certo tipo de aura a qual jamais havia experimentado antes na vida. É estranho, é novo e me deixa um tanto curiosa... contudo, não posso me dar ao luxo de pensar que estou em minha própria casa, em meu próprio lar, e assim fazer como bem quiser. Aqui eu sou apenas uma simples nora, sem direitos, sem privilégios e sem favores. E além disso, estou aqui para ser punida por todos os meus pecados.

Dessa forma, preciso me conter e me colocar em meu lugar. Tenho que saber quem eu sou e o que represento para Donatello Espinosa, meu sogro, que me odeia e pretende fazer da minha vida um verdadeiro inferno por causa da ferida que lhe causei, e devido a raiva e o ódio que deve sentir toda vez que olha para o meu rosto e se lembrar daquilo que fiz com o seu filho. Meu Deus, como eu sinto tanta saudade Kael! Só ele poderia ser um verdadeiro amigo e me livrar dessa situação complicada e triste, a qual estou atolada até o fim do pescoço, como se estivesse mergulhada em um profundo poço de lama e tragédia.

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