Estava enganada
Celine
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Quando eu me senti mais calma, eu sentei pra estudar, eu não seria tão irresponsável de faltar as aulas e ter um dia de estudo perdido, o meu compromisso a partir dali seria apenas com os meus estudos, com o meu futuro, com a única diferença de carregar na bagagem a experiência de ter sido fodida por um homem filho da puta.
— Tanto que eu lutei pra não ter distrações, tanto que fugi de homens que pudessem destruir o meu coração, e eu acabei caindo nas mãos de um. A sorte é que eu não me tornei mais uma mulher com dependência emocional, disposta a abrir mão de si mesma pra manter um relacionamento fracassado.
Eu balancei a cabeça, tentando não me culpar mais por aquele erro, era preciso colocar a cabeça em ordem e tratar o kyle como um professor qualquer, afinal eu não poderia fugir daquela realidade, ele era o meu professor e eu teria que aguentar vê-lo todos os dias e me alimentar de tudo o que eu visse até conseguir esquecê-lo definitivamente.
Quando a noite chegou, eu comecei a me produzir pra noite de farra que eu daria de presente pra mim mesma, logo o interfone tocou avisando que a Karen estava subindo.
Quando ela chegou no meu apartamento e me viu, parecia que ela estava vendo outra pessoa, a boca dela abriu, e ela ficou intacta me olhando dos pés a cabeça.
Karen: Quem é você e o que você fez com a minha amiga?
— Ela continua existindo, ela está apenas guardada dos homens cafajestes, hoje eu serei essa aqui, uma garota devassa e pervertida, nem que seja só por uma noite, só pra eu não precisar deitar naquela cama e chorar a noite toda.
Eu me olhei no espelho e realmente eu estava bem diferente, com um olhar gélido, mas eu cheguei a conclusão de que era só o meu lado mulher aflorando.
O meu vestido era preto, curto e possuía um leve brilho no tecido, as alças eram amarradas no pescoço, e as costas ficavam nuas em formato de "V" poucos centímetros acima do quadril, o decote era fundo, e eu não estava usando sutiã.
Meus lábios estavam com um batom vermelho cor de sangue, e a maquiagem estava quase profissional, eu cuidei de cada detalhe pra qualquer pessoa parar só pra me olhar.
Finalizei com uma gargantilha e brincos delicados pra deixar tudo equilibrado, e soltei os meus cabelos que estavam bem lisinhos e hidratados.
Os saltos não estavam tão altos, pois eu tinha intenção de dançar muito.
— Vamos?
Karen: Eu reservei a entrada na boate, embora não precisasse já que não tem tantas pessoas assim no início da semana.
— Não é a mesma boate que o Kyle foi naquele dia com o Eduardo não né?
Karen: Você acha que eu sou burra Celine? É claro que não, vamos em uma mais distante, mas tem muito gato pra beijar na boca.
— Ótimo, é disso que eu preciso.
Karen: Você tem certeza que quer fazer isso mesmo? Você não acha que deve conversar com o Kyle primeiro antes de tomar qualquer atitude que pode ser precipitada?
Eu conhecia a Karen, ela só estava falando aquilo porque com toda certeza o Kyle havia procurado ela.
— Eu falei pra você que te mataria não falei?
Ela ficou tensa na mesma hora, típico de alguém que fez uma grande merda.
Karen: Eu só disse pra ele não me ligar mais Celine, se eu não atendesse ele iria ficar insistindo.
— Você jura que só falou isso?
Karen: E que ele podia se considerar um homem solteiro.
Ouvir ela despejando aquilo na minha cara, fez a minha barriga embrulhar, não era fácil admitir pra mim mesma que assim como eu, o Kyle também estava livre pra fazer o que quisesse.
— Vamos, eu não quero falar mais dele.
Tudo o que eu queria naquele momento, era esquecer que o Kyle existia.
Karen: Vamos no seu carro ou no meu?
— É melhor no seu, eu não quero correr o risco do Kyle me ver saindo.
Karen: Você sabe que não vai poder fugir por muito tempo né? Vai chegar uma hora que você terá que encará-lo.
— Sim, mas eu não quero me preocupar com isso agora.
Karen: Tudo bem, eu não vou mais tocar nesse assunto.
— É um favor que você me faz.
Assim que saímos do prédio, eu olhei pra casa dele, o carro estava estacionado na parte externa, o que significava que ela não havia saído, mas que pretendia sair, caso contrário teria guardado na garagem.
A Karen balançou a cabeça em negativa, mas permaneceu calada, eu sabia exatamente o que ela estava pensando, mas pra mim aquele assunto já estava encerrado.
Eu coloquei uma música pra mudar o clima pesado, e nós duas começamos a cantar feito duas loucas, mas 15 minutos depois ela olhou pelo retrovisor, e baixou o som.
Karen: Estamos sendo seguidas Celine.
Eu olhei pra trás e vi um táxi, o que não fazia nenhum sentido.
— É só um táxi Karen, deixa de ser maluca.
Karen: O problema é que aquele táxi está tendo chance de fazer ultrapassagem, e ele não faz, ele está atrás da gente já tem um tempo.
— Diminui a velocidade pra termos certeza.
Ela reduzir a velocidade e dois minutos depois o carro ultrapassou a gente.
— Está vendo? É só um táxi, não tem ninguém seguindo a gente.
Karen: Não sei não, a minha intuição está me dizendo que o Kyle está dentro daquele táxi.
— Porquê ele faria isso em um táxi e não no carro dele?
Karen: Porquê certamente você iria perceber.
— Ele não seria louco a esse ponto de nos seguir em um táxi.
Karen: Se você está dizendo.
O táxi estava a nossa frente um pouco distante, após um período nós entramos em uma avenida, e o táxi seguiu reto, o que descartou totalmente a ideia de ser o Kyle.
Era o que eu pensava, mas pouco tempo depois eu descobri que eu estava enganada.