Capítulo 4
James.
Ele olhou para mim em estado de choque e preocupação, sem saber se deveria se perguntar se meu cérebro recuou ou se estava fugindo de mim.
Seus olhos arregalados foram primeiro para minha mão na testa, para a furiosa Niani atrás de mim e para a mulher gay que parecia ter acabado de se apaixonar por um homem.
Então esta é a cura homossexual de que a igreja fala?
Jesus ..
O terror se espalhou pelo rosto de James quando ele voltou sua atenção para meus olhos azuis.
Espere aí.
O que ele estava fazendo nos dormitórios femininos?
- O que você está fazendo aqui? - perguntei, percebendo um segundo depois. - Seu cachorro! - Abri um sorriso enorme.
No primeiro dia de aula de anatomia humana...
- Estou perdido. -Ele me olhou como um cachorrinho.
- Você também perdeu o pau na buceta de alguém? - brinquei e as bochechas de James ficaram vermelhas.
- Não ouça o que ela diz! - Aubrey ficou na frente de James. - Apenas olhe para mim.
Mas os olhos de James permaneceram nos meus enquanto eu tentava conter um sorriso, mordendo o lábio inferior.
- Quem é este? - Niani sussurrou atrás de mim em meu ouvido.
- O assassino de sapos. - Sussurrei de volta e meu melhor amigo empurrou Aubrey na frente de James apenas para olhar o garoto nos olhos com todo ódio.
- Então você é o matador de sapos? - Niani colocou as mãos na cintura.
Xícara.
- Você sabe que isso é crime, certo? - Ela lutou contra ele, agora apontando o dedo na cara dele, mas tudo o que James conseguiu fazer foi olhar para a coisinha furiosa na sua frente e depois olhar de volta para mim, quase implorando por ajuda. - Em algum país deve ser!
- O sapo já estava morto... - James falou em voz baixa, tomando muito cuidado para não enervar ainda mais Niani.
- E você não tem vergonha de admitir que o matou antes para matá-lo novamente depois? - Ela falou indignada com o garoto surpreso.
- Me desculpe, não pude aparecer na aula de biologia, algo aconteceu... - Aubrey empurrou Niani na frente de James e falou.
- Está tudo bem, o Céu estava lá comigo. - James me garantiu e só restou Aubrey me esfaquear.
- Falando em Céu, estou aqui para revistar seu quarto. - Ele se virou para mim e me olhou de cima a baixo antes de revirar os olhos.
- Você está possuída, vadia? - murmurei e Aubrey me olhou indignado.
- Por que você vai revistar o quarto dele? - James perguntou confuso.
- Ele tem um fetiche. - Pisquei para James.
- O diretor me confiou a tarefa de salvar sua alma perdida! - Aubrey se defendeu.
- Sua alma está aqui. - Niani sussurrou.
- Não, a alma dele agora está suja, negra e má. - Aubrey corrigiu, começando a ficar irritado.
- Porque? - James perguntou novamente, desta vez ainda mais confuso.
- O fato dos meus dois melhores amigos serem negros torna minha alma negra? - Fingi choque, colocando a mão no peito e Aubrey corou.
- Você sabe muito bem do que estou falando. - Ela olhou para mim com a testa franzida.
- Não, Aubrey, não sei. - Inclinei a cabeça para o lado.
- Basta abrir a porta do seu quarto! - Ela mandou, obviamente envergonhada pelo olhar confuso de James.
- Você não vai me comprar um açaí primeiro? - Mordi meu lábio inferior.
- Por que eu lhe pagaria um tratamento tão horrível?
- Garota sem educação. - Murmurei abrindo a porta do meu quarto.
... abrindo a porta do meu quarto.
- Por que tenho que te mostrar meu quarto? Você nunca me levou para o seu. - comentei com falsa tristeza.
- Eu não levo ninguém para o meu quarto. - Aubrey cruzou os braços ao entrar na sala.
- Não é o mesmo? - eu provoquei.
Sua larissinha deve estar cheia de teias de aranha.
Deixei Niani entrar no quarto e antes de fechar a porta pisquei para James que ainda estava olhando para nós.
- Não! - Aubrey disse ofendido.
Ser virgem Maria não é vergonha!
Deixe-me engravidar você com meu dedo e tudo ficará bem.
- Não sou uma ninfomaníaca que leva todo mundo para o quarto. - Ele cuspiu e eu fiz beicinho.
- Machucou. - eu disse fingindo arrependimento.
Observei Aubrey praticamente vasculhar meu armário, levantando meu colchão e apertando todos os travesseiros. Cruzei os braços e cocei a testa quando ela começou a abrir meus produtos para o cabelo e cheirá-los.
Ela pegou o ursinho branco da minha cama e apertou até fechar e sorriu.
E lá se vai meu verde...
Mas não preciso de maconha para tomar decisões erradas.
Aubrey encontrou o buraco no urso e tirou a sacola contendo o sustento dos meus filhos.
Ele colocou-o no bolso e continuou vasculhando meu quarto. Sentei-me na mesa de estudo e Aubrey olhou para mim, caminhou até mim e começou a abrir as gavetas.
Ele puxou as gavetas com tanta agressividade que uma delas acabou emperrando.
- Quebre isso, vadia! - deixei escapar com ódio. - Não foi você quem pagou.
Quando Aubrey empurrou a gaveta na tentativa de fechá-la, algo caiu no chão.
Uma faca.
Minha puta merda.
*cena retrospectiva*
Entrei pela janela do meu quarto e antes mesmo que pudesse fechá-la, ouvi os gritos dos meus pais discutindo.
Eu não tinha ideia se eles notaram minha ausência por horas seguidas e eu não iria descobrir agora com toda aquela gritaria.
Respirei fundo, sentindo o cansaço do grupo que me atacava.
Fui até o banheiro, a primeira coisa que vi foi meu reflexo no espelho. A maquiagem já estava borrada, o rímel formava falsas olheiras, o batom estava borrado e já tinha sumido da minha boca porque eu tinha mostrado o céu para muita gente.
Um estrondo alto ecoou nas paredes do banheiro e eu me encolhi, com os olhos arregalados.
A luta está ficando interessante.
Eu compraria pipoca, mas acho que pererecas são muito mais interessantes.
E só pelos passos eu soube que a explosão foi graças à minha mãe.
Engoli em seco, voltando meu olhar para o espelho, desta vez ignorando meu rosto e focando no vestido preto desajeitado que tentei inutilmente puxar para cima sob meu cabelo castanho claro.
Quando outra batida soou novamente, sentei-me no chão ao lado da banheira e abracei as pernas.
A explosão pode ser muitas coisas: