Capítulo 04
Como eu conseguiria sair daquilo? Os olhos dele pareciam que iam devorar minha alma. Podia sentir todo o meu corpo enquanto ele me tocava, o momento durou segundo, mas era como se fosse horas e eu queria que fosse mais e tivesse mais. Uma sensação de excitação e um calor entra minhas pernas, indicavam que eu queria mais, queria ele.
Eu nunca tinha sentindo aquilo, parecia que eu iria cair se ele não estivesse me segurando.
— De nada, Charlie. — A forma que ele pronunciava meu nome com ênfase no "e" me fazia sentir borboletas no estômago. — Boa noite. — Indagou por fim desviando seus olhos dos meus.
Nosso momento acabou, ele foi embora e eu voltei ao meu estado normal, eu não sentia meu corte, estava com a adrenalina à solta.
Fui para meu quarto e suspirei, aquela sensação era tão boa e estranha, eu me sentia envergonhada e desnorteada, passei a noite acordada pensando no ocorrido. "Como eu sou boba! Esqueça isso Charlie".
Arrumei-me para a escola com preguiça, eu não tinha costume de dormir tarde da noite, por isso estava cheia de olheiras. Resolvi passar uma maquiagem, queria estar bonita e não com cara de zumbi. Desci as escadas com dificuldades, meu joelho estava machucado.
— Está tudo bem, Charlie? — Questionou minha mamãe.
— Sim, machuquei o joelho na noite anterior. — Me sento a mesa e coloco meu pé encima de outra cadeira, tirei o curativo com dificuldade.
Ela chega perto de mim e exclama: "tsc, tsc, tsc".
— Já falei para parar de correr nessa escada, você pode se machucar seriamente! Deixe-me ver esse machucado. — Fala enquanto arregala os grandes olhos azuis.
— Não, está tudo bem. Não sou mais uma criança. — Reviro os olhos.
— Então pare de correr feito uma louca nessa escada! — Ela volta a sua atenção para o café que estava servindo. — Bom dia senhor Lins.
Viro-me para contempla-lo, estava radiante como sempre, por que diabos as roupas que ele usava tinham que ficar tão perfeitas em seu corpo enorme? Aquilo era apelativo demais. Desvio o olhar e volto minha atenção para a mesa.
Assim que chego em frente à escola, vejo Emma e Adam, meus amigos.
— Bom dia. — digo passando meus braços ao redor do pescoço de ambos.
— Bom dia, senhora. — Emma responde. — Você desligou na minha cara ontem.
— Havia chegado... uma certa pessoa na cozinha. — Lembro da noite anterior com rubor.
— Era o tal galã? — Indaga Adam com sarcasmo característico.
— Ele não é galã, e sim foi ele. — Reviro meus olhos e vou me sentar em um banco próximo.
— Ele é realmente um pedaço de mau caminho, não é? Eu pegava ele. — Emma diz enquanto rir.
Adam olha para Emma e revira os olhos.
— Não é para tanto Emma... ele nem é tudo isso. — Declara Adam sem piedade. — Eu acho que você está muito precipitada, ele acabou de chegar na cidade, nem sabe nada sobre ele. E se ele for casado? Além de que ele é muito velho para você.
— Pare de ser chato! Nunca vi Charlie tão feliz assim. — Emma a repreende.
— Bem, casado não é, eu perguntei. — Digo sorridente, Emma arregala seus olhos escuros e comemora como se aquilo fosse muito.
— Vocês são loucas. — Adam fala revirando os olhos. — Ele pode ter uma namorada, pensou nessa hipótese?
— É, ele pode. E você pode descobrir isso para nós! — Emma diz.
— Como assim? — Pergunto arqueando minhas sobrancelhas.
— Você entra no quarto dele e investiga, meu pequeno gafanhoto. — Emma passa seu braço ao redor de meu pescoço e caminha comigo.
— Eu não vou fazer isso, está maluca? — Digo incrédula e tirando seu braço de meu pescoço.
— Essa é a única forma de você descobrir. — Ela dar de ombros.
— Ela não pode simplesmente invadir o quarto dele, Emma! Isso pode dar cadeia, Charlie, desista dele. — Adam diz seriamente.
— Fazemos assim: se ele tiver namorada ela esquece ele e nunca mais tocamos no assunto, mas caso contrário você Adam, vai apoiar. — Emma indaga. Ela costumava ser bem objetiva, e fantasiosa já Adam era mais pé no chão, não era algo muito bom na prática.
Eu estava interessada no Hunter, mas não ao ponto de chegar nele e tentar algo.
— E eu com isso? Eu não vou fazer isso. Por favor Emma, para de criar coisas na sua cabeça. — Indago já trêmula, só de pensar em fazer aquilo minhas pernas ficaram bambas.
— Vamos Charlie, é só por diversão. Talvez você descole algo né...— ela me balança para frente e para trás. Eu reviro meus olhos e me rendo.
— Ok, ok, não vai muito difícil fazer isso. — Me rendo.
— Será que eu sou a única racional desse grupo? — Adam fala indignada. — Eu tenho medo de vocês duas. Por que você simplesmente não pergunta?
— Porque seria estranho.
— Mas invadir o quarto dele, não é?!
— Calado, nós precisamos de emoção, além de que seria engraçado. — Emma cutuca Adam com o cotovelo. — Que tal parar com essa pose de chato e participar da brincadeira?
— Ok, mas depois não diga que eu não avisei. — Ela desistiu de tentar nos alertar, sendo que ela tinha completa razão.
Fim de aula, eu estava ansiosa. Fui para casa rapidamente, e assim que cheguei em casa fui direto para meu quarto, trocar de roupa e deixar minha mochila.
— Mãe, o Hunter está em casa? — Pergunto atônita.
— Ele saiu mais cedo. — Ela me encara com uma das mãos na cintura. — Por que esse interesse repentino nele?
— É que... ele prometeu me ensinar alemão hoje. É só isso. — Tento parecer convincente.
— Não perturbe os hóspedes, Charlie, não quero problemas. Eu sei a peste que você é. — ela diz seriamente.
— Acalme-se mamãe, é apenas esse o motivo. — reviro os olhos.
Saí da cozinha e fui para a o quarto do Hunter, não podia perder tempo ─ antes passei do escritório do meu pai e peguei as chaves reservas ─, respirei fundo e girei a chave lentamente esperando não fazer barulho.
Ainda podia sentir o cheiro dele no cômodo, tudo estava tão arrumado, menos a cama, os lençóis estavam bagunçados, não resisti e me joguei naquela cama, o cheiro dele me fazia delirar. Ainda na cama tinha uma camisa branca jogada de qualquer jeito, peguei aquele pano fino e trouxe para perto de minhas narinas, inalei o cheiro de perfume masculino e de sono. Eu saio de meu devaneio e procuro rastros, se eu descobrisse de alguma forma que ele namora com toda certeza ficaria decepcionada, mas não vejo o porquê de uma pessoa namorar e mudar de país.
Nada nas gavetas, nada nos armários, apenas suas roupas e a mala. Na mesa de estudos haviam apenas livros e mais livros, mas na mesinha de cabeceira tinha um quadro com uma foto, eu a peguei nas mãos e observei. Hunter com mais três pessoas, ao seu lado havia uma mulher muito bonita por sinal, cabelos escuros e olhos da mesma cor, do outro lado um homem que aparentemente era mais velho e outra mulher, eles estavam sorrindo, Hunter estava sorrindo de uma forma diferente, não havia mistério em seu olhar ou tristeza, ele usava uma camisa de linho, eu podia ver as tatuagens de seus braços. Alguém cheio de tatuagens daquela forma deveria ter diversas histórias para contar.
Voltei a realidade quando ouvi passos no assoalho do corredor e logo em seguida a porta sendo destrancada, minha única opção foi esconder-me abaixo da cama. Logo em seguida ele entrou no quarto, estava suado e ofegante, conversando com alguém pelo telefone, para o meu azar era em alemão. Desligou o celular e em seguida tirou a camisa e jogou no chão próxima a mim. Eu pude observar seu troco, não possuía gominhos definidos, mas era grande, muito grande, e em seu tronco e braços tinham tatuagens com símbolos variados assim como nas costas, era maravilhoso. Seu corpo estava suado e havia fiapos de cabelos grudados em sua testa o que lhe dava um ar sexy, mordi meu lábio inferior ao me imaginar desbravando aquele corpo enorme, ele por outro lado estava enfurecido, bufando como um touro, sentou-se na poltrona que tinha no quarto e suspirou passando a mão em sua barba crescida, eu o observei. Suas pernas estavam abertas, dando uma visão perfeita de suas coxas. Só depois fui me perguntar como eu sairia daquela situação. Ele tirou a calça de corrida que usava, ficando apenas de roupa íntima, eu fiquei sem jeito mas queria poder chupar cada centímetro daquele corpo magnífico. Hunter apanhou seu celular em mãos e ligou o som, colocou uma música qualquer e foi em direção ao banheiro, aquela era a minha hora de escapar, antes de sair não me controlei e peguei uma camisa que estava encima de sua cama. Corri para meu quarto, fechei a porta atrás de mim.
A adrenalina que eu senti fez minha intimidade estremecer.
Aproximei a camisa do meu nariz e inalei aquele cheiro novamente, era um cheiro completamente diferente do que eu estava acostumada, e em seguida não me controlei e me toquei novamente pensando no estrangeiro a quem eu desejava.