Capítulo 05
Após a noite anterior eu estava pensando no tempo que não sentia aquele sentimento. Eu parecia um jovem entrando na puberdade, cada toque dela me excitava, aquela menina tinha cheiro de pecado, exalava por todo seu corpo. Percebi que estava roçando meu membro na cama feito um virgem de 16 anos, isso era vergonhoso, tudo isso por causa daquele perfume de hormônios.
Eu com meus 26 anos sabia que ela sentia tanto quanto eu, mas justamente por ser mais velho, mais experiente e mais maduro, tinha que cortar isso.
Pela manhã, resolvi caminhar até meu futuro novo emprego e acertar as coisas que estavam faltando, aproveitei para fazer uma caminhada longa e esfriar a cabeça, as duas cabeças.
Assim que cheguei lá, fui atendido por uma moça que seria minha colega de trabalho, ela me forneceu todas as informações necessárias sobre o lugar e foi bastante gentil.
— Eu sou a gerente daqui. Eu cuido de tudo que entra e sai. — Disse ela sorrindo. — Vai ser bom ter alguém novo trabalhando aqui, alguém bonito. E você vai ficar no setor de armazenamento, arrumando todas as caixas e essas coisas.
— Certo, obrigado. — Devolvo o sorriso sem jeito por seu comentário.
— Se você quiser, podemos manter contato por rede social. — Ela disse esperançosa. — Para eu te avisar de tudo por aqui.
— Anho, eu... pode ser, vai ser bom conversar com mais alguém daqui. — Digo sem jeito.
E assim trocamos contato, conversamos mais um pouco e eu tinha que voltar para casa. Eu iria trabalhar em uma distribuidora grande de Manhattan, meu tio era amigo de um dos donos que logo aceitou me colocar para trabalhar lá, era apenas um bico até eu conseguir outro estagio. Além de quê, a herança dos meus pais havia sido usada para pagar o último período da minha faculdade, o bem maior que era a casa foi queimado junto com meus pais.
No meio do caminho Maya me ligou dizendo que minha tia não passava bem, o que ela disse era que eu deveria voltar para a Alemanha antes que eu matasse minha tia, elas ─ exceto meu tio ─ não aceitavam a minha mudança para cá, isso me deixava furioso.
— Não vou fazer isso, tem apenas 3 dias que estou aqui, Maya. Minha tia está fazendo drama. — Digo furioso. — Eu a amo, mas não vou voltar agora, tenho que viver a minha vida.
Minha tia era extremamente apegada em mim, depois que ela perdeu seu filho com 6 meses de gestação e não pôde mais engravidar, ela me adotou como filho antes mesmo da morte de meus pais. Esse amor passava a ser sufocante agora.
— Se você a amasse não teria deixado ela aqui! Ela te ver como um filho. — Maya reclama.
— Você não disse isso, eu não acredito. Era para me apoiar! — Suspiro frustrado. — Está sendo chata insistindo na minha volta, e nós já conversamos sobre isso. Quem está enchendo sua cabeça?
— Não é isso! Eu me sinto insegura, com você aí, Hunter... — sua voz começou a ficar trêmula. — Eu...
— Então é por isso, tem medo que eu faça com você o mesmo que fez comigo. — Bufo. — Vou desligar, e é melhor que não me ligue pelo resto do dia, não quero terminar com você por ligação!
Desliguei a chamada e me despi para tomar uma ducha, entrei no banheiro e deixei que a água e a música aliviassem minha raiva. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, logo a Maya que era a pessoa que eu mais confiava e que pensava que me apoiava. Acabei meu banho, avistei a porta entreaberta, olhei o corredor e fechei a mesma.
Eu estava me sentindo inválido nesses dias, não fazia nada além de estudar e procurar algo que passasse meu tempo, vi uma notificação nova em meu celular, era a moça do trabalho.
No final da tarde eu estava terminando de ler um livro até que ouço alguém batendo em minha porta, fui até lá e era Charlie, senti uma leve felicidade em ver aquele rostinho.
— Minha mãe mandou avisar que o jantar vai sair um pouco mais cedo hoje. Então, você já pode descer para comer. — Ela não olhava em meus olhos. Comecei a pensar que ela sentia desconforto em minha presença.
— Obrigado Charlie, mas não estou com fome. — Digo com um meio sorriso nos lábios. Ela sorriu de volta para mim e finalmente me encarou com aqueles olhos azuis, nós ficamos ali por segundos até que ela resolveu ir embora. Eu fechei a porta e passei as mãos em meus cabelos, olhei para minha mesa repleta de livros e papéis, droga.
[...]
Depois que escrevi a última lauda de uma redação, me estiquei na cadeira, comecei a pensar nos momentos com meus pais. Naquele dia eu havia saído de casa após uma briga, e um pano de prato fez a casa e os meus pais arderem em chamas enquanto dormiam. Além de perder tudo e virar a minha cabeça, eu perdi meus pais e nunca pude pedir desculpas pelas coisas que disse: "vocês me sufocam! Eu não aguento mais". Apertei meus olhos com força a fim de me livrar desses pensamentos. Me sentia culpado e o peso na consciência não sumia. Durante esse tempo escondi essa dor atrás do meu relacionamento com Maya, minhas velhas amizades e momentos bons com meus tios que pareciam meus pais. Hoje em dia não tenho mais como esconder isso, eu teria que aprender a lidar.
Saí do quarto antes que começasse a ficar mais triste e me afundasse em meus lençóis, desde aquele dia eu não chorava mais, eu havia me tornado uma rocha e aquilo me ajudava a enfrentar os problemas. Chorar, esperneia não iria trazer eles de volta. Desci as escadas e fui para a cozinha tomar água.
— Eu não sei o que está escrito aí minha filha, não posso lhe ajudar. — Ouvia a voz de Donna na sala de jantar.
Resolvi ver o que estava acontecendo. Charlie estava debruçada sobre seu caderno cabisbaixa.
— Senhor Lins, está com fome? Posso esquentar a comida do jantar para você. — Donna disse com um sorriso nos lábios.
— Não, obrigado, muita gentileza de sua parte, mas não estou com fome. — Olho para Charlie, eu não queria ser intrometido e perguntar logo o que estava acontecendo, mas Donna percebeu meu interesse.
— Ela não consegue resolver a lição de física. Charlie é bem burra com exatas, não sei o que acontece com ela. Já paguei vários professores, mas ela nunca aprende. Parece um pedaço de tronco. — Donna revirando os olhos.
— Não fale assim! — Charlie resmunga.
— Eu posso ajudar você. — Digo.
— Não precisa se incomodar, quando o pai dela chegar ele a ajuda. — Donna indaga.
— Não me importo em ajudar. Não estou fazendo nada.
Charlie olha para mim e suspira.
— Certo. — A mãe dela sorrir para mim e sai da sala de janta. Agora era apenas eu e ela.
Me sento ao lado de Charlie e ela se afasta um pouco de mim, aquilo seria interessante. Olho para seu joelho que ainda estava coberto pelo curativo.
─ Como está o machucado?
─ Está melhor, obrigada por perguntar.
— No que você está com dificuldade? — Pergunto olhando para seu livro de física.
— É um exercício de física sobre receptores e blá, blá, blá. — Ela afunda a cabeça me seus livros.
— Certo, vamos começar então. — Digo depois de um longo suspiro.
Era um exercício simples, na maioria das vezes ela sabia o que estava fazendo, mas depois errava a coisa toda, realmente parecia um pedaço de tronco.
O tempo que passamos juntos foi bem agradável. Observa-la de lado enquanto está distraída é bom, fora as vezes que ela colocava o lápis na boca e fazia aquela carinha de pensativa. Eu segurava firme nas bordas da mesa para não a agarrar.