Atrevida
Ralf Campbell
Após ter curtido a noite do jeitinho que eu gosto volto para casa, paro o carro na garagem e de repente me lembro daquela moça cega, não sei porque, mas a lembrança dela causou-me um sorriso, olho para o banco do passageiro e vejo a sua imagem sorrindo para mim, balanço a cabeça negativamente olho para trás e vejo o guarda-chuva dela, desço do carro e entro em casa, subo para o meu quarto, tiro a minha roupa e vou tomar um banho. Após o banho coloco uma cueca box e me deito na cama, pego o meu celular e vejo que já é quase três da manhã, deixo o celular de lado e tento dormir, mas não consigo, toda a vez que fechava os olhos via a imagem da moça cega, que porra tá acontecendo? Será que estou com pena dessa moça?
No outro dia...
Tessa Bennett
Levanto-me e vou fazer as minhas higienes pessoais, depois vou tomar café da manhã, tomo sozinha, pois a minha mãe acorda bem mais cedo que eu, ela trabalha num hospital como atendente de balcão, após tomar o meu café pego o meu material, a minha bengala bastão e saio de casa. Assim que passo pela porta, sinto uma presença atrás de mim, mas não digo nada, tranco a porta e quando dou alguns passos ouço uma voz masculina falar perto de mim, mas não a reconheço.
— Bom dia?
— Bom dia! — Respondo por gentileza, e tento seguir o meu caminho o mais rápido que posso.
— Espera senhorita? — Fala tocando o meu braço.
— Me sólta! — Falo assustada puxando o meu braço, na mesma hora ele solta o meu braço e diz:
— Me desculpe senhorita, não queria te assustar.
— Então não encosta em mim — Continuo caminhando — Quem é você? — Pergunto parando os meus passos.
— Eu me chamo Frédéric, sou motorista do senhor Ralf, estou aqui a mando dele. — Então deduzi que ele estava falando do homem que me deu carona na noite passada.
— O que quer comigo?
— O senhor Ralf me mandou trazer o seu guarda-chuva. — Ele leva a minha mão até o guarda-chuva.
— Obrigado.
— Não precisa agradecer. Ele também pediu para que a senhorita devolva a jaqueta dele.
— Olha Frédéric, estou atrasadíssima, já estou na metade do caminho até o ponto de ônibus, não vou voltar em casa para pegar a jaqueta do seu patrão.
— Posso te levar até o seu destino senhorita.
— Acha mesmo que vou entrar num carro com você? Eu nem te conheço.
— Só estou querendo ajudar.
— Fale para o seu patrão que estarei de volta em casa as 17h30, e diga que ele mesmo venha buscar a jaqueta da próxima vez.
— Está bem senhorita.
— Até mais Frédéric.
— Até mais senhorita.
Chego no ponto de ônibus e segundos depois o ônibus passa, subo no mesmo e sigo para a escola.
Ralf Campbell
Acórdo com uma dor de cabeça daquelas, acho que dormi só umas duas horas, tudo isso porque fiquei pensando naquela moça cega, porque estou pensando tanto nela?. Após fazer as minhas higienes vou tomar um remédio para dor, sigo até o meu carro, abro a porta do passageiro e pego o guarda-chuva da moça.
— Frédéric? — Chamo o meu motorista.
— Pois não senhor Ralf?
— Leva esse guarda-chuva nesse endereço que está no GPS do meu carro — Falo lhe entregando o guarda-chuva.
— Sim senhor. — Fala pegando o guarda-chuva das minhas mãos.
— E, Frédéric?
— Sim senhor Ralf?
— Lembre a moça de devolver a minha jaqueta.
— Sim senhor Ralf.
Ele sai com o meu carro. Vou até à garagem pego o meu Mercedes e sigo para a empresa, sei que o Jimmy pode cuidar das coisas daqui para frente por ser o meu consigliere, eu confio muito nele, mas quero estar a par das coisas, por isso decidi que vou ir quase diariamente para a empresa.
Assim que chego na empresa, constato que está tudo certo, o Jimmy realmente é muito competente. Volto para casa com a cabeça tranquila por estar ocorrendo tudo muito bem, ao chegar vejo o Frédéric próximo ao Jardim lavando a minha land rover, assim que me vê vem até mim, parecendo estar nervoso.
— Patrão a senhorita estava de saída e não devolveu a sua jaqueta, ela disse que estava atrasada e falou que vai estar em casa às 17h30, ela disse também para o senhor ir buscar pessoalmente a jaqueta. — Coloco as duas mãos na minha cintura, encaro Frédéric e um riso de nervoso se forma nos meus lábios.
— Repete? Acho que não ouvi direito.
— Não pude fazer nada senhor, a moça não quis voltar em casa para buscar a jaqueta. — Fuzilo Frédéric com o meu olhar, odeio quando mando fazer algo e não fazem
— Você ta dê brincadeira com a minha cara Frédéric! — Falo alto.
— Jamais senhor Ralf
— Olha aqui seu arrombado, acho bom você voltar lá e trazer a merda dessa jaqueta. — Falo segurando ele pelo pescoço.
— Si...Sim, senhor.
Sólto o seu pescoço com força, lhe dou as costas e entro em casa vou até o bar, pego uma garrafa de uísque e coloco um pouco no copo, dou um gole enquanto penso naquela cega atrevida. Se essa jaqueta não tivesse um valor sentimental, deixaria que essa moça ficasse com ela, mas essa jaqueta foi o último presente que ganhei do meu pai. Olho no meu relógio e vejo que é quase cinco da tarde, saio novamente de casa e encontro o Frédéric entrando no carro, mando ele descer, entro no carro e vou disparado até a casa da moça cega. Paro próximo a esquina da sua rua, e observo a pobreza do lugar, enquanto espero por ela dentro do meu carro.
Não demora muito e logo vejo ela virar a esquina, buzino algumas vezes tentando chamar a sua atenção, ando um pouco com o carro e buzino novamente, e ao chegar próximo a ela percebo que essa minha atitude lhe deixou assustada, desço do carro olhando na sua direção, ela está completamente imóvel parada a alguns passos de mim, ando até ela e quanto mais me aproximo, a sua expressão assustada vai dando espaço a um lindo sorriso.