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Reação

Tessa Bennett

Ao encerrar mais um dia de aula me despéço dos meus queridos alunos e vou para o ponto de ônibus, durante o trajeto ouço a voz da Juni, ela também trabalha na escola.

— Tessa me espere? — Paro e fico esperando por ela — Tudo bem não te vi hoje? — Pergunta ofegante assim que chega próximo de mim.

— Estou bem, e você?

— Estou ótima!

Andamos mais um pouco e chegamos no ponto de ônibus, nos sentamos.

— Tessa é verdade que você está namorando?

— Eu namorando? Quem disse isso?

— A minha mãe falou que te viu descer de um carrão ontem à noite.

— A dona Mel não perde tempo.

— Você sabe que a minha mãe ver tudo que acontece naquela vila. — Disse tranquila.

— Eu sei Juni.

— Então, Tessa, você está ou não namorando?

— Claro que não, aquele carro era só um cara qualquer que teve pena de ver uma cega no meio da rua tomando chuva, e decidiu me dar uma carona.

— Amiga que perigo.

— Ta parecendo a minha mãe falando, vocês duas são muito dramáticas.

— Só nos preocupamos com você.

— Eu agradeço amiga, mas sei me cuidar, eu sou cega e não burra.

O celular de Juni toca, ela atende parece ser o namorado dela, como sempre os dois discutem, após ela dizer que não estava esperando ele na escola e sim no ponto de ônibus, Juni desliga o celular e chama ele de chato.

— Quer um conselho amiga, não namora, continua sozinha que é bem melhor! — Disse desanimada.

— Por que estão juntos, se só vivem brigando?

— Porque eu amo ele. — Fala com a voz desanimada, levo a minha mão até a dela e apérto.

Logo o namorado dela chega de moto, Juni se despede de mim com um beijo no rosto, ouço o barulho da moto se distanciando cada vez mais, logo em seguida o meu ônibus chega.

Desço no meu ponto e vou andando até a minha casa. Assim que viro a esquina da minha rua ouço uma buzina de carro, me assusto e paro, e ouço a buzina mais uma vez quando volto a andar, paro novamente e logo sinto um cheiro gostoso de perfume “amadeirado”, um sorriso bobo começa a se formar nos meus lábios cada vez que constato que é o Ralf, e tenho a certeza quando ouço a sua voz grossa.

— Te assustei moça? — Sinto ele bem próximo a mim.

— Mais é claro que sim.

— Me perdoe, não tive a intenção.

— Gosta de assustar moças indefesas?

— Assustar não, gósto de fazer outras coisas. — O seu comentário me deixou vermelha, e não sei porque, mas tive certeza que ele me olhava, e deve ter constatado a vermelhidão na minha pele branca.

— O seu nome é Ralf?

— Se conhecer outro pode mandar matar. — Sorri do seu comentário.

— Prazer Ralf, eu me chamo Tessa, e se conhecer outra não precisa mandar matar. — Falo estendendo a mão para cumprimentá-lo, logo sinto o toque da sua mão sobre a minha, ele aperta de leve e diz:

— O prazer é todo o meu Tessa. O meu motorista veio hoje mais cedo...

Interrompo ele.

— Ah! Claro a sua jaqueta.

— Isso, eu preciso da minha jaqueta. Porque não entregou para o meu motorista? Queria me ver de novo moça? — Mais uma vez fico extremamente vermelha de vergonha.

— O seu motorista não lhe contou que eu estava muito atrasada?

— Sim, contou.

— Então. Pode me acompanhar até a minha casa? Aceita beber algo?

— Agradeço, mas estou com pressa.

— Não vai demorar nada. — Não sei porque estava insistindo tanto.

— Por acaso está dando em cima de mim moça? — Sinto o meu rosto queimar de vergonha.

Sinto o meu coração disparar e o meu corpo inteiro queimar.

— E se eu estiver? Pensa que o fato de ser cega me impede de paquerar?

Confesso que falei isso no calor da emoção, pois na verdade nunca terei essa atitude de dar em cima dele, justamente pelo fato de ser cega, é que geralmente os homens não se interessam por mulheres como eu, e tenho certeza que com ele não seria diferente.

— Jamais pensaria isso, mas sinto lhe informar, você não faz o meu tipo.

Eles sempre falam isso, não somos o seu tipo.

— Não estou dando em cima de você, só estou tentando retribuir a sua gentileza — Tento parecer não me importar com o que acabei de ouvir.

— Vai estar sendo extremamente gentil devolvendo a minha jaqueta.

— Claro acompanhe-me?

Vamos os dois caminhando até a minha casa.

Ralf Campbell

Entramos na casa simples dela, olho tudo com cara de reprovação, onde eu estou me enfiando, que lugar é esse?

— Bem-vindo ao meu humilde lar. Não se preocupa, é simples, mas é tudo muito limpo.

— Bem aconchegante e pequena a sua casa. — Falo enfiando as minhas mãos no bolso.

— Tem razão, aconchegante e cheia de amor — Fico em silêncio — Vou pegar a sua jaqueta no meu quarto e já volto.

Fico na sala enquanto ela vai buscar a minha jaqueta no seu quarto, ela anda com tanta facilidade pela casa que parece estar enxergando, fico admirado com isso. Olho algumas fotos que estão ali nas paredes da sala, eu estava totalmente distraído.

— Aqui está a sua jaqueta. — Fala logo atrás de mim, me dando um tremendo susto.

— Muito obrigado moça. Como sabia em qual canto da casa eu estava?

— Pelo seu perfume. — Sorrio de lado e encaro os seus lindos lábios rosados.

— Você lavou, não precisava.

— Claro que precisava.

— Nessas fotos de quando era mais nova você parecia enxergar.

— Eu não nasci cega, foi um acidente que causou a minha cegueira.

— Sinto muito.

— Tive que aprender a conviver com isso.

— Já tentou fazer uma cirurgia?

— Não temos condições para isso. — Disse desanimada.

— Entendo. Bom, eu já vou indo.

Tessa Bennett

Ouço ele dizer que já se vai, queria que ele ficasse um pouco mais.

— Está bem. — Falo caminhando na direção da porta.

— Não precisa me acompanhar. — Fala tocando o meu braço, que reage imediatamente ao seu toque se arrepiando por inteiro. Mais uma vez sinto o meu rosto queimar de vergonha, nós dois permanecemos em silêncio, e com certeza ele olhava aquela a minha reação

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