Capítulo 8
Eu lhe dou uma cotovelada no abdômen, o que a faz se dobrar e sibilar - eu tomaria cuidado ao falar assim dela - eu tomaria cuidado ao falar assim dela.
Saio da sala e sigo Martinez e Lena pelo corredor.
- É aqui? - pergunto, chegando a uma porta na frente dela.
- Eu deveria... -
- Vamos ligar? - Lena pergunta à boneca.
- Tenho uma cópia da chave, pedi na recepção para ir visitar sua irmã", digo, entregando-lhe o cartão.
Martinez pisca para mim e, folheando o jornal, coloca-o no bolso de seu roupão de banho e entra seguida por todos nós.
PONTO DE VISTA DE VIVIANA:
- Diga-me que me ama, posso ver em seus olhos que você quer.
- Adil, eu... está tudo errado, eu não... - murmuro confuso.
- Sinta seu coração, não use sua cabeça... Não me ame pelo que eu sou, mas pelo que você é comigo.
Separo meus lábios e penso em nosso primeiro encontro. Sua intenção era bater em Martinez, mas então nasceu uma estranha química entre nós que eu também sentia, mas tentava ignorar... Não era possível que eu me sentisse atraída pelo meu sequestrador.
Essa química continuou a crescer, veio o primeiro beijo, outros beijos na ilha, em Palermo não pudemos evitar... a situação já estava fora de controle, na praia, em seus braços, eu até pensei em amá-lo. Então o caos... os registros médicos, sua obsessão, o ataque, Aldo, os contatos... a raiva, o ódio tomaram conta de mim... eu não queria mais ter nada a ver com isso.
Mas o destino parece zombar de nós e agora ele está na minha frente confessando seu amor, eu poderia dizer a ele que também o amo, afinal de contas é a verdade.... Nunca me esqueci de nada, nunca me esqueci dele. Eu parei de sentir o que eu sentia por ele, mas o que aconteceria? Martinez nunca aceitaria isso, eu também nunca aceitaria... tatti está em coma por causa dele, como posso ignorar isso?
- Eu... eu acho que eu... -
- Você acha? - ele pergunta impaciente, agarrando meu rosto.
Eu olho em seus olhos... eles são sinceros e brilham com emoções, ele espera com todo o seu ser que eu possa perdoá-lo, que possamos finalmente seguir em frente, eu gostaria disso também, gostaria muito.
- Doente... -
- Você está vivo? - pergunta uma voz à nossa esquerda.
Nós nos viramos e encontramos todos na porta.... Mas que diabos?
- Como vocês entraram? - pergunto com a testa franzida.
- Bilel tinha a chave. O que está acontecendo aqui? - pergunta Beni, olhando para mim intrigado.
Da última vez, eu lhe disse que preferia morrer a ter sentimentos por Adil novamente.
- Por que vocês estão todos de roupão de banho? Houve uma festa e eu não sabia? - Adil pergunta enquanto me afasto dele e, encostado em um móvel, digo: "Não é o que parece...".
- E o que você acha disso? - pergunta Efrem, cruzando os braços.
- Sim... Então, quão pequeno ele parece? - pergunta Adil, fazendo-me entender que ele não vai me cobrir de jeito nenhum.
Engulo em seco e murmuro nervosamente: "Adil estava me ajudando e..." Não tenho certeza. -
Dou um pulo quando Adil bate a mão na parede e, aproximando-se de mim, rosna com raiva - Não, não estou disposto a fazer isso. Não mais, todos devem saber que você também me ama e não sou eu quem está forçando você a ficar comigo.
Ele cerra os punhos e sibila em alto e bom som: Diga que me ama.
- O quê? - pergunto, abrindo bem os olhos.
- Isso é o que você estava prestes a dizer um segundo antes de entrarem correndo aqui juntos.
Alguém tosse e percebo que são Bilel e Ephrem.
- Não sei o que... - Olho para Martinez, que me olha surpreso.
- Adil, pare de dar espetáculo - digo severamente.
- Diga, não adianta se esconder! - grita Adil, dando um soco no móvel em que estou me segurando.
Eu ofego e respiro fundo.... - Por que está fazendo isso? - sussurro com entusiasmo.
- Não podemos nos esconder para sempre, eu nunca escondi o que sinto de você, quero que você esconda também. Já paguei o suficiente pelos meus pecados, anos sem vê-lo, tocá-lo, viver com você foi como estar no inferno. Salve-me dessa dor, por favor, perdoe-me... diga-me que você também me ama.
Permaneço em silêncio enquanto ele se aproxima de mim e sussurra - Olhe para mim - Olho para ele, que diz suavemente e suavemente.
Olho para ele que diz suavemente com o coração na mão - Podemos começar do zero, prometo que não cometerei erros novamente, não arruinarei o que temos... confie em mim - permaneço em silêncio.
Eu permaneço em silêncio. Não sei o que fazer, o que dizer?
- Tudo vai ficar bem, mas nós dois temos que permanecer nisso. Você tem que decidir se quer isso tanto quanto eu também quero.
Olho para Beni, mas Adil levanta meu queixo e sussurra em voz baixa - Diga... - Eu não sei...
- Não sei... -
- Sabe, eu consigo ver... você só precisa admitir para si mesmo.
- Eu não posso... -
- É claro que você pode... sou eu, me diga... -
- Eu não posso fazer isso -
- O que está impedindo você? -
- Eu não sei.
- É o medo, você tem que deixá-lo ir, querida... agarre-se a mim para sair disso, diga... -
- Adil... -
- Diga -
Balanço a cabeça com incerteza.
- Por favor... - ele me implora.
- Já aconteceu muita coisa - sussurro com os olhos brilhando.
- Vamos sair dessa, vamos começar do zero... me diga... -
Eu olho para ele com medo, estou apavorada.
- Você estava prestes a dizer isso... por favor...
Eu engulo e olho para baixo.
- Adil... deixe minha irmã em paz. Ela não o ama, você não pode forçá-la a fazer isso... - Martinez intervém.
- O que você sabe sobre isso? - Adil rosna, voltando-se para minha irmã.
- Como ela pode amá-lo depois de tudo o que você fez conosco? -
- O que eu fiz? Eu a sequestrei para convencê-lo a deixar a Bilel e se distanciar da organização? Acho que você fez isso de qualquer maneira.
- Adil - Bilel rosna quando Beni o interrompe e diz - Você matou Aldo - Aldo já estava doente.
- O Aldo já estava doente, eu só facilitei as coisas para ele.
- Isso não é uma desculpa. Poderíamos tê-lo salvado a tempo, tê-lo levado para a quimioterapia? -
- Vamos lá, vamos ser honestos. Só um milagre poderia salvá-lo.
- Isso não muda o fato de que você atirou nele, tem um histórico médico terrível, quase matou nosso pai, minha mãe ainda está traumatizada com o ataque. Como acha que posso perdoá-lo depois de tudo isso? -
- Eu fiz tudo o que podia para consertar as coisas! Saí da organização, concordei em ir para Cuba para me curar, não houve um dia sequer nos últimos cinco anos que eu não tenha passado pensando nela, no que eu havia feito a ela, em todo o dano causado, em me arrepender de ter matado Aldo, de ter colocado a vida de seu pai em risco. Falo com o coração na mão, não me justifico... Sou responsável por cada ação vil que cometi, mas também sou humano, também sinto emoções e mereço uma segunda chance? -
Ele se vira para mim e murmura - Estou aqui para você, estou disposto a fazer qualquer coisa para reconquistar sua confiança, vou trabalhar todos os dias para reconquistá-la, vamos conversar, vamos comparar, mas temos que fazer isso juntos... você realmente tem que me dar a oportunidade de começar de novo -
Ele pega minha mão e sussurra - Fique comigo... -
Fecho os olhos, tento imaginar um futuro com ele, com o medo constante de que ele exagere e faça algo sem usar a cabeça, nossas discussões constantes porque não poderemos nos encontrar, meu sentimento de culpa por estar com uma pessoa que minha família não aprova, que matou uma das pessoas mais queridas para mim... Abro os olhos novamente e sacudo a cabeça - não posso - simplesmente não posso -
Adil faz uma careta e murmura - Você... nunca me amou, não é? -
Meus olhos se arregalam, isso não é verdade.
- Você nunca se importou comigo -
- Adil... -
Ele solta minha mão e, olhando para mim com ódio e dor, vira-se e sai correndo da sala, abrindo espaço entre todos.
-Adil! - Eu grito, mancando e saindo também.
Não é verdade que eu nunca me importei com ele.
- Adil, pare! - grito, saindo e tentando persegui-lo pelo corredor... meu tornozelo está doendo muito.
- Volte para a sala de estar, já terminamos o show - ele grita imperturbável.
- Tenho que falar com você! -
- Eu lhe dei muito tempo para fazer isso, mas você ficou em silêncio... -
- Por favor! -
- Você já não me machucou o suficiente, Viviana? -
- Você não está entendendo! -
- Entendo que eu era a única que acreditava nisso, já estou entendendo muitas coisas! -
- Não é o que você está pensando! -
- Que merda! Pare de ficar me vigiando agora, me deixe ir!
- Eu não posso fazer isso! -
- Você não quer me amar, mas não quer me deixar... o que você quer Viviana? -
- Eu não sei! -
- Você não sabe? - grita ela, virando-se.
- Eu não sei! -
- Você sabe! Você não quer admitir! -
- Admitir o quê! -
- Admita que você me ama! -
- Ok, eu admito! Eu vou... Adil, cuidado! - Eu grito quando ele tropeça na escada e cai no chão, batendo a cabeça.
-Adil! - Grito novamente, com o coração batendo forte ao vê-lo rolar pelas escadas de pedra e aterrissar, criando uma poça de sangue sob sua cabeça.
- Socorro!!! - Eu grito a plenos pulmões, subindo as escadas mancando.
-Adil, socorro! Socorro, socorro! - grito, inclinando-me sobre ele e tentando fazer pressão sobre o ferimento.
- O que está acontecendo... Adil! Bilel! - grita Beni, subindo as escadas correndo.
Bilel está logo atrás dela, junto com todos os outros, e Beni grita: -Uma ambulância! -
- Já estou indo! - diz Lena subindo as escadas correndo.
- Como isso aconteceu? - pergunta Bilel ao chegar até nós.
- Ele não viu a escada... ele caiu, bateu a cabeça e... eu não pude fazer nada - murmuro com os olhos cheios de lágrimas.
- É sério? - Efrem pergunta enquanto ouvimos sirenes ao longe.
Provavelmente são os serviços de emergência do hotel, ainda bem que eles são rápidos.
Em um momento, vemos que alguns homens com uma maca chegam até nós e Bilel os ajuda a carregar Adil em cima deles.