Capítulo 5
O relacionamento dele com a comerciante Jacqueline havia durado muito antes de ela conhecê-lo, muito antes do casamento deles e continuou assim que voltaram da lua de mel.
O casamento deles tinha sido uma grande decepção desde o início, reconheceu Ribeca, desanimada, sem perceber que Frank estava observando as emoções que cruzavam seu rosto.
- Qual é o problema, ma petite, qual é o motivo dessa carranca que vejo em seu lindo rosto? - perguntou ela. - Você não acha que o casamento de Hester e Liam vai durar? -
- Oh, tenho certeza de que sim. Espero que sim, de todo o meu coração. Tenho certeza de que eles se amam de verdade", murmurou Ribeca. - E isso é tudo o que importa, não é? O amor... -
A voz, subitamente rouca, o intrigou.
- Você está mesmo? Desculpe-me, mas não sou especialista em amor e casamento, nunca experimentei nenhum dos dois", respondeu Frank, arrastando as palavras. - Entretanto, a experiência me ensinou que muitas mulheres veem o casamento como um caminho conveniente para a segurança financeira. Tanto durante o casamento quanto depois, com um acordo de divórcio econômico. -
Ribeca largou o canapé com o qual estava brincando, certa de que se engasgaria se desse uma mordida.
- Você é terrivelmente cínico. Não acredito que uma mulher possa se casar por segurança financeira. Tenho mais do que certeza de que Hester não se casou com Liam por causa do dinheiro dele.... Eu me casei porque amava meu marido, não por sua conta bancária. -
Ela olhou para ele atentamente, imaginando o que ele pensaria se lhe dissesse que seu ex-marido era um banqueiro muito rico. Será que ele se recusaria a acreditar que ela não havia se casado com Callum pelo dinheiro?
Frank olhou para ela com atenção.
- Ah, sim, Harper me disse que você era casada. Mas eu sei que você está divorciada agora, não é? -
- Sim", respondeu ela secamente, baixando os olhos e ignorando o olhar curioso de Frank.
Os motivos de seu divórcio ainda a machucavam profundamente e ela não estava disposta a falar sobre isso com um estranho. Frank deu de ombros.
- No entanto, ele está confiante de que o casamento de Hester e Liam vai durar. Eu teria pensado que, depois de sua tentativa fracassada, você teria visto as falhas de uma instituição tão... antiquada. Você realmente acha que pode permanecer fiel a uma pessoa por toda a vida? -
Estava claro que o conceito de amor e lealdade era ridículo para ele, mas Ribeca olhou para ele com firmeza e assentiu.
- Sim, eu ainda acho. Você não pode generalizar... Apesar do que aconteceu comigo, acho que o casamento é uma instituição maravilhosa. Espero um dia encontrar um homem com quem eu possa compartilhar minha vida, a quem eu possa dar todo o meu amor. E, acredite, para mim não fará diferença se ele for rico ou pobre", acrescentou Ribeca com determinação, relembrando suas palavras anteriores.
"Um sentimento admirável, mas pequeno", disse Frank, persuasivamente.
Ribeca parecia convincente, mas ele não estava enganado. Harper lhe dissera que, após o divórcio, Ribeca recebera uma indenização significativa do ex-marido, o que explicava seu apoio fervoroso à ideia de se casar novamente.
Miranda, a mulher com quem o pai dela havia se casado, tinha escolhido seu pai como alvo e usado todas as armas de seu vasto arsenal feminino para fazer com que ele a levasse até o altar e recebesse sua doce recompensa.
Você também achava que casar e se divorciar era a maneira mais fácil de ficar rico? O que poderia ser uma carreira paralela à de designer de interiores? Eu estava convencido... De outra forma, não se poderia explicar sua amizade com um homem frágil como Jeremiah, que era quase quarenta anos mais velho do que ela.
Nos últimos dez anos, Jeremiah havia aberto sua casa para ela, tratando-o como se ele fosse parte da família... como um filho... Agora era hora de retribuir sua bondade e mantê-lo longe das garras gananciosas desse pequeno arrivista.
Ele encheu o copo dela e dispensou seu protesto com um sorriso encantador que teve o efeito desejado de fazê-la corar.
- Você não vai precisar dirigir, vai? - perguntou ela assim que Ribeca levou o copo aos lábios com dedos trêmulos.
Frank franziu a testa de repente com um pensamento que lhe passou pela cabeça.
- Você vai ficar aqui ou em Mitford Hall? -
- Aqui. Jeremiah me convidou para Mitford Hall", explicou Ribeca, "mas ele está com a casa cheia de parentes no fim de semana e achei que seria mais fácil reservar um quarto neste hotel. E você? -
- Eu também tenho um quarto aqui. -
Não havia como não notar o brilho em seus olhos enquanto ela continuava a falar.
- Quem sabe você não se lembra? Talvez tomemos o café da manhã juntos, mas petite...
- Acho que isso é muito improvável. -
Ela tentou parecer calma, na esperança de esconder seu profundo choque com a ideia de que ele poderia estar planejando passar as horas antes do café da manhã com ela... em sua cama.
Esse homem é arrogante ao máximo", pensou Ribeca, mas não pôde deixar de tremer um pouco ao pensar nos dois juntos, em uma cama grande, entrelaçados, se beijando, se tocando, fazendo amor.
Frank se recostou em sua cadeira e olhou para ela atentamente. Ele estava corado novamente e observava fascinado a pele pálida dela ficar rosada. Era absolutamente fascinante...
As mulheres sofisticadas com quem ele normalmente estava nunca coravam.... Mas ele tinha de admitir que esse era um truque que funcionava muito bem. Com aqueles olhos grandes e bochechas rosadas, Ribeca Bryant parecia inocente e simples, mas Frank duvidava muito disso.
Ele deliberadamente deixou seu olhar cair sobre os seios dela, um sorriso cínico surgindo em seus lábios assim que Frank notou as pontas dos mamilos esticados visíveis sob o vestido. Convença-a de que ele é uma opção melhor e mais lucrativa do que o conde prometeu, pensou ela, enquanto se remexia no assento para aliviar um pouco as regiões inferiores atormentadas pela visão anterior.
- Fale-me sobre você... - ele a incentivou quando a viu empurrar o prato quase cheio para longe. - Você tem família? Irmãos e irmãs? -
Uma pergunta tão direta e totalmente inesperada deixou Ribeca perplexa. Ela duvidava que ele estivesse interessado nos detalhes chatos da vida dela, mas pelo menos uma conversa casual poderia ajudá-la a ignorar a reação química entre eles que estava prestes a causar uma explosão apocalíptica.
- Tenho duas irmãs, ambas casadas e felizes com meus cunhados queridos, mas não ricos", respondeu ela com determinação, enfatizando a palavra "ricos". - E também tenho um irmão, Nigel, para quem trabalho. -
- Ah, sim... a Decor Designs Co. murmurou Frank.
Mais uma vez, Ribeca pensou ter ouvido um tom estranho na voz dele que a fez hesitar.
- Como vão os negócios? Sei que o mercado imobiliário na Inglaterra está passando por uma crise no momento. -
- Na verdade, eu só faço o design de interiores, enquanto meu irmão se encarrega de comprar e vender propriedades... No entanto, tudo parece estar indo bem", respondeu ele com um sorriso. - Nigel acabou de comprar uma cobertura em Chelsea que pretendemos reformar e vender? Espera-se que ele obtenha um bom lucro. -
"Você deve precisar de um empréstimo substancial... para esse tipo de empreendimento", comentou Frank. - Você tem um banco solidário ou a ajuda de investidores privados? -
- Bem, é claro que pedimos empréstimos a bancos, mas não tenho certeza quanto a investidores privados? - Ribeca murmurou, com as bochechas vermelhas.
Ela estava na Decor Designs Co. havia um ano e se concentrava no setor de design de interiores, um setor que tinha pouco a ver com as outras atividades da empresa.
Frank olhou para ela. O olhar profundo e inescrutável a deixou desconfortável e Ribeca mudou rapidamente de assunto.
- E você, tem família? -
"Meus pais já morreram", respondeu ela. - Tenho uma irmã, que é dois anos mais velha que o Harper. -
Ele cerrou a mandíbula ao se lembrar da infelicidade de Eléa Léontine quando seu pai decidiu se casar com Miranda. A madrasta havia destruído a família, lembrou Frank com amargura. Miranda conseguiu fazer com que o pai lhe desse a maior parte das joias que pertenciam à mãe, joias que por direito pertenciam a Eléa.
Antes de deixar a França, Frank havia dado à sua madrasta gananciosa e mesquinha uma grande soma de dinheiro em troca de um colar de rubis e um par de brincos iguais, joias que sua mãe havia usado no dia em que se casou com Armand de Roux.
Mas Frank sabia que seu pai nunca teria dado a ela as joias, que tinham um certo valor sentimental, mas havia morrido antes que pudesse fazer seu testamento e, portanto, tudo havia passado para a jovem segunda esposa.
Frank pouco se importava com o enorme palácio que seu avô havia comprado em Paris e que agora pertencia a Miranda. Ele poderia muito bem ficar com ele... Tudo o que Frank queria era recuperar tudo o que havia pertencido à sua mãe.
Felizmente, Miranda era uma mulher gananciosa que adorava gastar dinheiro a torto e a direito, portanto, sempre precisava de dinheiro para sustentar seu estilo de vida exuberante. Então, depois de muito insistir, ela foi convencida a vender as joias... por um preço justo, obviamente.
Ela estreitou os olhos para Ribeca, que colocou a mão em sua garganta e tocou os diamantes que brilhavam em sua pele. O gesto o fez lembrar da ganância nauseante de sua madrasta, e a bile em sua garganta ameaçou sufocá-lo.
- Está tudo bem com você? - perguntou Ribeca, inseguro.
Um momento antes, ele estava sorrindo para ela e agora, em vez disso, sua boca estava comprimida em uma linha fina e seus olhos estavam duros e frios, como dois pedaços de gelo. Ele parecia perdido em seu próprio mundo e, mais uma vez, ela sentiu um certo desconforto.
A voz dela pareceu trazê-lo de volta ao presente, e Frank se forçou visivelmente a relaxar. Mas quando ela sorriu agradavelmente para ele, Ribeca se arrepiou.
- Oui, chérie ... Muito bom... Você gostaria de mais champanhe? -
- Não, obrigado a você. -
Ela rapidamente pegou a taça antes que eu pudesse enchê-la. Como você não é fã de álcool, não foi preciso muito para deixá-la bêbada. Na verdade, sua cabeça já estava girando. Ela olhou para Jeremiah, esperando que ele não estivesse muito cansado, mas ele não estava lá. Ela se virou novamente e notou que Frank a observava impassível.
- Talvez devêssemos voltar ao salão de baile...", sugeriu ele, levantando-se e puxando-a para cima também.
"Por favor, não se sinta obrigada a ficar comigo", respondeu Ribeca, sentindo de repente um desejo forte e desesperado de fugir dele.
A poderosa masculinidade de Frank a incomodava mais do que ela queria admitir, e ela precisava de tempo para organizar seus pensamentos e controlar a reação rebelde de seu corpo.