Capítulo 3
A voz dele parecia ter baixado um pouco e a frieza que ele emitia a fez estremecer. Talvez fosse sua altura que o tornava tão ameaçador, ou talvez fosse a dureza de suas feições e a curva ligeiramente cínica de seus lábios que a deixavam desconfortável.
Ela ofegou quando ele de repente estendeu a mão para entrelaçar os dedos com os dela com força.
- Ou posso chamar você de Ribeca? -
Ele enrolou o nome dela na língua como se estivesse saboreando um vinho fino e estendeu a mão para roçar os nós dos dedos com os lábios, fazendo com que uma corrente elétrica se espalhasse dos dedos dele para cada átomo do corpo dela, para cada terminação nervosa, desde as pontas dos chapéus dele até os seus pés.
Vê-la corar fazia os olhos verdes dele brilharem de diversão, e Ribeca odiava perceber claramente o efeito que isso tinha sobre ela.
- Espero conseguir persuadir você a dançar comigo... juro que não pisarei em seus pés... - ele murmurou com aquele sotaque sexy e pecaminoso, não mais frio em sua voz, fazendo com que ela se perguntasse se havia imaginado aquilo.
Ribeca teve a sensação de que ele poderia convencê-la a fazer o que quisesse. Aquele sorriso teve um efeito estranho sobre ela.... Ela se sentiu quente e incomodada. Foi esplêndido, pensou ela, sem poder fazer nada. Ela nunca havia se sentido assim antes... Nem mesmo quando conheceu seu ex-marido.
Ela havia se sentido atraída por Callum, é claro, e enquanto ele continuava o namoro, ela acabou se apaixonando por ele. Mas ela nunca havia experimentado aquela incrível e quase primitiva consciência sexual que agora pulsava em suas veias.
Durante toda a sua escolaridade, desde o ensino médio, ela sempre esteve mais preocupada com os estudos, deixando de sonhar com o amor ou de se entregar às suas primeiras paixonites, coisas que preocupavam muito suas amigas.
Sua vida havia sido totalmente planejada: estudo, carreira, casamento e filhos. Mas seus sonhos foram destruídos da maneira mais brutal possível quando ela descobriu a infidelidade de Callum. Sua vida pessoal havia mudado e Ribeca não sabia mais o que queria... até aquele momento...
De repente, Ribeca percebeu que queria fazer uma loucura, como se deixar levar pelos braços desse homem incrivelmente sexy e pressionar os lábios contra a curva sensual da boca dele. Ele ofegou ao perceber que ela estava olhando para ele e corou muito.
"Meu Deus... estou agindo como uma garota em um primeiro encontro...", pensou ela irritada e, com muito esforço, sorriu de volta para ele, tentando parecer calma.
- Obrigada, eu gostaria de dançar... - murmurou ela.
Ela o seguiu até a pista de dança e um arrepio a percorreu quando ele apertou sua mão com força e a outra deslizou até sua cintura, pressionando os músculos duros de suas coxas. Ela sentiu o calor que emanava do corpo dele e a fragrância exótica e almiscarada da colônia inundou seus sentidos.
Parecia que todas as suas terminações nervosas estavam altamente sensíveis e, horrorizada, ela sentiu os seios coçarem e os mamilos endurecerem contra a seda do vestido.
Frank sentiu os sinais enviados pelo corpo de Ribeca e olhou para o rosto corado dela. Ela havia sido fria e indiferente antes, mas agora que sabia o quanto ele era rico, não era mais.
Na verdade, ela havia se tornado dócil nos braços dele e, com a ponta da língua, umedeceu o lábio inferior em um convite deliberado que provocou uma reação erótica imediata nele.
O dinheiro realmente era um poderoso afrodisíaco, pensou ele ironicamente.
Ele sabia que, mesmo que não fosse um homem bonito, seu bem-estar garantiria que ele não precisasse se preocupar muito com as mulheres. Às vezes ele se perguntava se a vida teria sido mais excitante se ele não fosse.
Ele abandonou esse pensamento e observou as pupilas de Ribeca se dilatarem enquanto ela sorria para ele. Era um truque inteligente e ele imaginou que, por trás daquela fachada ingênua, havia uma mulher inteligente.
Ele era absolutamente lindo, mas estava danificado, lembrou-se, escurecendo. Uma alpinista social com olhos tão azuis quanto o céu de verão, concentrada na fortuna de Jeremiah Cavendish-Mitford.
Ele estava convencido de que ela era como sua madrasta, um parasita esperando para se enterrar no coração de um velho doente até secar. No entanto, embora sua cabeça sentisse apenas desprezo pela mulher, seu corpo não era tão sensível.
Ele sentia uma tensão inconfundível quando se imaginava esmagando os lábios dela sob os seus e despindo-a para provocar os mamilos firmes e esticados com a língua. Esse desejo era uma complicação desconcertante, mas parecia que Ribeca Bryant estava igualmente ciente da química entre eles.
A mandíbula de Frank se contraiu e seus lábios se retorceram cruelmente. Ele não podia salvar o pai das garras de Miranda, no entanto, jurou a si mesmo que não ficaria ali parado vendo Jeremiah cometer o mesmo erro.
Uma raiva fria e desdenhosa o assaltou enquanto ele analisava os diamantes ao redor do pescoço de Ribeca e estimava seu valor. Ele não conseguia acreditar que aquela bela loira estivesse interessada em um homem com idade suficiente para ser seu pai apenas por causa de sua riqueza.
No entanto, o interesse óbvio dela por ele lhe proporcionou uma arma ideal para atrapalhar seus planos, e ele não teria escrúpulos em usá-la. Ribeca Bryant acabará em sua própria cama e longe da cama de Jeremiah.
- Então, você é designer de interiores? Harper me disse que você recentemente renovou completamente a nova residência de Hester e Liam? - disse Frank, abaixando tanto a cabeça que Ribeca sentiu o hálito quente em sua bochecha.
- Sim... - murmurou ela, distraída, tentando colocar alguma distância entre ele e ela.
Ela sentiu a mão de Frank apertar seu quadril e a pélvis dele roçar na dela de uma forma extremamente sensual. Ela sentiu que não conseguia mais pensar e se arrependeu amargamente da taça de champanhe que havia bebido quando chegou à recepção.
Certamente era culpa do álcool que sua cabeça estava girando... e não da presença inebriante do homem que a segurava firmemente contra seu peito musculoso... não era?
Com uma estranha sensação, ela se perguntou o que mais Harper havia lhe contado sobre ela. A irmã de Hester nunca tinha sido muito amigável com ela, então ela poderia ter jogado lama nela. Mas isso não a surpreendeu tanto, já que ela era uma das melhores amigas de Claudia Gibson, sua ex-cunhada.
Desde o primeiro momento, Claudia a tratou com frieza, passando rapidamente a odiar sua mera presença na vida de Callum. Ribeca sabia algo sobre a infância de Claudia e Callum, marcada pelo divórcio de seus pais, um divórcio muito contencioso, que levou Claudia a depender sempre de seu irmão mais velho.
A inveja que ele tinha do relacionamento entre Callum e Ribeca, o ciúme e o ódio profundo que sentia por ela, sua maneira de menosprezá-la o tempo todo, foram fatores decisivos que contribuíram muito para o rompimento entre Ribeca e seu ex-marido.
"Foi uma grande honra quando Jeremiah me deu esse emprego", explicou ela, erguendo os olhos azuis para Frank e sorrindo para ele. - É a primeira casa de Hester e Liam como marido e mulher, e eu queria que fosse especial. -
Claro, e isso lhe deu a oportunidade de se aproximar de um homem extremamente rico, refletiu Frank com cinismo, irritado ao perceber que aqueles olhos o faziam lembrar do céu cobalto da Provence em um dia de verão.
Jeremiah era de uma família nobre, com raízes profundas na corte do rei Henrique VIII. Dois de seus tios-avós foram ministros em dois governos ingleses muito importantes e uma tia-avó foi dama de companhia da Princesa Margarida.
Seu velho e querido amigo passava a maior parte do tempo em sua propriedade ou em seu exclusivo clube particular, cheio de aristocratas esnobes que desprezavam... pessoas comuns.
Portanto, se não fosse pela oferta de emprego, Ribeca Bryant nunca teria conhecido Jeremiah... E ele estaria são e salvo, fora das garras desse... magnífico, mas malvado carreirista. E, pelo que pude ver, Ribeca não estava pronta para deixar Jeremiah, sua galinha dos ovos de ouro.
- Então você só conheceu os Cavendish-Mitfords quando teve essa missão? -
Aquele sorriso sexy tornava difícil pensar, mas ela detectou um leve tom na voz dele que a fez se perguntar por que ele estava tão interessado no relacionamento dela com a família de Jeremiah.
- Sim", ele assentiu lentamente. - Como você pode imaginar, trabalhei de perto com Hester e Liam e fico feliz em dizer que eles realmente gostaram do meu trabalho. Nós nos tornamos amigos e hoje à noite eles me convidaram para a recepção. -
- E eu soube por Harper, obviamente, que você se tornou um bom amigo de Jeremiah. -
A expressão de Frank era suave, mas Ribeca detectou novamente uma ponta de irritabilidade em seu tom. Ele decidiu que já estava farto daquele interrogatório.
- Jeremiah Cavendish-Mitford é uma pessoa maravilhosa, muito educada e inteligente, então sim... eu gostaria de pensar em ser amigo dele. -
Ela corou culpada ao se lembrar da promessa que havia feito a Jeremiah de não contar seu segredo a ninguém. Ela presumiu que Frank não sabia e que não era seu dever contar a ele.
- Nós nos encontramos algumas vezes quando ele veio para a aldeia, para ver como o trabalho estava sendo feito, e algumas vezes até almoçamos juntos. -
Ribeca hesitou quando Frank olhou para ela com aqueles olhos verdes profundos, tão profundos, tão insondáveis.
"Acho que Jeremiah tem se sentido muito solitário desde que perdeu a esposa", acrescentou ela. - Ele parecia estar precisando falar sobre isso. -
"E tenho certeza de que você é um ombro amigo", disse Frank, enrolando as palavras.
Enquanto Ribeca tentava entender o que ele queria dizer com aquela declaração, se significava algo ou nada, Frank tocou a bochecha dela com um dedo fino e bronzeado e parou no colar de diamantes que ela usava no pescoço.
- É realmente uma peça de joalheria magnífica? Quase tão magnífica quanto a mulher que a usa com tanta graça? - ele murmurou. - Você tem um gosto excelente, chérie... O colar que você escolheu é uma peça de joalheria divinamente projetada e executada. -
- Oh, eu não o escolhi... eu não o comprei... foi um presente. -
Ribeca hesitou, não havia motivo para não dizer que tinha sido o presente de aniversário de Jeremiah, mas ela tinha a sensação de que Frank perguntaria por que o conde tinha lhe dado um presente tão caro. Teria sido impossível explicar que Jeremiah queria agradecê-lo pelas horas que passara com ele no hospital sem revelar seu segredo.
Será que ele havia imaginado isso ou o rosto magnífico do francês havia simplesmente endurecido por trás do sorriso? No entanto, sua voz estava mais uma vez tão sedutora quanto um xarope líquido.