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Capítulo 5

Embora eu sinta um pouco de pena deles!

Em suma, procurar durante anos respostas sobre a origem da minha família, porque são tão ricos ou porque são tão misteriosos... e depois descobrir que: mataram a minha mãe e que acabei num reformatório (que por agora só é conhecido pela minha família e pelos funcionários da escola), dá arrepios.

— Vai ter prova de atualização na quinta galera, quem ficar para trás vai ficar para trás. eu vou lhe avisar

de imediato! —Williams murmura essas palavras um momento antes do sinal tocar e todos os alunos saírem para o corredor.

Eu bufo, pego minha mochila e sigo aquele rebanho de animais para fora da sala de aula.

Como já é hora de almoço, porque esta manhã entrei na escola à hora que preferia, dirijo-me à cantina sabendo que se não fosse a minha misteriosa família não me teriam deixado entrar.

Assim que chego à entrada da cantina, o barulho inicial transforma-se em murmúrios e a minha paciência, agora inexistente, tenta convencer-me a manter a calma.

-Carmem! -

Meu nome ecoa nas paredes de uma forma tão estranha que silencia até os murmúrios.

—Tyler, a que devo esse prazer? —Pergunto-lhe sarcasticamente quando o encontra na minha frente.

"Eles têm me feito muitas perguntas desde que você chegou, eu queria te lembrar da regra", ele sussurra sério, mas com um toque de exasperação na voz, e eu aceno.

— Já estive fora há anos mas não mudei Tyler, lembro muito bem da regra da família. Só estou aqui há uma hora, droga! Como você enfrenta cada um deles

dia? - reclamei, olhando alguns.

— Nosso sobrenome é uma frase —

— Não, adoro assustar as pessoas e assustá-las — respondo, soltando suas risadas.

Senti muita falta de conversar com ele, apesar do meu caráter azedo e do tempo que passou, espero poder continuar contando com ele.

“Nosso primo vem jantar hoje”, ele me avisa, perdendo o sorriso em um instante.

-Melodia? - pergunto com uma careta.

Nunca gostei dela e só posso imaginar o quão vadia ela se tornou ao longo dos anos.

“Eu gostaria de poder negar”, ele responde, lembrando-me de quanto carma ele tem contra mim.

— Ok, vou sair daqui, a comida definitivamente é uma merda e as pessoas não são diferentes — digo com uma expressão de nojo fazendo-o balançar a cabeça divertido.

-Carmem! — ele me chama novamente, impedindo minha tentativa de sair.

- Sim? -

“Tire essa lente verde do seu olho, prefiro você natural”, diz ele com um sorriso, apontando para seus olhos idênticos aos meus.

A genética de alguma forma significava que ele e eu éramos heterocrômicos, ou seja: tínhamos olhos de duas cores diferentes.

Como já disse, a nossa semelhança é palpável e não estou falando apenas dos olhos, então não é nada difícil para as pessoas me reconhecerem.

Saio do refeitório determinada a seguir seu conselho, bufando estupidamente com minha má decisão de cobrir meu olho roxo com uma estúpida lente de contato verde, para esconder minha heterocromia.

Sigo em direção ao banheiro, até me perguntando o motivo dessa minha escolha: decidi me tornar descuidado e malicioso, esconder uma de minhas características fundamentais dessa forma vai totalmente contra essa minha decisão.

Olho no espelho por alguns segundos e lentamente removo a lente do olho esquerdo, revelando sua cor preta natural.

Há muito tempo que tenho tendência a esconder esta heterocromia, não porque tenho vergonha, mas simplesmente porque sempre me senti diferente dos outros (não que isso seja uma coisa má), e os meus olhos são como a cereja do bolo. .

Não é uma questão de estética, o motivo principal tem a ver com meu primo e Axel, desde que saí desta cidade preferi esconder os olhos, como se não vê-los me distanciasse dos dois.

Na verdade, olhando no espelho e vendo esses olhos, vejo Tyler novamente pela nossa semelhança e Axel pelo amor profundo que sentia pelos meus olhos.

Até minha mãe os adorava, ela ficava me dizendo isso e ali eu não conseguia me permitir pensar neles mais do que já pensava.

Olho para meu reflexo uma última vez, depois suspiro e saio do banheiro, determinada a deixar minha indiferença cobrir minha alma.

— Melody querida, é bom ter você aqui —

Bem, deixe-me explicar a situação bastante desprezível em que me encontro:

O irmão da minha mãe, Jasper, e sua esposa Meredith, conceberam uma criança estranha chamada Melody.

Um nome um tanto inapropriado, já que a garota em questão está mais desafinada do que uma campainha.

Christine, ou como mencionei anteriormente, irmã de minha mãe, continua trocando gentilezas com minha (infelizmente) prima víbora.

Quando Melody, Jasper e Meredith encontram meu olhar, um silêncio constrangedor cai na sala para eles.

Sei que mudei muito desde a última vez, mas tenho certeza que me reconheceram.

Um rosto tão parecido com o dos meus pais e do meu primo Tyler, que certamente não há dúvida.

Sem falar nos olhos!

"Que aconchegante", comento, bocejando e dando um sorriso falso para meu suposto primo.

“Eu esperava nunca mais ver você, mas em vez disso...” acrescento, colocando meus olhos na garota de cabelo loiro descolorido na minha frente.

“Carmen,” meu tio Jasper sussurra depois de um momento de transe.

—Sim, exatamente, ainda estou vivo e não sou uma miragem — digo sarcasticamente, evitando pela enésima vez durante o dia olhar para Jason, pelo motivo simples e óbvio, de ser gêmeo homozigoto do meu pai, a coragem olhar para ele é demais. Pouco.

— Sente-se rápido, não quero que a comida esfrie — Tia Christine sugere para aliviar a tensão, após o que todos se dirigem para a sala de jantar para se sentarem.

- Nao tente

mate ela! —Tyler sussurra ao meu lado.

"Não vou prometer nada", digo, concluindo nossa pequena conversa e sentando-me entre ele e minha tia Meredith.

—Como está sendo o retorno aqui para Miami? — ele me pergunta, bebendo um pouco de vinho tinto.

- Bom -

- Novos amigos? —ela continua sedutora, sem se importar com minha expressão entediada.

—Mas que perguntas você está fazendo, mãe? Obviamente não! Resumindo, você conhece a personagem dela, sem falar na aparência: Melody resmunga com sua voz nauseante, acompanhando a frase com uma risada que é tudo menos real.

—De qualquer forma, você não pode dizer nada, minha querida Melody, já que você não tem caráter, e em beleza eu te supero de forma devastadora e você tem plena consciência disso. - digo desafiando-a com meu olhar, que depois de alguns segundos ela baixa para seu prato.

Ninguém pode contestar isso, especialmente a cor dos meus olhos.

— Evidentemente não sou tão mesquinho a ponto de querer lhe salientar, ainda mais do que você já sabe, que até te supero em beleza. A razão deste meu gesto é que a estética é a única coisa com que se pode contar. Resumindo... você não quer conquistar caras com a sua personalidade! — acrescentei, provocando-o.

Tyler mal consegue conter o riso, Jason não consegue evitar que sua expressão divertida escape e tia Christine adota um olhar envergonhado.

Os pais da cobra me olham de soslaio, mas não ousam abrir a boca.

Polly, a garçonete, traz uma bandeja cheia de pratos deliciosos, que olho com água na boca.

"Parece que ele não come há muito tempo", Tyler brinca ao meu lado, e eu finjo um beicinho.

- Bem, o que você está esperando? Ele passou anos em um reformatório atrás das grades”, diz Melody com indiferença, ao que cerro a mão direita, tentando me lembrar dos métodos anti-raiva que eles tentaram, embora em vão, me ensinar.

Evito ressaltar que não tinha grades (exceto as das janelas), mas sim uma porta blindada, e como se tentasse reprimir minha vontade de bater a cabeça dele no vaso sanitário.

—Posso saber o que você fez para ir parar aí? —ele pergunta com um sorriso no rosto.

Sendo filha do irmão da minha mãe e, portanto, não fazendo parte da família Milton, a maioria dos segredos também são mantidos em segredo dela.

Minha tia Christine só sabe de tudo porque é casada com Jason.

"Não preciso lhe dar nenhuma explicação", digo com uma voz monótona.

Jason sorri para mim e eu olho para ele com uma carranca.

Ele estava convencido de que eu lhe contaria a verdade? Não esqueço o juramento da família de um dia para o outro.

“Sempre esses segredos”, bufa o ganso do meu primo, triste porque não tem nada para fofocar.

Disto também fica claro que o sangue dos Miltons não corre em suas veias.

O jantar continua em absoluto silêncio da minha parte, e com a conversa habitual sobre o trabalho de Jasper e Melody e a moda de sua mãe.

Eu bufo com o tédio extremo que esta noite me causa e me levanto da cadeira para ir para o meu novo quarto.

Meus familiares olham para mim, param de falar por alguns segundos e depois continuam como se nada tivesse acontecido.

Eles sabem que sou uma pessoa que precisa do espaço deles.

Assim que entro no meu quarto, tranco a porta e tiro a calça jeans e uma camiseta simples.

Vou para o camarim e visto um short jeans, uma blusa de couro preta e uma jaqueta.

Pego o iPod, as chaves da minha moto e saio rapidamente de casa.

Preciso competir com a minha filhinha, ela é uma Kawasaki Ninja ZX-R preta, que o Micheal, meu ex, me deu.

Não é a única moto que tenho, guardo a outra na garagem, mas prefiro não falar sobre isso por enquanto.

Coloco meu capacete e sem pensar duas vezes me afasto daquele lugar, deixando tudo para trás.

Os segredos.

Dor.

A falsidade da minha família.

O vento em meus cabelos me faz sorrir e acelero, aproveitando a maravilhosa sensação de adrenalina.

A velocidade tem esse efeito em mim.

Quando ando de moto e corro, sei que estou numa encruzilhada entre a vida e a morte, mas isso não me assusta, pelo contrário, me faz sentir um estranho arrepio de excitação por todo o corpo.

Acelero pela praia apreciando a vista à minha frente e os olhares chocados das pessoas.

Embora sejam onze da noite, a praia está lotada de gente.

Tem quem dança nos quiosques, quem anda, quem joga futebol ou basquete e quem anda de skate.

Paro de olhar para tudo isso e deixar as memórias vagarem pela minha mente.

Tiro o capacete e sento na bicicleta pensando.

- Posso jogar com você? -

Olhei para o garoto na minha frente e fiz uma careta.

"Não", eu disse, e depois voltei a construir meu castelo de areia.

— Meu nome é Axel e qual é o seu nome? — O garoto de cabelos castanhos e olhos verdes continuou me incomodando destemido.

"Eu não perguntei a você", eu disse bufando, e ele se ajoelhou na areia ao meu lado.

—Mas de qualquer forma, você vai me deixar

em paz? Eu gritei, cruzando os braços sobre o peito.

Axel riu, mostrando-me a covinha na bochecha esquerda.

Embora eu não quisesse falar com aquele garoto, tive que evitar colocar meu dedo indicador em sua covinha.

— Bem, do que você está rindo? -

"Você é engraçado", ela respondeu e eu fiz beicinho de aborrecimento.

— Não sou engraçado e não quero brincar com você. — Respondi pegando minha pá e cavando na frente do castelo para fazer uma piscina.

"Mas eu tenho, não há outras crianças aqui", ele disse, ficando de mau humor, e eu encolhi os ombros.

— Sim, há uma criança. Primeiro ele veio, destruiu meu castelo de areia e jogou em mim. Então não quero brincar com você, vocês são todos iguais”, falei, batendo o remo na praia e incinerando-o com o olhar.

— Não quero destruir seu castelo, só quero brincar —

Olhei nos olhos dele por alguns segundos, para saber se devia confiar ou não e ele me lançou um olhar de choque.

- Mas seus olhos estão

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