Capítulo 10
Ela encolhe os ombros e eu olho para ela com o canto do olho.
— Bem, obviamente, por que eu teria trazido você comigo de outra forma? —Respondo retoricamente, cruzando aquele campo com ela à minha esquerda.
“O telhado pode abrir e fechar automaticamente”, diz ele, olhando para minha expressão confusa diante de todo aquele sol.
— Para que eles não tenham desculpa de não poder treinar por causa da chuva, ótimo — comentei revirando os olhos com tanto dinheiro desperdiçado.
"Olá, Milton", grito para meu primo assim que chego a poucos metros dele.
Tyler se vira para mim e arregala os olhos, confuso, olhando primeiro para mim e depois para Summer.
Esta última cora muito e toca os cabelos nervosamente.
— Não se preocupe, ele é um idiota, você não precisa ficar nervoso —
"Vocês são idênticos", comenta ele, olhando para mim e para ele, que agora caminha a passos largos em minha direção.
-Onde diabos você estava?
ontem? —pergunta meu sósia chato com um olhar ameaçador.
— Fui jogar bingo e aí tive uma crise de diarreia e parei na casa de um estuprador. Mas no final eu fugi e enquanto estava lá fui comprar para você aquelas revistas Gossip Girl que você tanto gosta. Felizmente conheci Connor, que gentilmente me deu uma carona para casa. —Explico, fazendo Summer e alguns de seus amigos próximos a nós rirem.
“Foda-se Carmen, estou falando sério”, ele me repreende, passando a mão pelos cabelos.
"Afaste-se, eu só queria dizer olá, vim aqui por causa de Connor", digo, sorrindo inocentemente.
Tyler sempre teve aquela coisa de irmão mais velho ciumento e eu sentia falta de torná-lo tão chato.
—De quem é esse moletom? —ele pergunta, se aproximando para olhar melhor para ela.
Afasto-me dele em direção ao resto do grupo e bato no ombro de Connor, contendo uma risada ao ouvir o murmúrio de Tyler.
—Ei tigre, o que você está fazendo aqui? Connor me cumprimenta, me fazendo rir involuntariamente.
- Tigre? Você dormiu com ele, seu bastardo? Você sabe que meu primo não pode ser tocado, o que diabos você tem em mente? Tyler troveja, aproximando-se de Connor e agarrando-o pela camisa.
“Irmão, calma, eu não fiz nada”, ele ri, tirando dele as mãos do meu primo.
—Você pode me explicar o que está acontecendo aqui? -
Uma voz interrompe imediatamente meu sorriso sarcástico.
Summer chega ao meu lado e Connor se vira para mim para observar minha reação.
Tyler ainda está com as mãos cruzadas ao lado do corpo e não tenho coragem de olhar para a direita.
Troco olhares com Summer, entendendo perfeitamente o que ela quis dizer antes e suspiro em derrota.
- Nesse tempo? Alguém se dá ao trabalho de me responder? Temos que treinar e vocês ficam aqui gritando e ameaçando uns aos outros - continua aquela voz, fazendo meu coração apertar ainda mais.
Sinto-me tão vulnerável que tenho vontade de gritar.
Tiro meu cabelo encaracolado do rosto e viro a cabeça para a direita.
Assim que meus olhos encontram os verdes de Axel, perco o ritmo.
Vejo sua expressão ficar surpresa, depois suavizar e se recompor em um instante, até deixar espaço apenas para a raiva.
Olho para ele sem dizer nada, sem palavras e pela primeira vez na vida tenho vontade de fugir.
“Pessoal, esta é Carmen, minha prima”, explica Tyler enquanto um murmúrio de aprovação se espalha entre os jogadores estúpidos.
Eu, por minha vez, fico ali olhando aqueles olhos verdes com o coração batendo forte no peito.
Axel continua olhando para mim, depois se vira e caminha em direção a um banco para tirar algo da mochila como se nada tivesse acontecido.
Como se eu não fosse nada.
Eu bufei, desviando os olhos dele e olhei para Connor com uma carranca.
— Vim avisar que não vou devolver seu moletom —
"Se é por isso, Tiger, você pode ficar com ela, não vou fazer barulho", ele responde com uma piscadela, recebendo um soco meu no ombro. primo.
— Milton, não sabíamos que você tinha uma prima tão linda — diz um de seus companheiros e eu rio ao notar que suas bochechas ficam vermelhas.
"Não toque no meu primo, seu bastardo imundo", ele grita, agarrando-o pela garganta e jogando-o no chão.
"Jesus Cristo, Tyler, não seja tão ciumento", eu o repreendo, tentando esquecer que ele está a poucos metros de mim.
É difícil me mover com o olhar dele em mim, sinto minhas mãos suando e meu coração acelera forte no peito. Sinto-me mal porque até a presença dele me enfraquece tanto.
Eu não sou fraco.
Não posso me dar ao luxo de dar passos em falso, não posso me dar ao luxo de ser como antes: tenho que tomar cuidado, prever cada movimento do meu inimigo, ser forte, lutar e não confiar.
Estas são algumas regras básicas.
—O que esse bastardo está fazendo aqui? -
Uma garota de cabelos castanhos com pontas rosadas se aproxima de nós descontente, olhando para Summer de uma forma nada agradável.
— D-desculpe, já vou — o loiro responde, dando um passo à frente.
— Verão, onde você vai? - repreendo-o, chocando-se com seu olhar medroso.
—E quem é você, uma nova puta? Você realmente caiu tão baixo? —responde o ganso com raiva, batendo o pé no chão. Eu me viro, me aproximando dela com uma expressão ameaçadora, enquanto a cada passo percebo seu olhar surpreso e medroso observando meus olhos e traços faciais.
- O que você disse? —Pergunto a ele, ao sentir Tyler ao meu lado com Connor o seguindo, que toca meu braço com a mão para não me machucar.
“Não fale bobagem, tigre, você sabe que seu braço está enfaixado”, ele me lembra, fazendo uma careta.
—O que você tem no braço? E como você sabe? Você pode me explicar o que está acontecendo entre vocês
dois? —Tyler
Ele me agarra pelos ombros e me encara com a mandíbula cerrada.
"Nada aconteceu, irmão mais velho", brinco, fazendo-o bufar.
— Escute, querido, quero bater um papo com você — digo então com voz doce para o ganso que está na minha frente.
— Você, você é... — ele suspira, procurando por ajuda.
— Não dou a mínima para quem você é, um Milton, e daí? Devo ter medo de você? Você desapareceu por anos, aposto que fez isso para se exibir. Bem, sinto muito por você, menina bonita, mas a posição de Cheerleader já está ocupada - ele solta o ganso, me olhando da cabeça aos pés com um sorriso no rosto.
Admito que estou surpreso com esse comportamento dela, é óbvio que ela é nova aqui.
—Você fez cursos para ser tão ridículo ou você é ridículo por natureza? — pergunto a ele, rindo das besteiras que ele acabou de dizer, enfim, você realmente acha que eu quero ser Cheerleader?
- Como se atreve! Vadia feia”, ela grita, com as bochechas vermelhas de nervosismo, enquanto seus amigos vêm confortá-la.
"Obrigada pelo elogio", digo sinceramente, colocando as mãos no coração, enquanto seu rosto fica ainda mais vermelho de raiva.
— Você é só uma puta, e se acha que vai roubar meu lugar como líder de torcida e dos meninos, está muito enganada —
Ele percebeu que Melody ao lado dele empalideceu com suas palavras e agarrou seu pulso para afastá-la. .
Pelo menos às vezes meu primo usa aquele cérebro minúsculo, pensei que ele tivesse se fossilizado de tanto ler Gossip Girl e comer ração.
— Sabe, Summer, você nunca deve se rebaixar ao nível deles ou se submeter a eles. Lembre-se que quando uma leoa passa os cães só podem latir, eu os ensino com uma mão no ombro e a esquerda no coração.
Ouço os meninos rindo ao fundo e gosto desse sentimento de superioridade.
Sei perfeitamente que sou superior a isso, não é preciso muito.
— Devíamos estar treinando, então se você já terminou de se apresentar é melhor ir embora — Sua voz me disse.
Isso esfria o sangue, me fazendo parar no meio do caminho.
Sinto meu coração batendo em minhas veias e sua batida passando pelas minhas têmporas.
Olho para seu rosto escurecido de raiva e seus olhos focados em meu primo, ele nem me olha por um momento.
“Irmão, faça a gentileza de tirá-los”, diz ele, tomando cuidado para não sujar os olhos ao olhar para mim.
Fico encantado com sua beleza por um momento, mas depois me recupero ao notar a raiva liberada em seu rosto.
Raiva contra mim.
Odiar.
Olho para a líder de torcida, notando sua expressão presunçosa e cerro os punhos ao lado do corpo para não arrancar seu cabelo.
Eu consigo, sou uma pessoa mentalmente estável, nunca faria mal a ninguém. Não tenho problemas de raiva, explosões ou violência. Nunca toquei em álcool na minha vida.
Repito com uma nota sarcástica e depois solto uma risada com a bobagem que acabei de pensar.
Tyler franze a testa para mim e eu balanço a cabeça.
— Não se preocupe, tenho que sair daqui — digo a ele, aludindo ao que não consigo controlar: meu caráter, meu passado.
Tyler acena com a cabeça e sem ele saio daquele campo com Summer em meus calcanhares.
"Você pode me explicar o que... foi isso?" —ela me pergunta desnorteada, movendo as mãos na frente sem me fazer entender nada.
“Quero dizer, o olhar zangado do meu irmão”, explica ele, percebendo minha confusão.
- Seu irmão? —Pergunto a ele, parando no meio do caminho, enquanto sinto uma sensação estranha no peito.
"Axel", ele sussurra, olhando para mim com o canto do olho, enquanto tento respirar consternada.
Olho para os olhos verdes de Summer sob uma luz diferente e os poucos traços em seu rosto semelhantes aos da minha melhor amiga.
—Axel tem irmã? —Pergunto com um toque de traição na voz.
— É, bem, você sabe, descobrimos isso recentemente, eu, hum, tenho um pai diferente aqui — explica ele, transferindo o peso de uma perna para a outra.
Sua mãe traiu seu pai?
"Não estou com vontade de falar sobre Carmen", explica ele, olhando em volta com cautela e eu aceno ainda em estado de choque.
—Mas por que ele estava olhando para você daquele jeito? — ele me pergunta curioso e eu recomeço a andar, tocada pelo seu olhar.
“Ele me odeia, mas nunca me olhou assim”, acrescenta, apunhalando-me no coração.
Me sinto tão mal, não estou no meu lugar.
Se a nossa carta de Hogwarts tivesse chegado, eu não estaria nesta situação agora.
Pego minha mochila e coloco nos ombros, bufando, é a enésima vez que olho ao meu redor hoje.
Sigo em direção à saída, caminhando entre estudantes cansados ou reunidos em pequenos grupos para conversar, enquanto o peso deste dia me despedaça a cada passo.
Ele olhou para mim como se eu não fosse ninguém e depois me evitou.
Nem uma palavra, nem uma insinuação, nem um insulto.
Nada.