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Capítulo 2

** Hannah Galaretto **

Fecho a porta assim que Antônia sai, abro minha mala tirando minhas roupas as colocando com paciência nos cabides e nas gavetas.

Eu não trouxe muita coisa apenas o suficiente, para algumas trocas, sei que passarei um ano dentro dessa casa, como está calor pego um vestido de pano mole até os joelhos, não trouxe roupas com decotes ou sensuais.

Tenho muitas, mas uso apenas no trabalho para distrair o alvo e o trazer até onde eu quero, mas aqui eu não quero chamar atenção, por mim, ficaria invisível, quanto menos atenção eu chamar, maior a chance dele não se importar comigo e talvez até me esqueça.

Entro no banheiro e fico impressionada com o luxo do lugar, o piso é todo branco assim como a grande banheira e as louças, o box de vidro transparente divide o banheiro o chuveiro de aço é enorme, ligo o chuveiro sentindo a água fria cair em meu corpo, me esfrego com o sabão líquido e lavo meus cabelos, ainda bem que eu trouxe meus produtos de higienes.

Já trocada penteei meus cabelos com cuidado os deixando soltos para secar, eles não eram compridos chegavam até um pouco abaixo do meu ombro, e por serem finos secavam rápidos.

Desci as escadas e parei do hall de entrada, eu ainda não conhecia a casa olhei para os dois lados e quando já estava pronta para escolher em qual caminho ia seguir Antônia apareceu vindo em minha direção.

— A senhorita já está pronta que bom. Eu estava indo lhe buscar.

— Não sei onde fica a sala de jantar.

— Me acompanhe senhorita. — Sigo Antônia passando por uma grande sala de tv. Não prestei muita atenção porque queria chegar logo na sala de jantar, assim que chegamos, vi que a comida já estava na mesa e duas moças colocavam os talheres. — Senhoritas essa e a senhorita Galaretto ela é a nova senhora da casa.

— Coitada. — Uma das moças disse com o olhar de pesar e isso me arrepiou toda, o que elas sabiam que eu ainda não sabia. A outra moça deu uma cotovelada na primeira que se encolheu.

— Fica quieta Rosa.

— Eu não disse nenhuma mentira logo ela vai descobrir o que a espera. — a moça do lado ia falar, mas percebi que se calou abaixando a cabeça, senti uma presença atrás de mim o cheiro do perfume amadeirado era evidente e entrava em meu nariz, mas o receio de me virar era mais forte que a curiosidade.

— O jantar já está servido? — escutei sua voz rouca perto do meu ouvido e me virei vendo que estava a poucos centímetros atrás de mim.

Meus olhos foram para a máscara de ferro que escondia seu rosto, a única parte que mostrava era sua boca que tinha um tom vermelho e sua barba em torno do queixo levemente aparada, percebi que sua pele era branca e seus olhos num tom castanho quase mel, seus cabelos castanhos penteados com perfeição, não conseguia ver o rosto, mas algumas características sim.

Seu olhar era frio assim como a casa, abaixei meus olhos observando seu corpo com certo cuidado, ele estava com uma camiseta de manga longa fina, branca, que mostrava os contornos dos seus músculos bem definidos, usava uma calça de moletom e mantinha as mãos no bolso.

Sua presença intimidava, e aquela máscara dava medo, pois não sabia o que encontraria atrás daquilo, quando voltei meu olhar para o dele percebi que ele permanecia me encarando.

— Já terminou sua inspeção senhorita Galaretto? - Disse em um tom frio fazendo meu coração disparar.

— Já. — Respondi calma o mais calmo que conseguia ser, me virei indo em direção ao meu lugar da mesa, ele se sentou na cadeira a minha frente e mantinha o olhar fixo em mim, nunca fiquei intimidada com alguém, mas ele era diferente, e a forma que me olhava parecia ver minha alma.

— Podem servir. — Ele disse sem desviar o olhar do meu, assim que a comida foi colocada em meu prato fiquei focada no que tinha ali e não no par de olho que me observava.

Não vou mentir a comida desceu como um espinho em minha garganta, a única coisa que eu pensava era no rosto das duas moças quando fui apresentada “coitada”, foi o que a moça disse, o que será que elas sabiam que não poderiam me contar, que tipo de homem o Corvus era.

Eu sabia que o único motivo de estar ali era para esquentar sua cama, eu aceitei esse acordo ciente disso, mas não podia negar esse pedido ao meu pai. Minha irmã estava casada com o capo da Ostia Antica e não derramou uma única lágrima quando descobriu seu destino.

Então não seria eu, que passaria apenas um ano nessa casa que entraria em pânico, por mais que aquela máscara provavelmente me dará pesadelos.

“O Corvus o assassino sem coração”

“O homem sem alma”

“O diabo na terra”.

Era como eu ouvia falar sobre ele, e por mais que eu tenha matado muita gente, nunca seria como ele, capaz de matar seu alvo na frente dos filhos, de torturá-los na frente das esposas, já tinha ouvido falar tanta coisa sobre ele que o medo de estar na sua presença me tirava até a fome.

— Te espero em meu escritório, senhorita Galaretto. Leve os documentos que pedi. — Voltei meu olhar para ele e vi que já se levantava saindo nem me olhar, olhei meu prato e não tinha comido quase nada. Suspirei colocando o garfo na mesa e me retirando.

Subi os degraus da escada até meu quarto, abrindo minha bolsa pequei todos os exames que ele me mandou fazer. Antônia me esperou no pé da escada e sem dizer nada me guiou até uma porta de madeira grossa, batendo duas vezes antes de abrir.

Assim que entrei ela fechou a porta, olhei em volta vendo a mesa de madeira maciça no meio da sala, duas poltronas de couro escuro uma de cada lado, um sofá marrom de três lugares perto da janela que tinha as cortinas na cor cinza, um tapete marrom com vermelho quadrado que ocupava quase a metade da sala. A prateleira de livros atrás da sua cadeira era imensa, acho que ele gostava muito de ler e para falar a verdade eu também gostava.

As paredes eram de um tom vinho, com um lustre de três lâmpadas logo no centro da sala, sobre a mesa tinha apenas um notebook e uma luminária que provavelmente ele acendia para ler.

— Você observa demais senhorita Galaretto. — ele disse chamando minha atenção então caminhei até ele me sentando e entregando os exames.

— Estão aqui como pediu. — Ele pegou os exames da minha mão e começou a folheá-los, vendo cada linha escrita para ter certeza de que eu era uma mulher saudável e limpa.

— Está tudo certo. Esses são os meus. — Ele me entrega algumas folhas e só aí percebo que ele também fez os exames. Abri devagar vendo que ele não tinha nenhum tipo de doença e isso no fundo, me aliviou. — Qual o remédio que você toma?

— Para? — perguntei arqueando a sobrancelha não tinha entendido bem aquela pergunta.

— Preciso saber para mandar comprar. — Então entendi acho que ele perguntava sobre remédio contraceptivo.

— Tudo bem. — Pego uma caneta anotando o nome, logo depois entregando a ele que se levantou pegou o celular ligando para alguém comprar dez caixas do meu remédio anticoncepcional, claro que não poderia correr o risco de gerar uma criança, se isso acontecesse estaríamos ligados em uma união permanente, e não eu não queria me casar com ele, não queria ser sua esposa e com toda certeza ele também não desejava isso. Por mais que essa opção não seja possível, não, não é.

— Vamos. — disse guardando o celular no bolso e amassando o papel, logo o jogando no lixo sem errar.

Começamos a subir a escada e, no fundo, eu sabia para onde ele estava me levando, não tinha para onde eu fugir, e nem poderia afinal esse era o acordo, só espero que ele seja homem de palavra e não me machuque, assim como prometeu ao meu pai.

Ao chegar no top ele virou para o outro lado do corredor, o lado contrário do meu quarto, passamos por uma porta e na segunda ele parou.

Tirou uma chave do bolso presa com uma fita vermelha, com duas voltas ele destrancou a porta entrando e me dando passagem.

Assim que entrei meus olhos se arregalaram com a surpresa, olhei para ele de boca aberta, mas ele se mantinha sério assim como antes.

O quarto era no tom cinza escuro, era sombrio com toda a certeza, a cama era grande com uma grade de ferro na parede que levava até o topo do forro do quarto, o lençol era vermelho sangue assim como o tapete do chão que era igual o do meu quarto.

Mas o que me deixou surpresa foi o armário de aço, onde eu vi pendurado chicotes, amarras e vários tipos de algemas.

Caminhei na direção daquele armário abrindo a gaveta e tinha algumas coisas estranhas lá, coisas que nunca usei e que sabia que ele usaria comigo provavelmente.

Pegando a venda vermelha na mão me virei para ele que me observava, o pano era macio, mas o receio de como tudo aquilo era usado fez meu coração bater mais forte.

— Que tipo de homem você é? — pergunto olhando dentro dos seus olhos e ele repuxa um sorriso.

— O tipo de homem que gosta de brincar senhorita Galaretto

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