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Capítulo 1

* Hannah Galaretto *

Mais uma missão bem-sucedida, afinal, trabalho dado a mim e minhas sorellas, sempre é cumprido com perfeição. Assim como meu pai, sou uma assassina de aluguel, bem treinada e tenho orgulho da minha profissão, pois tiro do mundo a escória que habita nele. Hoje foi a última missão com minha sorella Paola, ela irá se casar com o herdeiro da máfia Bianchi em breve.

Assim que chego em casa, sou recebida por minha madre. Ela nos olha com um sorriso singelo e eu já acho estranho. Madre não tem costume de sorrir assim.

_ Figlia, seu papa lhe espera no escritório. – Eu sabia.

_ É importante madre?

_ Sim, tesouro. – Suspiro, coisa boa não ia de ser.

Caminho devagar me aproximando do escritório do meu pai. Eu já sei que, para ser chamada assim com certa urgência, não é coisa boa.

Paro diante a porta respiro fundo e arrumo os meus cabelos, eu sou uma assassina exemplar, mas diante do meu pai eu sou apenas uma menina obediente assim como fui ensinada a ser.

Com as dobras dos meus dedos, bato três vezes na madeira da porta fazendo ecoar o som das batidas, não demorou para que eu escutasse "Entre" quase abafado pelo som da madeira então abri a porta vendo meu pai sentado em sua cadeira olhando alguns papéis.

— Papa. — Chamei assim que entrei e ele levantou a cabeça me fitando nos olhos antes de se levantar e vir me abraçar.

— Bella figlia. — diz beijando meu rosto três vezes.

— Pediu para me chamar?

— Tenho negócios a tratar com você tesoro. — Respirei fundo soltando um suspiro eu sabia que não seria bom para mim, a última vez que ele falou que tinha negócios a tratar com minha irmã Paola foi para informar o seu noivado.

— Diga papa com quem vou me casar? — ele me olha e bate em meu ombro duas vezes antes de voltar para a sua cadeira.

— Não é um casamento bambina. É apenas um acordo.

— Que tipo de acordo papa?

— Você sabe bambina nossa organização é a melhor do ramo e temos o apoio da máfia de Ostia Antica. A maior de toda Itália.

— Sim, papa. Por isso que Paola irá se casar com Angelo Bianchi.

— Sim, tesoro, sim. Mas você sabe que precisamos de alianças fortes para nos manter firmes. Precisamos de raízes para nossa organização se manter em pé.

— Diga papa, eu estou pronta para ouvir. — Por mais que eu não esteja nada pronta.

— Quero fazer um acordo com a organização de Torino e o chefe de lá me fez uma proposta muito boa. Ele quer uma de minhas filhas por um ano e depois o negócio está feito. — Era a primeira vez que ouvia aquilo, geralmente os acordos eram firmados em casamento.

— Um ano papa?

— Apenas um ano. Você é a mais velha então tem de ser você. Paola vai se casar amanhã, e Alicia ainda é nova.

— Eu sei papa, entendo minha situação. Mas quem é o homem que vai ser meu companheiro durante esse ano?

— O Corvus. — Meu coração gelou naquele momento, mesmo morando em Ostia Antica, eu já tinha ouvido falar do Corvus, ele não tinha rosto ninguém nunca o tinha visto sem a máscara de ferro que usava para esconder a sua identidade. Eu sabia que ele era mais velho que eu alguns anos, ou muitos, pois quando eu era pequena com meus quatorze anos já ouvia falar de suas mortes e até para mim que fui criada dentro de uma organização de assassinatos por aluguel eram terríveis.

— O Corvus, papa? — Disse sentindo as lágrimas encherem meu rosto, mas não as deixei cair, não podia demostrar fraqueza, meu pai era um bom pai, nos treinou desde pequenas, diferente de muitos pais que usam as figlias apenas como moedas de troca, o nosso pai nos ensinou a ser fortes e nos defender.

— Não tenha medo. No acordo ele não pode te machucar fisicamente. — Mas isso não impedia outra forma de tortura, pois eu sabia, já tinha ouvido falar como ele, como o Corvus era ruim.

— Apenas um ano, depois eu posso voltar?

— Sim, tesoro. Ele não te fará mal, ele me deu a palavra. — Até parece que eu acreditaria nisso.

Saio do escritório com os olhos pesados pelas lágrimas, eu não era uma mulher fraca nada disso, mas saber que ficaria nas mãos do Corvus era um pesadelo sem fim.

Encontro minha irmã Paola arrumando as últimas coisas para o seu casamento, no fundo, acho que tive mais sorte que ela já que não existe divórcio na máfia e ela terá de suportar seu marido até o final da vida.

Ela me abraça apertado e sinto um alívio momentâneo, logo Alicia minha sorella caçula se aproxima e faço o mesmo, dormimos nós três juntas como quando éramos crianças, já que no outro dia após a festa eu iria embora, eram mais de sete horas de viagem de carro então só veria minha famiglia poucas vezes, além do que ninguém sabia onde o Corvus morava.

***~~~~***

Dois dias havia se passado e o Corvus ainda não tinha me buscado no fundo, eu estava feliz, ele poderia ter desistido me deixando livre, mas minha alegria durou pouco, pois minha mãe entrou em meu quarto falando para me arrumar, pois, o meu pai tinha recebido a notícia que eu tanto não quis, o avião que me levaria para Turim já estava me aguardando, despedi de meus pais com o coração apertado o medo quase me sufocava, eu não era assim não tinha medo da morte, então, porque eu tinha medo de um homem que fazia o mesmo trabalho que o meu, matar por dinheiro.

Mas a resposta veio rápido, o medo era porque eu não era uma sanguinária como ele, que torturava seus alvos até a morte, eu era fria, mas meus alvos morriam rápidos a maioria com um tiro na testa. Estilo Galaretto assim como apelidaram as mortes que minhas sorellas e eu executavam. Sem erros um tiro limpo bem no meio da testa.

Mas durante um ano eu seria apenas a mulher do Corvus e não mataria mais ninguém.

Assim que um dos seguranças me deixou no aeroporto, respirei fundo uma última vez antes de subir os degraus do avião que me esperava, ele era lindo as poltronas eram de cor creme com bordados dourados.

Me sentei apreensiva apertando com força meus dedos sobre a calças, não tinha mais como voltar eu tinha concordado e durante um ano seria a mulher ou a amante do Corvus o homem que não sabia como era o seu rosto ou seu nome, um homem misterioso e frio.

A viagem de avião de Ostia Antica até Turim durou pouco mais de uma hora, logo que cheguei um carro já me esperava.

O motorista saiu para abrir a porta-malas, ele era bonito devia ter um metro e setenta o corpo malhado e olhos castanhos intensos, ele sorriu para mim e eu apenas desviei o olhar, não sabia quem ele era e não era bom flertar com o motorista sendo que eu estava indo para ser a mulher ou a amante não sei, do chefe dele por um ano.

Entrei no carro em silêncio e assim que o motorista entrou um segurança abriu a porta me entregando uma máscara preta, olhei para ele mordendo os lábios eu não queria colocar aquilo, mas sabia que não tinha outra escolha.

Cobri os meus olhos e fui rezando durante todo o caminho, às vezes eu pensava que talvez esse Corvus não quisesse um acordo com a nossa organização ele queria me matar ou me usar para tirar algo do meu pai.

Quando o carro parou o motorista disse “pode tirar a venda senhorita”, não esperei falar de novo e já fui me livrando daquilo, meus olhos estranharam a claridade no começo, mas depois de piscar algumas vezes ele se acostumou, olhei para frente e vi que o motorista ainda mantinha os olhos presos em mim, desviei o olhar abrindo a porta e saindo dando de cara com uma casa enorme no meio do nada, já que dos lados mais parecia uma mata.

Se antes eu sentia um frio por toda a minha espinha, agora eu estava presa em um iceberg gigante, o segurança que me entregou a venda pegou minhas malas, mas eu não conseguia me mexer, a casa parecia aquelas de filmes mal-assombrados.

Ela tinha dois andares, uma escada de dez degraus para subir até a varanda, sua cor era escura não sei se cinza ou chumbo, não havia nenhuma planta para dar vida e cor ali.

Apenas a grama verde, algumas árvores e arbustos podados em formatos quadrados, era frio, até os arbustos dava a impressão disso, tomei coragem e comecei a subir os degraus devagar, não sei de onde tinha saído tanto medo, mas minhas mãos estavam suando mais do que no dia que matei meu primeiro alvo.

A porta se abriu assim que cheguei no último degrau, uma mulher de uns sessenta anos me olhou de cima em baixo, ela estava me analisando antes de abrir um sorriso fraco.

— Essa é a senhorita Galaretto. — O segurança disse assim que colocou minhas malas no chão.

— Me acompanhe até seus aposentos, senhorita Galaretto. — Ela disse se virando e o segurança pegou novamente minhas malas.

Conforme eu andava, observava o lugar, era chique com toda certeza, havia uma mesa no centro do hall de entrada com um vaso, mas vazio, a escada subia em espiral e seus degraus eram largos acho que tinha mais de um metro e vinte de largura. Chegando no topo da escada vi dois corredores, a mulher virou para a direita e passando por duas portas parou na terceira.

Ela abriu a porta e sorriu para mim, mostrando que ali seria o meu quarto, olhei em volta antes de entrar, o quarto era grande tinha uma cama de casal, um closet com espelhos na porta, uma varanda e no chão um tapete redondo vermelho sangue.

Entrei devagar olhando tudo com cuidado, o quarto era bonito, mas sem vida as cores eram neutras entre branco e cinza a única coisa que tinha cor naquele lugar era aquele tapete vermelho.

O segurança colocou minhas malas no chão e saiu sem dizer nada, a mulher ainda me olhava curiosa e eu não desviei o olhar.

Ela abaixou a cabeça ainda sorrindo e seguiu até uma porta de madeira a abrindo.

— Aqui é o banheiro. Tome um banho e se arrume para o jantar, logo alguém vira arrumar suas roupas no closet.

— Não precisa eu mesma faço isso. — Ela concordou com a cabeça e antes de sair a chamo. — Senhora como se chama?

— Antônia . Senhorita Galaretto.

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