Capítulo 7 Aborto Indolor
- O que está acontecendo?! - Fernanda questionou, tentando compreender o assunto:
- O dinheiro não foi dado pelo autor do crime?
Fernando fora ferida no acidente de carro e a despesa de operação era alta. Além de pagar o serviço do enterro do seu irmão, Natália também deu dinheiro Fernanda, dizendo que era do perpetrador.
Natália não sabia como explicar a verdade.
Seu silêncio era sua confissão, como uma garota teria levantado todo esse dinheiro? Fernanda finalmente entendeu mesmo que não queira admitir:
- Você se vendeu...
Ela agarrou o pulso de Natália, disse:
- Você não pode ter este bebê, vamos ao hospital agora mesmo!
- Por que não? - Natália tentou se livrar do agarrão.
- Se você tiver o bebê, você vai acabar com a sua vida! - Ela não poderia ter esse filho, ela já era casada, seria o fim se mais alguém descobrisse.
- Mãe, por favor, me deixe manter ele. - Natália implorou no choro.
Natália não conseguia comover Fernanda. Ela estava convicta do que seria o ideal a se fazer.
Ela levou Natália para o hospital no mesmo dia.
Natália resistiu, e Fernando ameaçou com morte dela mesma.
Sem escolha, Natália foi lá fazer vários exames e, quando Fernanda buscou os resultados, ela estava sentada sozinha num banco no corredor, suas mãos sobre sua barriga.
Chorava copiosamente.
Magoada e indefesa.
- Jorge, não se preocupe, estou bem, só queimou um pouquinho. - Ester sorriu, vestia uma saia preta apertada que envolvia as curvas de seu corpo, um paletó masculino cobria seus ombros. Jorge usava uma camisa branca com as mangas para cima, mostrando seus braços fortes.
Disse, preocupado:
- É uma queimadura, deixará uma cicatriz se não for tratado da forma certa.
Ester encostou-se no peito do Jorge:
- E se ficar uma cicatriz, vai deixar de gostar de mim?
- Que besteira!
Ester caiu nas gargalhadas, sabendo que Jorge não ligava para isso.
Essa voz...
Natália levantou a cabeça e viu Ester encostada em Jorge, vindo em sua direção.
Como se fossem feitos um para o outro.
Fora feita de palhaça, perdeu sua virgindade ainda cedo e estava grávida sem saber quem era o pai.
- Próximo. - Quando a porta se abriu, uma enfermeira estava de pé, perto de uma jovem que cobria sua barriga ao sair, balbuciava e reclamava:
- Que indolor que nada, por que doeu tanto?
Jorge fixou seu olhar em Natália, outrora parecia se importar tanto com a vida da criança, agora veio para ter um aborto?
Ele zombou-a por dentro!
Ester acompanhou o olhar de Jorge.
Achou familiar assim que viu Natália, mas não conseguia se lembrar exatamente. Onde ela a tinha visto antes? Olhando para Jorge, perguntou:
- Você a conhece?
- Não conheço. - Jorge abriu um pequeno sorriso gélido.
Para Natália, Jorge tinha criado uma imagem muito ruim dela: um passado conturbado, grávida tão jovem, mostrara um lado maternal em um momento para logo depois correr para fazer um aborto.
Ela era mentirosa!
- Você tem certeza disso? - A enfermeira queria que ela confirme.
Natália não queria ser vista nessa situação, mesmo relutante, magoada e sem saída, ela confirmou:
- Eu tenho certeza.
- Então venha comigo.
Natália baixou a cabeça e seguiu a enfermeira para a sala de cirurgia. Com a porta fechada, isolou tudo do lado de fora.
Ester estava inquieta pois percebeu que Jorge estava ficando irritado e agressivo, pegou em seu braço e disse com ternura:
- Jorge.
- Vamos logo. – respondeu com cara fria.
Ester apertou sua mão ao olhar para as portas da sala de cirurgia, sentiu como se Jorge conhecesse aquela mulher, mas nunca havia visto ele com outra.
Ela tinha certeza, então quem era aquela mulher?
Por que ele está tão irritado?
- Jorge, aquela garota que vimos...
Jorge a abraçou, tentando abafar o assunto:
- Alguém que não interessa, não precisa pensar nisso agora.
Embora Ester estivesse curiosa, não podia dizer mais nada.
Na sala de cirurgia, vendo todos aqueles instrumentos, Natália hesitou. Não, ela não poderia desistir desta criança, de forma alguma!
- Deite-se. - O médico gesticulou.
- Não quero mais isso. – Ela balançou a cabeça e fugiu dali.
Ela correu rápido em pânico, não via nem o que vinha pela frente até se chocar com um homem.
Cobria sua testa e pediu desculpa depressa:
- Sinto muito, me perdoe.
- Natália? - Anderson hesitou a chamar, pois achou parecida, mas não tinha certeza.