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Capítulo 6 Os Três Convivem Juntos

Jorge franziu pois sentia-se traído.

Na sala de estar, Joana já estava preparando o café da manhã.

Vendo Natália de pijama, sozinha no sofá, ela sorriu:

- Você dormiu bem?

Ela pensou que Jorge não voltaria para ficar com Ester e, quando ela ouviu um barulho à noite, ela se levantou para dar uma olhada e sabia que Jorge havia chegado e dormiu em seu quarto.

Esta foi a esposa que a sua mãe escolheu para Sr. Jorge. Até mesmo Joana, que cuidava dele, estava feliz.

Ela parecia entusiasmada.

Natália esforçou um breve sorriso.

- Bem, muito bem.

- Então troque de roupa. Vou preparar o café da manhã. - Joana entrou na sala de jantar e começou a fazer o café.

Natália olhou para seu pijama, as roupas que ela tinha trazido ainda estavam no quarto.

Ele já deve estar vestido agora, não é?

Ela foi até o quarto, parou em frente a porta e bateu.

Ninguém respondeu.

Ela bateu novamente, nenhuma resposta.

Não havia outra escolha, tentou abrir a porta do quarto com um empurrão, já que não estava trancada.

Uma brisa gelada a recebeu ao abrir a porta.

O homem estava sentado na beira da cama com o olhar fixo em um papel.

Esse papel...

Logo Natália entendeu o que ele estava segurando. Viu a bagunça no chão e sentiu sua privacidade violada. Ela correu para pegar o papel e exclamou:

- O que lhe dá o direito de invadir minha privacidade desta forma?

Jorge disse com um tom de deboche:

- Privacidade?

Com um sorriso maléfico, questionou:

- Você carrega um bastardo em sua barriga, casa-se comigo e agora quer privacidade?

- Eu... eu... - Natália tentou explicar, mas não sabia o que dizer.

Jorge se levantou, sem nenhuma pressa, cada passo era um aviso da tempestade que viria.

- Diga-me, quais são suas intenções?

Queria fazer dele um pai postiço para o primeiro neto da família Marchetti?

O acordo foi uma desculpa para chegar até aqui?

Quanto mais ele pensava nisso, mais sombrio ficava.

Natália segurou seus lábios e corpo trêmulo, recuava cada vez mais, suas mãos cobrindo seu abdômen com medo de algum ferimento que pudesse atingir o bebê.

- Eu não quis esconder isso de você. No começo era somente um casamento arranjado, eu só... Não havia motivo para eu dizer isso.

Jorge tentou intimidá-la:

- É isso?

Natália protegeu seu abdômen, recuando lentamente, lutou para ficar com calma.

- É verdade. Como consigo enganar o Sr. nesse assunto? Juro, se tiver más intenções, eu morrer miseravelmente. Aliás, se eu importunar o Sr., teria um jeito de me matar, não é mesmo?

Mesmo muito delicados, Jorge notou seus movimentos, vendo a garota protegendo a barriga.

Os olhos fixaram em seu rosto.

- Por que não deixou claro antes?

Jorge não acreditou nela tão fácil.

Suas mãos na barriga se apertam devagar. Ela não estava esperando uma criança agora, mas era de seu sangue, ela queria muito manter esta criança já que havia recentemente perdido seu irmão.

Logo poderiam estar ela, a mãe e a criança reunidos como antigamente estava com Nicolas.

Tremia muito ao se lembrar daquela noite, suava frio.

- Eu... Acabei de descobrir não muito tempo atrás.

Ela não teve coragem de contar a mãe os testes que havia feito, nem mesmo os levou para casa pois temia que Fernanda os encontraria.

Não imaginava que causaria tanto problema assim.

Isso fez Jorge suspeitar de suas intenções.

Ela ainda é jovem demais para...

Quão ousada é sua vida privada?

Jorge ficou com cara amarrada, advertiu-a:

- Seja obediente este mês. Se eu souber que está aprontando...

- Não, garanto que não farei nada de errado e, se eu fizer, pode punir-me o que quiser. - Natália lhe deu certeza.

Mesmo que não consiga ganhar a confiança dele, não poderia deixá-lo duvidar de seus motivos.

A situação já era ruim, não devia fazer novos inimigos neste momento pois dificultaria conseguir suas coisas de volta.

Jorge olhou para ela julgando a credibilidade de suas palavras.

Bateu-se na porta. Joana veio informar:

- O café da manhã está pronto.

Jorge retirou seu olhar, acalmou-se e mandou:

- Arrume suas coisas.

Saiu após dizer isto.

Assim que Jorge saiu do quarto, as pernas de Natália ficaram fracas, se apoiou na cômoda e ali ficou até se recuperar, então se abaixou e juntou suas coisas do chão.

Vendo o exame de ultrassom em sua mão de novo, as lágrimas caíram e pingaram sobre o papel.

Ela enxugou seu rosto. Ela não podia chorar, de jeito nenhum. Choro é um sinal de fraqueza.

Ela não podia ser fraca, sua mãe e o bebê precisavam dela.

Dobrou o exame e o colocou na bolsa, trocou de roupa e saiu.

A sala de jantar estava vazia, havia copos e pratos usados na mesa; ele deveria ter comido e deixado.

Natália suspirou aliviada, qualquer tempo perto dele era deprimente.

Ela foi até a mesa e comeu.

Terminou o café e voltou para o apartamento alugado. Tinha combinado com a mãe. Ela deveria estar preocupada.

Logo que Natália entrou, Fernanda a puxou e perguntou:

- O Sr. Jorge...

- Mãe. - Natália disse alto, meio chateada pois não queria falar sobre isso ainda:

- Ele é simpático, não se preocupe comigo.

Fernanda suspirou. Sua filha era madura o suficiente para ter suas próprias opiniões e não queria mais obedecer à mãe, ficou abatida.

- Eu só queria cuidar de você.

Temia que o homem lhe maltratasse.

Natália a abraçou, a intenção não era ser grosseira, mas enfrentar Jorge e convencê-lo foi bastante cansativo.

- Mãe, estou um pouco cansada, não me leve a mal.

- Eu sei, pode ficar tranquila. - Fernanda massageou suas costas, parecia saber o quanto estava cansada.

- Se estiver cansada, tire um cochilo.

Natália concordou, mesmo não querendo dormir, mas o cansaço falou mais alto e logo foi ao quarto e pegou no sono.

Quando o almoço ficou pronto, Fernanda a acordou ao meio-dia para comer.

Na mesa, a mãe disse, enquanto servia o arroz:

- Fiz linguado grelhado que você adora.

Fernanda sentia muito pela sua filha, não conseguiu dar a ela uma boa infância e sempre sofreu muito.

Natália olhou para o peixe, que antes fora um de seus favoritos, mas agora trazia o enjoo.

Ela não conseguiu segurar.

- Nati.

Natália não explicou, cobriu a boca e correu para a pia do banheiro, onde se apoio para vomitar.

Fernanda via sua filha passando mal, ficou preocupada pois estava pálida, não queria acreditar no que pensara. Sua filha era muito conservadora, honesta, e nunca teve um namorado, cuidava muito de si mesma.

A voz de Fernanda estremeceu:

- Nati, o que está passando?

Natália estava tensa, apertando a borda da pia com força. Se ela queria mesmo ter essa criança, mais cedo ou mais tarde deveria contar a Fernanda.

Precisou de toda a coragem que lhe restava para encarar sua mãe.

- Estou grávida.

Fernanda recuou, quase não conseguiu ficar firme. Era difícil acreditar já que a filha tinha somente 18 anos.

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