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Capítulo 5

O salão tinha uma mesa gigantesca de madeira. Caberia ali uns cinquenta convidados, no mínimo. Apenas metade dela estava servida com muita comida e Seth, Zilena e Rashid já estavam sentados. Logo seria eu que também estaria.

– Sente-se conosco. – Pediu Zilena e eu sorri enquanto alcançava uma cadeira ao lado dela. Na mesa havia o que parecia uma porção de arroz, acho que a carne era de carneiro, bem como outras coisas que não consegui identificar. Havia um chá que me lembrava o cheiro de tâmaras, mas não tenho certeza.

– Gostou do seu quarto? – Perguntou o Senhor Rashid enquanto uma moça que não usava vestes islâmicas nos servia. Embora não usasse, ela estava usando uma blusa de manga cumprida marrom que praticamente não mostrava nada dos seus seios e o cabelo estava preso num coque.

– Sim. Obrigada, Senhor Sheikh. – Murmurei e Rashid deu um leve sorriso enquanto olhava o seu prato que estava terminando de ser servido pela carne de cordeiro que parecia macia.

– Deve ter se perguntado porque a chamamos por aqui. – Começou a Senhora Zilena enquanto ela própria se servia com o chá. Meneei a cabeça concordando e a moça de coque veio na minha direção para servir-me. Corei. Não era acostumada a tais atitudes.

– Todos já passaram por isso. É uma maneira de expormos as regras da mansão. – Zilena não deixou que eu concordasse. Continuou falando como se realmente fosse importante que eu soubesse disso. – Primeiro, queríamos alertá-la para que nunca saísse das imediações da mansão. Alguns empregados já o fizeram e acabaram tendo problemas. Depois da pista de pouso, as terras tornam-se comunitárias e, se a Senhorita for pega por algum inimigo ou força contrária a nós, nada poderemos fazer. Infelizmente, é uma situação complicada lidar com radicais. – Concordei. Não que eu quisesse sair. Preferia o ambiente seguro, se ela entendesse. – Todos sabem os seus horários de trabalho, quando querem começar e quando querem terminar. Alguns preferem tirar vários descansos ao dia de poucas horas, outros acumulam tudo para o entardecer. Você escolhe. O que pedimos é, no mínimo, cinco horas diárias trabalhadas.

– Sim. – Murmurei e Zilena pareceu aproveitar o momento para colocar um garfo com carne na boca. Olhei meu prato, intocável. Não sei se tinha sido a viagem, o que chamavam de jet-lag, ou a conversa, mas eu estava sem fome alguma agora.

– Você também fica responsável por nossas agendas. Geralmente anotamos as coisas por conta própria e deixamos no salão de visitas. Sua função é apenas lembrar a nós o que temos que fazer no dia a dia. Não ficamos olhando os compromissos do dia na agenda. Apenas a pegamos para anotar outros compromissos. Enfim. Quanto ao resto, é o mesmo serviço que caberia a uma governanta. Orientar os outros nos seus serviços, fazer a planilha de gastos da casa, cuidar para que tudo dê certo. Apenas isso. Consegue entender? – Apenas? Zilena só podia brincar. Não era só apenas. Era um árduo trabalho todos os dias.

Pelo menos assim eu não ficaria pensando o dia inteiro em Sofia. Poderia me livrar dos pensamentos terríveis enquanto trabalhava como uma condenada. Assim eu esperava.

– Aproveite a janta, querida. A próxima vez que entrar aqui na sala de jantar, será como governanta. – Concordei voltando meu olhar para o prato. Engoli o que quer que fosse que estava ali, sem sentir o gosto. Me sentia fluída, como se pudesse escapar como fumaça, entre os dedos. Essa era a sensação de estar perdida? De não fazer a mínima ideia do que fazer? Por que eu me sentia como se pudesse sair voando dali da mansão.

Quando voltei ao meu quarto senti toda a energia do dia esgotada. Meus ombros estavam levemente arqueados e meus olhos ardiam por uma noite boa de sono. Finalmente, depois de ter esquecido que a vida existia – ou, pelo menos, que a minha vida social existia – peguei meu celular na mala que agora tinha aparecido milagrosamente no meu quarto.

O celular piscava indicando que havia uma nova mensagem. Quando abri, percebi que havia, na verdade, três novas mensagens. Uma da minha mãe, uma de Sofia e uma da minha única e melhor amiga: Fernanda.

"Oi querida! Te vi na televisão! Você estava um charme com aquela roupa negra. Assim que chegar, me ligue! Nem que seja pelo Skype. Saudades, minha menina. De sua mamãe."

"Eu te disse que ia contar como foi o dia de hoje. Bem, chato. Como sempre. A única coisa que me animou foi ver você na televisão, maninha. Fazer “exames de rotina” num hospital não é nada legal, se é que você me entende. Saudades. Quando a verei novamente? Sofia."

Senti as lágrimas aumentando numa enxurrada. Eu não estava preparada para ver mensagens tão adoráveis da minha mãe e de Sofia. Me sentia um pouco sentimental demais. Eu não podia mentir. Também sentia muitas saudades delas. Demais. Parecia que meu mundo estava aos poucos ruindo sem a presença constante das duas na minha vida. Minha mãe tinha ficado louca que eu tivesse feito uma escolha dessas, mas, mesmo assim, agora que estávamos distantes, em vez de lembrar disso, ela demonstrava todo o carinho e a saudade que também me cabia.

Já Sofia… Não sabia o que dizer. Às vezes me pegava brigando comigo mesma, xingando-me. Eu tinha feito uma escolha, mas e se Deus não me desse a chance de vê-la novamente? Havia muita coisa em jogo com Sofia. Ela podia morrer hoje, como só daqui dez anos. Eu sabia que estava fazendo um risco para conseguir testar um dos novos tratamentos para ela enquanto ainda estava em um estágio mais inicial, mas e se…

A simples ideia de que Sofia podia me abandonar pareceu fazer meu peito ficar do tamanho de um grão de feijão. Uma dor tão dilacerante que achei que poderia morrer só de pensar nela. Não. Íamos conseguir. Não haveria essa de morte.

"Olá Ag! Você tá chique agora, hein? Ta namorando aquele rapaz bonitão? Se não, me apresenta aí! Ouvi falar que os árabes são calientes… Ui! Bjs Fer."

Quase ri do comentário da Fernanda. Não pude deixar de revirar os olhos e deitar na cama. Não era uma mentira. Seth era realmente bonito e parecia se dar conta disso. De qualquer forma, ele deixou bem claro que eu não era atraente para ele e, eu? Por que eu vou querer um caso com uma pessoa que daqui há um ano eu vou abandonar? Fora esses costumes deles… Ainda não entendo porque Seth tem que colocar um véu na cabeça.

Mesmo assim… Ele não era feio não…. Um charme de homem. Pena que mais novo e infantil que eu. E nessas circunstâncias. Talvez em outras. Tipo ele numa família menos rica, sem me ter como governanta, sendo um pouco mais velho. Não. Acho que eu não tinha tanto problema com isso. Enfim. Talvez em outro país, quem sabe. Para que pudéssemos falar na mesma língua sem problemas. É. Havia muitas barreiras entre nós.

Senti os raios sob minha cabeça na manhã quieta em Omã. Ao menos onde estávamos, era um silêncio incomum. Suspeitei que estávamos numa ilha, mas não comentei. De qualquer forma, diferente das ruas movimentadas da Europa ou do Brasil, ali era um silêncio incomum. Às vezes um ou outro barulho de pássaro e a cortina de luz que embebia meus olhos me fazendo levantar rapidamente.

Observei meu celular que marcava seis e meia da manhã. Espreguicei-me e respirei fundo. Começaria o meu primeiro dia naquela mansão. Decidi que não ia cair nos caprichos da Senhora Zilena. Eu até gostava dela, mas eu não queria andar por aí toda coberta com um nijab por todo o dia. Fora o calor que parecia que faria hoje. Por favor né! Não vou me encobrir até morrer.

Coloquei a primeira calça jeans que encontrei na mala e uma regata, branca. Prendi meus cabelos num rabo de cavalo e coloquei um tênis. Lembrei dos problemas de Zilena com ombros e coloquei uma blusa de manga de botões, que era mais fresca e deixaria entrar um pouco de ar, mas, ainda assim, fechei os botões. Estava boa. Não ia morrer no calor que já começava a entrar no quarto.

Quase me esqueci de dar um jeito no meu rosto. Quem me olhava devia achar que eu tinha apanhado de um marido, ou, como a Senhora Zilena tinha dito, deles dois. Era muito engraçado o rosto inchado, os tampões no nariz, o olho roxo. Definitivamente a visão do inferno. Retirei os tampões. Eu já estava acostumada a não respirar pelo nariz nesses momentos. Não ia precisar de tampões. Passei uma boa quantidade de base para esconder os hematomas e o arroxeado do olho. Ao menos eu já conseguia abrir o olho de forma agradável.

Mesmo assim, era perceptível, mesmo com os quilos de maquiagem, que eu estava quebrada.

Bom, pelo menos as pessoas não iam gritar ao me ver. “Olhe, um monstro!”. Não. Não havia isso. Eu estava apresentável. Caramba. A mão de Desirèe era feita com o que? Prata? Aço? Ela tinha me machucado feio.

Quando sai do meu quarto, tomei um rápido café na cozinha. A cozinheira, de nome Sahir, era um pouco gordinha, mas muito sorridente. E também muçulmana. Eu estava abismada com a facilidade que ela tinha para cozinhar com um véu na cabeça e blusas três quartos. A cozinha parecia ser ainda mais quente com tantos vapores de panelas, pouca transmissão de ar, espaço pequeno e claustrofóbico, apenas para Sahir que parecia gostar dali com um amor que nunca eu tinha visto. Os amores dela eram a comida e o Sheikh e a Senhora Zilena. Ao que parecia, ela tratava Seth ainda como um menino.

– Meu menino o vi desde que era um filhote pequeno como um rato. Um serzinho pequeno e adorável. Ele corria por aqui tudo deixando todos loucos. É uma graça. Gosta muito de comer meu adorável assado de carneiro ao molho de laranja. Uh. Meu menino fica louco. Sempre faço no aniversário dele.

– Quando são os aniversários deles, Sahir? – Perguntei. Eu teria que anotar aquilo mentalmente. Preparar alguma surpresa, qualquer coisa. Sahir deu-me um largo sorriso o que fez aparecer pés de galinha e sulcos na face.

– A Senhora Zilena faz em 22 de maio, o Senhor Rashid faz em 13 de Julho e Seth faz em Agosto, dia 18. Daqui três semanas, Senhorita Agnes. – Concordei. Três Semanas. Anotado. Agora era correr.

Depois de ficar a menor quantidade de tempo que eu pude na cozinha, fui em busca das agendas dos Senhores. Achei que seria bom começar por isso antes de conhecer os outros funcionários e tentar alguma estratégia para cuidar daquela gigantesca mansão.

Encontrei as agendas em cima de uma mesa de mogno. Era todas monocromáticas. Uma preta, uma vermelha e uma azul. Sorri. Certamente a azul era a do senhor Rashid. Abri-a encontrando a agenda do Senhor Rashid para o dia. Tinha apenas marcado um jantar com alguns executivos num local que estava escrito em árabe e eu não entendi. Fiquei olhando as letras, tentando me lembrar do que eu tinha aprendido e como colocar em prática, mas nada vinha na minha mente. Acabei desistindo.

Peguei a vermelha. Devia ser a da Senhora Zilena. Tinha acertado. Para o dia dela estava marcado: Encontro com outras Senhoras para discutir a Causa da Criança Abandonada. Novamente, não entendi o que ela quis dizer com isso. Elas iam falar sobre um tipo de criança que fora abandonada? Ou elas faziam parte de uma Causa que tinha esse nome? À tarde ela teria aula de costura e à noite, enquanto Rashid ia para a reunião, estava marcado um “banho na banheira master”. Dia mais ou menos calmo. Suspirei e peguei a agenda de Seth. Quando comecei a folhear o que ele faria no dia, quase tomei um susto.

De manhã, prática de desportos. Corpo são, mente sã. À tarde, ir resolver a papelada que me cabe na empresa. À noite, continuar na papelada. De madrugada, caso tenha insônia, Vênus está visível. Se não, pintar.

– Não sabia que a governanta era tão curiosa assim no que não lhe diz respeito. – Quase gritei de susto deixando a agenda escorregar pelas minhas mãos, sem antes quicar nelas, até cair no chão. Seth suspirou, levemente irritado e pegou sua agenda colocando debaixo do braço. Senti todo o meu rosto corar.

– Mas a Senhora Zilena pediu para eu… – Seth me cortou visivelmente irritado.

– Eu lhe pedi? Pelo que eu saiba, a agenda é minha, não dela. Eu teria que te pedir caso quisesse que você vesse meus compromissos, Senhorita Agnes. – Eu não queria admitir, mas Seth estava certo. Ao que eu me lembrava ele não tinha me pedido nada. Eu tinha entrado dentro de sua privacidade. Porém, eu não me daria por vencida.

– Mas estava na sala. – Seth arqueou uma sobrancelha.

– Sim. E…?

– Se fosse privado, você não guardaria no quarto com você? – Perguntei e acho que o peguei de surpresa. Ele trocou o peso do corpo para o outro pé enquanto murmurava:

– Ah, isso. – Me senti radiante. Tinha vencido Seth numa discussão.

– Minha mãe nos obriga a deixar aqui. Isso não te dá o direito de mexer.

– Então você não quer ajuda de uma governanta? – Seth riu.

– Não. Não quero, ursinho. Até mais. – E dito isso Seth piscou e virou-se saindo com sua agenda por debaixo do braço. Avistei-o indo embora, anotando minha vontade incessante de chamá-lo de Sr. Riquinho.

– O que tenho para hoje? – Perguntou a Senhora Zilena. Ela estava radiante. Usava um hijab de uma cor que eu não conseguia identificar. Avelã? Dourado? Era um pouco mais escuro que o dourado, mas tão brilhoso quanto. Não chegava ao marrom. Era uma tonalidade intermediária que parecia brilhar ainda mais. Zilena tinha destacado os olhos com lápis de olho marrom e os olhos castanhos pareciam brilhar enquanto ela vinha na minha direção.

Falei o que ela tinha para o dia de hoje recebendo um sorriso de aprovação. Acho que isso queria dizer que ela estava satisfeita. Não. Mas eu ainda nem tinha começado o trabalho, então…

– Gostei da sua iniciativa de levantar-se e começar o trabalho hoje. Lembre-se que não disse a você que começaria o trabalho hoje. Seus hematomas, ao que eu me lembro de ontem, estão ainda muito ruins. Porém, você está fingindo que estão bons, que não sente dor e está aqui: Com maquiagem no rosto para esconder tudo isso, vestida para um dia de trabalho. Por hoje, conheça apenas os funcionários. Não tente trabalhar. Não estarei aqui para chamar um médico, Senhorita Agnes. Aconselharia também que a senhora…. Colocasse algo que pudesse lhe ajudar caso a senhora decida sair. Não é muito bom ficar exposta ao sol.

– Não pretendo sair hoje. – Murmurei e a Senhora Zilena concordou enquanto saia para mais um dia com seus compromissos.

Finalmente, eu estava sozinha. Olhei para todos os lados e decidi que ia conhecer todos os funcionários naquele dia. Embora eu não fizesse a mínima ideia de quantos eram. Voltei ao meu quarto para pegar um bloquinho para anotar todos os nomes deles, quando paralisei, de frente a minha janela levemente aberta.

Na direção dos meus olhos estava Seth. Ele estava vestido de branco, o que até então eu não tinha percebido. Usava um véu nos cabelos e segurava o que parecia um falcão. Estava no braço dele e ele conversava com o animal que quase nada se mexia na peça de couro que havia no braço dele. O vento tremeluzia suas vestes e suas roupas. Percebi que ele estava com uma sandália nos pés e uma parte do tornozelo dele demonstrava pelos. Fiquei olhando para ele, ali no sol, como uma imagem grega, brilhando no meio do deserto, segurando uma ave também belíssima, enquanto sorria.

Não sei nem se era realmente um sorriso, mas, dali da janela, parecia. Era uma linda imagem. Um oásis, se assim eu pudesse chamar. Balancei minha cabeça. Não. Não podia pensar nessas coisas. Você está louca Agnes? Ele é… É o Seth! O cara que a deixou desconcertada… Que achou que você era como as outras garotas. Não. Não enlouqueça.

Consegui finalmente pegar o bloco para anotações e desci. Precisava conhecer todos os empregados. Não tinha tempo para ficar observando Seth. Precisava cumprir meus serviços. Queria impressionar a Senhora Zilena e o Senhor Rashid. Tenho certeza que ficariam orgulhosos quando perceberem que posso conseguir me adaptar rapidamente às ocasiões.

Com alguma sorte comecei a conhecer os funcionários. Conhecia a Senhora Sahir, cozinheira, Karen, a jovem que descobri que trabalhava com esculturas nos jardins depois que um outro funcionário, Allan, aparava os galhos e a grama. Conheci as gêmeas camareiras: Yuuki e Yui. Alguns outros funcionários que faziam de tudo: Como a Shiloha e o Shadique, a Morena e Sara, Thomas e Friedich. Também conheci o piloto: Senhor Keat, o cuidador dos cavalos: Sr. Abdul e o tratador das piscinas: Matias. Alguns acabei esquecendo o nome antes mesmo de anotar no meu bloco de anotações, mas eles, geralmente, estavam subordinados a um dos principais.

Bastava que eu falasse com um desses e tudo estaria bem.

Finalmente, depois de conhecer todos – ou acho que foi isso – consegui retornar para meu quarto e para um banho reconfortante. Olhei-me no espelho. Por alguma sorte do mundo ou, quem sabe, por estar me movimentando bastante, o meu rosto já não tinha praticamente mais nada de inchado. O olho já estava aberto, só havia um pouco de arroxeado ao redor dele, que eu trataria de cuidar com um corretivo. Ao menos, as coisas estavam melhorando.

Olhei meu celular novamente. Sem mensagens. Observei da janela o carro do senhor Rashid parando nas luzes que serpenteavam na entrada e ele e a Senhora Zilena voltando para casa. Vi também um outro carro, de cor escura, parando e observei com certa curiosidade, Seth saindo apressado, carregando um monte de papéis na mão. Não me importei. Fechei os olhos e me encolhi na cama. Seria um longo dia pela frente. As coisas só tinham começado.

Bastava que eu me acostumasse rápido. Os dias ali seriam velozes com tantos serviços que me cabiam. Eu precisava estar preparada. Do contrário, só poderia arranjar problemas para mim mesma…

O que eu esperava e implorava, secretamente, que não. Não mesmo.

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