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Quatro

Os tiros assustaram as pessoas que dançavam na enorme praça. O fim do inverno era o momento perfeito para sair por aí saqueando, pois as pessoas se reuniam para comemorar o término de seu isolamento.

Grande parte dos moradores dos reinos passavam quase toda a temporada de inverno enclausurados em suas próprias casas, esperando que a neve começasse a derreter para voltarem às plantações de seus alimentos. Quando isso acontecia, as festas percorriam pelos cantos do continente Ping. Os piratas também se divertiam nesses momentos e o reino de Olom seria o privilegiado naquele dia. Eu diria que aquela era a cidade menos protegida pelo imperador depois de Kiar e a que poderíamos usar para mandar o recado ao mestre do império de que logo nos veríamos. Isso porque a população ainda não tinha um acordo firmado com o império e os homens que protegiam o local eram guardas treinados na própria ilha. Claro que haveria um ou outro buxiu por ali, pois o imperador ainda insistia em manter contato com o rei, sempre tentando concretizar de uma vez por todas a aliança. Mas eu acreditava que era uma quantidade mínima, que não nos daria trabalho.

Tínhamos uma boa vantagem naquele dia. Afinal, o fim do inverno e a morte do antigo imperador moveram toda a guarda imperial e os guerreiros mais fortes foram espalhados pelos reinos por onde o imperador passaria, o que reduzia a guarda dos lugares por onde ele não iria tão cedo ou já tinha passado e Olom era uma das que sofriam com essa perda grande de proteção devido a essa aliança não concluída.

Estávamos atracados na baía de Lyla fazia pouco menos de oito horas, mas Jones tinha sido rápido o suficiente para me achar nesse tempo e quase me matar, provavelmente avisado por um dos piratas que o mantinham informado sobre mim. Por isso eu estava com os nervos à flor da pele, pronta para destruir qualquer coisa que surgisse em minha frente e o ataque àquele pequeno vilarejo seria minha forma de aliviar a raiva.

— Corram, ovelhinhas — disse um dos piratas ao passar por mim, divertindo-se com algumas donzelas desesperadas que tentavam se livrar dele.

— Capitã! — chamou-me outro homem do alto de um palanque construído para enforcar pessoas como nós. Os gatunos.

Ele segurava em sua mão direita uma tocha, com a chama alaranjada, que brilhava fortemente. Vi seus companheiros espalharem o líquido inflamável que deveriam ter encontrado em algum lugar próximo dali. Assenti para o pirata assim que entendi sua intenção, autorizando-o a seguir com sua ideia e logo ele deixou a tocha cair em contato com a madeira molhada. O homem pulou do palanque quando a chama se expandiu rapidamente por toda a estrutura, fazendo-me rir de empolgação.

Uma garrafa de rum foi lançada em minha direção e, após arrancar a rolha com os dentes, a segurei firme no alto de minha cabeça com a boca aberta para receber o delicioso gosto da bebida. Alguns centímetros dali, mais piratas dançaram em torno da fogueira enorme, os demais se espalharam por toda cidade, descarregando a pólvora de suas garruchas e perfurando com as espadas enferrujadas qualquer um que viesse tentar lutar para proteger a cidade. Eu bebia cada vez mais, ouvindo o desespero das pessoas. Pés pesados arrombavam as portas para que o exército de gatunos invadisse as casas e ateassem fogo nas estruturas, fazendo com que mais pessoas corressem, dessa vez, gritando de dor pelo fogo que abraçava seus corpos. Meus homens bradavam quando isso acontecia, um ‘‘irra’’ em comemoração à nova leva de ovelhas que aqueles lobos abateriam a seguir.

O rum me deixava em êxtase junto da bela visão de pessoas inocentes sendo aniquiladas pelos bucaneiros de formas cruéis e indescritíveis. Um delicioso banho de sangue que estava me proporcionando a ótima noite de festa que eu esperava. Senti, um tempo depois, que a bebida já havia subido à minha cabeça, após minha quarta ou quinta garrafa. Acho. Eu já não conseguia mais contar e atirava em qualquer coisa que estivesse correndo com uma roupa bonita. Em um momento quase acertei o jovem Carlos, que se agarrou a uma jovem para não ser acertado pela pólvora que já havia queimado e explodido do cano de minha garrucha. A garota me pareceu até bonita, embora eu não a visse com total clareza, mas não poderia saber depois daquela noite, pois a explosão da arma pegou seu pescoço, deixando um grande estrago em sua pele jovem, que jorrou sangue no pirata e levou a garota à morte rápida.

— Hey! — a voz estava próxima de mim, então olhei na direção daquele que chamara seja lá quem fosse.

Apertei as pupilas para ter certeza de que a figura usava o traje preto de um guerreiro buxiu e revirei os olhos ao ver o emblema da família imperial brilhar com a luz do luar. Virei a garrafa novamente na boca para tomar o restante da bebida e quebrá-la nas pedras da rua.

— Vixe… soltaram um cão de guarda — resmunguei com as palavras confusas depois de ter certeza de que era um deles.

— Cass. — O homem disse em reprovação.

Arqueei as sobrancelhas com sua forma de falar meu nome, como se estivesse vendo alguém que já conhecia e só então reconheci sua voz e em seguida seu rosto de olhos castanhos escuros, bochechas arredondadas e nariz triangular. Um rosto que me trouxe um jato de lembranças. Assim como o apelido que ninguém usava comigo, não fosse ele.

— Saia daqui, garoto! — falei, dando um forte soluço ao fim da frase. Deslizei as mãos por minha cintura, tentando lembrar de qual lado ficava a espada, enquanto ele dava alguns passos em minha direção. — Estou ficando fraca pra bebida — reclamei, olhei na direção dele outra vez e notei que ele estava me analisando, parado ali como um demônio querendo me intimidar. — Então virou mesmo um soldado. Que gracinha.

Bati palmas para o garoto, embora eu perdesse o contato de minhas mãos em algumas pausas. Tentei manter uma postura quase ereta como a que ele estava em uma forma de imitá-lo.

— E você uma pirata. — Ele deu mais dois passos em minha direção, fazendo os homens, que antes dançavam em torno da fogueira, aproximarem-se em alerta.

— Capitã. — O corrigi. Embora fosse, na verdade, uma capitã apenas quando Jones não estava em meu navio.

Fiz sinal com uma das mãos para que os gatunos se afastassem e finalmente achei o cabo de minha espada, forçando meu braço a sacá-la. No primeiro instante não consegui empunhá-la, pois ela tombou lentamente para o lado e bateu a ponta no chão.

— Que inferno! — xinguei outra vez e balancei a cabeça, tentando afastar a bebedeira. Apertei firme o cabo com ambas as mãos e consegui erguer para segurar, finalmente, em equilíbrio com a mão esquerda. — Não vai querer fazer isso, garoto. Eu tenho anos de experiência.

Avisei quando ele também tirou sua espada da cintura. Dei outro soluço e ele abriu um sorriso de canto.

— Não tenho escolha. — O garoto agitou a espada, apontando-a em minha direção. — Você conseguirá lutar assim?

Abri os braços e sorri abertamente, mostrando as pessoas ao nosso redor correndo desesperadas por suas vidas, pois aquilo havia sido trabalho meu e uma tontura devido à bebedeira não me impediria de matar mais alguém.

— Tu pode voltar, sabe. — O lembrei. Ele deu novamente seu sorriso, desta vez um muito parecido com o meu, negando aquela opção. — Que tolice ser corajoso em uma situação como essa.

— Alguma coisa eu tinha que aprender com você — ele segurou firme sua arma e se atirou para cima de mim, direcionando-a em meu peito.

Segurei sua lâmina no ar com a minha antes que ela pudesse me tocar e tentei girar a espada de sua mão para que ele a deixasse cair, sem sucesso. Ele tinha um bom equilíbrio e o choque de nossas armas apenas criou um pequeno atrito entre nós.

Usei de minha agilidade para atacá-lo e foi sua vez de impedir minha espada. As lâminas passaram a riscar o ar em uma dança cheia de faíscas que se cortavam em diversos momentos. Ele também dançou com seus pés para avançar em minha direção e recuei alguns passos quando quase fui perfurada em um deslize de atenção. O garoto deu um largo sorriso no momento em que sua lâmina perfurou o saco de estrume que tomou meu lugar. Meus olhos se arregalaram com o quase pedaço de pele que eu teria deixado para trás e minhas veias esquentaram. Aproveitei o momento para bater a espada na dele. O garoto finalmente soltou o cabo do objeto e segurou seu próprio pulso. Minha vez de sorrir.

— Cassandra! — bradou ele como se me desse uma bronca.

— Hugo! — Pronunciei seu nome de maneira descontraída, erguendo as mãos em forma de festejo antes de girar a espada no ar para lançá-la em sua direção.

Hugo se esquivou imediatamente, repetindo o processo diversas vezes em todas as minhas tentativas de golpeá-lo, enquanto eu avançava cada vez mais para cima do rapaz. Ele procurou algo com os olhos, ainda tentando não ser acertado pela lâmina afiada e, em um movimento abrupto, deu um salto no ar para subir em uma barraca de maçãs. Hugo segurou firme um objeto de ferro que tinha ali e o lançou em minha direção como se estivesse empunhando novamente uma espada. Agora minha lâmina se chocava contra aquele objeto que se me perfurasse, poderia me matar com mais facilidade devido a ferrugem.

O desespero me fez perder o controle de meu pulso e Hugo conseguiu me desarmar, segurando minha espada antes que ela caísse no chão. Logo a ponta de minha própria arma estava contra meu pescoço e eu presa entre um garoto que se formava para a guerra e uma ponte que passava por cima de um lago de água corrente.

— Acabou — disse ele tentando recuperar o fôlego. Meus olhos percorreram as ruas da cidade em busca de mais homens com seu uniforme, mas pelo que tudo indicava, Hugo estava sozinho.

— Um guerreiro sem auxílio? — O riso escapou de meus lábios, enquanto meu irmão me olhava de maneira enojada. — O mimado do seu mestre deve me achar uma fraca mesmo.

— Talvez. Ou… — parecia que Hugo esperava que eu pensasse em uma outra suposição, mas minha mente ainda estava embriagada e não conseguia chegar em algo tão rápido. Mesmo eu tentando prestar atenção à situação, ela sempre se perdia em algum pensamento irrelevante. Porém, depois de alguns instantes, meus olhos receberam uma luz.

— Estava me seguindo há quanto tempo? — perguntei ao finalmente entender o que acontecia ali. Ele havia mencionado Hugo duas vezes em seu navio e me achei tola por não suspeitar que o imperador mandaria meu irmão atrás de mim, talvez para tentar amenizar qualquer impacto ao lhe usar como escudo. Hugo me deu um sorriso sutil e acreditei que havia percebido meu entendimento de tudo. — É um truque. Estava lá.

Concluí ao perceber que aquilo realmente era um plano. Tadaki havia dito que esperava minha visita e já tinha meu irmão ao seu lado caso esse momento ocorresse.

— Precisa ser mais cuidadosa — ele se vangloriou.

— E seu mestre mais inteligente — dei um sorriso cansado — Ele recorreu, de verdade, ao meu irmão para me coagir a redenção, sendo que o encantou e o tornou parte do seu exército? Eu não sei, me pareceu desespero.

— Fui eu quem pedi para falar com você antes de lhe pegarem assim que o decreto saiu.

— Então é tu quem precisa ser mais inteligente.

Observei o lago embaixo de mim, depois o fogo da grande estrutura, que logo soltaria um estalo enorme por já ter queimado uma boa parte da madeira. Meus homens haviam se dispersado pela cidade, uns com algum guarda em seus encalços e outros mantendo suas vítimas apavoradas, eu estava sem vantagem alguma ali. Desarmada, entre um guarda que eu não teria coragem de matar e um rio que poderia me libertar de ver seu sangue ou o meu, em minha mente só aceitei uma das opções.

— Nem pense nisso. — Hugo me ameaçou, avançando para tentar me segurar, porém, o estalo alto da estrutura queimando em suas costas o fez olhar naquela direção, dando-me tempo de pular e sentar na beirada do guarda-corpo de madeira da ponte. Lancei uma piscadela ao meu irmão quando seus olhos voltaram para mim e me joguei para trás antes que ele conseguisse me impedir. — Cassandra!

— Hugo.

Deixei que meu corpo afundasse no rio e a correnteza me levasse para longe enquanto segurava o ar para não me afogar. Emergi apenas quando meus pulmões já estavam começando a enviar sinais de desespero ao meu cérebro. Observei as águas, tentando saber onde estava e, para minha sorte, a ponte já não era mais visível. A praia estava próxima, então tratei de bater meus braços contra a água para alcançar um nível onde meus joelhos poderiam sentir a areia molhada com tranquilidade.

Eu havia sido carregada pelo rio até uma parte aberta dele que se encontrava com o mar. Meu coração batia forte, tentava recuperar todo o fôlego perdido e quando finalmente cheguei à praia, esparramei-me ali mesmo, sentindo a embriaguez sair de meu corpo aos poucos.

A Lua estava cheia naquele dia, era possível ver todo o lugar com a luz que ela me proporcionou e com ainda mais sorte pude ver a silhueta do Safira em um ponto avançado da praia. Sentei na areia para observar as velas do navio balançarem com calma nas águas enquanto me recordava do rápido confronto que tive com o garoto que carreguei nos braços por muito tempo.

— Ele ficou muito bom, não posso negar — falei de maneira orgulhosa para mim mesma, pois realmente estava. — Um buxiu… nada mau, garoto.

A voz do pirata Roney me despertou daquele momento. Sua música soou por toda a praia com o som rouco fluindo da garganta do homem que um dia sonhou em cantar para o imperador. O pequeno bote veio em minha direção com uma lamparina fraca acesa enquanto ele cantava uma das músicas que mais gostava. Ele abanou um lenço vermelho algumas vezes para que qualquer pirata na praia pudesse vê-lo. Deveria ser a isca do resgate que escolheram naquele dia, pois sempre sorteamos alguém para voltar à praia e procurar a pessoa importante do navio que deixamos para trás.

Ergui-me da areia, rasguei um pedaço de minha blusa e fiz o mesmo movimento dele para que também fosse vista. A Lua era minha única luz e agradeci ao mar pelo resgate ser o homem de melhor visão do navio.

— Quantos voltaram? — perguntei a Smith quando já estava dentro do Safira.

— Aparentemente quase todos, capitã. — O homem me acompanhou até a porta da cabine. — Senti falta de dois gatunos, nada muito relevante. Foi uma festa e tanto, mas o caminho de volta era fácil.

— Ótimo, estamos prontos para partir? — questionei ao entrar em meu conforto para arrancar aquela roupa molhada. — Precisamos sair daqui antes que os guardas procurem desse lado da praia, ainda estamos visíveis.

— Já recolhemos a âncora, capitã.

— Então vamos — fiz sinal para que ele se apressasse e o homem assim o fez, saindo da cabine aos berros para comandar a partida aos homens.

Terminei de tirar as roupas e tratei de procurar pelo pequeno ambiente algumas peças que deixei espalhadas por ali, coloquei aquelas que ia encontrando durante a busca. As calças que deveriam ser pretas — mas já estavam desbotadas pelo tempo —, eu havia roubado de algum marujo morto. Precisei enrolar o tecido nas pernas antes de calçar as botas surradas, peguei um pedaço de corda presa à parede para amarrar as calças na cintura e coloquei uma camisa não tão branca que encontrei jogada entre o armário e a escrivaninha. Ouvi um disparo vindo do exterior do navio e logo em seguida uma enorme gritaria dos homens preencheu todo o local. A euforia me levou a sair da cabine, onde pude ver os piratas correrem de um lado ao outro, como se estivessem atrás de algum animal indefeso que invadira o Safira.

Tentei chamar a atenção de todos, porém fui notada por poucos e isso me enfureceu. Coloquei as mãos na cintura para pegar minha garrucha, porém, recordei-me de que ainda não estava equipada e que, provavelmente, a arma estaria molhada, então caminhei até o pirata mais próximo de mim, puxando a arma de seu cinto e atirando para cima, interrompendo, finalmente, aquela algazarra. Todos voltaram seus olhos arregalados em minha direção. Um corredor se abriu em meio aos homens sujos, mostrando-me em seu fim um rapaz pálido de tão assustado que estava. Suas roupas me delataram de imediato que ele não fazia parte da tripulação, pois era limpo demais para aquilo e o rosto não me era familiar.

Ele se vestia como um verdadeiro gentleman. As roupas eram escuras e feitas sob medida. Estava com um frock coat bem acinturado e de ombros largos. Por baixo da peça usava um colete que combinava com o casaco e sua cartola deveria ter se perdido em algum lugar. As calças estavam molhadas até os joelhos e percebi também que seus sapatos, chiques, haviam sido estragados pela água. Entre suas mãos havia um par de óculos, que ele apertava firme com toda a insegurança que poderia passar. Ao me ver, o rapaz de olhos castanhos deu um suspiro alto, como se sentisse algum alívio e, segundos depois, caiu desmaiado no convés.

— Smith! — chamei o imediato, ainda observando aquilo em minha frente, acreditando ser ilusão da bebida.

— Não sabemos como ele entrou, capitã — olhei de canto para o homem ao meu lado e ele deu de ombros.

— Acho que corri atrás dele pela cidade. — Roney, o pirata cantor de cabelos vermelhos como fogo, pronunciou-se. — Deve ter se escondido no navio quando o perdi. Ele ia em direção à praia.

— Um medroso — resmunguei. Olhei o pirata que sempre cozinhava para nós, Carlos, o medroso, lembrando-me de usá-lo para dar ênfase na frase a seguir. — Já basta esse aí nesse navio. Entreguem o outro aos peixes.

— Não! Se afastem de mim! — No momento em que os homens avançaram para pegar o corpo do chão, o rapaz levantou-se às pressas, gritando freneticamente. Ele voltou a correr pela embarcação enquanto os piratas o seguiram aos risos.

Tinha uma voz estridente, consumida pelo medo. Não era bom com os pés, pois tentava fugir pelo convés, mas tropeçava diversas vezes, mesmo sabendo que para qualquer direção que fosse, todas o levavam a decisão de saltar rumo ao mar. Por estar apavorado daquela forma, suspeitei que a água não seria sua salvação. Sua garganta, por outro lado, era mais eficaz do que seus pés, pois seus gritos durante a fuga de meus homens já estavam me dando dores de cabeça.

— Chega! — bradei antes que me irritasse mais.

Dei outro tiro para cima, fazendo todos pararem de correr uma vez mais e me conhecendo bem, os piratas abriram caminho para que eu pudesse apontar a arma em direção ao rapaz.

— Me dê um motivo para não atirar — falei para ele, mas o homem estava com tanto medo, pelo que seus olhos revelavam, que nem conseguia dizer algo.

— Ele está engomado demais, não? — a voz de Dorn veio até mim, fazendo meus olhos descerem pelas roupas caras do intruso novamente.

Torci o nariz ao observar aquilo também. Tínhamos atacado a cidade para dar um recado ao nosso novo senhor e um homem de boa aparência, supostamente, acabou sequestrado por nós. Talvez ele fosse importante, talvez alguém fosse pedi-lo de volta e isso levaria algo mais ao novo líder de Chogo, então tínhamos uma nova carta na manga. Estalei a língua, recolhi a arma e levei seu cano até minha cabeça para coçar a região atrás da orelha, como Jones faria ao pensar. Dei alguns passos durante minha análise antes de tomar a decisão de apontar o cano da garrucha de volta ao rapaz.

— Interessante — eu disse para os meus pensamentos e apertei o gatilho. O intruso nem sequer olhou para onde a bala havia acertado em seu corpo, apenas deixou mais um grito estridente escapar e caiu outra vez no convés. — Cabine.

Alguns piratas se moveram rapidamente ao ouvirem minha ordem, já pegando o corpo do intruso do chão — dessa vez ele não acordou — então o levaram para dentro de meus aposentos, enquanto os demais voltavam aos seus afazeres.

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