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Capítulo 2 - Karim

Se Karim imaginasse como a noite terminaria, teria se embebedado bem mais cedo. Mas não, por Alá, ele não poderia imaginar qual era o seu destino. Confundir uma amiga de Agnes com uma prostituta? Ele estava incrivelmente ferrado. Tinha feito a coisa mais errada impossível! E ainda havia a tocado daquela maneira suja!

Por Alá, seria castigado? Era uma menina que seguia o islã, era óbvio. E bem provável que ele havia constrangido a menina tirando-lhe o primeiro beijo. Não somente algo pecaminoso, como deveras longe do que ele tinha prometido a si mesmo. Nunca desvirtuaria uma fiel seguidora do profeta.

E ali tinha ele descumprido a própria promessa. Não só havia beijado a menina, como havia a tocado de várias maneiras.

Claro que a inocência dela tinha ajudado bastante para que ele não conseguisse parar. Os suspiros verdadeiros de uma jovem nunca antes tocada nunca tinham servido de tanto deleite aos seus ouvidos como naquele momento. E ela tremia. Dos lábios até o corpo todo, a mostra perfeita de que ele, com certeza, estava sendo o primeiro dela em todos os sentidos: beijo, carícia e, esperava ele antes de descobrir a verdade dos fatos, até mesmo no ato.

Teve que desfazer os pensamentos quando descobriu quem ela era. Ainda que seu corpo estivesse longe de querer desfazer os pensamentos sujos que ele tinha vontade de fazer com a garota. Balançou a cabeça negativamente.

Precisava se apegar a sua promessa, mas como se nem a suposta alegria que deveria sentir enquanto ouvia os gritos e choros da jovem que estava sendo desvirginada por ele conseguiam apagar o fogo que corria a pele dele de querer outra virgem que não a que ele arrombava no momento? O que estava ajudando no momento era imaginar que no lugar da jovem abaixo dele, havia era A outra gritando pelo seu nome. Estocou um pouco mais. Ah, se fechasse os olhos, conseguiria atingir o ápice imaginando a outra. E foi assim que com algumas estocadas a mais, conseguiu gozar na jovem estirada na cama. Ainda assim, não estava satisfeito. E isso o enfezava mais do que qualquer coisa.

― Vamos, se vire. ― Disse sério enquanto a jovem morena choramingava. Havia um rastro de sangue na cama e muitas lágrimas. Mas ela deveria saber que o que a aguardava eram homens muito piores. Pensou Karim. Ao menos com ele era apenas sexo selvagem. Havia, infelizmente, homens que a machucariam por prazer e outras coisas mais que no momento ele não estava a fim de pensar. Não queria estragar o gozo. A menina se virou como pedido e Karim suspirou enquanto perguntava para a jovem:

― Como poderei seduzir uma jovem garota para gozar comigo? Se tratando de alguém que nunca teve outro homem... precisarei de uma boa tática para a menina. ― Pensou alto.

― Você vai me seduzir? ― Perguntou a garota choramingando e com um reles fio de esperança que Karim tratou de arrancar de uma vez, tal como um bandaid.

― Não você, sua tonta. ― Bufou e enfiou-se dentro da menina com tudo que gritou exasperada pela dor alucinante. Karim tratou-se de desligar se dos gritos e voltou a pensar. Precisaria de um bom plano se realmente estivesse a fim de descumprir sua promessa e desvirginar uma jovem muçulmana. Mas com sorte tinha o plano perfeito. Bastasse que esperasse um pouco para colocar tudo em ordem. Sorriu.

― Oh, céus. Preciso falar com você Karim ― Disse Omar entrando no quarto e, ao ver a cena, saindo imediatamente. ― Não gosto de vê-lo assim.

― Assim como? Gozando? ― Disse Karim rindo. Omar revirou os olhos.

― Assim sem esposa, Karim. Isso não agrada o profeta.

― Estou pouco me lixando para o profeta.

― Pois deveria. ― Repreendeu Omar. Karim suspirou revirando os olhos e saindo de dentro da menina. Já tinha dado para ele. Não conseguiria gozar uma segunda vez. Não sem imaginar a dona dos seus pensamentos mais pervertidos.

― Estou solteiro, Omar. Me deixe em paz pelo menos um pouco. Já não basta ter que me casar forçado.

― Você aprende a amar. ― Omar deu de ombros.

― Corrigindo, você aprendeu a amar Aisha. Eu não conseguirei nunca amar ninguém. Não vê que não nasci para isso, irmão? ― Colocou as calças e começou a abotoar a blusa. Se o irmão o havia chamado era porque o assunto era sério.

― Todos nós nascemos para o amor, Karim. Basta que demos a chance. Você verá que será o homem de uma mulher só quando der essa chance para o amor. ― Ponderou Omar.

― Como você deu chance para Hadassa? ― Cortou Karim quase como uma lâmina faria. Seu humor estava ácido. ― Poupe me o discurso, irmão. Nossos relacionamentos políticos não nos permitem amar quem queremos. Então me deixe aproveitar a vida enquanto posso. ― E isso foi a cartada final para acabar com o discurso. Omar não tinha uma resposta apropriada para o irmão, porque no fundo sabia que Karim estava certo, eram tudo relacionamentos baseados em política. E foi por isso que decidiu não pedir Hadassa em noivado quando poderia ter tido a chance.

Por isso, a única coisa que se limitou a fazer foi acompanhar Karim que fechava o zíper da calça enquanto andavam até o escritório do pai.

Como esperado, Mohamed os esperava sentado, a face cansada, a bengala cromada a ouro ao lado da cadeira. Olhando o velho homem, era nítido que a palidez e a magreza demonstravam sinal de que havia algum problema com ele, mas poucos sabiam a fundo o que ele tinha. A maioria eram especulações. A verdade era triste.

Mohammed tinha câncer. E já com metástase. O tempo de vida dele diminuía cada dia mais. E, por esse motivo, ele não tinha tempo a perder para ensinar os filhos como gerir um reino como Omã.

― Me chamou pai? ― Perguntou Karim. O velho homem suspirou enquanto se ajeitava na cadeira. Os meninos esperaram o tempo necessário para que ele fizesse isso e pudessem então se sentarem ao lado do pai.

― Outro escândalo do clã Al Bir. Sangue por sangue. ― O velho resoluto parecia perdido em pensamentos.

― O que foi que aprontaram dessa vez, pai? ― Perguntou Omar.

― Fora todas as versões possíveis da lei de talião? ― Perguntou o velho ácido. ― Agora uma tal de Jamile de 16 anos foi trocada por conta de Daul que morreu. ― Karim abriu os lábios sem acreditar naquela ofensa.

― O cachorro? ― Perguntou incrédulo. O pai suspirou.

― A família Fath pagou o preço pela morte do cachorro. Aquele moribundo vivia na feira e todos alimentavam-no. Eles deram o azar de Khaled ter visto a cena e pior, de que o animal passasse mal depois e morresse. Ele proclamou Jamile como sua, discursando que “ela e a família dela eram como cães e que deveriam ser tratados como tal. Que uma mulher era como um cão, deveria respeito e fazer o que ele quisesse. E que ele cobraria isso da jovem menina.” ― O pai suspirou. Uma história terrível, mas que o Rei não poderia se meter.

― E agora? ― Perguntou Omar sabendo que alguma coisa ainda não havia terminado. E estava certo.

― Jamile conseguiu fugir. O clã pede auxílio para achá-la, dizendo que ela receberá os devidos castigos. ― Um frio percorreu a espinha de Karim. Ele entendia que ela merecia uma repreensão. Mas sabia como os Al Bir eram conhecidos. E pensar na menina sendo açoitada em praça pública não era algo que ele queria ver.

― E o que fazemos?

― Achamos ela, e deixamos que eles se virem. Precisamos de todos os aliados para mantermos o poder, filho. Mesmo que não concordemos com a forma que eles interpretam os castigos do profeta. ― Karim não tinha palavras. Passou a mão pelos cabelos exasperado e balançou a cabeça concordando. Odiava tudo aquilo e agradecia aos céus por ser Omar que tinha que se virar com a política e com negociações. Mas a verdade é que tinha pena da pobre moça obrigada a se submeter a tal.

― Posso ir pai? Preciso ir no Aras. ― O pai olhou Karim nos olhos antes que balançasse a cabeça concordando.

De fato, tratar de castigos não era um assunto do qual o velho gostasse de falar. Foi com um bufar que Karim começou a andar até o Aras, aliviado por escapar do assunto, mas ainda com a mente trabalhando efervescente. Já tinha um plano em mente. Já sabia como lidaria com a menina que queria. O primeiro passo era descobrir o nome dela.

E foi a primeira coisa que ele foi atrás.

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