Conhecimento
Nilton
Depois de falar com o Almirante e o Coronel, saí de lá ainda mais intrigado. Uma investigação de algo que não sabiam o que era e não podiam dizer do que desconfiavam. Não disseram se era natural ou bandidagem, se tinha cunho biológico ou criminal. Tá difícil. Nem sei por onde começar e ainda terei que levar um carrapato, que não faço idéia de quem seja ou o que faz.
- Inferno!!!
Viajei imediatamente para a cidadezinha que me indicaram, chegando lá, fui para o endereço que me deram. Era um imóvel grande de frente para uma rua paralela a lagoa e os fundos, tinha ligação direta com a mesma.
Quando cheguei, o dito cujo, já estava lá. Estacionei minha Pic up e me preparei psicológicamente para enfrentar o desconhecido.
Depois de cumprimentar o cara, Matheus, descarreguei o carro e levei meus pertences pro meu quarto. Voltei a sala e comecei meu trabalho, tentando descobrir quem era o sujeito.
- Bom, e aí? Tudo em cima pra começarmos? - generalizei a pergunta.
- Não sei quem você pensa que sou, mas com certeza não sou da sua laia. Não use esse palavreado chulo comigo. Quanto ao trabalho, faça o seu que eu faço o meu. - Falou invocado e grosso.
- Tudo bem. Mas pode ao menos responder se tem comida nessa casa?
- Somente o básico para o café da manhã.- Falou me dando as costas e indo em direção a porta.
- Ok, ...- me deixou no vácuo, sem problemas. Vi um quiosque no calçadão, próximo daqui, vou lá antes que escureça de vez.
Acho que ele teve a mesma idéia, chegamos lá ao mesmo tempo, apesar de não estarmos juntos, parecia que estávamos.
Ele fez seu pedido e eu fiz o meu. A atendente, linda por sinal, se espantou com o meu pedido, mas não demonstrou.
- Se espante não moça, ele come como um troglodita mesmo! Aí Nilton, a moça vai pensar que tu é um glutão.
Fiquei quieto, esse idiota pensa que sou idiota igual ele, não sabe o que o espera...
Ela disse seu nome, Lissa e também me apresentei e fui sentar junto com o tal.
- Aí, você não me conhece, então não fale a meu respeito. Cuidado, não estamos aqui a passeio e não quero mais ouvir sua voz - falei baixinho, só pra ele ouvir. Ele fez que ia falar algo, levei meu dedo a boca pedindo silêncio.
Comemos quietos, olhei para a lagoa, linda ao anoitecer. Difícil imaginar que algo ruim esteja acontecendo ali.
Levantei e voltei ao balcão.
- Oi Lissa, pode fechar minha conta?
Ela é muito interessante, não é magrela como as manequins de revista, mas tem as formas perfeitas pra mim. Não gosto de mulheres que parecem que vão se quebrar, se pegamos com um pouco mais de força.
Lissa tem altura mediana e tudo proporcional. Cabelos compridos, pelo que dava pra notar deles presos, eram castanhos. Seu rosto é delicado, nariz afilado, boca carnuda, olhos grandes, cor de mel. Sombracelhas bem feitas, nem grossa e nem fina, tornando seu rosto oval, harmonioso. Linda!
- Aqui está Seu Nilton, sua conta e seu bolo pra viagem. Espero que goste? - Ela fala e me entrega o pacote e a conta.
- Me chame só de Nilton, por favor, não sou tão mais velho que você. Aqui está, fique com o trôco - entrego o dinheiro a ela e despeço-me.
- Até amanhã Lissa, gostei do lanche. Gosto de carne seca, adorarei se você fizer. Tchau!!! Acenei e fui saindo.
- Espere! - parei e olhei pra ela interrogativo - você não vai esperar seu amigo?
- Não estamos juntos, só chegamos juntos. Tchau novamente Lissa...-
Olho para o coisinha e vejo que ele ainda tá terminando seu lanche, vou embora e deixo ele lá, estou cansado e preciso levantar cedo amanhã.
Chego na casa e vou direto pro quarto, tomo uma ducha, visto uma samba canção e durmo. Nem percebi a hora que o outro voltou.
Acordei às cinco horas, levanto e não ouço barulho algum, visto uma bermuda, camiseta branca e tênis, pego o óculos, a carteira e as chaves, tranco o quarto e saio. Hoje farei o reconhecimento da área e vou até o mercado, descobrirei um local pra almoçar e verei o que tem no comércio local. Melhor maneira de saber das coisas é conversando com as pessoas.
Saio pelos fundos da casa e vejo que mais adiante, nos fundos da casa ao lado, tem um deque. Podemos usar esse lugar. Vou caminhando, chego ao final da praia, onde não dá mais pra passar, a não ser nadando. Paro e observo, sinto como se fosse observado. São seis horas, já tá clareando e não vejo ninguém por aqui. Volto e subo pela lateral de uma das casas, chegando a rua de trás, dali posso ver a lagoa.
O dia está lindo!
Sigo descendo a rua, passo em frente a casa onde me colocaram e vou até o final. É, não vai dar para chegar a praia por ali, é fechado pelas residências e chamará muita atenção, o melhor mesmo é alugar um barquinho e ir pela lagoa.
Coloco os óculos e volto, indo em direção ao comércio, acho que vi uma padaria por lá. Preciso urgente de um bom café.
Sigo pela rua mesmo, quando chego na estrada, só atravesso e já estou no comércio local. A padaria é até jeitosa e tem mesas, onde sento depois de comprar meu café. Presto atenção nas conversas, que pelo visto, são só sobre Matheus e eu. Não tem problema, isso passa. Tomo meu café calmamente, as pessoas passam por mim e me cumprimentam. Observo tudo, prestando muita atenção nas conversas e no que dizem de mim e da lagoa.
Depois de um tempo, vislumbro uma figura caminhando na Orla, é Lissa, está mais linda ainda. Corro sério risco de me apaixonar.
Levanto, aceno me despedindo e dando um tchau, ando pela rua e verifico que aquele parece ser o principal comércio local. Supermercado, padaria, farmácia e várias lojinhas, alem de um bar,bque no momento está fechado.
Volto e vou em direção a Orla. Vou andando e espero do outro lado da estrada, Lissa se aproximar.